Visão
O fenómeno criminal do homicídio consumado em contexto de violência doméstica é uma realidade grave e complexa que afeta muitas sociedades em todo o mundo e, para a qual todos devemos estar sensibilizados e alertados.
No ordenamento jurídico português não se encontra expressamente previsto este tipo legal de crime, o qual ocorre quando uma pessoa é assassinada num contexto onde há relações familiares ou íntimas conforme os critérios constantes do n.º 1, do artigo 152.º, do Código Penal, ou seja, quando é cometido contra cônjuge ou ex-cônjuge; pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação de namoro ou uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação; progenitor de descendente comum em 1.º grau; pessoa particularmente indefesa, nomeadamente em razão da idade, deficiência, doença, gravidez ou dependência económica, que com ele coabite ou menor que seja seu descendente ou de uma das pessoas supra- referidas, com quem tenha mantido ou mantenha uma relação amorosa, ainda que com ele não coabite.
Quando o mesmo é cometido, o agente incorre na prática de um crime de homicídio qualificado, previsto nos termos dos art. 131.º, 132.º, n.º 1 e 2, do Código Penal e punido com pena de prisão de doze a vinte e cinco anos (pena máxima de prisão em Portugal).
Na maioria dos casos, o referido crime é precedido por um histórico de violência emocional, verbal ou física, que se traduz no preenchimento do crime de violência doméstica. Na verdade, o homicídio em contexto de violência doméstica é o resultado de um padrão de abuso que pode ser cíclico, incluindo fases de tensão, explosão e “lua de mel”, ciclo esse que pode dificultar a saída da vítima da relação abusiva.
Não raras vezes o crime de homicídio consumado em contexto de violência doméstica ocorre sem que junto das autoridades competentes haja notícia prévia da existência de um contexto de violência doméstica naquele agregado familiar, porque por um lado as vítimas não o relatam ou porque efetivamente se tratou de um ato único que culminou no mais abominável ato praticado por um ser humano.
Os agressores podem ter diversas características e podem ser de qualquer género. A possessividade, ciúmes extremos, controlo e a necessidade de poder são comportamentos comuns entre agressores, e as vítimas de violência doméstica podem sofrer consequências físicas e emocionais significativas, que vão desde lesões físicas permanentes ou não, problemas de saúde mental, e nos casos mais graves, a morte.
Conforme já referido em artigo de opinião publicado nesta mesma sede, no ano de 2023, de acordo com o relatório de “Homicídios em contexto de violência doméstica- 2023- análise dos indicadores”, elaborado pelo Gabinete da Família, da Criança, do Jovem e do Idoso e contra a Violência Doméstica (GFCJIVD- PGR), a violência associada foi responsável pela verificação de 30 óbitos, 17 mulheres, 3 homens e 2 crianças (meninas).
Há cerca de 2 semanas, alguns tabloides nacionais fizeram manchete com a notícia da morte de mais uma mulher, vítima de violência doméstica. E, sempre que ocorre um homicídio consumado em contexto de violência doméstica é inevitável e profícuo as autoridades questionarem se houve alguma falha no processo de proteção da vítima, tentar conhecer a realidade dos fatos e extrair ensinamentos que visem a melhoria da atuação funcional futura.
Desde 2019, a Procuradoria Geral da República numa parceria informal com a Unidade de Informação Criminal (UIC) da Polícia Judiciária (PJ) iniciou atividade de acompanhamento e monitorização de todos os casos que podem integrar o conceito de “homicídio em contexto de violência doméstica” (HCVD), visando aqueles mesmos objetivos.
Não obstante os esforços envidados por todas as entidades, designadamente Ministério Público, órgãos de polícia criminal, serviços de saúde, educação, assistência social e comunitários e das medidas de prevenção e repressão adotadas, as quais abordaremos em artigo futuro, o crime de homicídio consumado em contexto de violência doméstica é complexo e multifacetado, e diversos fatores podem levar um indivíduo a cometer esse ato hediondo, designadamente fatores sociais e económicos, psicológicos, histórico de violência no lar, influência familiar, substâncias químicas, conflitos pessoais, momentos de crise, ciúmes, entre outros, e, há um fator que ainda não conseguimos antever e controlar: a imprevisibilidade do comportamento do ser humano, tema complexo que abrange diversas áreas, incluindo psicologia, sociologia, neurociência e filosofia.
Mesmo nos casos em que já existe histórico de violência doméstica, situações há em que o agressor já não reside com a vítima e pode mesmo encontrar-se proibido de a contatar por qualquer meio, através de medida de coação imposta pelo tribunal, o que não obsta a que num ato inusitado e imprevisível, a aborde e mate, sem que haja qualquer possibilidade de antever os seus atos e o impedir.
Cada caso é único, e frequentemente, múltiplos fatores interagem de maneira complexa, o que faz com que a previsão do comportamento humano seja um desafio. Além disso, a teoria do caos e o princípio da incerteza mostram que sistemas complexos, como o comportamento humano, podem ser sensíveis a pequenas mudanças, dificultando ainda mais a previsão.
