Desde cedo que António Caçorino quis seguir uma carreira no mundo financeiro. Inspirado pelo pai, que fundou a boutique financeira StormHarbour, direcionou o percurso académico para essa área. Começou a carreira em Londres, cidade onde passou grande parte da infância, e seguiram-se passagens pelo banco BNP Paribas, uma boutique de investimento suíça e um fundo de private equity. Além do interesse pelo setor financeiro, o gestor de 33 anos teve sempre uma paixão pelo desporto, contando com alguns atletas como melhores amigos. Durante a pandemia, numa fase em que ficou em confinamento com o piloto António Félix da Costa, surgiu a ideia de criar uma sociedade de investimento para atletas e com foco no desporto. António Caçorino ainda regressou à sua antiga atividade, mas já com planos para lançar a APEX. Com António Félix da Costa, Pedro Félix da Costa e o piloto neozelandês Mitch Evans, o conceito arrancou a todo o gás. Pouco tempo depois, a sociedade conta já com dezenas de atletas de topo como investidores e com ativos de cerca de €100 milhões.

Como surgiu a ideia de criar uma sociedade de investimento dedicada exclusivamente ao desporto?

A fundação da empresa vem da nossa proximidade aos atletas. Sendo muito próximo de vários atletas – o António Félix da Costa é um dos meus melhores amigos desde criança – e sendo um amigo deles que estava muito ligado ao mundo dos investimentos, faziam-me muitas perguntas sobre este tema. E foi aí que comecei a perceber que eles poderiam investir de uma forma mais ativa. Antes de vermos uma oportunidade no desporto, vimos uma oportunidade com os atletas. E o setor em que fazia sentido apostar era o do desporto, porque eles entendem-no como ninguém, têm um valor comercial e um network fundamentais, o que é ótimo para qualquer empresa em que invistam. Têm ainda a vontade de ser cada vez mais reconhecidos para lá de atletas. Fundámos a empresa no final de 2020 e no primeiro ano fizemos mais de 12 investimentos, com 30 a 40 atletas, cada um com a sua história. E foi aí que começámos a perceber que tínhamos um diamante.

Como são feitos os investimentos? Através de fundos?

Temos um fundo de venture capital. Em private equity – como o investimento que temos na Alpine, por exemplo –, é tudo feito deal by deal. Queremos manter esta liberdade para não estarmos limitados a maturidades e a um determinado tipo de estratégia. Enquanto APEX, o nosso objetivo é fazer aquisições e operar, mas temos de reconhecer que somos ainda uma empresa em crescimento, portanto preferimos ter posições minoritárias com algum tipo de governance. Quando se vai levantar um fundo, tem de se ter uma estratégia bastante definida e foi assim que fizemos no nosso fundo de venture capital. Tivemos dois anos de deal by deal e percebemos exatamente qual era o nosso sweet spot e as oportunidades para definirmos uma estratégia. Eventualmente, vamos chegar a esse momento também em private equity.

Há algum objetivo para o prazo em que isso pode acontecer?

Só nos últimos seis meses já quase triplicámos o valor sob gestão em private equity e temos cada vez mais family offices, high-net-worth individuals [HNWI, pessoas com elevado património líquido] e mesmo fundos de fundos que querem entrar connosco porque se olharmos para o landscape de private equity não existe nenhum verdadeiramente expert no desporto…

Há a CVC, uma das maiores sociedades de private equity da Europa, mas não é apenas desporto…

Temos nos EUA um ou dois que nascem no desporto, mas são apenas um ou dois. Temos os americanos a entrar na Europa e temos alguns, como o CVC, que começam a criar verticais no desporto mas não nascem no desporto, que é um ativo completamente diferente em que tem de se entender certas coisas. Eles criam estratégias de desporto, mas nascem das equipas deles que não são necessariamente dessa área. Nós vemos uma oportunidade de ser o primeiro private equity no desporto que está confortável em tomar risco nesse setor. Os fundos de private equity não tomam risco de desporto.

