José Eduardo Agualusa
Os papéis do inglês: Um anti-herói angolano
Chegou às salas portuguesas, dia 17, "Os Papéis do Inglês", filme de Sérgio Graciano, com produção de Paulo Branco, a partir de livros de Ruy Duarte Carvalho. Fazemos uma crítica do filme à qual juntamos um depoimento do seu argumentista, José Eduadro Agualusa
"Os Papéis do Inglês": Um filme para redescobrir o escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho
Com argumento de José Eduardo Agualusa e realizado por Sérgio Graciano, o filme "Os Papéis do Inglês" evoca Ruy Duarte de Carvalho numa quixotesca odisseia no Sul de Angola
Agualusa, no Reino do Bailundo
Tem percorrido, com os seus romances, partes significativas da geografia e do passado do seu país, contribuindo para a construção de uma identidade coletiva de Angola. Estreia-se agora num novo território da região, o planalto central, espaço mítico e de reinos antiquíssimos ainda hoje existentes. É aí que história e ficção se entrelaçam numa reflexão sobre a ideia de pertença, de raça e de religião, assente em personagens com múltiplas camadas. Editado pela Quetzal, Mestre dos Batuques marca o regresso ao romance de um dos grandes nomes da literatura em língua portuguesa, com obra consagrada e premiada no universo da lusofonia e não só. Antecipando a chegada do livro às livrarias no próximo dia 26, o JL entrevista o escritor
O relâmpago
Julian imaginou as pedras. Rochedos duros, redondos, rolando ao longo de uma encosta íngreme. Imaginou que era uma dessas pedras
A convicção do impostor
Lázaro e o cornudo
A morte é definitiva, ainda que a vida, como este escritório, seja toda ela um simulacro. A sua situação, contudo, pode alterar-se
"Quem morre em combate vira herói. Se disser alguma coisa contra Savimbi, sei que vou incomodar até a juventude que está hoje na linha da frente da luta pela democracia e que idealiza a figura dele"
O escritor José Eduardo Agualusa em entrevista à VISÃO
O barco morto
Nada daquilo me surpreendeu: é o dia a dia em qualquer estrada africana. Um homem equilibrando um barco numa mota, isso sim, já pode ser considerado um pouco invulgar
Um destino improvável
Só a vida é capaz de criar personagens assim, não apenas implausíveis, mas, mais do que isso, capazes de subverter a própria realidade
Querida Inteligência
A minha relação com a IA começou desta forma, discutindo sobre o tempo. Depois, passámos a conversar sobre Deus, a morte, o sentido da vida, receitas de bacalhau, tintas para cabelo
A vingança
A morte do pai provocou nele um sismo interior, fundo o suficiente para que nem a mãe se desse conta, mas de tal forma poderoso que alterou por completo a sua personalidade
O Sol de Van Gogh
Antigamente, esquecia-me do nome das pessoas. Agora esqueço-me das pessoas. Outro dia comecei à procura do telemóvel, enquanto o utilizava para falar com o meu filho
O café das almas perdidas
Sentei-me numa outra mesa, de frente para ela, com o mesmo espanto, quase religioso, com que me sento à varanda, na minha casa, para assistir ao nascer do sol
"Stage diving"
Nascimento acrescentou que, nas noites sem lua, as pessoas não têm sombra. Sem sombra, não correm o risco de serem arrastadas até águas profundas
A pedra faladora
Mostrou ao governador uma pequena pedra, da mesma cor que a sua própria pele, e com uma idêntica textura
Frutos Silvestres
O homem veste uma gabardina, umas calças de camuflado e botas militares. Caminha, em passadas largas e precisas
Os céus de Celestina
Bilal já não envelhece. É o tempo que envelhece à volta dele. Continua a tecer cestos. Na verdade, agora é sempre o mesmo cesto
"Nayola": O filme de animação de José Miguel Ribeiro é uma pintura de guerra
Longa de animação para adultos, "Nayola", de José Miguel Ribeiro, tem como pano de fundo a guerra civil angolana e o misticismo africano. O filme está nas salas de cinema
O buraco
Uma coisa era uma rainha africana transformar uma escrava em cadeira, para enfrentar, de igual para igual, um colono europeu
A casa de coral
Sentei-me à mesa deles. Ula herdara da mãe o cabelo denso e escuro, e, sobretudo, aquela segurança de quem funda e desenha os próprios caminhos
Fúlvia
Acordei com o sol a dançar na parede do quarto. Na minha idade – em breve farei 100 anos –, qualquer dia de sol é um triunfo