É, pois, vital que a sociedade como um todo se mobilize para reconhecer, combater e prevenir a violência doméstica, criando ambientes seguros e de apoio para todas as vítimas, por forma a evitar o homicídio consumado em contexto de violência doméstica.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Uma equipa do Departamento de Física da Universidade de Oxford, no Reino Unido, criou um material que pode ser aplicado em camada em telhados, carros ou telefones, transformando-os em painéis solares. Este método pode abrir caminho a uma maior massificação da exploração da energia solar, por poder ser mais barato e não exigir grandes e volumosos painéis solares de silício.
A camada de perovskite, nome do novo material, só precisa de ter um micron de espessura e consegue ser 5% mais eficiente do que os tradicionais painéis fotovoltaicos na produção de energia proveniente do Sol. A expectativa da equipa é aprimorar o sistema para conseguir eficiências a rondar os 45%, explica o Engadget.
Devido à reduzida espessura necessária e flexibilidade oferecida, pode ser aplicado em praticamente qualquer superfície, esta abordagem pode permitir reduzir os custos de construção e de espaço exigido para se criarem as atuais quintas de painéis.
Apesar de promissora, a tecnologia está ainda numa fase de investigação. Os cientistas assumem que a estabilidade a longo prazo é o maior desafio com que se deparam, estando ainda longe do que se consegue com a tecnologia fotovoltaica. No que toca a dinheiro, convém referir que os custos da tecnologia fotovoltaica caíram 90% nos últimos dez anos.
Recorde-se que a energia solar é um dos vetores considerados essenciais para reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera e combater o aquecimento global.
Palavras-chave:
Mark Gurman, jornalista especializado em temas relacionados com a Apple da agência de notícias Bloomberg, escreveu sobre os planos da tecnológica para o iPhone 17, que deve chegar ao mercado no próximo ano. O perito fala da possibilidade de surgir um novo iPhone Pro num chassis muito mais fino e da possibilidade de um iPhone dobrável.
Desde 2020 que a Apple tem vindo a experimentar ter um quarto modelo em cada série do iPhone. Depois de experiências menos bem sucedidas com os modelos Mini e Plus, agora a atenção vira-se para um modelo ‘slim’ na série iPhone 17. Pelos rumores lidos até agora, um chassis de alumínio mais fino, um ecrã de 6,6 polegadas e algumas concessões no que toca a câmaras é o que se pode esperar para este modelo, que procura combinar funcionalidades de topo de gama e outras de entrada de gama.
Gurman descreve este modelo como sendo uma espécie de iPhone Air, numa referência às versões mais finas, mas não tão poderosas, dos computadores Mac e tablets iPad. “É algo mais vistoso do que o iPhone standard, mas sem a performance, tamanho de ecrã ou câmaras do modelo Pro”, cita a publicação 9to5Mac. É expectável que o modelo slim tenha mais sucesso do que tiveram as versões Mini ou Plus.
Depois, com a evolução tecnológica, a Apple deve querer colocar o desempenho de um modelo Pro neste modelo mais fino, abrindo assim caminho a uma variante Ultra. Esta intenção, no entanto, só deve ser cumprida em 2027. Por último, um iPhone dobrável é um desejo antigo da Apple, embora seja previsível que o formato chegue primeiro ao tablet iPad e só depois ao smartphone, avança a Bloomberg, mas ainda em data a anunciar.
De sublinhar que apesar das revelações agora feitas para o futuro do iPhone, a Apple deverá apresentar, em setembro, um novo modelo do smartphone, que deverá ficar conhecido como iPhone 16.
Neste Jogos Olímpicos, a saúde mental conseguiu bater Snoop Dogg e estar mesmo em todo o lado: a competir, no media centre, nas bancadas. Medalha de ouro ex aequo à vulnerabilidade, à destigmatização e à importância da psicoterapia. Os preconceitos com as doenças mentais foram combatidos em cada acrobacia, tiro, mergulho, sprint. E a equipa vencedora fomos todos nós, quase 2 mil milhões e quem está nos arredores, que lidamos com a doença mental.
Eles parecem super-humanos, mas não são imunes à pressão, à competição, aos vazios pós-olímpicos, à derrota, ao imperativo da vitória contínua, ao perfecionismo, à saída do desporto. Nem ao estigma: para nós são heroicos, podem lá ser doentes mentais? Mas são: 50% dos atletas de elite têm sintomas ou doenças mentais, com prevalência da depressão, ansiedade e distúrbios alimentares – dados do Comité Olímpico Internacional em 2019. Os serviços psicológicos do Comité Olímpico dos EUA sinalizaram metade dos seus atletas, desde os Jogos do Rio 2016. Entre nós e este ano, o Observatório de Saúde Mental colocou a fasquia nos 40%.
Quando Simone Biles decidiu retirar-se dos Jogos de Tóquio para cuidar da sua saúde mental, ecoou pelo mundo o espanto estigmatizado. A super ginasta, fisicamente capaz do impensável, tinha uma doença mental?! Era um mundo muito desatento, este ainda pandémico de 2021: começávamos a perceber que as doenças mentais também são pandemia, mas tínhamos feito ouvidos mocos a Michael Phelps, o nadador das 23 medalhas olímpicas que, em 2015, começou a falar publicamente da sua depressão e ansiedade; ou a Ian Thorpe, o campeão australiano que, em 2016, fez o mesmo. Ambos deram o alerta, numa altura em que a integração dos psicólogos do desporto nas equipas (ou nas nossas vidas) era miragem. Em 2020, Noah Lyles, hoje o homem mais rápido do mundo, tweetava o seu diagnóstico de depressão e assumia que os antidepressivos o estavam a ajudar. Seguiu-se Naomi Osaka. Mas há um aS e um dS – antes e depois de Simone. Em julho de 2023, o COI lançou o primeiro “Plano de Ação para a Saúde Mental”, com várias medidas a serem implementas nos Olímpicos de Paris graças ao “efeito Biles” – e o tema destes Jogos foi escrito por ela, no Instagram, mal se tornou campeã olímpica: “Mental health matters”.
