O uso de smarphones tem vindo a aumentar nos últimos anos, especialmente entre as crianças. Como consequência desse aumento, surgem agora preocupações relacionadas com a saúde dos utilizadores. O departamento de saúde pública do estado da Califórnia publicou um comunicado para alertar para os riscos que os smartphones causam nas pessoas.
Atualmente ainda não existe um consenso entre a comunidade científica no que diz respeito aos riscos do uso de telemóveis, no entanto, algumas investigações sugerem que o uso contínuo e elevado destes dispositivos pode ter impacto negativo na saúde. “Embora a ciência ainda esteja a evoluir, já existem preocupações entre os profissionais da saúde pública e alguns membros da população em relação à exposição elevada e longo prazo à energia emitida pelos telemóveis”, disse Karen Smith, Diretora do departamento de saúde pública da Califórnia.
Os smartphones funcionam através do envio e receção de sinais das antenas de comunicação. Esses sinais são uma forma de radiação eletromagnética chamada energia de radiofrequência (RF). Embora a energia de radiofrequência não seja tão perigosa como outros tipos de radiação eletromagnética – como raios X e raios UV do sol – existem estudos científicos que sugerem que o uso frequente dos telemóveis pode colocar-nos em risco.
Uma das maiores preocupação do departamento de saúde da Califórnia são as crianças. Nos Estados Unidos, a idade média em que uma criança recebe o primeiro telemóvel é aos 10 anos e a maioria dos jovens mantém os telemóveis por perto ao longo de todo o dia e até durante a noite. “O cérebro de uma criança desenvolve durante os anos de adolescente e pode ser afetado pelo uso de telemóvel”, alerta Karen Smith. “Os pais devem considerar reduzir o tempo que os filhos dedicam ao uso dos telemóveis e encorajá-los a desligar os mesmos durante a noite”, acrescenta. O departamento explica também que as ondas de radiofrequência penetram mais facilmente no cérebro de uma criança que de um adulto. Além disso, pode ser mais prejudicial e ter efeitos mais duradouros num cérebro em desenvolvimento. Na semana passada, o ministro da educação de França, Jean-Michel Blanquer, anunciou a decisão de banir os telemóveis das escolas do país. A medida deverá ser colocada em prática em setembro do próximo ano nas escolas frequentadas por crianças entre os 11 e os 15 anos. Blanquer considera esta decisão como “uma questão de saúde pública”.
Depois de analisar as provas crescentes de que a exposição à radiofrequência pode provocar cancro, doenças mentais, infertilidade e até tumores no cérebro e ouvidos, o departamento de saúde decidiu lançar um guia de como reduzir esta exposição. O primeiro conselho deste guia é manter o telemóvel afastado do corpo. Para isso é recomendado usar o altifalante ou auriculares em vez de colocar o dispositivo perto da cabeça, substituir as chamadas telefónicas por mensagens, manter o telemóvel longe do corpo durante o download de ficheiros e colocar o telemóvel na mala e não no bolso.
A segunda dica é reduzir ou evitar o uso do telemóvel nos períodos em que este produz níveis mais elevados de radiação. Isto acontece quando o sinal de rede é baixo, quando está dentro de um veículo em movimento e quando descarrega vídeo ou audio.
Outra das recomendações é não dormir com o telemóvel por perto. Deve colocá-lo em modo de voo, desligá-lo ou mantê-lo a alguns metros de distância da cama. Quando não estiver a utilizar o auricular deve tirá-lo dos ouvidos visto que este emite níveis embora baixos de energia mesmo quando não está a ser usado. A dica final é de evitar produtos que afirmam bloquear ondas de radiofrequência porque na verdade estes podem estar a aumentar a exposição a essas ondas.