É uma questão de senso comum: entre uma peça de fruta produzida em Portugal e outra no Brasil, a escolha sustentável é óbvia. Afinal, como é que uma banana transportada do lado de lá do Atlântico, num navio que gastou milhares de litros de combustível, poderia ter uma pegada de carbono mais pequena do que um pêssego local?
Mas a Ciência raramente se compadece com palpites. Investigadores da Universidade de Lincoln, Nova Zelândia, calcularam as emissões de gases com efeito de estufa de borrego produzido no país e exportado para o Reino Unido. Incluindo o transporte, estimaram que cada tonelada de carcaça de borrego resultava nas emissões de 688 quilos de dióxido de carbono equivalente (CO2eq). Depois calcularam as emissões de borrego britânico e consumido no próprio Reino Unido – 2 849 quilos de CO2eq por tonelada. Ou seja, mesmo atravessando literalmente meio mundo para chegar à mesa, a carne neozelandesa tinha uma pegada carbónica quatro vezes inferior. A diferença explica-se pelo facto de, na Nova Zelândia, ser necessário menos fertilizantes e energia para produzir alimentação para os animais. O clima permite aos borregos na Nova Zelândia serem sobretudo alimentados a pasto (que, por sua vez, também absorve CO2).
Consumir produtos
locais não garante
uma menor pegada
carbónica –
o transporte é uma
parte diminuta
das emissões
da alimentação