Há seis anos, Portugal foi vítima do furacão mais intenso desde pelo menos meados do século XIX. O Leslie entrou pela costa portuguesa com ventos acima dos 170 quilómetros/hora e devastou vários distritos, causando dezenas de desalojados e prejuízos de 120 milhões de euros. A região de Coimbra (e em particular a zona da Figueira da Foz) foi a mais afetada.
O Leslie serviu de aviso para o que aí vem. Um dos impactos do aquecimento global é o aumento da intensidade dos furacões, com origem no aumento da temperatura do mar à superfície. Num planeta mais quente, este tipo de fenómenos extremos tende a ser mais frequente. As imagens de furacões que nos chegam do outro lado do Atlântico podem passar a ser vistas ao vivo pelos portugueses.
É para debater medidas que nos protejam de um clima mais violento e imprevisível que se vai realizar o 3º Congresso de Adaptação às Alterações Climáticas, organizado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, em parceria com a Universidade de Coimbra, no Auditório Madalena Biscaia Perdigão, na Figueira da Foz, esta sexta-feira, 13, a partir das 9h.
O objetivo do congresso é analisar os riscos presentes e futuros das alterações climáticas, identificar os maiores desafios e discutir propostas de adaptação aos novos tempos. “A Região de Coimbra é um laboratório vivo no que toca aos riscos naturais”, sublinha Jorge Brito, Secretário Executivo Intermunicipal da CIM Região de Coimbra. “Temos a materialização de todas as tipologias de risco em território nacional: incêndios, cheias, erosao, ondas de calor, episódios de deslizamento de terras, galgamento costeiro… E outros com impacto crescente, como as grandes tempestades. Ainda hoje estamos a acomodar a resolução de impactos do Leslie.”
O representante da organização acrescenta que os municípios da região “disponibilizam o seu território para testar soluções inovadoras”, dando o exemplo da Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Ceira face às Alterações Climáticas, apoiado pelo programa Ambiente dos EEA Grants – um projeto de engenharia de implementação de “nature based solutions” (soluções baseadas na natureza), para fazer a contenção dos caudais e mitigar o impacto das cheias no Mondego.
Entre os oradores do congresso estarão Filipe Duarte Santos, professor catedrático jubilado de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e presidente do CNADS, Miguel Pardal, investigador em ecologia marinha e estuarina, Varun Suthra, do Instituto Kalinga de Ciências Sociais (Índia) e Catarina Azevedo, do Programa Resist, que irão debater, em mesa-redonda, o atual contexto das alterações climáticas.
Seguem-se um painel sobre o papel dos decisores políticos, com Paulo Fernandes, presidente da CCDR Centro, e Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, e outro sobre os impactos das alterações climáticas em vários setores, com Maria João Rauch, Pedro Bingre, Mónica Rodrigues, António Dinis Ferreira e Pimenta Machado (presidente da APA).
As intervenções de abertura do evento estarão a cargo do Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, do Reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, do presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, e do presidente da CIM da Região de Coimbra, Emílio Torrão. Jorge Brito, da CIM Região de Coimbra, irá ainda apresentar o projeto +Climagir, integrado no Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas.
A entrada no evento é livre, com inscrição prévia.