Visão
Não escondo que tinha uma expetativa muito baixa sobre a entrevista de Lucília Gago à RTP1, mas fiquei positivamente surpreendido com o resultado final. A PGR foi direta, coerente, amável e sincera nas suas respostas. Com isso causou uma indignação geral. Razões?
Porque disse estar perplexa com as afirmações da ministra da Justiça, que quer por ordem naquela casa; porque afirmou que o «Influencer» ainda está a decorrer; porque explicou que só o ex-primeiro ministro é que teria de decidir se estaria em condições de se manter no cargo; porque o parágrafo estava escrito e ninguém, externamente, incentivou ou interferiu.
Também disse que achava existir uma campanha montada contra o Ministério Público e a PGR, aqui exagerou e extrapolou, mas aproveitou para explicar que a hierarquia no MP funciona, tem vários níveis, e está sempre ativa. Ela própria sabe sempre o quer. E o que deve saber.
Foi a única entrevista que deu, diz não gostar de palcos e holofotes, e isso é visível, mas não se mostrou nervosa, ou incapaz de responder às questões mais difíceis. Vai à AR, sugeriu uma data mais alongada para levar o relatório da atividade da PGR, mas acrescentou que estaria disponível a qualquer momento.
Da entrevista saiu um dado indesmentível: a PGR queria falar, e diretamente para os portugueses, e para os seus pares, a três meses de entregar a pasta e a cadeira ao sucessor. Não se viu raiva, fúria ou exaltação naquela meia hora televisiva. Tudo isto vai contra a corrente, e contra mim próprio, que pedi a sua demissão. Processo arquivado.
À Margem: O que disse Luís Montenegro a Biden, que se escangalhou a rir? Presumem-se muitas coisas, mas só os dois é que sabem. Naqueles segundos, naquele instante, Biden ressuscitou!
Estão entregues os prémios deste ano, que foram atribuidos a três pioneiros da agricultura sustentável pela sua contribuição para a segurança alimentar global, a resiliência climática e a proteção dos ecossistemas. O programa Andhra Pradesh Community Managed Natural Farming – na Índia –, o professor e cientista Rattan Lal e a plataforma de ONG’s SEKEM – do Egito – foram os vencedores da edição de 2024, com um prémio no valor de um milhão de euros.
Criados há cinco anos, esta distinção tem como principal objetivo realçar a diversidade de soluções no âmbito da agricultura sustentável e distinguir as pessoas – e organizações – que mais contribuem para a segurança alimentar, resiliência climática e proteção dos ecossistemas a nível global. “O Prémio Gulbenkian para a Humanidade distingue contribuições excecionais para a ação climática e soluções que inspiram esperança e novas possibilidades”, pode ler-se através de um comunicado enviado às redações. Os três vencedores deste ano irão partilhar o prémio financeiro de forma a promover os seus projetos ou apoiar outras iniciativas ligadas à agricultura sustentável.
“Queremos distinguir os vencedores deste prémio pelo seu trabalho pioneiro no domínio da agricultura sustentável e pelas soluções inovadoras para a segurança alimentar, resiliência face às alterações climáticas e proteção dos ecossistemas a nível global. Cada um dos premiados demonstrou um grande empenho na transformação das práticas agrícolas, provando que os modelos sustentáveis podem prosperar em ambientes desafiantes e diversos. O seu trabalho demonstra os benefícios da agricultura sustentável para as comunidades e para o planeta”, explicou António Feijó, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian.
