Desde logo, questionado pela Lusa, o gabinete do Ministério da Justiça assegurou que “não vai haver nenhuma reação” de Rita Alarcão Júdice. Na recente entrevista ao Observador, Rita Alarcão Júdice disse que era preciso mudar algo no MP para reforçar a credibilidade e que um “novo procurador-geral tem de pôr ordem na casa” e revelar capacidade de gestão e de liderança.
O presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, António Marçal, acusou a procuradora-geral da República de “sacudir a água do capote” para os oficiais de justiça em processos mediáticos que geraram críticas ao MP.
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Já o antigo ministro, Fernando Negrão, considera que “mais valia” que Lucília Gago tivesse ficado calada, ouvido ontem à noite na RTP3.
Na Assembleia da Republica, um por um, foram várias declarações feitas pelos elementos dos partidos sobre a entrevista:
O líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, requer mais esclarecimentos ao país, pedindo que diga quem são as pessoas que acusa de orquestrar uma campanha contra o Ministério Público. “Eu acho que as palavras da ministra foram interpretadas de uma forma exagerada. O que quis dizer é que se vai iniciar uma nova fase”.
A IL reforça que é importante ouvir a ministra no Parlamento. Rui Rocha considera que só se coloca ordem “numa casa que está desordenada” e acrescenta que “todos nós percebemos o que a ministra quis dizer”.
Fabian Figueiredo, do BE, diz estar insatisfeito com as explicações da Procura Geral da República. “Preocupa-nos a forma lisonjeira com que a Procuradora tratou vários assuntos e várias matérias que para nós são fundamentais”. “Ser escutado durante quatro anos são histórias que ouvimos do passado de estados policiais, isso não pode acontecer e ser naturalizado numa democracia”.
O PCP, em nome de António Filipe, referiu que é a entrevista é “a sua opinião” [da Procuradora] e que não a vão criticar, garantindo que Lucília Gago terá oportunidade de esclarecer as declarações no Parlamento. “Esta entrevista não anula a audição parlamentar”.
Paulo Maucho do Livre também pede esclarecimentos: “Ainda se justifica mais a audição que foi pedida à Procuradora aqui no Parlamento”. “A PGR terá de explicar, deixou pontas soltas”, garantindo que o que o partido quer é realçar que esteve órgão deve ser autónomo e independente, “sem influências”.
André Ventura, do Chega, afirma que uma das mensagens que ficou patente foi quando “a procuradora refere que existe uma campanha orquestrada com o MP”, significando isto, segundo o mesmo, que “os próprios membros do MP, com a Sra. Procuradora à cabeça, sentiram, a um determinado momento, que o poder político se juntou, ou pelo menos articulou, para causar pressão e dano, para procurar condicionar a justiça”. Para o Chega ficou, assim, ficou esclarecido o parágrafo sobre o primeiro-ministro no comunicado de 7 de novembro sobre a Operação Influencer.
O líder do partido explicou ainda que a lei é igual para todos e que se alguém é primeiro-ministro ou não, o “MP não pode ou pode abrir um inquérito, tem de abrir um inquérito (…) não era uma questão de opção, tinha de abrir”. Ventura mencionou ainda que a mensagem principal da entrevista é que “ninguém está acima da lei em Portugal”.
O cartão de convite para visitar o HD 189733b já não era muito apelativo: temperaturas extremas, tempestades mortais de vidro e ventos que sopram a mais de oito mil quilómetros por hora. Agora, as leituras de dados do Telescópio Espacial James Webb revelam a presença de sulfureto de hidrogénio na atmosfera, uma molécula que lhe causa um cheiro semelhante a ovos podres.
Este exoplaneta tem 1,13 vezes o tamanho e a massa do nosso conhecido Júpiter, foi descoberto em 2005 e está a 65 anos-luz da Terra, na constelação Vulpecula. O HD 189773b orbita a sua estrela a 4,8 milhões de quilómetros de distância, cerca de 3% da distância entre a Terra e o Sol, noticia o Space.com.
Guangwei Fu, astrofísico no John Hopkins, conta que “o sulfureto de hidrogénio é uma molécula que não sabíamos estar ali. Prevíamos que sim, e sabemos que existe em Júpiter, mas não tínhamos confirmado a sua existência fora do Sistema Solar. (…) Não estamos à procura de vida neste planeta, porque é demasiado quente, mas encontrar o sulfureto de hidrogénio é um passo importante para encontrar esta molécula noutros planetas e ter mais entendimento sobre como se formam diferentes tipos de planetas”.