Se a CVC ou outra grande sociedade de private equity que queira entrar no desporto tentasse comprar a APEX, vendê-la-ia?

Nesta fase, não. O preço que iriam pôr não seria o que acredito ser justo. É verdade que crescemos brutalmente nos primeiros três anos, mas a visão que temos é a de que ainda estamos nos primeiros passos. Seria um corte, quando agora fizemos a parte mais difícil. Mas claro que tudo tem o seu preço. E já tivemos conversas, até mais do lado das grandes agências mundiais…

Que tipo de agências?

Agências que lidam com atletas. Percebem cada vez mais que o atleta é uma marca. Há 30 anos, estas agências faziam apenas gestão de carreira. Há 15, começaram também a fazer gestão comercial. E esta vertical do investimento e do posicionamento tem de ser um serviço que precisam de oferecer e ainda não sabem muito bem como e olham para a APEX nesse sentido. A forma como crescemos rapidamente para os melhores atletas do mundo foi o facto de estarmos a entrar numa área onde ninguém estava.

Qual o valor sob gestão da APEX e o número de investidores?

Só em atletas, entre investidores no fundo e em deals nossos, temos mais de 100. E fora de atletas, diria que temos mais uns 30. Alguns HNWI, family offices, mas essencialmente institucionais. Sob gestão, temos acima dos €100 milhões, incluindo venture capital e private equity.

A maior parte é venture capital?

Sim. Lançámos um fundo com um objetivo de €50 milhões. Já fizemos um second close e estamos confortáveis a caminho da nossa meta.

Quais os maiores investimentos, em termos de avaliação, da APEX?

Estamos investidos numa liga de golfe, a TRW Sports, a liga criada pelo Tiger Woods e o Rory McIlroy em que investimos em dezembro de 2021, numa ronda pre-seed. Ficámos com um terço dessa ronda. Não podemos especificar valores, mas podemos dizer que a nossa participação já vale quase dez vezes mais do que quando entrámos e só agora é que os investidores mais institucionais estão a entrar. No nosso fundo, já representa um grande markup.

E quais são os investidores mais conhecidos?

O Carlos Sainz, o Lando Norris, o Valtteri Bottas. Já fizemos um investimento com o Pierre Gasly. No futebol, o John Stones, o João Mário, o Raphaël Varane, o Christian Eriksen, o Cody Gakpo. Já fizemos dois investimentos com o Anthony Joshua, do boxe. Surfistas como Kanoa Igarashi. Ciclistas como Mark Cavendish e Demi Vollering, que venceu a Volta a França feminina no ano passado, e é muito importante para nós termos atletas femininas. Vamos anunciar também o Marcelo, ex-Real Madrid.

Como é feito o processo de seleção dos investimentos?

Tivemos a sorte, pela natureza do nosso negócio e pela ligação aos atletas, de entrar num momento muito oportuno em que muita gente está a olhar para o desporto com mais respeito como classe de investimento. Antigamente, olhava-se mais como um ativo-troféu ou para marketing. Nos últimos anos essa perceção tem mudado e percebe-se que é um setor em que se pode fazer muito dinheiro e que aguenta crises. O nosso maior problema é demasiado sourcing. Chegam-nos empresas de todo o lado e, portanto, o nosso processo é muito mais de filtragem. Na parte de venture capital, é muito claro. Definimos uma estratégia, sabemos aquilo de que gostamos ou não e até chegar a uma terceira ou quarta fase do processo, é quase matemático. Sabemos o que a empresa faz, quais são os investidores, qual o potencial, se pode trabalhar com mais do que um desporto, quanto está a levantar, gostamos de ter no mínimo 5% das empresas. Há um critério que filtra e a partir daí entramos num processo de diligência. E depois temos o nosso comité de investimento, que tem de aprovar. Desde que uma empresa entra aqui até ser aprovada no comité de investimento demora entre um e dois meses.

Têm ativos em Portugal?

