Os Prémios Verdes VISÃO + Grupo Águas de Portugal, uma iniciativa com o alto patrocínio do Presidente da República, destinam-se a reconhecer as pessoas individuais, empresas e organizações que mais se destacam em Portugal na área do ambiente. “É preciso mobilizar para a ação todos os agentes da sociedade”, diz José Furtado, presidente do Grupo Águas de Portugal, numa conversa com a diretora da VISÃO, Mafalda Anjos. Ambos fazem parte do júri dos Prémios Verdes. Eis um resumo da conversa.
Há muitos projetos interessantes a acontecer em Portugal na área do ambiente e da sustentabilidade. Faz sentido, por isso, premiar e falar das pessoas, iniciativas e ações que mais se destacam?
Quero saudar a revista VISÃO pela iniciativa dos Prémios Verdes, à qual o Grupo Águas de Portugal se associou com o maior interesse. Motiva-nos o propósito de marcar a diferença na vida das pessoas ao fornecermos o mais preciso dos recursos e prestarmos serviços essenciais à preservação do meio ambiente. Trabalhamos num quadro institucional e de parcerias muito alargado e cabe-nos a responsabilidade de potenciar dinâmicas de terceiros que possam mobilizar para a ação todos os agentes da sociedade. A ideia destes prémios é reconhecer, estimular e dar visibilidade a boas práticas e exemplos de excelência.
A ideia de dar visibilidade é precisamente essa: dar a conhecer e assim inspirar e incentivar outros a agir, replicando estes exemplos. Acredita que as pessoas sentem este sentido de urgência, percebem a necessidade de mudança e entendem que é preciso agir e agir já?
A sensibilidade ambiental evoluiu muito nos últimos anos e é particularmente importante tudo o que se possa fazer para ampliar esta mobilização coletiva. Ao distinguirmos nestes Prémios Verdes personalidades, organizações e projetos relevantes, na conservação da natureza e na proteção dos ecossistemas, na configuração de soluções arquitetónicas ecológicas, nas poupanças energéticas, na produção de energia verde ou nas práticas de gestão sustentável da água, estamos a sublinhar exemplos de áreas particularmente sensíveis onde importa ampliar o eco. No âmbito das cidades sustentáveis, por exemplo, há medidas interessantes a acontecer. A utilização eficiente da água, o aproveitamento da água residual tratada para rega e lavagem dos espaços públicos, a criação de espaços verdes para a regulação climática, a revitalização de zonas ribeirinhas, tudo são exemplos interessantes. E o prémio especial PALOP, destinado a projetos em países de língua oficial portuguesa, também considero muito relevante, pelo simbolismo, porque o combate às alterações climáticas não conhece fronteiras.
Nestes prémios verdes existem 10 categorias diferentes. Várias estão relacionadas entre si, mas há alguma área que, na sua opinião, entenda que em Portugal tem especial relevância?
Penso que a felicidade desta solução é permitir dar visibilidade ao muito que se está a fazer em Portugal. Temos todos a noção que Portugal deu saltos gigantes na área ambiental, basta olhar para as últimas décadas para percebermos que superámos o fosso que nos separava dos países europeus. Na água, por exemplo, área que conheço melhor, dispomos de agia segura nas torneiras, evoluímos na qualidade de massas de água multiplicámos o numero de bandeiras azuis nas nossas praias. Mas também acabámos com as lixeiras, promovemos uma maior recuperação paisagística e progredimos na descarbonização na mobilidade urbana. Mas no que respeita ao ambiente, o trabalho nunca está terminado! Temos um novo ciclo, com enormes desafios – ganhar eficiência e promover a sustentabilidade, e envolver todos os agentes económicos. Há um longo caminho a percorrer e estes prémios vão permitir dar visibilidade ao que se fez, ao que se está a fazer e ao que falta fazer.
O que estamos a fazer em Portugal está ao nível do que se faz na Europa? E o compromisso de todos os agentes é efetivo, ou seja, estamos dispostos a fazer algo mesmo que implique mudanças no modo de vida?
Creio que a sensibilidade ambiental está generalizada de uma forma muito difusa na sociedade. O ponto central tem a ver com o compromisso entre a esfera individual e a esfera coletiva. As alterações climáticas ganharam grande expressão e a escassez de água é um tema muito evidente. Na verdade, as alterações climáticas são uma via de dois sentidos: o clima altera o nosso modo de vida, e o nosso modo de vida altera o clima. O tema da gestão de água é especialmente sensível neste enquadramento, já que é essencial em todas as atividades económicas. E aqui importa distinguir a mitigação e a adaptação. Na mitigação, os nossos esforços de descarbonização do ciclo urbano da água estão em linha com os esforços universais na redução de gases com efeito de estufa. Na adaptação, confrontamo-nos com a escassez ou com o excesso de água, falamos de seca e de cheias, inundações, fenómenos extremos que casas enormes disrupções na quantidade e qualidade de água disponível. Daí a necessidade imperiosa de agirmos hoje para contornar estas realidades relacionadas com o clima.
Trabalham com que objetivos?
Queremos garantir a continuidade e qualidade do abastecimento de água ao nível da adaptação, com a resiliência dos sistemas, a otimização na gestão das origens, o reforço na capacidade de armazenamento, a promoção de fontes alternativas, o combate às perdas e ao desperdício. E pretendemos também atingir a plena neutralidade energética, ou seja, descarbonização e produção de água para as nossas necessidades, no horizonte desta década. O país é muito assimétrico, a situação é diversa no grupo, algumas empresas mais evoluídas deverão atingi-lo no horizonte de três anos e outras até ao final da década. Mas estamos a viver uma dramática coincidência: estamos a confrontar-nos com três guerras – na saúde pública, na economia e na proteção dos ecossistemas. E ainda temos a invasão russa da Ucrânia. Não obstante toda a volatilidade e incerteza, temos de ter noção que o combate mais duradouro é o das alterações climáticas e não o podemos deixar cair.
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