Uma obra apaixonante – pintura, desenhos e objectos únicos que jamais alguém conseguiu reproduzir. Jean-Michel Basquiat (1960-1988), pintor e desenhador norte-americano, deixou-nos uma herança absolutamente extraodinária e marcante, inspirada pela música, a banda desenhada, o desporto, a vida quotidiana e a história de algumas culturas. A sua, por exemplo. Nascido em Nova Iorque, no bairro de Brooklyn, Basquiat era filho de emigrantes – o pai era haitiano, a mãe porto-riquenha. Fez a sua estreia nos meios underground nova-iorquinos como graffiter, mas também como músico e actor, antes de se dedicar à pintura, com apenas 19 anos. Durante oito anos, durante os quais chegou a colaborar com Andy Wahrol, Keith Haring e Francesco Clemente, criou uma vasta obra- mais de mil pinturas (muitas delas de grandes dimensões) e mais de 2 mil desenhos.
Agora, por ocasião do 50.° aniversário do seu nascimento, a Fundação Beyeler (Basileia, Suíça), dedica-lhe uma retrospectiva, a primeira com esta envergadura a ser apresentada na Europa. Expostas, centenas de pinturas em tela, desenhos e muitos outros objectos provenientes dos grandes museus do mundo e de algumas colecções particulares – um retrato completo (e muito colorido) do seu percurso artístico.
As suas obras estão cheia de personagens que parecem saídas da banda desenhada, de silhuetas esqueléticas, de objectos bizarros, de slogans poéticos cheios de cor. A eles associam-se motivos vários da pop art, dos mundos do desporto e da música, bem como temas políticos e sociais (criticas e ironias à sociedade de consumo, ao racismo, às injustiças sociais).
A obra de Jean-Michel Basquiat articula-se em cinco fase maiores e são elas que aqui vão ser mostradas. A primeira vai do final dos anos 70 ao Outono de 1981, data em que a galerista nova-iorquina Annina Nosei o conhece e põe à sua disposição o subsolo do seu ateliê. As primeiras telas ali produzidas, como Aaron I e Cadillac Moon (ambas de 1981) são marcadas pela espontaneidade e pela rapidez, afinal, características dos graffitis que Basquiat pintou nas paredes de alguns prédios de Manhattan. A segunda fase da sua criação – 1981 e 1982 – é marcada, sobretudo, pela pintura em tela. Boy and Dog in Johnnypum (1982) e Untitled (1981) são dois bons exemplos desse período. A terceira fase começa pela exposição na Fun Gallery de Nova Iorque, em Novembro de 1982. Por esta altura, Jean-Michel Basquiat recomeça a desenhar palavras e símbolos de maneira crua e lança-se na utilização de matérias brutas, como suporte pictural. Bem como a realização de triptícos, o que lhe permitiu alargar o seu campo de trabalho. A pintura de célebres boxeurs afro-americanos, como Mohammed Ali (Cassius Clay, 1982), Joe Lewis, Jersey Joe Walcott e Jack John inscrevem-se nesse período. O ano de 1983, por seu lado, é o ponto de partida para uma colaboração intensa (e também uma grande amizade) com Andy Wahrol. No de
correr desta quarta fase de criação volta às colagens que continua a realizar de uma forma simples.
Entre 1986 e 1988 (a 5.ª e última fase), Basquiat dedica-se a um novo tipo de representação figurativa e alarga consideravelmente o seu “repertório” de símbolos e de conteúdos. As obras desta época caracterizam-se por uma visão radical do mundo e pela abundância do horror. É por esses anos que desenha uma série de grandes formatos, que deixam transparecer o seu fascínio pela morte. Essa viria a acontecer em 1988 – por overdose.
CONTACTO:
‘Basquiat & Friends- Gespräch mit Freunden von Jean-Michel Basquiat’
Fondation Beyeler
Baselstrasse 101, Riehen, Basileia, Suíça
Até 5 de Setembro