Visão
Os oito eurodeputados do PS
Marta Temido (cabeça-de-lista): 50 anos, é doutorada em Saúde Internacional e foi ministra da Saúde entre 2018-2022, apanhando, portanto, em cheio, a pandemia de Covid-19.
Francisco Assis: 59 anos, professor e político, foi presidente da Câmara Municipal de Amarante entre 1989 e 1995 e é atualmente deputado socialista na Assembleia da República. Foi eurodeputado entre 2004 e 2009.
Ana Catarina Mendes: 51 anos, foi ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares de António Costa. Entre 2015 e 2019 foi secretária-geral adjunta do PS.
Bruno Gonçalves: 27 anos, foi líder da Juventude Socialista e ocupa atualmente o cargo de secretário-geral dos jovens da Internacional Socialista.
André Rodrigues: 47 anos, é deputado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Carla Tavares: 53 anos, é presidente da Câmara Municipal da Amadora desde 2013 e da Área Metropolitana de Lisboa desde 2021. Foi deputada entre 1999 e 2022.
Isilda Gomes: 73 anos, é presidente da Câmara Municipal de Portimão desde 2013, da Associação Nacional de Autarcas Socialistas e da Comissão de Recursos Naturais do Comité das Regiões. Desempenhou o cargo de Governadora Civil do Distrito de Faro entre 2007 e 2011.
Sérgio Gonçalves: 45 anos, foi presidente do PS-Madeira e é deputado na Assembleia Legislativa da Madeira desde 2019.
Os sete eurodeputados da Aliança Democrática
Sebastião Bugalho (cabeça-de-lista): 28 anos, concorreu, em 2019, como independente nas listas de candidatos a deputados do CDS-PP às europeias. Foi comentador televisivo e colunista.
Ana Miguel Pedro: 35 anos, é vogal da Comissão Política Nacional do CDS-PP e foi assessora do CDS-PP no Parlamento Europeu.
Paulo Cunha: 73 anos, foi presidente da câmara de Vila Nova de Famalicão entre 2013 e 2021. Desde julho, é vice-presidente do PSD.
Hélder Sousa Silva: 59 anos, é presidente da Câmara Municipal de Mafra e vice-presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa.
Lídia Pereira: 31 anos, foi “número dois”do PSD nas anteriores eleições europeias. Desde abril, quando foi eleita por unanimidade, é vice-presidente do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE).
Sérgio Humberto: 49 anos, foi deputado na Assembleia da República e é, desde setembro de 2022, presidente da distrital do Porto do PSD.
Paulo Nascimento Cabral: 51 anos, é conselheiro dos Açores e Energia na REPER – Representação Permanente de Portugal na União Europeia. Exerceu funções de assessoria e chefia do gabinete dos eurodeputados do PSD no Parlamento Europeu.
Os dois eurodeputados do Chega
António Tânger Corrêa (cabeça-de-lista): 72 anos, tem 40 anos de carreira diplomática, como cônsul-geral de Portugal em Goa e no Rio de Janeiro, embaixador na Bósnia, Sérvia, Israel, Egito, Qatar, Lituânia e primeiro secretário da embaixada portuguesa em Pequim. Atualmente, é o primeiro vice-presidente da direção nacional do Chega.
Tiago Moreira de Sá: 53 anos, é professor e investigador e foi deputado em 2022.
Os dois eurodeputados da IL
João Cotrim de Figueiredo (cabeça de lista): 62 anos, foi o primeiro deputado da Iniciativa Liberal, em 2019, tendo sido reeleito nas legislativas de 2022. Entre 2019 e 2023 assumiu a presidência do partido.
Ana Martins, natural dos Açores, mas a residir em Lisboa, é formada em Direito e especializada em Ciência Política. Em 2019, integrou como independente o quarto lugar da lista da IL nas eleições para o Parlamento Europeu e foi, já como membro do partido, cabeça de lista pelo Açores nas eleições legislativas nacionais.
A eurodeputada do BE
Catarina Martins (cabeça de lista): 50 anos, foi coordenadora nacional do Bloco de Esquerda entre 2012 e 2023 e deputada da Assembleia da República entre 2009 e 2023.
O eurodeputado da CDU
João Oliveira (cabeça de lista): 44 anos, foi deputado entre a X e a XIV Legislaturas e líder parlamentar do PCP entre 2013 e 2022.
Não há vã glória nem autoflagelação nos resultados das europeias. Agora, com apenas 36% de participação, os dois grandes partidos alternaram a posição, mas ligeiramente. O PS ganhou, mas pouco, a AD perdeu, por um fio, e as grandes alterações deram-se na vitória duplicada da Iniciativa Liberal, e na quebra acentuada do Chega.
Nada disto altera o nosso quadro político. O PS vai reclamar e exigir que a AD e o Governo dialoguem intensamente na AR, mas nada disso parece estar explícito nos resultados eleitorais. Nem o Governo deu um tombo desastroso, nem o PS se sentiu triunfante e protegido. Cada um teve o que pretendia.
Há, contudo, uma novidade interessante: Luís Montenegro anunciou o apoio da AD e do Governo a António Costa para presidente do Conselho Europeu, e isso é um sinal de tranquilidade e estabilidade na nossa política interna. Era uma pergunta nunca respondida pela Aliança Democrática, ou pelo PM, e agora faz todo o sentido. Para já, o PS não pode reclamar.
Mas a mais importante de todas as lições é que nenhum partido ou coligação, positiva ou negativa, desejará empurrar o Governo para o precipício, embora esse caminho fique intacto nas mãos de Luís Montenegro. E o Orçamento do Estado de 2025 poderá ser o momento: ou passa o do Executivo, mais coisa menos coisa, ou o do PS e outros. Neste caso, a coexistência não é garantida.