Até aqui, o estigma era recordista absoluto em qualquer modalidade. Agora, os atletas equiparam-se de autocuidado, literacia e muita terapia, e reclamaram a dianteira para a sua saúde mental. Estes são os preconceitos atirados ao tapete, nos Jogos Olímpicos de Paris.
Eles têm tudo, não podem ter doenças mentais. Nesta sociedade instantânea, a aparência dita sentença e perceciona-se o sucesso, medalhas e fama como antónimos de doença mental. A lista de atletas que, com coragem olímpica, competiram vindos de problemas de saúde mental assumidos ou a lidar com doenças mentais ativas, põe este preconceito fora de jogo. Além de Biles e Lyles, Caleb Dressel (natação, EUA), Tom Daley (saltos para a água, GB), Gabriel Medina (surf, Brasil), Sha’Carri Richardson (atletismo, EUA), Adam Peaty (natação, GB), Sunny Choi (breaking, EUA), René Holten Poulsen (canoagem, Dinamarca), Ysaora Thibus (esgrima, França), Kimberly Woods (canoagem, GB), Bárbara Timo (judo, Portugal), Irina Rodrigues (lançamento do peso, Portugal), e muitos outros falaram publicamente da sua saúde mental. A verdade: As doenças mentais são multifatoriais e extremamente democráticas, podem acometer qualquer pessoa.
A depressão é coisa de preguiçosos e fracos. Se há pecado mortal que estes atletas não cometem é a preguiça. O treino rigoroso, os sacrifícios e anos de preparação são de disciplina constante, de extraordinária exigência física e mental – é impossível dizê-los fracos. Mais: num mundo estigma-recordista, assumir vulnerabilidade e doença mental no palco olímpico-mediático, revela muita força! A verdade: A depressão é uma doença complexa, de causas múltiplas e enorme sofrimento. Atribuir uma doença a capricho, preguiça ou fraqueza isso si, é coisa de fracos.
Depois de uma doença mental, perde-se competência na performance profissional. Simone Biles voltou à sua profissão em 2023: foi campeã mundial individual, por equipas, ouro no solo e trave e prata nos saltos; é campeã olímpica, com 3 ouros e 1 bronze. A canoísta britânica Kimberly Woods teve de ultrapassar uma depressão, comportamentos autolesivos e ideação suicida para chegar a Paris – ganhou 2 medalhas de bronze. Para Tom Daley, que lidou com depressão e distúrbios alimentares, estes foram os quintos Jogos e ganhou a quinta medalha. É preciso continuar? A verdade: Regressa-se diferente de uma doença mental, é uma experiência avassaladora. Mas plenamente válido e competente, com mais autoconhecimento. É crucial fazer o phase out do tratamento e o phase in de regresso ao trabalho de forma estruturada e adaptada.
As doenças mentais não têm cura. Pois não, têm remissão. Conseguem encontrar argumentos para validar tamanho preconceito, face à alegria, sucesso e resultados destes atletas? A verdade: O tratamento adequado, que atue sobre as causas, stressores e sintomas, remite a doença e dá-nos ferramentas para vigilância e manutenção da saúde mental.
A terapia é para malucos. A judoca Patrícia Sampaio faz psicoterapia para gerir a sua saúde emocional e os desafios competitivos. Rebeca Andrade, ginasta brasileira, faz terapia desde os 13 anos. Simone Biles teve um teleconsulta madrugadora com a terapeuta no dia em que se tornou campeã. Noah Lyles tem 3 terapeutas diferentes. A verdade: A terapia salva. A medicação é um precioso auxílio, mas só com psicoterapia se atua sobre as causas e previne reincidência.
O estigma é inquebrável. A lançadora do disco brasileira Izabella Rodrigues teve um intenso ataque de ansiedade, com vómitos e insónia, na véspera das classificatórias. Ficou em 17.º, não chegou à final, e deu o exemplo, explicando aos media porquê. Noah Lyles, a seguir ao ouro nos 100m publicou no X: “Tenho asma, dislexia, défice de atenção, ansiedade e depressão. O que têm não define o que podem vir a ser. Porque não tu?”
Eu, ex-deprimida e ansiosa ocasional, que não sei fazer a roda e levo 10 minutos para correr 100m, acrescento que se estes atletas dão músculo ao combate ao estigma, podemos todos ser meio-fundistas pela saúde mental. Knockout.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Descrito como um Mestre dos Retratos, o Honor 200 Pro é o irmão mais apetrechado (e caro) da nova família de smartphones da marca chinesa, que foca as suas atenções na fotografia. Aqui, o smartphone oferece uma experiência completa, embora tenha algumas arestas para limar. A surpresa chega no desempenho, deixando também uma muito boa impressão no ecrã e na autonomia.