Presidido pela antiga chanceler alemã Angela Merkel, o júri selecionou os três nomeados entre 181 candidaturas de 117 nacionalidades diferentes – o maior número de sempre de nomeações propostas para o galardão. Os três selecionados destacaram-se entre os demais pelas “abordagens distintas à agricultura sustentável, incluindo a agricultura biodinâmica, natural e regenerativa, as quais têm sido implementadas com sucesso em diversas regiões com condições climáticas adversas, demonstrando como a agricultura sustentável beneficia as comunidades, os agricultores, as economias e o planeta”, lê-se na nota libertada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
A edição de 2024 realçou, sobretudo, a urgência dos desafios climáticos. As alterações climáticas, nos últimos anos, têm resultado na perda de biodiversidade, fenómenos climáticos extremos e a degradação dos recursos, o que gerou perturbações nos sistemas alimentares a nível mundial. “O acesso a uma alimentação de elevada qualidade nutricional é de importância vital para todos. As alterações climáticas, e o aquecimento global que daí resulta, provocaram um aumento de fenómenos climáticos extremos e põem em perigo a segurança alimentar global. Esta situação implica um desafio adicional a todos os que se dedicam ao setor agrícola. Os vencedores deste ano demonstraram, de forma exemplar, como, na prática, os sistemas alimentares sustentáveis podem contribuir para a resiliência climática”, referiu Merkel. A alimentação é um dos objetivos fundamentais de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para este século.
Os vencedores
Lançado em 2016, o programa Andhra Pradesh Community Managed Natural Farming presta apoio a pequenos agricultores – predominantemente mulheres – na transição de uma agricultura intensiva, para uma agricultura natural “através de técnicas como utilizar resíduos orgânicos e não lavrar a terra para melhorar a saúde do solo, a reintrodução de sementes autóctones e a diversificação de culturas, incluindo árvores”, refere o comunicado. Com mais de um milhão de pequenos agricultores na região de Andhra Pradesh – onde se localiza o projeto – este é o maior programa de agroecologia do mundo ao permitir aos agricultores “um aumento na produtividade das colheitas, bem como melhores rendimentos e vantagens para a saúde” bem como gerar “benefícios ambientais e sociais ao sequestrar mais carbono no solo, reverter a degradação do solo, reduzir a sua temperatura e aumentar a biodiversidade”, refere. Implementado pela organização sem fins lucrativos Rythu Sadhikara Samstha, o programa é liderado por Vijay Kumar e conta com a mentoria de Nagendramma Nettemm formadora de agricultores de referência do programa.
O segundo premiado Rattan Lal, cientista e professor de Ciência dos Solos na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, é um “precursor de uma abordagem centrada no solo, que harmoniza a produção alimentar com a preservação ecológica e a mitigação das alterações climáticas”. Lal tem contribuído para o desenvolvimento do conhecimento na área da agricultura sustentável e da resiliência climática ao promover a investigação e a educação em matéria de gestão sustentável dos solos. “As suas metodologias evidenciaram, a nível global, a interligação entre a saúde dos solos e o bem-estar ambiental e humano em geral, bem como a importância de promover a segurança alimentar ao mesmo tempo que se conservam os recursos naturais”, lê-se no comunicado.
Também a SEKEM foi distinguida: uma plataforma – criada há quase 50 anos e dirigida por Helmy Abouleish – de ONG’s e empresas que promovem abordagens holísticas no combate às alterações climáticas na região desértica do Egito. Com trabalhos desenvolvidos no domínio da alimentação e da agricultura, a SKEM foca-se sobretudo na promoção das “práticas regenerativas” e destaque dos “benefícios conexos de soluções baseadas na natureza, tanto para o solo como para as comunidades”, lê-se no comunicado. A principal iniciativa no âmbito da agricultura regenerativa da SEKEM é a Associação Biodinâmica Egípcia [EBDA], que presta apoio na transição de modelos agrícolas convencionais para modelos agrícolas regenerativos. Dirigida por Naglaa Ahmed, “até à data, a EBDA apoiou cerca de 10 000 agricultores e converteu mais de 12 000 hectares de terra”, lê-se.
O Prémio Gulbenkian para a Humanidade, iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, distingue, há cerca de cinco anos, indivíduos e organizações que contribuem para a luta contra as alterações climáticas e a destruição da natureza. A cerimónia de entrega decorre no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian e conta com a presença de Vijay Kumar e Nagendramma Nettem, Rattan Lal, Helmy Abouleish e Naglaa Ahmed.
