Visão
As novas tabelas de retenção na fonte do IRS devem entrar em vigor em setembro, com efeitos retroativos, anunciou o Ministério das Finanças.
As novas tabelas irão refletirão a redução de taxas do IRS aprovada no Parlamento e promulgada pelo Presidente da República.
Em comunicado, o Ministério das Finanças manifestou a intenção de “fazer retroagir essa redução das taxas de IRS, que terá em conta as retenções na fonte já aplicadas sobre os rendimentos do trabalho e pensões.”
Em causa, está a redução das taxas dos escalões do IRS até ao 6.º escalão. A poupança anual no imposto está estimada entre os 10 e os 402 euros, para salários brutos de, respetivamente, 900 e três mil euros.
Este tinha tudo para ser um dia bom para Nuno Melo. O Governo anunciou um pacote de medidas para a Defesa, no valor de 120 milhões de euros, que incluem aumentos nos suplementos remuneratórios e a comparticipação a 100% dos medicamentos para antigos combatentes. Mas o anúncio ficou manchado pela reação das associações dos militares, que se queixam de só terem tido conhecimento destas medidas pela comunicação social.
António Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, Paulo Amaral da Associação Nacional de Praças das Forças Armadas, e Carlos Rodrigues Marques, presidente do Conselho Nacional da Associação de Oficiais das Forças Armadas, reagiram todos com críticas em declarações à TSF, queixando-se de não ter sido ouvidos pelo Ministério da Defesa.
Aos microfones da rádio, os militares revelaram que foram chamados há dois dias apenas para um encontro com o secretário de Estado da Defesa, sem que nada lhes tivesse sido dito sobre os planos do Governo.
Embora reconheçam aspetos positivos nas medidas anunciadas, lamentam não ter tido direito ao mesmo tratamento que tiveram as forças de segurança, cujos sindicatos tiveram a possibilidade de negociar com o Ministério da Administração Interna.
Militares terão aumentos num “dia histórico”
Nuno Melo anunciou o pacote de valorização da Defesa, garantindo que graças a esta iniciativa “nenhum militar ganhará menos salário do que ganha um guarda da GNR ou um polícia na PSP”. Segundo o ministro da Defesa, um soldado do primeiro escalão passará de 828 euros para 961 euros, ou seja, mais 139 euros do que aufere hoje, e um furriel do primeiro escalão passará dos 1 017 euros atuais para cerca 1 290 euros, ou seja, mais 293 euros.
De forma faseada até 2026, será aumentada a componente fixa do suplemento de condição militar dos atuais 100 euro para 400 euros. Além disso, o Governo vai reduzir distância a partir da qual se tem direito ao suplemento de residência, dos atuais 100 quilómetros para 50 quilómetros da sua morada.
Foram ainda anunciados aumentos nos suplementos de embarque e de serviço aéreo e a criação de suplementos de deteção e inativação de engenhos explosivos e de operador de câmara hiperbárica.
Outra novidade é a atribuição de uma compensação especial por invalidez permanente ou morte correspondente a 250 vezes o valor da retribuição mínima mensal garantida (RMMG) em caso de morte e a entre 150 a 250 vezes o valor da RMMG em caso de invalidez.
O pacote inclui ainda a atribuição de um apoio de 100% da parcela não comparticipada pelo SNS para os utentes pensionistas beneficiário do Estatuto do Aantigo Combatente (EAC) e majoração para 90% da comparticipação dos medicamentos psicofármacos para os beneficiários do EAC não pensionistas.
“Creio que se trata mesmo de um dia histórico para as Forças Armadas portuguesas”, afirmou o primeiro-ministro Luís Montenegro, na apresentação feita no final do Conselho de Ministros.
Pacote pesa sobre negociações do Orçamento
Luís Montenegro admitiu que estas medidas representam “um encargo orçamental muito relevante”, valendo, segundo o Governo cerca de 120 milhões, embora muitas deles sejam faseadas, pelo que não ficou claro se esse é o impacto orçamental estimado já para o Orçamento de 2025 ou o encargo quando todas as medidas vigorarem em pleno.