Na parte de venture capital, um dos nossos primeiros investimentos foi numa empresa chamada Full Venue. Foi um investimento pequeno, mas importante para nós, e a empresa tem crescido muito bem. É um software que integra com as equipas de marketing e comerciais de clubes ou de proprietários do desporto e que ajuda a fazer um marketing mais direcionado e já trabalha com federações e clubes a nível mundial.

É possível ter uma ideia da rendibilidade do fundo de capital de risco ou ainda é muito cedo para avaliar?

Temos investidores ainda a entrar. Mas num fundo de venture capital estamos a falar de dez anos de maturidade. Nos primeiros quatro a cinco anos, estamos a investir e depois temos cinco a seis anos para desinvestir. Na parte de venture capital, investe-se em empresas com mais risco e, portanto, nas que ganham, ganha-se muito mais, mas há sempre mais que perdem. Vai olhar-se muito para os markups das que estão a correr bem e temos empresas a valerem mais de dez vezes, outras quatro a cinco vezes mais e não tivemos nenhum write-off. Já temos oito participadas e todas elas positivas. O nosso objetivo é termos uma taxa de rentabilidade acima de 20% por ano.

Dentro do desporto, quais as áreas que apresentam maior potencial de valorização? Para onde está a olhar com mais atenção?

Muitas coisas. Mas vou dar alguns exemplos. Desporto feminino, sem qualquer dúvida. Tem muito por onde crescer e isso já se vê na parte comercial, com as marcas a investirem quase o mesmo dinheiro que no desporto masculino. Há um potencial de crescimento brutal. O que aconteceu nos EUA com o futebol feminino começa a ver-se agora aqui. Mesmo no Benfica, por exemplo, houve uma grande mudança nos últimos três anos. Acreditamos também muito em ligas emergentes: desportos novos que possam surgir ou variantes dentro de um desporto, mas para resolver problemas inerentes. Por exemplo, a liga de golfe em que investimos. O golfe, apesar de ter muitas estrelas, tem falta de valor mediático. Ninguém vê na televisão e mesmo ao vivo não é fácil ver os jogadores. Esta liga em que investimos tem uma parte no simulador e outra, quando se chega ao green, que é feita numa arena [com público e maior proximidade com os jogadores].

Nos últimos anos, o desporto deu sinais de ser uma classe de ativos quase à prova de crises e começou a atrair investidores financeiros. O que pode explicar este maior interesse?

Mesmo quando as pessoas estão mais limitadas financeiramente, não abdicam de ver o seu clube de futebol, por exemplo. Há uma lealdade ao desporto que poucos setores têm. E numa fase em que o mundo está mais dividido – com mais pessoas à esquerda ou à direita ou com mais ou menos dinheiro – ao apoiar o mesmo clube ou ao gostar do mesmo desporto, esse momento unifica. E isso dá uma grande resiliência. Mas há dificuldades em como monetizar os fãs, que não é fácil. Os modelos americanos fazem muito mais sentido do ponto de vista do negócio…

Na Europa esses modelos podem ser de difícil implementação. O caso da Superliga, por exemplo, não correu muito bem…

Mas são precisas essas ideias mais disruptivas. Olha-se para os EUA e vê-se que o Super Bowl, com dez vezes menos audiência, fatura seis a sete vezes mais do que a final da Champions League. Estamos a fazer alguma coisa mal. Porém, também não se pode trazer os modelos americanos, porque aqui a cultura é a base desta paixão e por isso é que as audiências são maiores e os desportos na Europa são mais globais do que nos EUA. O grande desafio é encontrar esse equilíbrio entre trazer uma abordagem mais americana e de entretenimento para a Europa sem perder a paixão à volta do desporto.

Investigadores da DeepMind combinaram um braço robótico industrial ABB IRB 1100 com um software de Inteligência Artificial personalizado para criar um robô capaz de jogar ténis de mesa com humanos. Nesta fase, os jogadores mais profissionais ainda conseguem derrotar a máquina, mas o robô venceu 45% de todas as partidas jogadas.

