Quando andamos por lugares desconhecidos, parece que há uma espécie de energia extra que nos faz colar o olhar, para tudo o que se mexe à nossa volta.
Existe uma necessidade inconsciente que nos pede uma orientação para saber por onde vamos. Porém, quando já conhecemos os sítios, a tendência é filtrar o que nos rodeia e seguir caminho. Como nunca tive boa memória para decorar nomes, nomeadamente de ruas, a linha que separa o saber onde estou e na curva seguinte já não o saber, é mínima. O que a meu ver torna tudo muito mais interessante! No entanto, há uns anos arranjei uma solução para esse “problema”. Como sempre gostei de desenhar, comecei a fazer sketches dos lugares que percorria. Passei a ter memórias visuais de viagens com desenhos e histórias das minhas experiências.
Quando me aventuro de sketchbook e aguarelas na mão, pelas ruas do Bairro Alto, já sei que o risco de me perder no tempo e no espaço é enorme. Contudo, assim sigo, sem planos, em busca de um bom ponto de vista para registar em desenho. É graças a esses momentos de pura contemplação que tenho vindo a memorizar visualmente o Bairro Alto e infelizmente, já não me perco assim tanto.
O que mais guardo é o seu bairrismo, que embora menos profundo, ainda é evidente nos dias hoje. O acordar silencioso marcado por rasgos de sol entre as suas ruas labirínticas e estreitas. As emolduradas janelas, onde alguém nos observa de cotovelos espalmados nas ombreiras. As roupas ao vento, em estendais desalinhados. A irregular calçada, salpicada por caixotes do lixo verdes e carros debruçados nas fachadas das casas, pintadas com cores soltas e graffites. As varandas e candeeiros de cor verde.
É fácil encontrar motivos para me sentar em qualquer lado e começar a rabiscar o Bairro Alto.
Este prazer de desenhar e conseguir contar uma história, à volta daquele momento vivido, acabam por ser experiências únicas e memórias que me vão acompanhar e ajudar a não me perder… tanto.
Luís Simões vai pintar o mundo, numa viagem que irá iniciar a 16 de março. Apesar de não precisar, justifica-se com “a vida é boa demais para ficarmos no mesmo sítio“.
A viagem em direto
A volta ao mundo de Luís Simões vai poder ser seguida por todos.
Para além do seu site pessoal www.worldsketchingtour.com – Luís Simões vai também, de forma regular, mostrar o seu olhar do planeta nas páginas da VISÃO Vida & Viagens e no site da VISÃO: www.visao.pt/viagens