Esse valor vai refletir-se sobre a margem que ficará para o Governo negociar com as oposições em setembro e soma-se a um conjunto de medidas que têm vindo a ser anunciadas quase desde a tomada de posse do Executivo sob a forma de pacotes setoriais.
Segundo as contas do PS, (que ainda não foram desmentidas pelo Governo), o conjunto das medidas anunciadas e quantificadas (há ainda as que foram apresentadas sem valores conhecidos) pesa já no seu total cerca de 2,9 milhões de euros.
Só o IRS Jovem tem um impacto estimado de mil milhões de euros, enquanto a descida do IRC deverá custar 500 milhões em 2025. Nenhuma destas duas medidas foi já aprovada, apesar de o Governo ter anunciado que faria ao Parlamento um pedido de autorização legislativa para poder mexer nestes impostos, mas elas são vistas pela AD como essenciais para a concretização do seu programa e terão de ser refletidas no Orçamento mesmo que sejam aprovadas por decreto.
A essa conta ainda é preciso somar as medidas que as oposições aprovaram no Parlamento e que foram promulgadas pelo Presidente da República e que perfazem cerca de 300 milhões de euros.
Contas feitas, as medidas já aprovadas e/ou anunciadas já estão bem acima dos 3 mil milhões de euros a pesar sobre o Orçamento do Estado para 2025. E isto sem contar com medidas como o plano para a saúde, o alargamento do regime de residentes não habituais, o fim da contribuição extraordinária para o Alojamento Local e outras que já estão a ser postas em prática sem que o Governo tenha divulgado quanto pesam nas contas do Estado.
Apesar disso, o Governo continua apostado em marcar reuniões negociais sobre o Orçamento do Estado com as oposições em setembro.
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A cidade de Paris já é conhecida pela sua grande afluência de turistas, mas sendo a anfitriã dos Jogos Olímpicos espera-se que os números anuais sejam ultrapassados. E, tudo isso, representa ganhos económicos. Segundo a Allianz Trade, “os turistas vão permitir um aumento do produto interno bruto (PIB) na casa dos 10 mil milhões de euros”.
Segundo a empresa, em estimativa enviada às redações, França vai receber mais 5,4 milhões de turistas em 2024, o que representa um aumento de 6% face ao ano passado. “Destes 5,4 milhões de viajantes, 1,5 milhões de pessoas vão, especificamente, para assistir a provas dos Jogos Olímpicos de Paris. Assim, França deverá encerrar o ano com um total de 95,2 milhões de turistas”, lê-se em comunicado.
A estimativa é que cada um dos 1,5 milhões de pessoas que vai estar em França para acompanhar de perto os Jogos, gaste, em média, 250 euros por dia (incluindo alojamento e transportes) e que fique durante cinco dias. Assim, significa uma receita de 2,6 mil milhões de euros para França, ou seja, 1,3% dos gastos que os turistas têm no país.
Sendo que o turismo será um dos motores deste crescimento do PIB, contribuindo com 1,8 mil milhões de euros, existem outros fatores que é preciso ter em conta: a Allianz Trade estima um crescimento da despesa em torno de 3 mil milhões de euros com segurança interna, que ficará a cargo das autoridades francesas.
Os gastos com o evento deverão rondar os 11, 8 mil milhões de euros. “Isto porque as despesas relacionadas com a infraestrutura, organização dos jogos, transportes e alojamento são financiados pelo orçamento da SOLIDEO [empresa encarregada de entregar as instalações olímpicas], cujos custos totais estimados são de 4,4 mil milhões de euros, dos quais 40% são financiados por fundos públicos”, refere a seguradora.
Além disso, a Allianz Trade relembra que as despesas da organização são custeadas através do orçamento COJOP [Comité Organizador dos Jogos], devendo custar 4,4 mil milhões de euros, sendo que 96% da verba tem origem em fundos privados.