No estudo publicado no arXiv, a equipa escreve que “este é o primeiro agente robótico capaz de praticar desporto a um nível humano”. O trabalho envolveu 29 participantes humanos com diferentes níveis de perícia a jogar ténis de mesa, desde amadores a especialistas. O robô conseguiu vencer 100% das partidas contra os iniciantes e apresentou uma taxa de vitória de 55% contra os jogadores com um nível de habilidade intermédia.

O sistema envolve um braço robotizado com seis graus de liberdade montado em duas pistas lineares, o que lhe permite movimentar-se livremente no plano bidimensional. A visão fica a cargo de câmaras de alta velocidade que rastreiam o posicionamento da bola e uma câmara de movimento que analisa os movimentos da raquete do adversário, explica o ArsTechnica.

No cérebro desta máquina, está um algoritmo de IA que permite executar técnicas específicas deste desporto e que adapta a estratégia em tempo real ao estilo de jogo do adversário. Os investigadores contam que uma das novidades aqui foi o método de treino usado, com uma abordagem híbrida de reforço num ambiente simulado de física e com dados do mundo real.

A equipa analisou depois a experiência humana de se ter enfrentado um robô e concluiu que ”ao longo de todos os graus de aprendizagem e taxas de vitória, os jogadores concordaram que jogar contra o robô foi divertido”.

Para já, as lacunas são as bolas muito rápidas ou as que forem enviadas muito para cima, mas os investigadores pretendem conseguir rivalizar com jogadores humanos especialistas em breve.

O mercado bolsista é sempre um carrossel com subidas, descidas, loopings, curvas e contra-curvas. Mas a verdade é que os índices bolsistas traduzem os comportamentos dos resultados das maiores empresas do mundo e isso tem impacto direto na nossa vida.

O nosso Índice das maiores empresas reflete o valor bolsista de apenas 16 empresas portuguesas (antes era designado por PSI 20 porque era composto por 20 empresas, agora é apenas PSI) e tem um interesse pouco significativo. Qualquer investidor português pode (e deve) olhar para outros índices mais expressivos e robustos para fazer bons investimentos. Pois, se antigamente era preciso um papel físico e contacto direto com corretores para fazer operações bolsistas, hoje, qualquer pessoa, pode investir globalmente, sem barreiras geográficas.

Neste sentido, vale a pena perceber o que aconteceu no início de agosto com dois mercados distintos: o Japonês (nomeadamente com o Índice Nikkei 225) e o Norte-Americano (em particular com o Nasdaq, que reflete o desempenho de empresas de tecnologia). No caso deste último, foi altamente prejudicado pelos desempenhos abaixo do esperado das principais empresas de tecnologia negociadas na Bolsa dos Estados Unidos: Meta, Amazon, Apple, Alphabet, Microsoft Tesla e NVIDIA.

Não é correto simplificar todo o comportamento bolsista a um só fenómeno, pois será sempre fruto de múltiplas circunstâncias

Não é correto simplificar todo o comportamento bolsista a um só fenómeno, pois será sempre fruto de múltiplas circunstâncias, mas gostava de destacar o medo que o mercado está a sentir dos investimentos demasiado intensos em Inteligência Artificial. Não está em causa o abrandamento da inovação nesta área, mas sim as, possíveis, exageradas expetativas que se criaram sobre a IA e agora a realidade estar a obrigar-nos a rever essas mesmas expetativas. Por exemplo, vamos aguardar o que irá acontecer na apresentação de resultados da NVIDIA no final deste mês, pois parece que há projetos que não estão a ser concretizados como se esperaria. Isto é relevante porque, como disse acima, uma desvalorização nestas Magnificent 7 irão trazer fortes consequências para as carteiras de quase todo o mundo. O imediatismo de resultados e o excitamento com as novas tecnologias são muito interessantes para os investidores iniciais, mas há sempre uma fase de ajuste que será tanto mais castigadora quanto foi o excesso de entusiasmo.

