Os peixes portugueses estão em situação periclitante: 60% das espécies que vivem ou visitam os nossos rios encontram-se numa categoria de ameaça, sendo que uma delas, o esturjão, está mesmo extinta. É essa a conclusão mais importante do Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental, apresentado no final de julho (peixes diádromos são os que, em diferentes fases da vida, vivem em água doce e salgada). Para se ter uma ideia do grau de gravidade nos peixes nacionais, compare-se com os 33% de espécies ameaçadas, segundo o Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, tornado público em abril.
Há, no entanto, uma ligação entre os peixes e os mamíferos mais ameaçados, que ajuda a explicar o (mau) estado das coisas. “O fator em comum é a água. Os mamíferos ligados à água estão em situação preocupante, tal como os invertebrados de água doce e os anfíbios”, diz a coordenadora do projeto, Filomena Magalhães. “O recurso é altamente competitivo, devido à utilização diversa, da agricultura à energia. Acontece o mesmo em toda a bacia mediterrânica, que é um hotspot de biodiversidade.”