É na órbita da estrela Eps Ind A que se encontra o exoplaneta Eps Ind Ab, o mais frio que foi detetado em imagens até agora. Uma equipa de 19 cientistas publicou o estudo sobre esta descoberta na revista Nature e relata que é difícil encontrar planetas gigantes gelados como este devido à escuridão e porque muita da luz que emitem cai no espectro de infravermelhos médios. Este espectro é difícil de analisar a partir da Terra e é aí que os telescópios como o James Webb assumem um papel determinante.
As primeiras referências a este exoplaneta datam de 2019 e surgiram novas teorias sobre o Eps Ind Ab em 2023. Agora, os dados do telescópio James Webb mostram que o planeta é muito diferente do que se teorizava. Não só é maior e está mais distante da estrela, como é extremamente brilhante no espectro médio de infravermelhos, tanto que a equipa está surpreendida de ainda não ter sido detetado a partir da Terra.
Segundo a maioria dos modelos, um planeta tão brilhante neste comprimento de onda de luz deve ser brilhante também noutros, particularmente porque este comprimento já foi estudado ao pormenor, noticia o website Popular Science.
A teoria dos investigadores é que a atmosfera do exoplaneta é rica em componentes que absorvem a luz neste comprimento de onda, como monóxido e dióxido de carbono e metano. Se assim for, levantam-se novas questões sobre a formação do planeta. “É difícil avançar com um modelo que explique a formação do planeta com compostos tão pesados”, afirma Elisabeth Matthews, do Instituto de Astrologia Max Planck.
Os investigadores vão avançar com estudos a este planeta, recorrendo agora aos instrumentos de espectrometria do telescópio James Webb. Além disso, a comunidade vai também tentar perceber como a atmosfera é composta e como o planeta se formou.
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O Llama 3.1 405B, treinado com recurso a 16 mil GPUs Nvidia H100, é o maior modelo de código aberto disponível atualmente. A Meta revela que o algoritmo tem 405 mil milhões de parâmetros e que aplicou aqui novas técnicas de treino e desenvolvimento para o tornar competitivo face a outros modelos como o GPT-4o da OpenAI ou o Claude 3.5 Sonnet da Anthropic.
Disponível para download em plataformas como AWS, Azure e Google Cloud, o modelo da Meta está a ser usado no WhatsApp e no Meta.ai para fornecer uma melhor experiência de chatbot para utilizadores nos Estados Unidos.
O Llama 3.1 405B pode ser usado para programação e para responder a questões básicas de matemática, além de poder resumir documentos em oito idiomas, incluindo português. O modelo é baseado em texto, ou seja, não consegue responder a questões sobre imagens para já, mas analisar ficheiros PDF ou folhas de cálculo é algo que vai poder fazer no futuro.
Apesar desta limitação, a Meta fez questão de realçar que está a trabalhar em modelos multimodais, ou seja, modelos Llama que conseguem reconhecer imagens e vídeos. Estes modelos ainda estão a ser testados internamente, avança o Tech Crunch.
Os investigadores usaram um conjunto de dados de 15 biliões de tokens para treinar este algoritmo e a informação chega até 2024, numa evolução dos conjuntos de bases de treino que foram usados para outros modelos Llama anteriores, desta feita com uma curadoria mais refinada e um controlo de qualidade mais rigoroso.
A empresa usou também dados sintéticos, ou seja, gerados por outros modelos de IA para o alimentar, numa abordagem que está a ser explorada também por outras empresas, como a OpenAI e a Anthropic, para escalar os seus métodos de treino. No entanto, alguns especialistas avisam que esta abordagem deve ser feita em último recurso, por poder exacerbar quaisquer desvios de conhecimento ou tendências de enviesamento. A Meta afirma ter tido um “equilíbrio cuidado” para o treino, mas não detalha quanta informação veio de outros modelos e quanta vem da base de treino dos tokens.
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Onze veados-vermelhos-ibéricos – um macho e dez fêmeas – foram libertados esta quinta-feira na Quinta do Pisão, um parque de natureza que pertence ao município, numa zona de 240 hectares, no extremo ocidental do Parque Natural Sintra-Cascais. A quinta está aberta ao público, ligada ao centro da vila por um caminho pedestre, pelo que, com alguma sorte e persistência, é possível ver os animais, seja nos percursos, seja no miradouro das Penhas do Marmeleiro. Os últimos animais desta espécie (o maior mamífero existente em Portugal) haviam desaparecido no século XVI, devido à caça, ao pastoreio e à agricultura.