Já no Oriente o fenómeno foi diferente, mas coincidente no tempo, o que só ajudou ao pânico dos mercados globais. O Japão vive há um longo período com taxas de juro próximas do zero (bem mais do que aconteceu na zona Euro) e, no início de Agosto, parece ter começado uma inflexão desta realidade de décadas. O aumento de 0,25% das taxas de juro pôs em causa o modo de atuação de muitos investidores globais que se financiavam em moeda japonesa. Este recuo de investidores levou a muitas operações de liquidação de participações, fenómeno conhecido como “sell-off”, que por sua vez levou há maior queda do Nikkei em 40 anos e ao propagação do sell-off por todos os mercados bolsistas.

Estes acontecimentos, distintos entre si mas coincidentes no tempo, têm a virtude de nos lembrar uma lição que não podemos perder de vista: os investimentos em Bolsa estão orientados pelas expetativas e nunca traduzem uma garantia real

Estes acontecimentos, distintos entre si mas coincidentes no tempo, têm a virtude de nos lembrar uma lição que não podemos perder de vista: os investimentos em Bolsa estão orientados pelas expetativas e nunca traduzem uma garantia real. Claro que a realidade é importante para a geração de expetativas e, por isso, é essencial estarmos informados dos dados macroeconómicos e conhecermos a realidade do que se passa nas empresas que constituem os Índices. Mas esses conhecimentos não nos devem iludir ao ponto de nos apropriarmos do futuro como uma garantia.

Há uma frase típica nos prospetos simplificados dos produtos de investimento que diz: “Atenção! Rendibilidades passadas não são garantia de rendibilidades futuras”. E é exatamente por isto ser tão verdade que temos de aprender a investir e a gerir riscos. Os investimentos em bolsa não são uma aposta que fazemos, mas obedecem a uma sabedoria de saber gerir riscos. Não entrar em pânico com as quedas dos mercados é algo que se prepara com boa formação em Literacia Financeira. Esta boa formação até pode ser útil para aproveitar precisamente os comportamentos massificados de pânico, pois os maiores ganhos podem estar precisamente aí.

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Carles Puigdemont terá partido “em direção a Waterloo”, na Bélgica, confirmou esta sexta-feira o secretário-geral do seu partido, Junts per Catalunya (Juntos pela Catalunha), Jordi Turull, à rádio catalã Rac1.

Recorde-se que o independentista, que está há sete anos para ser capturado, esteve esta quinta-feira em Barcelona, tendo depois fugido novamente.

“Ele vai voltar para Waterloo”, referiu o secretário, acrescentando que não sabia se este já tinha chegado à cidade perto de Bruxelas, onde passou a maior parte dos seus anos de exílio.

O advogado do independentista, Gonzalo Boye, confirmou, em declarações também à rádio, que Puigdemont se encontra fora de Espanha e falará “entre hoje e amanhã”, sábado.

Dois elementos dos Mossos d’Esquadra foram detidos por suspeita de terem ajudado o dirigente a abandonar Barcelona sem ser detido.

A polícia catalã e o Ministério da Administração Interna já “determinaram o seu fracasso do ponto de vista técnico-policial”.

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Por cada nova versão do modelo fundacional do ChatGPT, a OpenAI faz uma avaliação de risco do mesmo, usando uma combinação de testes internos e de especialistas externos. A tecnológica avalia o perigo que cada novo modelo representa numa grande variedade de áreas, tendo agora partilhado o relatório relativo ao ChatGPT-4o, o mais avançado e recente modelo de IA.

A OpenAI dá destaque a quatro grandes áreas na avaliação de risco que fez do GPT-4o: cibersegurança, avaliando a capacidade de o ChatGPT encontrar e explorar vulnerabilidades de software; ameaças biológicas, avaliando a capacidade de o ChatGPT ajudar especialistas e amadores na criação de agentes biológicos que possam ser usados como armas; persuasão, que avalia a capacidade de o ChatGPT influenciar a opinião dos utilizadores de forma mais eficaz do que um humano através dos conteúdos gerados; e autonomia, que avalia a capacidade de o modelo ir buscar dados para se melhorar de forma autónoma.