Palavras-chave:
Depois de, em janeiro, os suspeitos do processo de corrupção na Madeira terem ficado detidos 21 dias até saírem em liberdade, agora foi a vez de o recurso do Ministério Público contra a decisão do juiz de instrução Jorge Bernardes Melo esperar um pouco mais até que os arguidos fossem notificados e o processo retomasse o andamento. Tudo porque o documento da procuradora Alexandra Nunes esteve parado no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) durante um mês. A consequência desta inação é que os arguidos ganharam um prazo extra para responder, situando-se a data-limite em meados de setembro, sendo que até ao final do ano não é previsível que o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) tome uma decisão. Mas, caso este tribunal decida agravar as medidas de coação, os arguidos ainda podem recorrer para o Supremo.
Como são feitas as contas? Pedro Calado, ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, e os empresários Avelino Farinha e Custódio Correia, ao fim de três semanas detidos, foram libertados pelo juiz Jorge Bernardes de Melo, a 14 de fevereiro. Após o feriado de 25 de abril, segundo apurou a VISÃO, a procuradora Alexandra Nunes, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, apresentou o recurso, contestando a decisão do magistrado judicial, que não aplicou a medida de coação de prisão preventiva para os três suspeitos, tal como foi por si pedido. Só a 7 de maio é que o juiz de instrução deu um despacho a admitir o recurso, querendo com isto significar que os arguidos deveriam ser notificados para responder às alegações do Ministério Público. Como não se trata de, perante a lei, um processo urgente, o prazo para a resposta é de 60 dias. Porém, segundo informações recolhidas pela VISÃO, o despacho do juiz só foi executado pela secretaria do tribunal (“cumprido”, em linguagem judiciária) já depois do dia 20 de maio.

Ora, como os arguidos se consideram notificados ao quinto dia, a contagem do prazo de 60 dias iniciou-se entre o final de maio e o princípio de junho. Com o início das férias judiciais, a 16 de julho, a contagem interrompe-se, sendo que terão decorrido apenas 45 dias. A reabertura dos tribunais está prevista para 2 de setembro, retomando-se nesta data a contagem dos dias restantes, 15. Só após todo este percurso é que os recursos e as respostas subirão ao Tribunal da Relação de Lisboa.
E também aqui há formalidades a cumprir: após a distribuição, o Ministério Público desta instância pode pronunciar-se ou simplesmente – como tem acontecido – colocar um “visto” no recurso da procuradora de primeira instância. Caso decida dizer alguma coisa, os arguidos têm o direito de responder e só depois é que o caso é encaminhado para um juiz relator.
A caminho do Supremo?
No final dos interrogatórios, entre janeiro e fevereiro, o juiz de instrução Jorge Bernardes de Melo acabaria por reduzir a pó a indiciação do Ministério Público, que imputou aos três arguidos crimes de corrupção, ativa e passiva, recebimento ou oferta indevida de vantagem, abuso de poder, tráfico de influências, entre outros, considerando não “existirem nos autos indícios, muito menos fortes indícios” de qualquer crime. Sendo assim, Pedro Calado, Custódio Correia e Avelino Farinha saíram do TCIC apenas com a medida de coação mínima, o habitual termo de identidade e residência.
No recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa, a procuradora do Ministério Público deixou cair o pedido de prisão preventiva para os suspeitos, mas insistiu num agravamento das medidas de coação. Apesar de considerar que “todos os perigos que se verificavam aquando da realização do primeiro interrogatório continuam a verificar-se, muito embora em vertentes menos intensas”, a procuradora Alexandra Nunes entende que “as exigências cautelares que o caso demanda” podem ser “satisfeitas com a aplicação de medidas de coação (…) não privativas da liberdade”. As novas medidas de coação propostas passam pela proibição de contactos entre arguidos e de frequentar instalações do governo regional e empresas suspeitas no (alegado) esquema de corrupção e ainda pela entrega dos respetivos passaportes.
Recurso do MP foi entregue no final de abril, mas esteve durante um mês parado no Tribunal Central de Instrução Criminal. Documento só será apreciado em setembro pela Relação de Lisboa
Se o Tribunal da Relação de Lisboa decretar as medidas propostas pelo MP ou, pelo menos, uma delas, as defesas dos arguidos – ao contrário do que é habitual – ainda podem recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o que, na prática, vai arrastar o processo num périplo de recursos e prazos. Tudo porque, em 2021, a Assembleia da República, ao aprovar as Medidas Previstas na Estratégia Nacional Anticorrupção, incluiu uma alteração ao artigo 400º do Código do Processo Penal, que permite recurso para o STJ nos casos em que “inovadoramente” os tribunais da relação “apliquem medidas de coação ou de garantia patrimonial, quando em primeira instância tenha sido decidido não aplicar qualquer medida para além” do termo de identidade e residência, como anotou o vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, juiz conselheiro Nuno Gonçalves, na revista deste tribunal.