Retratos com ‘assinatura’ parisiense
Com a fotografia a ser apresentada como um dos grandes pontos de destaque, é sem surpresa que a Honor aposta em grande na configuração de câmaras. Aliás, o sensor principal de 50 MP tem algumas semelhanças com o do Honor Magic 6 Pro, um modelo topo de gama que se enquadraria facilmente no nosso teste de melhores cameraphones.
A marca colaborou com o Studio Harcourt, conhecido pelos seus retratos, para desenvolver o Honor AI Portrait Engine, que combina Inteligência Artificial com a experiência do estúdio de fotografia parisiense. As câmaras traseiras contam também com uma versão atualizada do algoritmo Honor RAW Domain, que, segundo a marca, ajuda na captação de retratos com níveis equilibrados de exposição nas zonas mais claras, preservando detalhes mesmo em cenários de iluminação mais escuros.
Honor 200 Pro – Câmaras vistas à lupa

- Câmara principal de 50 MP (sensor ultra-grande 1/1,3 pol. H9000 OIS; 4-em-1 com equivalente 2.4 μm de grandes píxeis; abertura f/1,9)
- Teleobjetiva de 50 MP (sensor ultra-grande HONOR x Sony IMX856; zoom ótico 2.5x e zoom digital até 50x; OIS; abertura f/2.4)
- Ultra grande angular de 12 MP (2-em-1 com lente grande angular e macro; ângulo 112° ultra)
- Câmara frontal de 50 MP (abertura f/2.1; algoritmo de iluminação otimizado para selfies)
Com todos estes ingredientes, parecem estar reunidas as condições para uma receita de sucesso. Mas a verdade é que a experiência não foi tão impressionante quanto esperávamos. A ‘alma’ está lá, mas a execução deixa, por vezes, a desejar.
Comecemos pelos aspectos positivos. Em condições de iluminação adequada, seja em espaços exteriores como interiores, a câmara principal é capaz de captar imagens com qualidade. As fotografias apresentam um bom nível de detalhe nas zonas claras e mais escuras, as cores são vívidas sem serem demasiado artificiais e há, de modo geral, equilíbrio nos níveis de exposição e contraste. O desempenho da teleobjetiva e da câmara frontal não ficam muito atrás e, apesar de ter uma menor resolução, o sensor ultrawide permite obter resultados satisfatórios.
É no modo Retrato onde encontramos três perfis ao estilo Studio Harcourt – Vibrant, Cor e Clássico – que estão apenas disponíveis para retratos com a câmara principal e com a teleobjetiva. Sentimos que o perfil Harcourt Clássico é o que mais se aproxima do estilo icónico do estúdio de fotografia, dando um toque de ‘dramatismo’ aos retratos a preto e branco. Já no perfil Cor, as cores assumem tons mais quentes e no Vibrant ganham um pouco mais de vivacidade.
Apesar das ocasionais dificuldades com o efeito bokeh nos retratos captados com a teleobjetiva, obtivemos composições muito agradáveis com este modo. Os retratos são detalhados, com as câmaras a captarem adequadamente os pequenos pormenores do rosto, e há um bom recorte do ‘sujeito’ principal.
Passando ao lado menos positivo da nossa experiência, notámos diferenças a nível de reprodução de cor entre os sensores e, em cenários noturnos, o desempenho das câmaras deixa a desejar. O zoom digital entrega resultados satisfatórios até 5x, a partir daí, quanto mais elevado, menor é a definição dos diferentes elementos nas fotografias. Em determinados casos, as câmaras têm dificuldade em ‘congelar’ o movimento e, por vezes, surgem efeitos visuais indesejados. Além de casos de lens flare, reparámos num efeito de clareamento em torno de certos elementos, numa espécie de auréola. Já no vídeo, a falta de estabilização destaca-se pela negativa.
Design e ecrã
Com uma forma inspirada pela Casa Milà, do famoso arquiteto Antoni Gaudí, o módulo de câmaras causa, num primeiro momento, alguma estranheza. As suas dimensões e espessura chocam com as linhas simples do smartphone e, à primeira vista, parece desajustado. Mas, com o passar do tempo, até nos habituamos ao seu impacto visual, embora cause intrusão durante o uso sem capa.
Se o módulo das câmaras se inspira na arquitetura, o design do smartphone tem a Natureza como principal fonte de inspiração. Por exemplo, o modelo que experimentámos, na cor exclusiva Ocean Cyan, tem um painel traseiro com um acabamento que faz lembrar uma linha costeira, seja pelos tons que remetem para as cores do mar, como pela combinação entre texturas e reflexos.

Note-se que para o mercado português chegam apenas os tons Moonlight White que, como o próprio nome já deixa antever, se inspira na luminosidade da Lua no céu noturno para um painel traseiro com textura frosted, e Preto, uma opção de estilo mais clássico com acabamento mate.
Apesar de ser fino e leve, o Honor 200 Pro apresenta uma construção relativamente sólida, com curvas suaves e cantos arredondados para um manuseio mais confortável, se bem que seja um pouco ‘escorregadio’.
