Crónicas d.C.

Lar, doce lar?

Que perspetivas há para um país onde um casal de jovens com educação superior e um trabalho a tempo inteiro não consegue encontrar uma casa decente?

Crónicas d.C.

Amigos coloridos

Como milhões de pessoas, estou grato a um punhado de escritores, músicos, comentadores e entertainers que atravessaram a pandemia comigo, sem me conhecerem de lado nenhum

Crónicas d.C.

Pedrada nos charcos

Enquanto a inteligência e a liderança, de todos e cada um, se revela essencial neste pequeno vislumbre de normalidade, exige-se uma reflexão sobre o futuro pós-Covid, um sumário das lições da peste, onde o mínimo é tentar garantir que o triste fado não se repete

Crónicas d.C.

Venham mais quatro

Se as restrições tardassem, começaríamos a ter revistas a anunciar “os 10 postigos mais in da cidade de Lisboa”. Hoje, 79 dias de recolher obrigatório passados, Portugal reabre as escolas, as esplanadas, os museus, e rezamos para que este pequeno alívio seja durável. Como é óbvio, só dependerá da inteligência e responsabilidade de todos

Crónicas d.C.

Deportar pessoas que querem deportar pessoas

O rapper Pablo Hasél foi condenado a nove meses de prisão em Espanha por coisas que disse e 30 mil portugueses querem deportar o ativista Mamadou Ba, por não concordarem com ele. Curiosamente, é a ala política que mais vende o direito ao “politicamente incorreto” quem mais defende a penalização de quem é politicamente incorreto, quando o dito não lhe agrada

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Game Over

Como disse Henry Ford, se o povo compreendesse o sistema financeiro, “existiria uma revolução ainda antes de amanhã de manhã”. Mais: a avaliar pelo ímpeto do poder para impossibilitar novas investidas, é a prova de que os sistemas que favorecem a elite financeira só se querem “livres” enquanto a favorecem

Crónicas d.C.

O assobio da democracia

Se é lamentável que os portugueses no estrangeiro tenham visto o seu direito ao voto atrapalhado, como são lamentáveis as dificuldades inéditas a que a pandemia nos sujeitou, votar é honrar, atacar e defender. Entrar na cabine de caneta em riste e marcar o boletim, exercendo o direito ao voto, é participar na mais nobre luta de que há memória: a luta dos nossos avós pela liberdade

Parlamento regressa hoje e Ferro Rodrigues é candidato único a presidente
Crónicas d.C.

A profissão mais antiga do mundo

O exercício político está, modo geral, tão malvisto junto de certas franjas da sociedade, que há novos candidatos cuja estratégia eleitoral é, na base, dizer “eu não sou político” ou “eu sou diferente dos outros políticos”, como se isso fosse necessariamente bom

Crónicas d.C.

Web Summit em tempos de crise

De alguém que é herói de tanta gente, líder espiritual de uma tribo internacional de empreendedores, seria de esperar outro grau de responsabilidade e ética. Não é preciso ser-se formado em economia e negócios para perceber que, neste momento crucial, com Portugal à fome e em dificuldades, cobrar 11 milhões de euros ao erário público faz diferença

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A volta a Portugal em ciclovia

Pedalar é, obviamente, mais exigente para o físico, e isso tanto faz com que os ciclistas não respeitem regras de trânsito, ou as respeitem demais, empatando a vida a toda a gente. Tudo isto se resolve se cada veículo tiver o seu espaço e as suas regras, adaptadas às suas características

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A segunda vaga da Nazaré

Aliviar o espírito da segunda vaga de covid com os olhos nas terceiras vagas da Nazaré é digno de uma metáfora apocalíptica. Ao longe, abafado pelo rugido dos vagalhões, ressoa o burburinho da fadiga política, da crise social, do caos nos hospitais, da precariedade aguda e da falência de empresas

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Teorias da constipação

À distância, pareciam cidadãos contra a utilização obrigatória de máscara, mas logo se decifravam discursos bastante mais exóticos. Ao perto, mãos e mãozinhas seguravam cartões com as palavras “5G”, “maçonaria”, “Bielderberg”, “Opus Dei”, “Illuminati” ou “Bill Gates”, sublinhadas a cores berrantes

As pessoas com depressão dizem mais certas palavras. E não, não são só as que expressam emoções negativas
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Anima-te, filho

Em Portugal, onde a depressão e a ansiedade flagram, e o suicídio é a segunda maior causa de morte dos jovens, a resposta popular para os flagelos mentais continua a ser, tantas vezes, “não sejas tão negativa”, “vai ver o mar, que isso passa” ou, simplesmente, “anima-te, filho”

Um em 10 doentes oncológicos morre na sequência de problemas cardiovasculares e não de cancro
Crónicas d.C.

Maravilhoso coração

Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa da Cardiologia já alertou: num dia em que morrem 3 pessoas de covid-19, morrem 100 ou mais pessoas de doenças cardiovasculares. É esta a realidade em Portugal. De março a agosto, morreram este ano mais 6000 pessoas do que em 2019, das quais nem sequer um terço pereceu de Covid

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A de avião, B de banana, C de covid

Os alunos pertencentes ao grupo de risco podem participar nas aulas à distância e as autoridades locais de saúde estarão sincronizadas com as escolas para garantir eficácia. Contrapondo isto com o estado da pandemia – sob controlo há três meses –, e com a urgência de os meninos voltarem à sua vida, de onde vem, afinal, a polémica?

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Depois mete-se agosto

É um fenómeno engraçado. Em julho, basta ver, já se ouve a deliciosa ressalva tão portuguesa que é o “olhe que isto depois mete-se agosto”, versão dilatada pelo calor do “isto depois mete-se o Natal”, ou seja: no fundo, duas expressões que alertam para um momento estendido em que ninguém poderá contar com nada. Nada - nenhuma estrutura essencial ao funcionamento da sociedade – funciona bem neste mês e isso é aceite como uma espécie de imposição divina

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O Papão Invisível

Não deveria ser preciso um pediatra para antecipar o sofrimento dos miúdos fechados à força. “Fica em casa” é, ainda hoje, uma ideia pouco atraente para mim que quase lá não paro, mas quando era criança, seria uma sentença do piorio

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A Liga Covid

Neste nosso jardim à beira-mar plantado, estamos há quatro meses a abrir noticiários com os números da peste. Quatro meses de conferências de imprensa diárias, a televisão acesa e as Nossas Senhoras de aço, a quem não consigo deixar de admirar o heroísmo, a atirarem-nos com números e dúvidas para cima

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Lei Seca

Qual é a base científica para, por exemplo, proibir a venda de álcool a partir das oito da noite? Haverá uma relação entre comprar a garrafa de vinho antes das 19:59 ou dois minutos mais tarde e a propagação do vírus? Custa-me a crer