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Os investigadores conseguiram ainda determinar as fontes de oxigénio e carbono no planeta, ao encontrar água, dióxido de carbono e monóxido de carbono ali.
A proximidade com a sua estrela significa que a órbita é completa em 2,2 dias terrestres e que a temperatura ali ronda os 927 graus centígrados, suficiente para derreter chumbo. A ligação à estrela é fixa, o que significa que um dos lados está sempre virado para a estrela e é bombardeado com radiação e o outro está sempre no lado oposto, sendo sempre de noite. Os ventos a mais de 8000 km/h sopram o vento para o lado noturno onde arrefece, condensa e forma tempestades de vidro que depois passam para o lado mais quente.
Ao contrário do que se esperava, o exoplaneta não tem grandes concentrações de metano. Por outro lado, a equipa quis avaliar as concentrações de metais ali, ou seja, de elementos mais pesados do que o hidrogénio e o hélio. “Este planeta com massa semelhante a Júpiter está bastante próximo da Terra e foi muito bem estudado. Agora temos esta medida para mostrar que as concentrações de metal são um ponto de partida importante para perceber como a composição de um planeta varia com a sua massa e raio”, afirma Fu.
A Comissão Europeia propôs oficialmente, esta terça-feira, ao Conselho da UE, a abertura de procedimentos por défice excessivo contra Bélgica, França, Itália, Hungria, Malta, Polónia e Eslováquia.
“O próximo passo é o Conselho decidir sobre a existência de um défice excessivo nestes Estados-membros e, na sequência de uma proposta da Comissão no âmbito do pacote de outono do Semestre Europeu, adotar a sua recomendação sobre a trajetória de ajustamento e o prazo para pôr termo à situação de défice excessivo”, explica Bruxelas.
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No pacote da primavera do Semestre Europeu, divulgado em meados de junho, a Comissão Europeia anunciou que Portugal deixou de registar desequilíbrios macroeconómicos – destacando os “progressos significativos na redução das vulnerabilidades relacionadas com a elevada dívida privada, pública e externa, que deverá continuar a diminuir” – depois de ter chegado a registar défice excessivo e ter recebido vários avisos de Bruxelas.
Um recente estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade da Carolina do Norte concluiu que a adição de uma nova cor aos semáforos de trânsito poderá trazer melhorias a determinados aspetos da condução, nomeadamente ao reduzir significativamente os congestionamentos rodoviários. Segundo simulações computacionais realizadas pelos investigadores, a existência de uma quarta cor – cuja tonalidade o estudo assumiu como branca – utilizada especificamente com a presença de veículos autónomos – ou seja, sem condutor – serviria para sinalizar esses veículos bem como melhorar o tempo de deslocação, eficiência e a segurança rodoviária de todos os condutores.
“O conceito de fase branca incorpora um novo sinal de trânsito, para que os condutores humanos saibam o que devem fazer. As luzes brancas dirão aos condutores humanos para seguirem simplesmente o carro que está à sua frente”, explicou Ali Hajbabaie, líder do estudo, ao jornal britânico Metro.
Os cientistas envolvidos no estudo acreditam que o novo sistema de semáforo, com recurso à inteligência artificial, poderá ajudar a evitar vários engarrafamentos e grandes volumes de trânsito ao permitir que sejam os próprios veículos autónomos a determinar as suas rotas de forma mais eficiente e menos dispendiosa.
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O novo sistema de trânsito exige ainda que ocorra comunicação entre os próprios veículos autónomos, bem como a comunicação desses carros com as infraestruturas de tráfego, ou seja, os semáforos. Desse modo, a nova cor do sistema de semáforos só seria ativada através da acumulação de um determinado número de veículos automatizados perto de um cruzamento ou engarrafamento. “Este estudo pressupõe um ambiente totalmente conectado em que todos os veículos partilham a sua velocidade e localização atuais com um controlador central sem qualquer atraso ou falha de comunicação”, pode ler-se no estudo.
Segundo simulações desenvolvidas pela equipa, o novo sistema de semáforos resultará numa redução de cerca de 3% do tempo despendido num engarrafamento com cerca de 10% destes veículos nas estradas. Já com a presença de cerca de 30% de carros sem condutor, estes atrasos podem ser reduzidos em quase 10%. “Se, no futuro, assistirmos a uma adoção quase universal dos veículos autónomos, os nossos modelos sugerem que os atrasos nos cruzamentos diminuirão em mais de 25%”, referiu Hajbabaie.
