Se o painel se chamava A vez dos Millennials, ninguém se espantou ao ver subir ao palco o “Presidente das selfies“, Marcelo Rebelo de Sousa. Foi depois de falar Leonor Caldeira, advogada, Afonso Reis Cabral, escritor, e Pedro Teixeira da Mota, humorista, que Marcelo quis dar a sua palavra sobre esta geração. E não só, naturalmente.
O Presidente da República fez eco das preocupações dos jovens, que se queixam de salários baixos, falta de habitação e emprego condigno. Para Marcelo Rebelo de Sousa, o país não está a responder com velocidade necessária às pretensões de uma geração nascida na passagem do milénio. Porém, o chefe de Estado aponta que, perante as adversidades, principalmente as mais recentes, como a pandemia, é preciso que se reinventem. “Esta geração não se perde, as pessoas reinventam-se. É pena não se ganhar suficientemente. Portugal está a mudar, é pena não mudar mais e melhor”.
Foi ao falar sobre como as gerações mudam, atualmente, com muita facilidade, que o Presidente acabou a comentar política internacional. “Eu tenho a teoria de que as gerações encurtaram”, diz, explicando que hoje uma geração já não dura “15 anos, mas sim seis”. “A sociedade portuguesa está muito velha, continua a envelhecer a uma velocidade assustadora e, ao mesmo tempo, as gerações estão a acelerar na sua mudança”, analisa. “São completamente diferentes. E as alternativas para o futuro são todas do passado. Olhem para as eleições do Brasil: são dois velhinhos”.
Ao concordar com os oradores do painel, Marcelo Rebelo de Sousa diz que a esperança do futuro dos jovens “parou na viragem do século”. “A partir daí, surgiram uma série de crises. Além disso, recentemente, caíram duas calamidades: a pandemia e a guerra”.
Sobre a pandemia, além de reforçar que foi uma calamidade para os mais velhos, ressaltou que também o foi para os mais jovens. “Estes dois anos congelaram a vida e a perspetiva dos seus anos seguintes”, destacou.
“Preparavam-se para fazer o balanço da pandemia, dos seus efeitos, e surge uma guerra”, continuou, caracterizando este tipo de conflitos como “radicalizações no pior sentido do termo”. “Ou tu matas-me ou eu mato-te. Ou ganhamos em absoluto ou perdemos em absoluto”.
E são essas crises que levam os jovens a sair do país, levando muitos dos talentos e das qualificações. Para Marcelo Rebelo de Sousa, “uma parte perde-se. Outra parte não perdemos porque criam causas de outra maneira e, apesar de tudo, vão empurrando o sistema. Vão chamando a atenção para o que é preciso”, conclui.