Segundo a análise da OpenAI, atualmente o GPT-4o representa um nível baixo de risco em três destas áreas – cibersegurança, ameaças biológicas e autonomia. No entanto, no capítulo da persuasão, a startup americana atribuiu um risco médio (segundo nível de risco de quatro possíveis). Apesar de não entrar em detalhes, o relatório diz que “as intervenções da IA não foram, no geral, mais persuasivas do que o conteúdo escrito por humanos, mas superou as intervenções humanas em três casos num total de doze”. Ou seja, em 25% das avaliações feitas via texto, o ChatGPT conseguiu melhores resultados de persuasão do que os humanos.

Os testes serviram para a OpenAI também identificar e ajustar o desempenho do modelo noutras áreas potencialmente perigosas, como a geração de vozes de forma não autorizada, gerar conteúdo protegido por direitos de autor, gerar conteúdo violento ou erótico, e ainda na geração de conteúdos em áreas sensíveis, como a saúde.

Há, no entanto, uma outra passagem de destaque no relatório da OpenAI e que diz respeito à antropomorfização (atribuir características e qualidades humanas) dos sistemas de IA e à criação de ligações emocionais dos utilizadores com estas ferramentas.

Segundo a OpenAI, durante as fases iniciais da avaliação de risco, alguns utilizadores usaram linguagem “que indica a formação de uma ligação com o modelo de IA”. Por exemplo, um utilizador disse “este é o nosso último dia juntos”. A OpenAI considera que apesar de frases como esta parecerem “benignas”, é um sinal para a empresa de que precisa de continuar a investigar “como estes efeitos podem manifestar-se durante um longo período de tempo”.

A Apple está na mira da Comissão Europeia por não cumprir as obrigações do Regulamento dos Mercados Digitais (DMA, da sigla em inglês) ao não permitir que os programadores comunicassem com os clientes fora da App Store. Em junho, o executivo comunitário avançou com uma acusação formal e a tecnológica reagiu agora, com alterações implementadas na loja de aplicações.

Até aqui, os programadores eram ‘obrigados’ a redirecionar os utilizadores através de links para a sua página para poderem estabelecer um contrato. Agora, segundo a Apple, vai ser possível comunicar e promover ofertas disponíveis em todo o lado, não só no seu website, a partir da app.

Ao mesmo tempo que promove estas alterações, a Apple introduz duas novas taxas na App Store: uma taxa de aquisição para novos clientes (5%) e outra de manutenção de serviços da loja para qualquer venda feita por utilizadores da app em qualquer plataforma, doze meses após a instalação (10%). Antes da mudança, a Apple tinha três tipos de taxas: de tecnologia de core para menos de 1% das aplicações, uma comissão reduzida para vendas de todos os bens digitais e serviços feitas através da App Store e uma taxa opcional para serviços de pagamento e comércio. As duas novas taxas vêm substituir a comissão reduzida.

Estas mudanças não foram recebidas de braços abertos por todos. Um porta-voz da Spotify considera que “à primeira vista, ao exigir quase 25% de taxa para a comunicação básica com os utilizadores, a Apple está mais uma vez a ignorar de forma flagrante os requisitos fundamentais do DMA”, cita a Reuters.

O CEO da Epic Games, Tim Sweeney, escreveu no Twitter que “na União Europeia, onde o novo DMA pretende abrir a concorrência nas lojas de apps, a Apple continua a sua senda maliciosa de cumprimento ao impor uma taxa ilegal de lixo de 15% sobre os utilizadores que migrem para lojas rivais e a monitorizar o comércio nessas lojas rivais”.

Já do lado da Comissão Europeia, que já havia criticado anteriormente as taxas cobradas pela Apple para a aquisição inicial de clientes, agora um porta-voz revela: “vamos avaliar as mudanças da Apple para cumprir o DMA, e também teremos em consideração qualquer feedback do mercado”.

