Portugal tem escapado às ondas de calor deste mês no Sul da Europa. E já sabemos o que acontece quando não há ondas de calor em Portugal: desdobram-se os negacionistas a garantirem que as alterações climáticas são um mito, na mesma linha de “Se eu almocei hoje, não há fome no mundo”.
Dito isto, é bom lembrar que o mesmo acontece do outro lado da barricada, com muita gente a aproveitar cada pico de calor ou inundação como prova provada das alterações climáticas, confundindo meteorologia com clima, tal como fazem os negacionistas.
Na realidade, é muito difícil fazer uma relação causa-efeito entre um determinado fenómeno extremo e o aquecimento global, até porque o tempo meteorológico é, por definição, inconstante. Alguns investigadores têm tentado fazê-lo, mas evitam, e bem, conclusões definitivas, apresentando os resultados sob a capa de uma análise estatística. Por exemplo, os climatologistas da World Weather Attribution concluíram que as mudanças do clima tornaram 100 vezes mais provável uma onda de calor como a de abril, que afetou Portugal, Espanha, Marrocos e Argélia. A ocorrência seria “quase impossível” sem o efeito da concentração atual de gases com efeito de estufa, escrevem os autores do relatório. “Quase impossível”.
Este é um excerto da newsletter da VISÃO Verde. Para continuar a ler, clique aqui.