A investigação da Unidade Nacional contra a Corrupção da Polícia Judiciária e do Ministério Público tem sustentado que os três arguidos formavam um triângulo de interesses que, nos últimos anos, se foi alimentando através de adjudicações feitas pelo Governo Regional da Madeira, entre as quais a da construção do Hospital Central da Madeira.
A investigação insistiu na proximidade entre Pedro Calado e Avelino Farinha, numa relação em que o antigo vice-presidente do governo regional procurava favorecer os interesses do empresário a troco de contrapartidas, as quais passariam por ofertas e outras benesses, como a realização do casamento de Pedro Calado no hotel Savoy.
Já em relação a Custódio Correia, uma das suspeitas colocadas em cima da mesa pelo MP passava pela relação entre os patrocínios da empresa Socicorreia à equipa de rally de Pedro Calado e por adjudicações de obras públicas.
“MP fez tudo o que lhe competia”
Esta semana, em entrevista à RTP, Lucília Gago descartou qualquer responsabilidade do Ministério Público pelo longo período de detenção sem medidas de coação a que os arguidos deste caso foram sujeitos. “O Ministério Público fez tudo o que lhe competia e dentro do prazo, para que o juiz de instrução criminal pudesse tomar uma decisão”, referiu a procuradora-geral da República (PGR), lamentando o “tão longo prazo em que tenha havido um conjunto de detenções em que tenha havido demora. Lamento que isso tenha acontecido”.
A PGR recordou que as detenções e os interrogatórios decorreram durante um período de greve dos funcionários judiciais, o que também levou a que as diligências se arrastassem durante vários dias, deixando implícita uma sugestão ao poder político para legislar sobre esta matéria: “Há algo que, de facto, isso sim, deve ser pensado e superado, que é a circunstância de haver cidadãos que são detidos pelas polícias e que depois não podem ser interrogados por força da greve dos oficiais de justiça.”
Mas, ao mesmo tempo, Lucília Gago não perdeu a oportunidade para criticar o juiz de instrução, que manteve Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia detidos durante três semanas. A PGR lembrou que, no Porto, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga membros da claque do FC Porto, o juiz de instrução foi libertando os detidos à medida que os dias foram passando e eles não foram interrogados.
Influencer e demissão
Na mesma entrevista, a única em seis anos de mandato, Lucília Gago fez ainda questão de revelar ter ficado agastada com as declarações do Presidente da República durante um jantar com jornalistas estrangeiros. Na ocasião, recorde-se, Marcelo Rebelo de Sousa classificou de “maquiavélica” a abertura de um inquérito judicial ao chamado caso das gémeas luso-brasileiras no mesmo dia, 7 de novembro de 2023, em que decorriam as buscas e detenções na Operação Influencer. “Não recebi as declarações com agrado. Fazem criar na opinião pública um propósito de concertação destas datas. Esse propósito não existiu de todo. Muito menos existiu da minha parte.”
Vincando não pretender pedir a demissão – “nunca”, enfatizou –, Lucília Gago classificou ainda de “graves” as declarações da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, sobre a necessidade de colocar “ordem na casa” do MP e reafirmou a lisura e a transparência em todo o caso que envolveu a demissão de António Costa.
