A região do Mediterrâneo acumula um défice ecológico há mais de 50 anos, com a sua pegada ecológica constantemente a exceder a sua biocapacidade.
Os constrangimentos ecológicos da região têm obrigado a que o crescimento económico dependa, cada vez mais, da importação de biocapacidade.
A disparidade entre procura e oferta – défice ecológico – tornou a estabilidade económica da região e dos países que a compõe altamente dependentes da disponibilidade de saudáveis activos ecológicos a nível global, e da capacidade de pagar por esses activos.
A Global Footprint Network revela que de 1961 a 2008, a Pegada Ecológica per capita do Mediterrâneo cresceu 52% (de 2,1 para 3,1 gha), sobretudo pelo aumento de 185% no componente Pegada de Carbono. A procura por outros activos ecológicos apenas cresceu ligeiramente, ou inclusivamente diminuíram – terrenos agrícolas +29%; floresta +23%; pastagem -6%; pescas -54%. A procura por terrenos edificados cresceu 20%.
Neste relatório destaca-se que Portugal apresenta uma tendência contrária aos demais países da região. Portugal é o único país do Mediterrâneo que diminuiu o seu défice ecológico nos últimos anos (uma queda de 18% entre 1998 e 2008). Ainda assim, o défice per capita do país (2,8 gha) continua a ser superior à média regional (1,9 gha).
Apesar desta diminuição, a pegada ecológica derivada do consumo é de 4,1 gha. A Os principais componentes da pegada ecológica de Portugal são a pegada de carbono, seguindo-se as pescas e a produção agrícola. De notar que as actividades comerciais significam 34% da Pegada Ecológica de Portugal. Isto indica um grau elevado de dependência de recursos e serviços ecológicos provenientes do exterior do país. Vários destes parceiros dos quais Portugal depende para importações estão também em processos de desenvolvimento, o que vai no futuro causar elevados constrangimentos.
Do lado oposto, Portugal apresenta uma biocapacidade disponível de 1,3 gha. O principal componente desta biocapacidade é a floresta.
Desde 2008 que se têm destacado as debilidades estruturais da economia Portuguesa por diversos analistas, no entanto, os défices ecológicos têm ficado à margem do discurso dos governantes e líderes de opinião.
Como poderão os países do Mediterrâneo, e Portugal em particular, lidar com esta questão? A WWF considera que com as ferramentas certas os líderes podem escolher estratégias que invertam as tendências de diminuição da oferta e de aumento da procura e, assim, ajudar as populações a prosperar nesta nova era. Mas a forma como os países do Mediterrâneo gerem a sua oferta e procura estará no centro da capacidade, a longo prazo, de se manterem economicamente competitivos e proporcionarem bem-estar para a sua população.
“É vital que a nossa sociedade reconheça que investir já no combate às questões ambientais e na salvaguarda do capital natural do Mediterrâneo semeará sementes para economias sustentáveis no futuro. Economias sustentáveis, segurança e cultura de diálogo não serão conseguidas sem um ambiente saudável.” – afirma Paolo Lombardi, Director da WWF Mediterrâneo.
Conheça aqui o recente relatório da Global Footprint Network: http://www.footprintnetwork.org/images/article_uploads/Mediterranean_report_FINAL. pdf