Todos nós podemos ser guardas florestais ou polícias marítimos. É mais ou menos isto que nos propõe a bem sucedida multinacional de design e tecnologia Vizzuality. Nos seus escritórios em Madrid, onde começou, Nova Iorque, Cambridge e agora também Porto, os seus engenheiros, artistas gráficos e cientistas pegam em grandes volumes de dados – os ditos Big Data – e transformam-nos em gráficos bonitinhos, mapas ou vídeos, capazes de ser entendidos por toda a gente.
São sobretudo as Organizações Não Governamentais que contratam os seus serviços, sendo que as áreas fortes de atuação são o combate à desflorestação, à pesca ilegal ou à corrupção. O ator Leonardo Dicaprio, por exemplo, através da sua Fundação de combate às alterações climáticas, é um dos seus clientes. Tal como a Google ou a NASA, que colaboram em projetos de natureza ambiental.
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“Pistas de navios” no dia 16 de Janeiro 2018 no oceano atlântico – são nuvens baixas criadas pelo fumo dos navios e que podem alterar o clima
“Pegamos nos dados em bruto e tornamo-los mais fáceis de usar, com contexto”, explica Simão Belchior, o engenheiro formado no Porto, que conseguiu trazer a empresa para a cidade. “O Porto tem tudo o que é preciso.” E no “tudo” está a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a proximidade da Universidade do Minho, aonde esperam recrutar, mas também o ambiente cosmopolita e a comida boa.
Os dados podem vir de satélites, com informação sobre desflorestação e utilização da terra, como acontece no projeto Global Forest Watch. Para já, a informação está concentrada nas regiões mais críticas do globo, como a Amazónia, a Bacia do Congo e o Sudoeste asiático. Mas a ideia é expandir a todo o globo. A informação está no site, mas também numa aplicação que pode ser usada por um guarda florestal, ajudando-o a planear os seus movimentos. “É uma grande emoção sentir que estamos a contribuir para um mundo melhor”, conta Simão Belchior.
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Imagens de alta resolução ESA Sentinel 2 sobre o Pará, Brasil, com fogos activos detectados entre 9 de Janeiro e 16 de Janeiro de 2017 através do sensor VIIRS. Na imagem podem-se ver estradas de madeireiros e invasão agricola da floresta tropical.
No projeto Trase oferece-se o rastreamento de matérias primas, como a soja, por exemplo. Um serviço usado por empresas interessadas em certificar os seus produtos como provenientes de comércio justo.
E no Global Fishing Watch seguem-se cerca de sessenta mil embarcações de pesca em todo o mundo.
“Tempos houve em que pensámos que o oceano representava uma fonte inesgotável de peixe. Mas hoje sabemos que nada é garantido. Os decisores políticos. os gestores da pesca, investigadores, organizações não governamentais e os cidadãos preocupados podem trabalhar em conjunto para cuidar dos nossos mares. A todos estes, o Global Fishing Watch oferece informação sobre onde e quando a pesca ocorreu”, explica-se no site do projeto.
Porque um mapa pode mudar o mundo.