Contra-ofensiva
Sindicato responde ao Manifesto dos 50
O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) decidiu, esta semana, avançar com um abaixo-assinado – Em Defesa dos Cidadãos e da Justiça – como forma de resposta ao Manifesto dos 50, documento que, em resumo, defende reformas no Ministério Público. O contramanifesto recolheu assinaturas de mais de 800 procuradores de todo o País, mas houve ausências que não passaram despercebidas, como a VISÃO adiantou no seu site. No documento, que será entregue ao Presidente da República, ao Governo e aos partidos com assento parlamentar, o SMMP declara rejeitar veementemente a forma como os procuradores “têm sido tratados na praça pública” e o seu profundo repúdio pelo desconhecimento e pela desinformação gerada por um conjunto limitado “de cidadãos que proferem juízos infelizes, falsos e despropositados, baseados em preconceitos e que nada têm que ver com a realidade dos homens e mulheres que trabalham nesta magistratura”. “Basta de falsidades que visam descredibilizar, desprestigiar e menorizar a magistratura do Ministério Público e que contribuem, de forma avassaladora, para a crise das instituições portuguesas”, refere o SMMP.
O que acaba de ouvir são os primeiros sinais enviados, a partir do Espaço, pelo ISTSat-1. Segundo a nota de imprensa do IST, o satélite de pequenas dimensões já comunicou o beacon (um sinal mais forte, mais fácil de captar em Terra, mas com menos informação) e também as primeiras telemetrias (informações mais detalhadas sobre o seu funcionamento e posicionamento). A equipa diz que ainda está a tentar perceber o estado de ‘saúde’ do satélite, juntamente com a ajuda de radioamadores.
Isto porque o envio dos sinais pelo satélite é feito em canal aberto, podendo ser captados por radioamadores de todo o mundo. No entanto, existe um canal de comunicação específico e que apenas a estação-terra situada no IST do Taguspark, em Oeiras, pode usar para enviar comandos ou retirar informação mais detalhada sobre a missão.
O satélite, que seguiu a bordo do voo inaugural do foguetão Ariane 6, está neste momento a 580 km de distância da Terra, o que é considerada uma órbita baixa.
O ISTSat-1 foi desenvolvido integralmente por estudantes e professores do Técnico. Este pequeno cubo, com arestas com 10 centímetros, terá como missão testar a capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas e que não são visíveis da Terra, sendo visíveis apenas através de uma vista do Espaço.
Em entrevista à Exame Informática no início da semana, antes do lançamento, Carlos Fernandes, investigador do IST NanoSatLab, explicava que o ISTSat-1 se enquadra na categoria dos NanoSats ou CubeSats – uma categoria que se foi tornando cada vez mais popular com a mudança do paradigma dos satélites. “Há cerca de uma década, o paradigma dos satélites mudou”, detalha. “Nós estávamos habituados a satélites muito grandes – com um peso enorme, do tamanho de autocarros, e que eram lançados por empresas muito grandes. (…) [Agora] Passou-se para uma outra filosofia em que os satélites passam a ser mais pequenos – podem ser até do tamanho de uma caixa de fósforos – mas com funções mais específicas, mais reduzidas ou mais limitadas”.
Ao todo, espera-se que o satélite permaneça no Espaço por cerca de cinco anos e, após cumprir as suas funções, será desativado, voltando a reentrar na Terra, onde arderá durante o processo de entrada na atmosfera.
Veja, na fotogaleria em baixo, com maior detalhe o satélite português desenvolvido no Instituto Superior Técnico.
Arben Kaçorri, 52 anos, um dos principais nomes da máfia dos Balcãs, vivia há 11 anos num prédio de luxo no Parque das Nações, em Lisboa. Condenado em Itália, a quase 22 anos de prisão por homicídio, Kaçorri passava despercebido, nunca interrompendo a sua atividade criminosa. No mesmo prédio, apenas um andar acima, vivia o luso-brasileiro Ícaro Leddy Gouveia (que também tem passaporte holandês), de 48 anos, um operacional da Mocro Máfia, conhecida como máfia marroquina, mas que atua, principalmente, nos Países Baixos.
Em conjunto, os dois homens lideravam uma rede dedicada ao tráfico internacional de droga, que atuava em Portugal e nos Países Baixos. E tudo era decidido e coordenado a partir daquele prédio.
Na madrugada do passado dia 3, a Polícia Judiciária (PJ), através da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE/PJ), desmantelou a organização criminosa. Em comunicado, a PJ explica que a operação – a que se deu o nome de “Labirinto” – “foi realizada simultaneamente nos dois países e permitiu desmantelar a infraestrutura do grupo de crime organizado indiciado por tráfico de droga, participação em organização criminosa, rapto, tomada de reféns e sequestro”.
