Todos olhamos para as florestas como os grandes sumidouros de dióxido de carbono (CO2) da Terra. Mas, na verdade, os oceanos são imprescindíveis para captar grande parte dos gases com efeito de estuda produzidos pelo Homem. E uma das suas armas são os mamíferos marinhos – e as baleias são os animais que têm maior impacto, devido ao seu grande porte.
Dependendo do seu tamanho, uma baleia pode captar até 33 toneladas de dióxido de carbono (uma árvore absorve cerca de 20 quilos por ano). Desta forma, quando os animais morrem, levam consigo para o fundo do oceano toda esta quantidade de CO2. Lá, o carbono contido nas carcaças alimenta o ecossistema do mar profundo e é incorporado nos sedimentos marinhos.
Existe outro ser vivo com uma enorme capacidade de captar dióxido de carbono: o fitoplâncton. Apesar de ser infinitamente mais pequeno do que as baleias, conseguem absorver cerca de 40% de todo o CO2 produzido, quatro vezes a capacidade da floresta da Amazónia. Recentemente, os cientistas descobriram que as baleias têm um efeito multiplicador no fitoplâncton – as fezes das baleias têm as substâncias necessárias para que ele cresça (ferro e nitrogénio).
Problema: a caça à baleia
A caça à baleias é uma prática muito antiga, com especial importância no século XIX. Dos seus corpos era extraído óleo, posteriormente usado na iluminação e na lubrificação das máquinas industriais. Esta era uma atividade económica importantíssima, mobilizava muitos marinheiros, muitas embarcações e muito capital. Normalmente não era uma atividade perigosa. O mais famoso ataque de uma baleia a um baleeiro foi em 1820: a tragédia do Essex, que mais tarde serviu de inspiração ao livro Moby Dick, do americano Herman Melville.
Esta atividade só teve um fim relativo em 1986 com uma moratória à caça comercial assinada por 50 países (alguns não a cumprem, nomeadamente o Japão). Mas esta moratória não foi suficiente para restabelecer a população de baleias. De 3 a 4 milhões, este mamífero passou para 1,3 milhões.
Acontece que, se há menos baleias, há menos carbono a ser captado, e menos “ajudas” à reprodução de fitoplâncton. A questão do fitoplâncton poderá ser resolvida com a fertilização do oceano com populações à base de bactérias oxidantes do ferro, que podem ser lançadas de um avião para o oceano. Em relação às baleias, a solução é preservá-las. E sendo que é o dinheiro que faz mover o mundo, há quem defenda pôr um preço nas baleias.
O valor das baleias é estimado através do valor do carbono que captam na sua vida. A este valor são adicionadas as outras contribuições económicas que as baleias fazem, como o aumento da quantidade de peixes nas águas ou o ecoturismo. Tudo isto faz com que uma baleia das espécies maiores valha quase €2 milhões.
Um mecanismo sugerido para que o apoio financeiro às baleias aconteça (defendido por exemplo por Paul Watson, fundador do Sea Shepherd) é as empresas investirem na proteção das baleias parte do dinheiro que hoje aplicam na redução de emissões.