Em linha com o design do smartphone, o ecrã AMOLED de 6,78 polegadas também tem curvas nas extremidades. Embora não seja totalmente ‘imune’ ao problema dos toques acidentais, frequente em modelos com ecrãs deste género, oferece uma experiência de navegação rápida e fluida, sobretudo quando ativamos a taxa de atualização a 120 Hz. De acordo com a Honor, o brilho máximo é de 4000 nits, o que ajuda a assegurar uma maior legibilidade sob luzes mais intensas, com o ecrã a adaptar-se bem a diferentes condições de iluminação.
Clique nas imagens para ver o Honor 200 Pro com mais detalhe
À semelhança de outros modelos da marca, o ecrã do Honor 200 Pro conta com características concebidas para um maior conforto ocular. Aqui incluem-se o escurecimento dinâmico PWM a 3840 Hz, que faz a diferença para quem tem olhos mais sensíveis à cintilação do ecrã, assim como o modo “Ecrã noturno circadiano”, que ajusta a temperatura da cor à medida que o dia progride para mitigar o impacto negativo da luz azul no sono.
A qualidade da imagem deixa uma muito boa impressão, o que torna este modelo particularmente apelativo para quem gosta de assistir a vídeos online ou até a séries em streaming a partir do smartphone. Com uma resolução elevada, o ecrã apresenta imagens nítidas e com boa riqueza de detalhe.
Quanto à reprodução de cor, é possível escolher entre duas opções – Normal e Vívida – e ajustar a temperatura a partir das definições. A segunda está ativada por predefinição e traz mais vivacidade às imagens, sendo aquela que mais nos apelou. Destacamos ainda o bom nível de profundidade nos tons mais escuros.
A par da qualidade da imagem, o smartphone também marca pontos no desempenho sonoro. O sistema de colunas duplas surpreendeu-nos com um volume potente, sem distorção de frequências. Se prefere usar auscultadores ou auriculares wireless, o áudio espacial HONOR Histen traz mais imersão à experiência de ouvir música ou de assistir a vídeos, numa funcionalidade que precisa de ser ativada primeiro nas definições.
Desempenho e autonomia
O ‘coração’ do Honor 200 Pro é Snapdragon, mas não bate ao mesmo ritmo de um topo de gama e, aqui, convém prestar atenção a uma pequena letra no nome dado pela Qualcomm. O processador Snapdragon 8s Gen 3 é um SoC diferente, concebido em especial para smartphones de gama média.
Apesar disso, o desempenho não deixa a desejar quando se trata de dar uma resposta rápida e eficaz às tarefas do quotidiano, na típica combinação entre navegação online e utilização de apps variadas.
E temos boas notícias para os gamers. O Honor 200 Pro permite jogar com qualidade, inclusive títulos um pouco mais exigentes a nível gráfico. Nos testes com Genshin Impact, por exemplo, o smartphone até aguentou-se bem mesmo com os gráficos no máximo. Notámos algum aquecimento, mas não ao ponto de ser preocupante.
O Snapdragon 8s Gen 3 também ajuda a impulsionar as funcionalidades de Inteligência Artificial integradas no smartphone, como a Magic Portal, que permite arrastar conteúdo, incluindo texto e imagens, para aplicações, ‘aprendendo’ com o comportamento dos utilizadores. A Magic Capsule é outra das funcionalidades em destaque no MagicOS 8.0 (baseado no Android 14), numa funcionalidade ao estilo da ‘Ilha Dinâmica’ do iPhone.
O Honor 200 Pro está equipado com uma bateria ‘generosa’ de 5200 mAh que, com um uso mais intenso, consegue oferecer autonomia para todo o dia. Se for um utilizador com um consumo muito mais regrado conseguirá ter energia para, no máximo, dois dias.
O smartphone suporta carregamento rápido (com fio) a 100 W, que promete encher a bateria até 50% em apenas 15 minutos – isto é, se tiver o carregador compatível. Se preferir, também pode optar por carregamento sem fios, neste caso a 66 W.
Tome Nota
Honor 200 Pro – €799
honor.com/pt
BENCHMARKS AnTuTu 993064; CPU 305001; GPU 257513; UX 199013; Memória 231537 • 3DMark: WildLife 6268 (37,54 fps) ; WildLife Extreme 1653 (9,90 fps) • PCMark: Work 3.0 11268 • Autonomia 13h44 • Geekbench: CPU (Single/Multi) 1421/4000; GPU 4296
Ecrã Muito Bom
Autonomia Muito Bom
Câmaras Muito Bom
Construção Bom
Características Ecrã AMOLED de 6,78” (2700 x 1224, 120Hz, 4000 nits) • CPU Snapdragon 8s Gen 3 • GPU Adreno 735 • 12 GB de RAM • 512 GB de armazenamento • Câmaras: traseiras de 50 + 50 + 12 MP; e frontal de 50 MP • Bateria de 5200 mAh • MagicOS 8.0 (Android 14) • 163.3×75.2×8.2 mm • 199 g • IP65
Desempenho: 4,5
Características: 4
Qualidade/preço: 3,5
Global: 4
Palavras-chave:
Após duas semanas de competição, muitas conquistas, superações e também algumas desilusões, chegou ontem ao fim a XXXIII edição dos Jogos Olimpícos. Depois da inauguração, com um extraordinário espetáculo a decorrer nas margens do Sena, a cerimónia de encerramento de Paris 2024 regressou aos moldes tradicionais. Desde logo, a festa voltou a estar confinada: no Stade de France, desfilaram comitivas, atletas de todo o mundo, montou-se um espetáculo de luzes e som e, no final, atuaram as bandas francesas Phoenix e Air.