Arben Kaçorri e Ícaro Leddy Gouveia permanecem, hoje, vizinhos, embora tenham mudado de morada para a cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa, onde aguardam o desenvolvimento das investigações em prisão preventiva. De acordo com a PJ, foram apreendidas “elevadas quantidades de dinheiro, vários veículos topo de gama, bens de luxo, sistemas de comunicações e diverso equipamento informático” que pertenciam aos detidos.
A PJ refere ainda que esta organização praticava “vários crimes violentos que visaram tomar posse da droga através do uso da força e com recurso a armas de guerra”. “Dado o grande potencial económico da organização, os seus membros dispunham de fortes medidas de segurança e autoproteção, nomeadamente de meios avançados de transmissão de informação, tanto a nível individual como o utilizado no uso de contra medidas policiais”, lê-se na nota.
Apesar de refugiados em Portugal, as autoridades acreditam que esta união entre máfia dos Balcãs e Mocro Máfia – organização que tem sido associada ao assassínio do jornalista holandês Peter R. de Vries, em julho de 2021, e a ameaças de morte à casa real neerlandesa e à sua herdeira, a princesa Catharina-Amalia – operava, sobretudo, no estrangeiro. O tráfico internacional de cocaína tinha como epicentro os portos de Roterdão e de Antuérpia, na Bélgica.
Um (assassino) albanês em Lisboa
Durante a última semana, o nome de Arben Kaçorri permaneceu desconhecido – ao contrário do de Ícaro, exposto na comunicação social. Considerado “muito perigoso”, vivia, na capital portuguesa, uma vida discreta e de luxo.
Cunhado de Ervis Martinaj, um famoso gangster albanês, conhecido como o “Rei do Jogo”, que está desaparecido desde agosto de 2022., Kaçorri, de 52 anos, pertence a uma longa linhagem ligada a organizações criminosas (o seu irmão, Valentino, também está referenciado como membro da máfia dos Balcãs).
Em maio de 2009, foi condenado em Itália a 21 anos e oito meses de prisão, pelo homicídio qualificado do compatriota Fatmir Kala, em Florença, e ainda por posse e porte ilegal de armas. A sentença tornou-se irrevogável em outubro de 2010, depois do seu (último) recurso ter sido indeferido. As autoridades italianas, porém, nunca não mais conseguiram localizar Kaçorri para que cumprisse a pena.
O albanês ainda beneficiou de um indulto de três anos, mas continua a ter de cumprir 18 anos e oito meses de reclusão por aquele crime. A Itália deve pedir, em breve, a extradição do condenado ao Estado português. Ainda na sequência desta condenação, 15 bens de Kaçorri foram confiscados, em dezembro do ano passado, por decisão de um tribunal albanês. O narcotraficante perdeu edifícios comerciais, apartamentos, terrenos e garagens, todos localizados na capital Tirana e arredores.
Palavras-chave:
A democratização do desenvolvimento de aplicações é hoje uma realidade inevitável, fortemente impulsionada pela ascensão das plataformas Low-Code. Estas plataformas, ao simplificar e agilizar o processo de criação de aplicações, permitem que uma gama mais ampla de indivíduos, independentemente do seu nível de competências técnicas, participe ativamente no desenvolvimento de soluções digitais. No entanto, à medida que mais pessoas se envolvem no processo de desenvolvimento, surgem desafios significativos em termos de governança e controlo.
Neste contexto, a qualidade das aplicações torna-se numa preocupação central. Com a facilidade de criação proporcionada destas plataformas, há um risco crescente de comprometer a qualidade das aplicações desenvolvidas. Aplicações mal projetadas podem resultar em falhas e custos adicionais para correções e manutenção.
A segurança é outra preocupação crítica em qualquer processo de desenvolvimento de aplicações. Com a democratização do desenvolvimento, surgem desafios, uma vez que utilizadores menos experientes podem introduzir vulnerabilidades nas aplicações, colocando em risco dados sensíveis e informações confidenciais.
