A propósito do mês do coração, Luís Baquero, Coordenador do Heart Center do Hospital Cruz Vermelha e cirurgião cardiotorácico, esclarece alguns pontos sobre um problema que tem tanto de assustador para a população em geral quanto de intrigante para os médicos. Em Portugal todos os anos, mais de 12 mil pessoas têm episódios de morte súbita.
O que é a morte súbita?
Caracteriza-se por morte súbita o aparecimento repentino e inesperado de uma paragem cardíaca, sem causa aparente e em indivíduos aparentemente saudáveis.
É possível sobreviver?
Apenas 3% dos doentes conseguem sobreviver a estes episódios. Anualmente o número de falecimentos por morte súbita ultrapassa as mortes por HIV, cancro de mama e cancro do pulmão juntos.
Quais os sinais de alerta?
A maioria dos doentes não apresenta sinais nem sintomas prévios a um episódio de morte súbita. Ainda assim, alguma percentagem de doentes pode apresentar dor no peito ou tonturas ou eventualmente uma dor de cabeça muito intensa, mas esta relação nem sempre é óbvia. Se ocorrerem alguns destes sintomas, há três passos simples e cruciais que devem ser feitos: identificar se o doente está consciente, se respira e se tem pulso; ligar imediatamente ao 112 a reportar o acontecido, solicitando ajuda urgente; iniciar durante os primeiros 4-5 min manobras de reanimação cardíaca básica até a chegada de reforço médico.
Quem corre maior risco?
Ninguém está livre de sofer um episódio de morte súbita. Mas, explica Luís Baquero, sabe-se que em doentes com idades inferiores a 35 anos, as doenças do próprio músculo cardíaco, como por exemplo as inflamações do músculo cardíaco (denominadas miocardites ou as alterações do ritmo cardíaco), arritmias malignas como a fibrilhação ventricular, ou outras alterações do ritmo potencialmente graves como o síndrome de Brugada, o síndrome de Qt longo podem ser responsáveis de um episódio de morte súbita.
Na população com idade superior a 35 anos a maior causa de morte súbita é a doença coronária. A doença coronária é a doença cardiovascular que mais morte súbita provoca sendo responsável por 80% dos casos de morte súbita em Portugal e no mundo.
Os grupos considerados de risco para doença cardiovascular, entenda-se os doentes com obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial, sedentarismo, história familiar, diabetes e hábitos tabágicos, vêm aumentada a possibilidade de ocorrência de um ataque cardíaco súbito.
Como avaliar o risco?
A prevenção da morte súbita passa pela realização de um rastreio cardiovascular adequado e personalizado para cada indivíduo, onde se deve confirmar a presença, ou não, da doença coronária e o grau da mesma, deve ser analisado o ritmo cardíaco em repouso e em atividade normal diária e o comportamento do coração em repouso e em atividade.
“É relevante também falar, como forma de prevenção, da prática de um estilo de vida saudável: não fumar, alimentação equilibrada, exercício físico moderado e regular”, sublinha o especialista.