Em vez da abençoada chuva da inauguração, houve confettis em Saint-Denis. Para quem acompanhou a transmissão televisiva, foi um tanto ou quanto aborrecido. Valeu pelo mini-concerto (incluindo o facto de a organização se ter visto aflita para fazer sair os atletas do palco onde os músicos atuavam). Talya Minsberg, uma das enviadas especiais do New York Times, perguntava no feed do jornal ontem à noite: “Pode ser exaustão olímpica, mas perdi toda o sentido de espaço e tempo. Estarei no espetáculo do intervalo do Super Bowl?”
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Palavras-chave:
Ter à porta de casa dezenas de tuk-tuks a passarem, todos os dias, não é a situação mais agradável para quem, apesar do boom do turismo, se manteve a residir nas ruas mais pitorescas de Lisboa, Sintra ou Porto, como se de um privilégio se tratasse.
Os bairros tradicionais, repletos de casas destinadas ao alojamento local, estão com lotação esgotada, gerando o caos no trânsito, a escassez de estacionamento, o excesso de poluição e cacofonia que não preserva o sossego dos moradores.
Condutora de tuk-tuk em Lisboa há uma década, Maria Alfama, 58 anos, sente-se uma verdadeira embaixadora da capital e sabe que muito do que diz e mostra aos seus passageiros é a impressão com que ficam de Portugal e dos portugueses.

“No Miradouro da Senhora do Monte, na Graça, já vi outros condutores a apontarem para a Costa da Caparica e a dizerem que é Sintra ou ‘lá para cima é a Nazaré’, das big waves”, denuncia.
Tanto Maria Alfama como a Associação Nacional de Condutores de Animação Turística e Animadores Turísticos (ANCAT) advogam que seja criado um curso de certificação para os animadores antes da inscrição no registo nacional, que “continua a ser uma licença dada às cegas”. “É por isso que ninguém consegue dizer quantos tuk-tuks há em Lisboa. Defendemos que tenha de se passar por uma formação, para saber, no mínimo, a História de Lisboa e o mapa de Portugal”, acrescenta.
Estas e outras reivindicações já foram ouvidas numa reunião com Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro da Mobilidade, de onde já saíram resoluções.
Em breve, empresários e condutores podem esperar “tolerância zero” nas áreas destinadas ao estacionamento, com operação conjunta de fiscalização a cargo da Polícia Municipal, da PSP e da EMEL.
Passarão a ser obrigatórios a formação dos operadores dos veículos e o seu licenciamento junto da autarquia – e não só do Turismo de Portugal, como acontece até agora –, para que possam estacionar os veículos nas zonas específicas e legais. Haverá também restrição a veículos elétricos em algumas zonas da cidade, ainda a designar.
Contando que existam mil tuk-tuks a circular em Lisboa, o objetivo é limitar para metade (500) os que ficam habilitados a estacionar em 250 lugares autorizados.
Regular a atividade é a forma de colocar um travão à circulação desmesurada de tuk-tuks. Desde 2016, a situação tem vindo a piorar e no bairro da Graça há segunda, terceira e quarta filas de estacionamento, congestionando o trânsito, com táxis que ali ficam bloqueados, com carros que não conseguem sair da garagem, com ânimos exaltados. Ao caos do tráfego turístico da Graça juntam-se o do Castelo de São Jorge, o do Rossio, o do Miradouro das Portas do Sol, o de Belém e o do Terreiro do Paço.
Mais transporte público
Há mais de 30 anos, em 1992, a UNESCO alargou as categorias do Património Mundial e acrescentou a de Paisagem Cultural, com esta classificando Sintra três anos depois. Uma paisagem agora adornada com 50 faixas afixadas em diferentes locais das estradas da serra de Sintra, da Estefânia, de São Pedro e de Vila Velha. Nas telas penduradas às janelas e varandas, nos cartazes expostos nas montras de lojas, cafés e restaurantes leem-se mensagens contra o caos provocado pelo excesso de carros, a exigir políticas sustentáveis e lembrando que “Sintra ≠ Disneyland”.
Nem os moradores do centro histórico (cada vez em menor número) nem os turistas, portugueses e estrangeiros, beneficiam de um desordenamento tão grande. “Queremos Sintra viva e habitada”, “Não ao turismo de massas” ou “Património Mundial sim, parque de diversões não!”, são palavras de ordem da QSintra em defesa da vila, a sofrer uma descaracterização acelerada.
Para Madalena Martins, munícipe e membro da direção da associação, a questão é complexa e, por isso, a solução tem de ser ampla e integrada. “Existe a necessidade de uma gestão multidisciplinar. Sintra tem de ser tratada com pinças”, alerta.
Para travar o trânsito caótico, Madalena fala numa rede com mais transportes públicos, mais eficientes, de preço acessível ou preferencialmente gratuitos, desencorajando levar o transporte particular para a vila.

Os autocarros turísticos também não deveriam circular em estradas estreitas, porque “basta um automóvel mal estacionado para o autocarro não passar, bloquear a via e, por vezes, chega a haver engarrafamentos de vários quilómetros até Mem Martins. É um perigo também em caso de uma emergência médica, com as ambulâncias a não conseguirem chegar rapidamente à ocorrência”.