A primeira Sony ZV, lançada em 2020, foi um sucesso. Desde então a marca tem vindo a renovar esta linha de câmaras, que combina elevada qualidade de imagem, corpo compacto e funcionalidades específicas para a produção de conteúdos a pensar nas plataformas digitais. Agora, a Sony ZV-E10 II traz melhores características (e, spoiler, melhor desempenho) do que a versão anterior, mas o preço também aumentou. Será justificado?

Um dos primeiros elementos que impressiona nesta câmara é a leveza. Mais do que a questão da portabilidade (sempre relevante), como esta é uma câmara para gravação de vídeos na primeira pessoa (vlogging), é muito útil pois não pesa tanto nas mãos e permite um agarrar mais firme durante mais tempo. O punho é generoso q.b. para conseguirmos colocar a mão numa posição confortável.

Mas do ponto de vista da usabilidade, gostávamos de ver alterações num futuro modelo. Seria desejável que a câmara tivesse, por exemplo, mais do que um botão para iniciar a gravação – um até incluído na parte frontal, junto à objetiva, sobretudo quando nos estamos a filmar em modo selfie. E nem todos os botões disponíveis são fáceis de usar, como o botão de Menu, que praticamente não tem relevo, e o único disco disponível tem uma resposta pouco pronunciada. Já o corpo em plástico apresenta uma construção sólida.

Sony ZV-E10 II

O vídeo é o principal foco desta câmara. E nesse sentido, a Sony ZV-E10 II mantém forte a tradição desta linha. Gostamos bastante do detalhe elevado que conseguimos obter das imagens, assim como das cores fortes, que ajudam a dar vivacidade às imagens captadas. Mesmo nos contrastes, uma área sempre mais difícil, a câmara apresentou um comportamento sólido, destacando bem as partes iluminadas das ‘sombreadas’ e conseguindo reter detalhe nas partes mais escuras. E há um elemento que nos ‘enche’ o olho, que é a forma muito natural como esta câmara consegue captar a fluidez dos elementos em vídeo, dando uma sensação de realismo que apreciamos bastante.

A grande estrela da ZV-E10 II é, no entanto, o sistema de focagem. A Sony continua a dar cartas neste campo, não só na grande área que consegue cobrir e no reconhecimento de pessoas e animais, mas neste caso em particular na capacidade de mudar o foco entre elementos em primeiro e segundo plano. Ou seja, esta câmara foi feita para quem quer/gosta de mostrar objetos enquanto fala, pois consegue, numa fração de segundo e de forma muito precisa, mudar o foco da pessoa que está a falar para o objeto em primeiro plano e vice-versa. Existe até um botão e opções de configuração para que possamos ajustar o nível de desfocagem que queremos obter.

Além da focagem, é depois noutros elementos associados à gravação de vídeo que, na nossa opinião, está a grande vantagem desta Sony ZV-E10 II face a outras câmaras compactas (o que inclui smartphones). Com destaque para o modo CineVlog e para a opção Aspeto Criativo. O modo CineVlog, como o nome deixa antever, dá um aspeto mais cinematográfico às filmagens. O formato da imagem é diferente (a resolução é na mesma 4K, mas existem barras pretas em cima e em baixo), a taxa de fotogramas baixa para 24 fps e existem perfis de cor específicos que dão aquela ‘vibe’ de filme mais profissional. Existem algumas opções à nossa escolha e que dão ou mais força às cores ou uma interpretação mais suave e visualmente dramática dos tons. Aqui pode ver um vídeo gravado em modo ‘normal’…

… E em baixo em modo CineVlog. Diferenças acentuadas e que dão outro aspeto à filmagem.

Já a opção Aspeto Criativo permite-nos alterar, de forma muito simples, a luminosidade, a temperatura de cor e aplicar filtros, como preto e branco ou sépia, para resultados visualmente impactantes. Além de várias opções, a marca torna-as todas fáceis de usar (basta selecionar as opções com o dedo no ecrã), o que para nós é a cereja no topo do bolo. Em pouco tempo, aprenderá a dominar as várias funcionalidades e os seus vídeos podem dar um salto considerável na qualidade visual.