Além disso, a falta de controlo sobre o processo de desenvolvimento pode levar a violações de conformidade e implicações legais significativas. As organizações enfrentam o desafio de garantir que as aplicações desenvolvidas estejam em conformidade com regulamentações como GDPR, HIPAA e PCI-DSS.
Para enfrentar estes desafios, é essencial implementar estratégias eficazes de controlo no desenvolvimento de aplicações em plataformas Low-Code. Isto garante que os utilizadores estejam cientes das melhores práticas de desenvolvimento, segurança e conformidade.
Formações adequadas, revisões de código e auditorias regulares para avaliar a qualidade, segurança e conformidade das aplicações desenvolvidas, ajudam a identificar e corrigir problemas antes de se tornarem críticos.
Por outro lado, implementar controlos de acesso e permissões para garantir que apenas utilizadores autorizados tenham acesso às funcionalidades de desenvolvimento e de configuração nas plataformas Low-Code, é fundamental.
A democratização do desenvolvimento de aplicações através de plataformas Low-Code oferece oportunidades emocionantes para inovação e crescimento. No entanto, é essencial reconhecer e enfrentar os desafios associados à governação do processo de desenvolvimento. Ao adotar estratégias robustas de controlo, as organizações podem garantir que as aplicações desenvolvidas atendam aos mais altos padrões de qualidade, segurança e conformidade regulatória. Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.
O mundo continua a girar sobre si próprio e em volta do Sol, mas parece que, não obstante esse movimento ininterrupto, de tempos a tempos – mais concretamente, de dois em dois anos –, volta exatamente ao mesmo sítio e deixa toda a gente – bem, não será bem toda, mas uma quantidade considerável, sobretudo no nosso país – a discutir o mesmo assunto: deve, ou não, Cristiano Ronaldo continuar na Seleção Nacional? Se há três anos, quando se disputou o Europeu (que deveria ter acontecido um ano antes, mas teve de ser adiado por causa da pandemia), um largo consenso apontava que o melhor do mundo ainda tinha plenas condições para continuar a ser uma mais-valia para a equipa das quinas, depois do Mundial de 2022, no Catar, a discussão subiu de intensidade, sobretudo após Portugal ter sido afastado do torneio nos quartos de final, com Cristiano obrigado a sentar-se no banco por Fernando Santos. O resultado, todos se lembram, foi o craque a deixar, sozinho e em lágrimas, o estádio e o selecionador a ser despedido uns dias depois. Achava-se que, com um novo treinador, o tema seria enterrado, mas Roberto Martínez não só trouxe o jogador de volta à Seleção como lhe deu tanto ou mais tempo de jogo do que o seu antecessor, nomeadamente durante este Campeonato da Europa da Alemanha. Com o desempenho do craque madeirense, já com 39 anos, a revelar-se, no mínimo, medíocre e a seleção a voltar a cair nos quartos de final, coloca-se de novo a questão: será desta vez que Cristiano Ronaldo dá o seu lugar a outro ou vamos continuar a ter o avançado do Al-Nassr a participar na Liga das Nações e a apontar ao Mundial de 2026?
Até ao momento, e apesar de a Seleção Nacional já ter sido eliminada pela França na sexta-feira da semana passada, dia 5, ninguém veio ainda esclarecer este tema. Por parte da direção da Federação Portuguesa de Futebol, o silêncio é absoluto. O selecionador nacional, o qual o comentador televisivo Bruno Prata acusava, há semanas, nos ecrãs da RTP, de “ver borboletas onde toda a gente vê lagartas”, passou todo o torneio sem explicar a razão de tanto tempo dado a Ronaldo, limitando-se a lembrar que ele “é um exemplo”. Isto apesar de não ter marcado um único golo nos quase 500 minutos em que esteve em campo durante a competição, tendo sido o português, além do guarda-redes Diogo Costa, que mais tempo jogou durante o Euro 2024. As únicas palavras que se conheceram sobre o tema vieram do próprio jogador, que, através das suas redes sociais, veio agradecer o apoio dos adeptos, lamentar o desaire, dizer que a equipa merecia mais e garantir que “o legado vai continuar a ser construído”. Acrescentou, no fim do texto, a palavra “juntos”, deixando no ar a ideia de que a sua vontade é a de continuar a servir a Seleção Nacional. E agora?
