“A janela das crianças para o mundo é diferente dos adultos”, resume Jesse Gomez, um estudante de pós-graduação do Programa de Doutoramento em Neurociências da Universidade de Stanford e principal autor do estudo.
Tão diferente, que enquanto os adultos compreendem melhor uma palavra quando a observam diretamente (de frente), para as crianças é mais fácil se tiverem de olhar ligeiramente para cima e para a esquerda. Já nos caso dos rostos, se os adultos também os apreendem melhor olhando também de frente, os mais pequenos têm mais facilidade em fazê-lo olhando um pouco para cima e para a direita.
A descoberta, publicada na Nature Communications, nasceu de uma investigação em que participaram 26 crianças (com idades entre os 5 e os 12 anos), e 26 adultos (dos 22 aos 28 anos).
Os participantes foram submetidos a uma ressonância magnética, durante a qual lhes era pedido que não movimentassem os olhos enquanto viam um laser movimentar-se numa tela. Ao comparar a posição do laser com as partes do cérebro que se iluminaram durante o exame, os investigadores conseguiram perceber como uma palavra visual é representada no cérebro.
Num segundo teste, os participantes tinham de olhar para figuras como palavras e rostos, o que permitiu que os cientistas – ao analisar as duas ressonâncias – descobrissem quais as partes do campo visual que são mais sensíveis aos dois elementos.
Os especialistas acreditam que além de perceber como as crianças aprendem a ler, a descoberta pode ajudar a compreender melhor alguns distúrbios que comprometem a leitura, como a dislexia, ou a dificuldade em reconhecer rostos, que pode ser notado em pessoas com autismo.