Gosto muito da anedota sobre as 5 frases que os 5 judeus mais importantes da História proclamaram.
Moisés: “A Lei é tudo”; Cristo: “O Amor é tudo”; Marx: “O Capital é tudo”; Freud: “O Sexo é tudo”; Einstein: “Tudo… é relativo”.
Apesar de ser dita como uma anedota, na realidade sintetiza talvez o ensinamento mais importante que o mundo pode dar a quem viaja por ele tudo é relativo! Recordei a anedota recentemente ao ler com a devida atenção um cartaz à entrada de um templo hindu. Estavam listadas as condições em que era proibida a entrada no templo. Previsível aquela que interditava o acesso a mulheres com o período; e a pessoas sem o saiote cerimonial, que se podia pedir emprestado no guichet da bilheteira. Mais curiosa era a proibição de entrada a mulheres grávidas ou a mães de crianças que ainda não tinham dentes; também as crianças que ainda não tivessem mudado a dentição ficavam de fora.
Por fim, o lugar não estava acessível aos “devotos impuros por causa de morte”.
A tradução para o inglês não terá sido a mais feliz mas, tal como estava escrito, ficava-se com a impressão que depois de mortos estamos proibidos de entrar no templo.
Por vezes, para explicar a minha posição quanto às diferentes religiões que os seres humanos praticam, tento colocar-me na pele (?) de um alien que se mudasse para o planeta Terra e que, preocupado com a novidade do declínio do corpo, quisesse preparar a alma para a Eternidade. Iria adotar uma religião.
Uma vez que me encontraria equidistante de todas as crenças e profissões de fé, eu, o alien Cadilhe, iria fazer uma análise estatística delas e escolheria a mais popular.
Como o leitor pode calcular, o alien Cadilhe chegaria a uma conclusão surpreendente e inconclusiva empate técnico entre elas.
Ou seja, um quinto dos habitantes deste planeta segue Cristo. Um outro quinto segue Maomé. Um outro quinto ainda segue Buda, Tao ou Confúcio ou todos ao mesmo tempo; por fim, um outro quinto segue a miríade de divindades hinduístas. Fica de fora um quinto de habitantes que segue uma panóplia impressionante de religiões, crenças, animismos ou que não segue nada. Esta distribuição é tão uniforme que, se o alien Cadilhe quisesse basear a sua escolha de uma religião segundo critérios estatísticos, estaria a arriscar a sua eternidade numa espécie de roleta russa.
Confuso e indeciso, o alien Cadilhe decide viajar para conhecer um pouco do planeta que adotou. Irá encontrar alguns lugares que têm uma força anímica extraordinária, outros que nunca a tiveram e, também, outros que a perderam. Ao visitar o Algarve, pensará assim: “Estes tontos, com o clima e a paisagem que tinham, podiam ter sido o destino turístico mais gracioso e espiritual da Europa.
Mas com a ganância e a falta de planeamento, transformaram-no num dos mais vulgares.” Um dia, o alien Cadilhe chegará a Maui, no meio do Pacífico. Qualquer coisa na luz e nos alísios recordar-lhe-á o Algarve, mas sem os empreendimentos. O alien Cadilhe sentirá também o que milhares de pessoas têm vindo a sentir desde que a ilha é habitada: que ali existe uma força anímica extraordinária.
Irá banhar-se em águas translúcidas e pacatas, irá subir a vulcões que talvez expliquem a bonomia na sua alma, irá percorrer bosques que lhe sussurram bem-vindo ao centro do universo, irá caminhar em prados como se flutuasse sobre eles.
Atravessado por uma extraordinária energia positiva que não nasce em si, o alien Cadilhe irá perceber que em nenhum outro lugar no mundo se sentiu tão terráqueo como aqui. E em Maui poderá por fim decidir que a única Eternidade que merece ser vivida é esta, presente, que se desenrola no dia a dia da vida na Terra.