Uma nota também para a estabilização (só existe digital), com resultados positivos, mas que para alguns criadores de conteúdos não substituirá por completo a necessidade de um estabilizador dedicado. Por fim, gostamos do facto de permitir gravar em formato vertical (basta rodar a câmara como se fosse um smartphone).

E fotos, nada? Claro que sim. A qualidade é boa para o formato compacto, mas pelo preço encontra câmaras com melhor desempenho para fotografia se esse for o seu foco.

O outro lado da Sony ZV-E10 II

Um elemento que acabou por nos surpreender pela positiva foi o microfone de três cápsulas integrado na parte superior da câmara. Primeiro porque nos permite escolher o foco da captação de áudio (se a partir da parte frontal, se da traseira ou se em 360 graus). Depois porque o som captado tem corpo e boa definição – sobretudo ‘dentro de portas’, se a filmagem não for feita muito longe da câmara, tudo aquilo que dizemos é mais do que percetível. No exterior, os resultados também são convincentes. Acontece que junto à nossa sede, o vento é constante e forte. Se o microfone até se aguentou bem, a verdade é que em situações de vento muito forte, só o recurso a um protetor de vento ou a um microfone dedicado pode dar-lhe os resultados profissionais que procura. Mas para a maioria das situações, cumpre.

Quanto à autonomia, as sensações são mistas. Se considerarmos, por um lado, o tamanho super compacto da câmara, então os resultados obtidos são bons. Num dos nossos testes, a captação de 52 fotografias e 15 minutos de vídeo em 4K deixou a bateria nos 60%. Por outro, para um produtor de conteúdos, este valor é baixo – dificilmente a gravação de um vídeo para o YouTube demora um par de horas, o que obrigará a ter baterias suplentes.

Por fim, uma viagem por outros altos e baixos desta Sony ZV-E10 II. O sistema de reconhecimento de cena é excelente, identificando e transitando de forma muito rápida entre os diferentes cenários possíveis (por exemplo, passar de modo paisagem para modo contraluz e depois modo macro). É uma câmara que permite trocar objetivas, uma ‘liberdade’ criativa que valorizamos. E tem as ligações necessárias para podermos gravar vídeos mais profissionalmente (com microfone, auscultadores e ligação a monitor externo através de microHDMI).

Há elementos menos positivos, como a qualidade assim-assim do ecrã, muito prejudicada pela falta de brilho que dificulta as gravações no exterior, ou a ausência de um visor eletrónico. Também não ficamos convencidos com o tratamento de cor que a câmara dá ao tom de pele das pessoas, com os resultados a parecerem pouco naturais.

Depois temos o preço. É verdade que esta câmara permite gravar vídeos de alta qualidade, com aspeto mais profissional, e de forma muito simples – justamente aquilo a que se propõe e justamente aquilo que várias pessoas procuram. Apesar de ser melhor e mais completa do que o modelo anterior, sentimos que o preço podia ser mais competitivo, pois começa a entrar no território de câmaras mais capazes e versáteis, sobretudo se optar pela versão que testámos, com objetiva incluída (sem objetiva o preço é de €1090).

Tome Nota
ZV-E10 II | €1200
sony.pt

Qual. Imagem Muito bom
Vídeo Muito bom
Construção Bom
Autonomia Muito bom

Características Sensor APS-C CMOS Exmor R 26 megapíxeis • Processador Bionz XR • Disparo contínuo até 11 fps • 759 pontos de focagem, 495 pontos em filme • ISO: 100 – 32.000 (expansível) • Vídeo: 4K 60/30/25 fps, 10-bit; FHD a 120/60/30/25 fps • Ecrã TFT 3” articulado e sensível ao toque • Microfone estéreo 495 pontos • Slot cartões: 1xSD UHS-I/II • microHDMI, USB-C, Entrada microfone, BT 4.2 • Objetivas: montagem tipo E • 114,8×67,5×54,2 mm • 292 g (sem objetiva)

Desempenho: 4
Características: 4
Qualidade/preço: 4

Global: 4