Esta iniciativa, cofinanciada pelo programa europeu LIFE (com cerca de €3 milhões de investimento ao longo de seis anos), encaixa no conceito de renaturalização e reordenamento da paisagem que tem sido seguido pela autarquia, nomeadamente através da introdução de espécies que ajudem a criar uma paisagem-mosaico, mais biodiversa e resiliente a incêndios. A Quinta do Pisão já conta com cinco corços, 17 cavalos sorraia e 30 burros mirandeses, além de cabras e ovelhas. Numa área vedada da encosta da Peninha foram também introduzidos nove garranos e oito vacas mirandesas.
Os veados, originários de uma herdade em Mértola, “são os grandes mamíferos que faltavam para fechar um ciclo de naturalização e de gestão da paisagem”, diz Luís Almeida Capão, presidente do conselho de administração da Cascais Ambiente, a empresa municipal que gere a Quinta do Pisão. “Estamos a trabalhar os vários ecossistemas que existem em Cascais. Com a presença destes animais, vamos ter a abertura de novos trilhos e de clareiras. A sua passagem vai permitir também fazer a propagação de sementes e a incorporação de novas espécies animais, como coelhos e perdizes, que, por sua vez, também vão trazer as grandes rapinas.” Entre as espécies que têm reaparecido autonomamente, destacam-se o esquilo-vermelho e o javali (um macho foi recentemente captado por uma armadilha fotográfica).

Além do fomento da biodiversidade e da variedade da paisagem, outro objetivo da iniciativa é reduzir o risco de incêndio, sobretudo num contexto de alterações climáticas, que tende a trazer pressões adicionais, na forma de mais calor e menos humidade – os veados e os outros grandes mamíferos atuam como sapadores, alimentando-se dos arbustos que servem de combustível. “A presença destes animais permite-nos ter muito menor vulnerabilidade aos fogos rurais, mais capacidade de resistência ao fogo”, sublinha Luís Almeida Capão. “O facto de termos clareiras entre a vegetação ou haver, por exemplo, uma separação entre uma copa de uma árvore e uma zona de esteva, mais abaixo, pode ser suficiente para que não tenhamos um fogo de copas. Fica um fogo mais rasteiro, mais fácil de combater.”

A renaturalização do Parque Natural Sintra-Cascais com espécies autóctones portuguesas tem também por objetivo aproximar a população da natureza, adianta Nuno Piteira Lopes, vice-presidente da Câmara de Cascais. “Queremos tornar todo este espaço num verdadeiro ativo. Durante muitos anos, o parque natural foi-se degradando e não tinha pessoas a viver o parque. Hoje, as pessoas vêm aqui correr, andar, usufruir do parque. E acima de tudo queremos passar esta imagem de paisagem urbana. Os animais selvagens não vivem apenas em África – aqui, em Portugal e em Cascais, também há animais e as pessoas podem ter contacto com eles, não apenas com os veados, mas com as ovelhas, os burros lanudos, as aves… É extraordinário podermos viver neste ambiente cruzado entre aquilo que é natural e as habitações, a vila, termos a possibilidade de acordar de manhã, andarmos dez minutos a pé e podermos ver animais selvagens.”
O autarca reforça ainda o papel desta aposta na minimização do risco de incêndio, não só pelo papel dos animais em si, mas também pelo das pessoas, que atuam como vigias em permanência. “Vêm ver os animais e passam a ser guardiãs do parque. Todos podem ser rangers da Quinta do Pisão.”

O papel dos veados nesta missão de bombeiros naturais foi abençoado logo pela viagem Mértola-Cascais: a cerimónia de libertação dos animais acabou por atrasar quase três horas horas devido a um incêndio na zona de Alcácer do Sal que cortou a autoestrada.