O crime do século
Cultura

O crime do século

Quem precisa de ficção quando a realidade é tão pungente? O assassínio de Humberto Delgado é o tema do primeiro filme de época de Bruno de Almeida. Uma história da História contada para memória futura e para tirar lições para o presente. O JL falou com o realizador e com Frederico Delgado Rosa, neto do general sem medo, investigador, argumentista e autor do livro que esteve na origem desta Operação Outono.

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Entrevista com Miguel Gomes:ÁFRICA DELE

Num dos mais famosos sketches da série Gato Fedorento, pergunta-se a um vidente africano se alguma vez foi a África. Ele responde: "A Amadora conta?". Encontramo-nos com Miguel Gomes, na Luanda... a pastelaria da Avenida de Roma. Também poderia ter sido no bairro das Colónias, ou nos Olivais, onde as ruas ganharam os nomes de cidades do ex Ultramar. Lisboa é, até certo ponto, africana, mas sobretudo nas memórias. Memórias que ganham vida, mesmo para quem não as viveu. Aliás, tornam-se uma outra coisa, um território do imaginário, de um sonho distante. É esse o luxo e a ousadia de Miguel Gomes: retratar uma ideia de África importando-a para o campo da ficção, com imensa liberdade.

ENCONTRO IMEDIÁTICO COM MARTA PESSOA
Cultura

ENCONTRO IMEDIÁTICO COM MARTA PESSOA

Na sua segunda longa-metragem, Quem Vai à Guerra (estreia-se hoje, dia 16), a realizadora, 37 anos, fala paradoxalmente daquela metade da população portuguesa que não foi à guerra colonial: as mulheres que ficavam para trás, enquanto os homens pegavam em armas. E no entanto, elas estiveram lá. Muitas ainda não regressaram

O BARÃO: BRUMAS DA MEMÓRIA
Cultura

O BARÃO: BRUMAS DA MEMÓRIA

É o filme mais "sóbrio e natural", se as palavras se unissem, desta secção, que, aliás, também integra o Observatório, onde costumam ficar alojados outros objetos não identificados à primeira vista. O lado fantasmático começa logo antes de começar, no genérico desta história com guião de Luísa Costa Gomes, inspirada na novela homónima de Branquinho da Fonseca, quando o próprio autor, que se define como "cineasta precário à rasca" (esta é a sua terceira longa, em 20 anos, mas a primeira com apoio) fala de "remake neurogótico de um filme fantasma, realizado durante a 2.ª Guerra, proibido pelo ditador por retratar um tiranete, um vampiro marialva (Nuno Melo) que aterrorizava os habitantes de uma região montanhosa".

ENCONTRO IMEDIÁTICO COM DANIEL MONZÓN
Cultura

ENCONTRO IMEDIÁTICO COM DANIEL MONZÓN

Mais do que um thriller prisional, e sobre homens entre grades, é um filme sobre fronteiras humanas. Entrevista com o realizador de Cella 211, o filme que abocanhou 8 prémios Goya, entre eles os de melhores filmes, argumento e actores

João Mário Grilo: "Não merecemos a revolução que tivemos"
Cultura

João Mário Grilo: "Não merecemos a revolução que tivemos"

Duas mulheres (em cartaz) marca o regresso do realizador à ficção, ao fim de anos. O filme fala do encontro de duas mulheres mas em pano de fundo está uma sociedade capitalista em que cada um vampiriza o próximo. Faz parte da lógica do sistema, alguém tem sempre de se sacrificar. Tem sido sempre este o tema recorrente nos filmes, desde o primeiro, Maria (1979):a figura do agnus dei, diz, está sempre presente. Talvez, comenta, porque o país que lhe prometeram no 25 de Abril não se cumpriu. Também em Duas Mulheres, é preciso que alguém se sacrifique para que tudo fique na mesma. Bem, não exactamente na mesma...