Desporto ou negócio?
É natural que o jogador queira continuar a representar o seu país. Ele, melhor do que ninguém, perceberá se tem, ou não, condições para continuar. E mesmo que já as não tenha, é legítimo que expresse a sua vontade de continuar. Sabemos que a ambição de Ronaldo não tem limites e foi essa uma das características que fizeram dele o jogador que foi. Terá, porém, de haver quem, acima da vontade do atleta (dele e de todos os outros, diga-se de passagem), avalie as condições e tome decisões. E só há duas maneiras de poder avaliar a questão, tirando já do caminho a eventualidade de uma lesão que impeça o jogador de jogar: ou se usam critérios de mérito desportivo, de rendimento em campo, ou se dá a primazia à vertente financeira. Uma e outra apontam para decisões opostas. Cabe à Federação Portuguesa de Futebol escolher o seu caminho.
Do ponto de vista desportivo, os números falam por si. Apesar de, durante a fase de qualificação, em que Portugal defrontou equipas de menor valia, Ronaldo ter marcado dez golos, o rendimento na fase final foi aquele que se conhece. Fora a assistência para o golo de Bruno Fernandes contra a Turquia, os 485 minutos em que esteve em campo no torneio da Alemanha foram aqueles em que obteve o pior rendimento de todos os seis Europeus em que participou. Não marcou, falhou mais oportunidades, tocou menos vezes na bola, recuperou-a menos vezes e ganhou menos duelos. Portanto, avaliando apenas o rendimento desportivo, não parece justificar-se que Cristiano Ronaldo continue a ter tanto tempo de jogo. Acreditando que continua a ser um jogador de inúmeros recursos e válido para ajudar a Seleção, mandaria a lógica que outras opções fossem experimentadas e que Cristiano fosse poupado para momentos especiais e mais decisivos do jogo, partindo no banco de suplentes. Mas não foi essa a opção de Roberto Martínez, que, pela insistência, deixou crescer a ideia entre alguns adeptos e críticos de que a sua função ali não era tanto a de tentar levar a equipa até à final, mas sim a de manter o jogador em campo o maior tempo possível.
Ora, essa é uma explicação que pode encontrar razão de ser quando usamos um critério financeiro para analisar a questão. Independentemente da sua idade, Cristiano Ronaldo tem um peso mediático que ultrapassa largamente o da Seleção Nacional ou o de qualquer outro futebolista em todo o mundo. Todas as redes sociais somadas, o avançado do Al-Nassr soma cerca de mil milhões de seguidores, um número impressionante que só compara com a população da China ou da Índia. Perante estes números, é fácil perceber que a presença do jogador faz aumentar o valor das competições. É do interesse de quem organiza, neste caso a UEFA, mas também a FIFA, que Ronaldo esteja presente, pois assim conseguirá ampliar a captação de atenção global e, com isso, as receitas. O mesmo se aplica aos patrocinadores, que pagarão sempre mais se jogadores como CR7 ou Messi estiverem presentes. Um raciocínio que se aplica de igual forma à Federação Portuguesa de Futebol, cujo potentado económico e financeiro tem crescido atrelado à omnipresença de Ronaldo.
Planeta CR7
Números e curiosidades da carreira, da participação no Euro2024 e do fenómeno global em volta do craque português
Idade: 39 anos
Total de jogos Oficiais: 1 233
Jogos pela Seleção: 212
Total de golos: 895
Golos: 130
Prémios individuais: 62
Títulos coletivos: 34
Euro apagado
O torneio na Alemanha foi aquele, dos seis em que participou, em que o jogador teve o pior desempenho
Jogos: 5
Minutos: 485
Golos: 0
Assistências: 1
Livres: 7
Oportunidades claras falhadas: 5
Remates por jogo: 4,6
Interseções: 0
Desarmes por jogo: 0,2
Fenómeno nas redes
Em todas as redes sociais, CR7 tem cerca de mil milhões de seguidores
Instagram: 634M
Facebook: 170M
X: 112M