O novo estudo pretende acompanhar a evolução recente dos automóveis que vão adquirindo funcionalidades que os vão tornando cada vez mais autónomos. O aumento do número de carros automatizados têm levantado questões relativas à alteração das regras de trânsito e sinalização.
O trabalho de Hajbabaie pretende acompanhar a evolução dos automóveis à medida que estes vão adquirindo funcionalidades cada vez mais automatizadas. O aumento do número de veículos com maior grau de independência da intervenção humana tem levantado questões relativas à alteração das regras de trânsito e sinalização e despoletado estudos científicos que analisam novas possibilidades de circulação nas estradas.
Também na universidade do Michigan têm sido realizadas simulações que tentam prever os efeitos de chegada de carros com mais autonomia ao sugerir alterações aos sistemas de semáforos. Através de um programa-piloto realizado na cidade de Birmingham, os investigadores utilizaram dados de velocidade e localização de veículos da empresa de automóveis General Motors, em tempo real, para alterar o tempo de funcionamento dos semáforos da cidade e suavizar os congestionamentos de trânsito. Ao todo, o ajuste de tempo, feito a 34 semáforos da cidade, ajudou a reduzir os engarrafamentos. “A vantagem disto é que não é preciso fazer nada à infraestrutura. Os dados não vêm da infraestrutura. Vêm das empresas automóveis”, explicou Liu. O estudo, publicado em fevereiro deste ano, está disponível na revista científica Nature Communications.
A ocasião é duplamente especial. O ISTSat-1, o primeiro nanosatélite universitário português, desenvolvido por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST), prepara-se para seguir rumo ao Espaço. O ‘sonho’ que começou a ser desenvolvido em 2017 vai tornar-se realidade à ‘boleia’ do foguetão Ariane 6, que, depois de vários atrasos e adiamentos, vai finalmente levantar voo, marcando o regresso da Agência Espacial Europeia (ESA) aos lançamentos espaciais.
O satélite ISTSat-1, selecionado pela ESA no âmbito do projeto Fly your Satellite, não estará sozinho a bordo do novo foguetão. De acordo com a agência espacial, o Ariane 6 leva consigo um conjunto de nanossatélites (ou CubeSats), incluindo outros equipamentos desenvolvidos a nível universitário, como é o caso do 3Cat-4 (da Universidade Politécnica da Catalunha, Espanha), mas também várias experiências científicas.
Disposição dos nanossatélites e experiências a bordo do Ariane 6 | Imagem: ESA
O foguetão Ariane 6 vai partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, onde já se encontram Rui Rocha e João Paulo Monteiro, investigadores do IST NanoSatLab, o consórcio reunido desde 2022 em torno do projeto do ISTSat-1.
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Este consórcio é liderado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores: Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID) e dirigido por Rui Rocha, coordenador do projeto do satélite universitário, e Gonçalo Tavares (INESC-ID).
Segundo a ESA, o lançamento conta com uma ‘janela’ temporal entre as 15h00 e as 19h00 locais (ou seja, entre as 19h00 e as 23h00 na hora de Lisboa) e pode ser acompanhado em direto através da ESA Web TV.
Pequeno, mas com muita tecnologia no interior
Com excepção dos painéis solares, o ISTSat-1 foi desenvolvido integralmente por estudantes e professores do Técnico. Este pequeno cubo de 10x10x10, com arestas com 10cm, terá como missão testar a capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas.
Em entrevista à Exame Informática, Carlos Fernandes, investigador do IST NanoSatLab, explica que o ISTSat-1 se enquadra na categoria dos NanoSats ou CubeSats: uma categoria que se foi tornando cada vez mais popular com a mudança do paradigma dos satélites.
“Há cerca de uma década, o paradigma dos satélites mudou”, detalha. “Nós estávamos habituados a satélites muito grandes – com um peso enorme, do tamanho de autocarros, e que eram lançados por empresas muito grandes com financiamentos enormes, com necessidade de lançadores muito potentes e muito complexos do ponto de vista de sistemas”.
Com o surgimento de uma nova tendência, chamada New Space, a democratização do acesso ao Espaço começou a ganhar mais força. “Em lugar daqueles satélites que têm múltiplas funções e que são lançados uma vez e que duram entre 15 a 20 anos, passou-se para uma outra filosofia em que os satélites passam a ser mais pequenos – podem ser até do tamanho de uma caixa de fósforos – mas com funções mais específicas, mais reduzidas ou mais limitadas”, explica. Aqui, a grande vantagem é que estes equipamentos, que servem funções específicas para determinados fins, podem ser lançados com custos muito mais baixos.