Madalena Martins considera que os condicionamentos de trânsito, como a proibição da entrada de carros no centro histórico, exceto a residentes, estão pouco e mal divulgados. O que faz com que todos os condutores tentem entrar e tenham depois de inverter a marcha, entupindo as zonas de Colares e de Monserrate.
“Não hostilizamos nem os turistas nem o turismo, não pode é ser fator de destruição e de pandemónio”, sublinha a ativista.
Pelos principais monumentos da vila, como o Castelo dos Mouros e o Palácio Nacional, geridos pela Parques de Sintra, passam mais de 3,5 milhões de visitantes por ano. Um valor que levou a edilidade a reduzir o limite de entradas nos monumentos.
O Palácio da Pena, por exemplo, monumento com maior pressão turística, ao reduzir em cerca de 15% os visitantes diários (seis mil desde o início deste ano), baixou também o total de entradas em 16,5% relativamente a 2023. A mesma medida será aplicada, em setembro, na Quinta da Regaleira, gerida pela Fundação CulturSintra.
Quem mora na principal zona de passagem do fluxo turístico, o eixo que vai do Ramalhão para São Pedro de Sintra, quando sai de casa de manhã, por volta das dez e meia, para ir fazer algo rápido, ao regressar chega a demorar 45 minutos para estacionar o carro.
No que ao trânsito diz respeito, a autarquia construiu um parque de estacionamento periférico na estação da Portela de Sintra, com 550 lugares, mas usados sobretudo por quem trabalha em Lisboa e segue no comboio. Em breve, haverá mais dois parques de estacionamento, no final do IC19 e junto à principal entrada de Sintra: Ramalhão 1, para veículos e autocaravanas, e Ramalhão 2, com 500 lugares. A novidade serão os shuttles previstos para transportar os visitantes até ao centro da vila.
Engarrafamentos no mar
Os problemas replicam-se também no Porto onde, em 2017, já existiu uma tentativa de regular o transporte turístico na cidade e, em setembro do ano passado, a Assembleia Municipal decidiu que tuk-tuks, comboios e autocarros turísticos só poderiam circular entre as dez da manhã e as dez da noite, uma forma de aliviar a pressão quando o congestionamento rodoviário matinal é maior.
Agora, das novas regras, que poderão entrar em vigor no final de agosto, fazem parte as excursões turísticas que, em vez de estacionarem na Cordoaria ou na Avenida dos Aliados, terão de parar nos terminais das Camélias, da Asprela ou na Alfândega, e fazer o pagamento de taxas.
Da zona da Alfândega à Praça da República e da Rua de Cedofeita à Rua de Dom João IV, só poderão entrar os veículos turísticos licenciados. Apesar de o número estimado de tuk-tuks a circular no Porto, cerca de uma centena, seja apenas 10% do que existe em Lisboa, no máximo está prevista a circulação de 40 tuk-tuks e de 24 autocarros de percursos turísticos. Todos terão de ser elétricos, de utilizar um dístico distribuído pela Polícia Municipal e de ceder o sinal de GPS aos serviços da autarquia.

Não é apenas em terra que o turismo de massas se faz notar. No Algar de Benagil, em Lagoa, um dos bilhetes-postais do Algarve – que recebe um milhão de visitantes, 21% do total de visitantes do Algarve (4 732 165) –, a partir de 13 de agosto há proibições a respeitar.
O acesso às grutas de Benagil, compreendidas entre a Praia do Vale do Lapa e a Praia de Albandeira, inseridas no perímetro do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado, não vai permitir o desembarque ou o uso do areal no interior do algar a particulares e empresas, o aluguer de caiaques sem guia nem o acesso a nado ou com meios auxiliares de flutuação. Enquanto o lado poente fica destinado a embarcações a motor (três minutos), o lado nascente será para caiaques, pranchas e canoas (cinco minutos). No máximo, e em simultâneo, poderão estar três embarcações motorizadas (menos de 12 metros de comprimento) e grupos de seis equipamentos flutuantes, acompanhados por outro com guia certificado (máximo de oito minutos). Todos sem sistemas de amplificação de som de forma a não produzir poluição sonora.
Quem gosta de explorar as profundezas do mar deve saber que é proibido, no interior das grutas e nas imediações, mergulhar com escafandro autónomo ou em apneia, exceto em ações de investigação científica, e fazer pesca submarina e recreativa (apeada ou embarcada).
Europa impõe limites
O que tem acontecido em cidades portugueses é em tudo semelhante ao que se passa no resto da Europa, sobretudo em países como Espanha, Itália e Grécia, onde nos últimos tempos se têm realizado manifestações de rua, com uma atitude que ostraciza os turistas.
O Holidu, portal de reservas para casas de férias, fundado em 2014 e com sede em Munique, na Alemanha, elencou as 36 cidades mais sobrelotadas da Europa. Para tal, usou os dados do Euromonitor International, fornecedor britânico de estudos de mercado, e analisou o número de chegadas a cada cidade, em 2023, em comparação com a sua população.
O resultado é a lista de cidades com o maior número de turistas por habitante. E Portugal lá consta, com Lisboa em oitavo lugar, com 11 turistas por habitante, e o Porto logo a seguir, com dez turistas por habitante.
