Foi com um texto com título “Quem quer só o que pode, pode tudo o que quer” que a Câmara Municipal de Lisboa anunciou hoje o relançamento da Lisboa Capital Verde Europeia, num cenário condicionado pela pandemia da Covid-19.
O evento, que deveria estender-se ao longo de todo o ano de 2020, com uma ambiciosa programação, à qual se associaram as mais diversas entidades públicas e privadas, ficou suspenso com as medidas de contenção que determinaram o encerramento de espaços públicos, salas de espetáculos, exposições, teatros e cinemas para evitar a concentração de pessoas. Mas até 5 de Junho, Dia do Ambiente, será apresentada nova programação, que se concentrará no segundo semestre, sempre com o mote #escolhevoluir.
Como sublinha José Sá Fernandes, vereador do Ambiente, a História ensina-nos que nas recuperações económicas de outras crises houve sempre um acréscimo de emissões de gases nefastos, extracção de recursos, de desflorestação, de agricultura super intensiva, de desertificação de territórios, de gente nas cidades, de desigualdades sociais e de refugiados. Mas, tal como diz o Secretário-Geral da ONU, o Sr. Eng. António Guterres, “é preciso que a recuperação não cometa os mesmos erros do passado”.
A Câmara admite que o confinamento “vai causar um efeito devastador no sector do turismo”. No entanto, vê aqui uma ocasião “para se reabitar os centros das cidades, relançar esta actividade de outra forma, com habitantes locais, e com mais investimento no turismo de natureza, que em Portugal tem um gigantesco potencial”. Tal como a vantagem de deixar claro o “potencial que a aceleração da digitalização pode representar, quer na dinamização dos negócios, quer nas relações de trabalho, quer nas relações de proximidade, quer, em suma, na coesão social, económica e territorial da cidade e do País.”
Nesta missiva, deixa-se ainda uma mensagem de otimismo acerca de obras polémicas, como o Hospital de Todos os Santos e o Aeroporto. “Algumas prioridades de investimento poderão mesmo alterar-se em benefício do ambiente ou, por exemplo em Lisboa, não se acha que passará a ser muito mais importante a construção do “engavetado” Hospital de Todos-os-Santos, em Marvila, ao serviço do SNS, em substituição de vários hospitais, hoje obsoletos, que libertará espaço público e que possibilitará mais habitação para as pessoas no centro da cidade, do que a expansão de um aeroporto que ambientalmente é um desastre?”, pode ler-se.
Segundo a CML, a aposta em políticas de incentivo nas energias renováveis, nos transportes coletivos, na mobilidade partilhada, na economia circular, principalmente dos resíduos, na reutilização da água, na alimentação saudável, na conservação da paisagem é hoje irreversível, mesmo quando as energias fósseis estão com preços muito baixos. E as principais tarefas propostas pela Capital Verde continuam atuais: “saber informar, sabermos todos onde estamos; apelar à participação, pois a sustentabilidade é um imperativo a que a todos diz respeito; valorizar o que fazemos aqui; debater com transparência e espírito criativo, do ambiente e alterações climáticas à saúde pública e alimentação saudável; e comunicar, em permanência, com mensagens simples mas essenciais para evoluirmos”.