No seu interior, o ISTSat-1 consegue transportar toda a tecnologia necessária para cumprir a sua missão. “Aquilo que nós pretendemos com este satélite é fazer a descodificação de mensagens de um sistema de monitorização de tráfego aéreo, que é o chamado ADS-B”, indica Carlos Fernandes. “Este é um sistema em que os aviões emitem a sua posição e permite aos outros aviões e aos terminais em Terra receberem a sua posição”.
Um dos desafios foi, precisamente, “reduzir esta função por forma a que ela possa caber num satélite com esta dimensão pequena, respeitando todas as necessidades desse standard”. “Nós temos de conseguir que todo o hardware consiga ser alimentado e que tenha energia suficiente, porque uma das limitações principais de um satélite muito pequeno é a gestão da energia”, afirma.
Mas, como conta o investigador, o grande desafio passou pelo desenvolvimento de todo o sistema ‘em casa’. “Numa perspetiva diferente de outras entidades que lançam satélites, em que compram os módulos já feitos e fazem simplesmente a integração, a nossa foi criar os módulos do zero, projetando os sistemas e construindo-os de raiz”, realça Carlos Fernandes.
Para a equipa responsável, o desenvolvimento do projeto trouxe não só a aquisição de novos conhecimentos, mas traduziu-se também num impacto a nível académico. “Criámos com o ISTSat uma equipa enorme, com cerca de 50 pessoas envolvidas no desenvolvimento deste satélite, dos quais 30 e muitos estudantes, que fizeram as suas teses de mestrado e doutoramento”, destaca o investigador, que não esquece também todos os estudantes que estiveram ligados durante bastante tempo ao projeto.
Equipa de lançamento do ISTSat-1 | Créditos: IST
Atingir o grau de maturidade da tecnologia foi outro dos principais desafios que a equipa conseguiu ultrapassar. “É muito comum, nos nossos trabalhos na universidade, nós pararmos num nível de maturidade mais baixo, em que se desenvolve um sistema e se integra, mas ele não passa do laboratório. Mas, neste caso, conseguimos chegar ao patamar mais elevado”, realça o investigador.
Uma missão a 580 km da Terra
Inicialmente, e como detalhado por Rui Rocha à Exame Informática em 2018, o objetivo seria que o ISTSat-1 fosse lançado a partir da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). No entanto, e por opção da ESA, foi mais tarde decidido que o satélite seguiria rumo ao Espaço à ‘boleia’ do foguetão Ariane 6.
“Para nós foi interessante, porque nós estávamos a contar com o lançamento a partir da ISS”, conta Carlos Fernandes. “ A ISS tem especificações ainda mais ‘apertadas’ o que significa que, para a nossa equipa foi um desafio ainda maior respeitar essas especificações. Mas foi uma ‘escola’ para nós”.
Quando chegar ao Espaço, e depois de ser projetado pelo Ariane 6, o ISTSat-1 entrará em órbita baixa circular, isto é, a uma distância de 580 km da Terra. Como explica o investigador do IST NanoSatLab, depois do compasso de espera necessário, cerca de 45 minutos, o satélite vai ‘começar a acordar’, realizando uma revisão a um conjunto de parâmetros importantes, como a bateria, abrindo depois as suas antenas de comunicação. “A partir desse momento, ficará em condições de poder comunicar com quem esteja a ouví-lo cá em baixo”, afirma Carlos Fernandes.
A receção dos dados recolhidos pelo satélite será realizada pela equipa do Técnico na estação-terra do polo de Oeiras. Como detalhado em comunicado, a equipa vai comparar a informação recebida com dados de referência para assegurar que o ISTSat-1 está a cumprir a sua missão científica e a detectar a presença de aviões em zonas remotas.
Ao todo, espera-se que o satélite permaneça no Espaço por cerca de cinco anos e, após cumprir as suas funções, será desativado, voltando a reentrar na Terra, onde arderá durante o processo de entrada na atmosfera.
Olhando para o futuro, ainda não há um ISTSat-2 a caminho e, segundo Carlos Fernandes, para já, o objetivo é que a equipa de o desenvolveu e as entidades que participaram no projeto através do consórcio ST NanosatLab continuem a desenvolver e a expandir o conhecimento que foi adquirido através de novas iniciativas. “Obviamente que não está fora de questão um ISTSat-2, mas, neste momento, estamos ocupados com alguns projetos que vão aplicar os conhecimentos que foram adquiridos aqui”, realça o investigador.