Nas eleições europeias que se auguravam como as mais decisivas de sempre, o balanço global é claro: os populares subiram e cimentaram-se como primeira força do Parlamento Europeu, os socialistas continuam a ser o segundo maior grupo, embora com uma ligeira redução de assentos, os liberais e verdes sofreram pesadas derrotas e, conforme esperado, as famílias da extrema-direita e direita radical cresceram a sua influência, apesar não da forma tão catastrófica como alguns chegaram a prever.

O centro de gravidade da política europeia ficou mais à direita, especialmente devido ao crescimento dos radicais em países relevantes como França e Alemanha, mas pode não mudar quase nada no equilíbrio de forças final face ao que foi a prática dos últimos anos: juntos, o PPE, o S&D e os liberais do Renew têm, na mais recente contagem, 401 dos 720 deputados do novo Parlamento Europeu. Ou seja: o suficiente para reeditar a clássica maioria pró-europeia que comandou os trabalhos em Bruxelas, na última legislatura.
Com a sua posição reforçada, os populares têm agora uma confiança redobrada na manutenção de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia. E, face ao enfraquecimento nos respetivos países do social-democrata Olaf Scholz, na Alemanha, e do liberal Emmanuel Macron, em França, os líderes do PPE podem também negociar com mais força toda a lógica de distribuição de cadeiras que vai ocorrer na próxima reunião do Conselho Europeu. E podem fazê-lo ainda com uma vantagem suplementar: ao contrário do que chegou a ser sugerido há poucas semanas, os populares podem já não precisar de se aliar aos Conservadores e Reformistas Europeus, o grupo de direita dominado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Mais radicais
Apesar do atual status se manter, com as forças do centro a comandaram os destinos da União, a grande história destas eleições não deixa de ser a do crescimento da direita mais radical. Em França, o Rassemblement National, de Marine Le Pen, ganhou as eleições, com quase um terço dos votos, e vai enviar para Estrasburgo uma comitiva de cerca de 30 deputados. Em Itália, o Fratelli d’Italia, de Giorgia Meloni, também ganhou com 27,7%, devendo eleger 24 eurodeputados, a que se podem juntar ainda os sete da lista da Liga do Norte, de Matteo Salvini. Na Áustria, o FPO de extrema-direita também ganhou, ficando com mais um deputado (6) do que os cinco alcançados por populares e socialistas.
Os partidos da direita radical ficaram ainda em segundo lugar na Alemanha – à frente de todos os que compõem a coligação atualmente no governo – na Holanda, na Polónia.
Segundo os últimos resultados e projeções, os dois grupos mais à direita do Parlamento, os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e o grupo Identidade e Democracia (ID), vão ocupar 131 assentos. No entanto, a presença da extrema-direita não acaba aí: a esses dois grupos pode-se também somar os 15 alemães da AfD, os 10 deputados do partido Fidesz, do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, os seis pertencentes ao partido Confederação da Polónia e ainda os três membros do partido Renascença, da Bulgária. Contas feitas, se todos estes partidos e organizações formassem um único grupo poderiam ser a segunda maior força do Parlamento Europeu – um cenário, no entanto, improvável, tendo em conta as rivalidades e divergências que existem entre eles.
Palavras-chave:
Depois da estreia das minisséries The New Look (a ascensão do estilista Christian Dior e a rivalidade com Coco Chanel) e Cristóbal Balenciaga (o percurso do criador espanhol até se tornar um ícone da moda), as atenções do streaming viram-se agora para outro costureiro-estrela.
Becoming Karl Lagerfeld, um original francês do Disney+, produzido pela Gaumont e pela Jour Premier, centra-se na década entre 1972 e 1982, no percurso profissional e pessoal do designer de moda alemão (1933-2019). Baseada no livro Kaiser Karl, de Raphaëlle Bacqué, a minissérie de seis episódios tem início quando Karl Lagerfeld já trabalhava na casa Chloé, onde esteve de 1963 a 1983 e de 1992 a 1997, mas ainda não usava o penteado icónico.
O arranque dos episódios também revela muito sobre quem foi Jacques de Bascher (Théodore Pellerin), eterno companheiro de vida de Lagerfeld. Parecia imberbe, mas tinha a sua excentricidade, fez de tudo para conhecer Karl Lagerfeld e conseguiu-o – graças a ele logrou também privar com Yves Saint Laurent (Arnaud Valois), em 1973, e ser seu amante.
Até se tornar um dos melhores da alta-costura feminina, Karl Lagerfeld foi durante muitos anos o rei das criações prêt-à-porter, sem o nome nas etiquetas, nem uma definição estruturada do estilo de mulher para quem se destinavam as peças.
Ter-se-á afirmado profissionalmente ao mesmo tempo que a sua vida privada também ganhava maturidade – aos 38 anos, continua a morar com a mãe Elisabeth (Lisa Kreuzer). Desde cedo que os fatos, os lenços, as gravatas, os óculos escuros e o cabelo apanhado atrás se tornaram a sua imagem de marca e a série vai revelando esse crescendo da persona criada por Lagerfeld.
É Daniel Brühl, ator espanhol (Sacanas Sem Lei, Adeus Lenine!), quem interpreta o papel do estilista, na excentricidade, no romance com Jacques de Bascher, na rivalidade com Yves Saint Laurent, picardia provocada pelo empresário Pierre Bergé (Alex Lutz).
Nessa época, a moda e a cultura já andavam de mãos dadas e Karl rodeava-se de nomes como Paloma Picasso (Jeanne Damas, designer de moda e atriz), Loulou de La Falaise (Claire Laffut, cantautora e modelo), Marlene Dietrich (Sunnyi Melles) e Andy Warhol (Paul Spera). Um desfile de personalidades.
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