Dubrovnik, na Croácia, lidera o ranking, com 27,42 turistas por habitante – muito graças à euforia gerada por Guerra dos Tronos, série ali gravada –, seguida de Rodes (26,33), na Grécia, e Veneza (21,26), em Itália. As cidades menos “invadidas” são Varsóvia (1,37), na Polónia, Istambul (1,33), na Turquia, e Hamburgo (1,05), na Alemanha.
Contando que existam mil tuk-tuks a circular em Lisboa, o objetivo é limitar para metade (500) os que ficam habilitados a estacionar em 250 lugares autorizados
Em Itália, por exemplo, Veneza continua a impor novos limites, que se estendem às ilhas Murano, Burano e Torcello: 25 pessoas, sem contar com crianças até aos 2 anos, por grupo de excursão com guia, sem megafones para proteger a tranquilidade dos residentes; proibido parar em ruas estreitas, pontes ou locais de passagem (exceto visitas de estudo).
Em abril, a cidade dos canais já se tinha tornado a primeira cidade do mundo a introduzir um sistema de pagamento, cinco euros, para os turistas que não pernoitassem e residissem fora da região de Veneto. Em 29 dias, ao longo dos três meses que durou a iniciativa, foram arrecadados mais de dois milhões de euros, mas sem o efeito esperado na redução de multidões. Assim, em princípio, em 2025, a taxa regressará mas inflacionada.
Segundo uma análise do jornal The Economist, que usa dados macroeconómicos da CEIC Data, de estatísticas governamentais e da consultora Oxford Economics, em termos absolutos de chegadas internacionais, Londres e Tóquio lideraram no ano passado, com 20 milhões de visitantes cada, seguidas por Istambul (17 milhões). No entanto, dividindo os turistas pela população, Amesterdão, Paris e Milão ocupam os três primeiros lugares, com dez, oito e seis chegadas por habitante.
Deixem as gueixas em paz!
O turismo de massas não ignorou o outro lado do globo e o Japão agiu em conformidade. Dia 1 de julho pôs em prática as mais recentes restrições no acesso ao Yoshida, o mais popular e acessível trilho para principiantes para subir ao monte Fuji. No máximo, podem ali circular quatro mil alpinistas por dia, pagando cerca de €12 (dois mil ienes) e o acesso fica vedado entre as 16h e as três da manhã, impedindo a entrada de quem não reservou estada num dos abrigos de montanha.
Em Quioto, no bairro de Gion, desde 2019 é proibido tirar fotografias às gueixas. Este verão, passou a ser proibido aceder às ruas típicas estreitas onde as jovens trabalham e circulam, exceto à principal artéria, arriscando uma multa de cerca de 63 euros. Só assim as autoridades locais e municipais esperam que os turistas parem de filmar, fotografar e tentar tocar nos quimonos das jovens mulheres.
Em breve, a cidade imperial de Osaka poderá vir a cobrar aos turistas estrangeiros uma taxa de entrada para reduzir as hordas de visitantes.
Outra forma de combater o turismo excessivo é não autorizando a construção de novos hotéis, como anunciou o governo local de Amesterdão, nos Países Baixos. Só se fechar uma unidade hoteleira poderá abrir outra e sem aumentar o número de camas.
Entretanto, na Grécia, o presidente da Câmara Municipal de Atenas, Haris Doukas, mandou fazer um estudo sobre a capacidade de carga turística da cidade, isto é, “o número máximo de pessoas que podem visitar um destino turístico ao mesmo tempo, sem causar a destruição física, económica, sociocultural e ambiental e um inaceitável decréscimo da satisfação dos turistas”, segundo a definição da Organização Mundial do Turismo. Porque primeiro estão os residentes.
Será turismofobia?
Em Espanha, a luta continua
Embora Espanha não entre no top 10 do ranking feito pela Holidu, tem registado uma série de manifestações de rua com pregões hostis. Depois das ilhas Canárias, foi a vez de Maiorca, nas ilhas Baleares, reclamar alto e bom som: “Maiorca não está à venda”, “Nómadas digitais vão para casa”, “Não é turismofobia, são números. Somos 1 232 014 habitantes, 18 milhões de turistas”. 20 mil pessoas, incluindo as de 110 organizações cívicas, marcharam no final de julho contra os impactos negativos do turismo excessivo, como sejam o colapso social e ambiental, a descaracterização do comércio local, a descida dos salários, a perda de qualidade de vida e o aumento do preço das casas. Na mesma altura, três mil pessoas protestavam por iguais motivos em Barcelona – a capital da Catalunha é a cidade mais visitada de Espanha, recebendo em média 32 milhões de visitantes por ano. Hotéis e esplanadas de restaurantes também encerraram, juntando-se ao protesto. “Queremos que o modelo económico da cidade dê prioridade a outras economias muito mais justas. E para isso consideramos que temos de diminuir o turismo”, disse Martí Cusó, da associação Vizinhos do Bairro Gótico, citado pela agência noticiosa Associated Press. No País Basco, a cidade costeira de San Sebastián, tal como Veneza, também limitou a 25 pessoas os grupos turísticos no seu centro histórico e proibiu aos guias o uso de megafone. Em Sevilha, capital andaluza, pode estar para breve o pagamento de bilhete dos não residentes para entrarem na carismática Plaza de España.

