Nota de redação: A notícia foi atualizada com uma correção relativamente ao consórcio IST NanoSat Lab.
O ISTSat-1 – nome dado ao primeiro nanosatélite universitário – foi totalmente desenvolvido e fabricado em Portugal por uma equipa do Instituto Superior Técnico. O “pequeno cubo português”, que vai ter à prova a sua capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas, ruma ao espaço, a bordo do foguetão europeu Ariane 6, já na próxima terça-feira, dia 9 de julho, entre as 18h e às 21h (hora de Lisboa). “Estamos certos que o lançamento deste ISTSat-1 será um momento histórico, será lembrado no futuro como um momento fundacional de tudo o que aprendemos na construção de um satélite em Portugal”, referiu Rogério Colaço, presidente do Instituto, através de um comunicado.
Em declarações à VISÃO, Moisés Piedade, docente jubilado do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores do Técnico, falou sobre o projeto, cuja ideia remonta a 2008, há dezasseis anos. “É a primeira vez que fazemos um satélite do zero”, refere. “Fomos fazendo placas eletrónicas que envolvem muito software e hardware e neste momento o nosso satélite tem seis computadores a bordo”, explica. O dispositivo, que começou a ser construído em 2017, contou com o contributo de cerca de cinquenta pessoas, entre as quais vários professores e alunos do Instituto de ensino superior.
“A nossa visão foi, de facto, passar por todo o processo de desenvolvimento de sistemas para espaço. Conseguimos desenvolver uma série de áreas ensinadas no técnico para um objetivo comum, o que foi muito gratificante. Também é uma das razões por que nós achamos que o projeto é importante”, referiu Piedade. Para o professor, uma das áreas chave deste projeto terá sido o envolvimento de alunos das diferentes áreas de especialização lecionadas no Instituto Superior Técnico. O processo de desenvolvimento e construção do pequeno aparelho espacial resultou em várias dissertações de mestrado e doutoramento. “São projetos que obrigam os alunos a falar uns com os outros das várias áreas, o que lhes adianta em termos de formação profissional”, explica.
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O pequeno cubo – com arestas com 10cm – explora o potencial da nanotecnologia na eletrónica. Apesar do tamanho reduzido, Piedade refere que a tecnologia utilizada na produção do aparelho é bastante sofisticada. “Em termos de sistema de informação, eletrónica e telecomunicações é bastante avançado, o que nos dá algum orgulho”, afirma. O satélite foi entregue, ainda durante o mês de março, à Agência Espacial Europeia, depois de ter passado todos os testes e certificações exigidas. “Para nós, foi o ponto alto, foi o cumprir do objetivo”, reflete Piedade.
Uma vez no espaço, o ISTSat-1 será projetado do foguetão de forma a cumprir a sua missão sozinho. O nanosatélite, que se irá encontrar a cerca de 580 quilómetros da Terra, terá por objetivo transmitir algumas estações terrestres, habilitadas pelo projeto, dados sobre o posicionamento de aviões, visíveis apenas a partir do espaço. “Os sinais enviados pelo satélite são enviados em canal aberto, podendo ser recebidos por radioamadores de todo o mundo. No entanto, apenas da estação-terrestre do Técnico conseguirá transmitir para o satélite e apenas a equipa do Técnico conseguirá configurar necessidades que surjam ou pedir diagnósticos mais finos da missão para além dos que poderão ser descodificados em canal aberto”, refere o comunicado. O aparelho espacial permanecerá no espaço durante um período de cinco anos até regressar à terra – esperando-se que seja incinerado ao entrar na atmosfera.
Equipa de lançamento do ISTSat-1. Fotografia: Instituto Superior Técnico
“Este projeto apresenta um sistema de engenharia que envolve várias componentes, desde engenharia eletrotécnica, engenharia mecânica, comunicações, protocolos e software. É um projeto multidisciplinar ótimo para ajudar a formar bons profissionais de engenharia e, portanto, algo que deve ser acarinhado na escola”, concluiu Rui Rocha, professor do Instituto e coordenador do projeto, também no comunicado.
Para além do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores do Técnico o projeto contou ainda com a colaboração do Instituto de Telecomunicações e do IST NanosatLab.
Para celebrar o lançamento do equipamento espacial, o Instituto Superior Técnico organizou um evento, marcado para o dia do lançamento do Ariane 6, no polo de Oeiras.