Dirigimo-nos para a segunda maior cidade deste país, Akureyri, num dia de pesadelo: o vento estava indomável, contra ou do flanco direito, em rajadas capazes de nos fazer cair, assim como nos caíam as lágrimas pela cara devido à violência daquele vento fustigante, que quase nos cegava. Chegamos semi-moribundos a Akureyri, cuja beleza e paisagem circundante ao fiorde, onde está localizada, nos tranquiliza e deixa recuperar e passear. Segue-se Varmahlid num dia bem mais tranquilo, embora já estivéssemos avisados da tempestade que se previa para esse fim de dia, e à qual ainda escapámos. De manhã, o cenário é belo mas assustador: mais um nevão com vento fustigante, que deixa um manto branco até onde a vista alcança, e que ao longo do dia vai engrossando e trazendo cada vez mais hóspedes para a nossa farm house.
Atrevemo-nos a sair no dia seguinte, mas não vamos longe: recomeça a nevar, o piso parece uma pista de patinagem no gelo, o vento aumenta à medida que subimos a montanha, o limpa-neve e os veículos de resgate não têm descanso… resta-nos pedir ajuda, porque queremos mais tarde contar a história! Já no hostel, não queremos acreditar nos riscos que quase corremos, pois na descida da montanha o vento ter-nos-ia arrastado por um precipício. Agora estamos a ferver no hot pot de Saeberg, e o dia seguinte leva-nos tranquilos até Borgarnes, embora os quilómetros se tenham tornado um verdadeiro inferno! Chegamos ao último dia de pedaladas sérias, e um caso sério foi o que tivemos ao encontrarmos um túnel proibido a bicicletas a cerca de 52 quilómetros do destino, Reykjavic. Foi um balde de água fria (como se a da chuva persistente não bastasse) saber que tínhamos antes 92 quilómetros até à capital, obrigando-nos a ir dar a volta completa a um fiorde. Belo, mas não havia necessidade… Reyjavik é moderna, tranquila demais para os parâmetros de uma capital europeia. Apreciamos o sossego, mas a vida noturna que caracteriza o fim de semana islandês aniquila esse sossego.
EPÍLOGO: Não são os números que fazem uma viagem de SONHO. Os quilómetros ambicionados, os desníveis previstos, os dias programados, ficaram aquém do planeado. Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas, pois tivemos experiências únicas, em cenários de Sonho, com amizades imprevistas. AGRADECIMENTO: Aos nossos apoiantes – Cofides Competição; Movefree Bike performance Center; D-Maker; Ortik; Bike Magazine; Bivaque, Extramedia Um Agradecimento muito Especial à missão da Força Aérea Portuguesa – Iceland Air Policing, que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no regresso a Portugal. Bem hajam!