O Hamas ameaça matar os restantes reféns e avisa que os guerrilheiros que estão a guardar os prisioneiros receberam novas instruções sobre a forma de os tratar caso as tropas israelitas se aproximem.

O aviso foi feito segunda-feira pelo porta-voz do braço militar do Hamas, Abu Obeida, na rede Telegram.

“Após o incidente de Nuseirat, foram dadas novas instruções aos ‘mujahidin’ encarregados da guarda dos prisioneiros, relativamente ao seu tratamento, caso o Exército de ocupação se aproxime do local da sua detenção”, anunciou o porta-voz, referindo-se ao resgate com vida de quatro prisioneiros, numa operação militar em junho, que custou a vida a mais de 200 palestinianos.

A advertência surge depois da recuperação de seis reféns mortos que, segundo o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, foram executados. O chefe do governo de Telavive ameaçou também na segunda-feira, em conferência de imprensa, que o o Hamas “pagará um preço muito alto” pela morte dos reféns. “A insistência de Netanyahu em libertar prisioneiros sob pressão militar, em vez de fechar um acordo, fará com que regressem às suas famílias em caixões”, respondeu o porta-voz.

“Apenas Netanyahu e o Exército de ocupação assumem total responsabilidade pelo assassínio dos prisioneiros, tendo violado deliberadamente qualquer acordo de troca”, acusou ainda o Hamas.

A propósito do seu novo livro, “Energiza-te”, Alexandra Vasconcelos, farmacêutica, naturopata e pós-graduada em medicina biológica integrativa, explicou à VISÃO o papel que as mitocôndrias desempenham na nossa sensação de cansaço.

A autora de vários livros na área da saúde e envelhecimento saudável quer colocar o cansaço em perspetiva. A causa para esta sensação e a falta de energia tem um nome: mitocôndria, um organito presente em cada célula do corpo que desempenha um papel central na regulação metabólica e produção de energia.

“Todos as manifestações de cansaço, física ou psicológicas, resolvem-se identificando a verdadeira causa e atuando sobre ela. Existe sempre desgaste mitocondrial”, refere a autora à VISÃO.

E não é por ir de férias, por exemplo, que o problema se resolve por si só. “O cansaço pós-férias é um fenómeno real, pois a maioria das situações de fadiga não passa com descanso e as pessoas vêm frustradas das férias. Neste meu livro, enfatizo diversas vezes a necessidade urgente de identificar a causa”, diz. “Na maioria das vezes existe uma doença na mitocôndria que deve ser tratada para evitar o surgimento mais tarde de patologias sistémicas mais graves”.

Pode perguntar-se se mais horas de sono podem ajudar nesta tentativa de diminuir esta condição, mas, segundo Alexandra Vasconcelos, “o sono pode não ser rejuvenescedor porque a fadiga está relacionada com desequilíbrios mitocondriais. Mesmo dormindo muitas horas, se as mitocôndrias não estiverem a funcionar corretamente, o corpo não consegue recuperar e acordamos cansados. O grau de fadiga é diretamente proporcional à doença mitocondrial”, explica.

A especialista acrescenta que “a fadiga cronica está relacionada com a disfunção mitocondrial, também conhecida como cansaço metabólico ou celular e indica que algo não está bem no organismo”.


Quais são os agressores mitocondriais?

É fundamental entender o que prejudica a mitocôndria, tanto os agressores externos como os internos. Ou seja, pensar não só nos tóxicos provenientes do ambiente onde estamos inseridos, mas também na forma como o nosso organismo consegue dar destino aos tóxicos que se produzem internamente, em consequência de processos metabólicos endógenos normais.

À medida que vamos envelhecendo, as nossas mitocôndrias também envelhecem, vão perdendo vitalidade e algumas vão morrendo. Faz parte do processo natural de envelhecimento, por isso ao longo dos anos vamos perdendo a vitalidade e ficamos mais cansados. Pensa-se que aos 40 anos a capacidade mitocondrial reduz-se para metade e que aos 70 anos temos metade da capacidade energética dos 40 anos. Então imagine que, entre os 40 e os 70 anos, a capacidade de trabalho e o número de mitocôndrias são reduzidos para metade. As mitocôndrias presentes são mais fracas, danificadas, disfuncionais e menos capazes de produzir energia. Entre os 20 e os 40 anos, acontece sensivelmente o mesmo, por isso, jovens com 20 e 30 anos podem sentir fadiga se se associar dano mitocondrial à perda natural da capacidade mitocondrial.

Neste livro vai aprender a aumentar as suas mitocôndrias, a melhorar a qualidade do seu sono, a minimizar o impacto negativo do stress no cérebro, obter indicações precisas para eliminar agentes agressores, como tóxicos provenientes do ambiente, alimentação, parasitas, desequilíbrio intestinal, alteração da produção dos metabolitos e das bactérias. Todos estes fatores inflamam o seu corpo e afetam a saúde da mitocôndria e o seu desempenho, ou seja, a produção de energia.

No esquema seguinte, deixo-lhe um resumo dos principais agressores da mitocôndria. Estes agressores funcionam como triggers (pontos gatilho) do modo de sobrevivência que vimos anteriormente e remetem para o funcionamento cuja produção energética faz apenas face às necessidades básicas de sobrevivência do organismo.

De acordo com o esquema, a falta de nutrientes vitais na nossa dieta é um dos principais fatores que danificam a mitocôndria. Comemos muito mais, pior e no final resulta em mais défice de nutrientes.
Porquê? Porque optamos por comida de plástico cheia de tóxicos e substâncias falsas que o nosso organismo não reconhece como nutrientes e nem sabe bem que destino lhes dar.

Não conseguindo livrar-se da maioria destes tóxicos, a nossa maquinaria metabólica simplesmente encosta estas substâncias em órgãos, tecidos e por todo o lado. Mas, apesar de arrumadas, estas substâncias continuam a inflamar-nos.

As toxinas bloqueiam as mitocôndrias e levam ao aumento do stress oxidativo e à libertação de espécies reativas de oxigénio (ERO), que tem como primeiro impacto a alteração na transferência de eletrões, o que danifica a estrutura das membranas e provoca a libertação de substâncias tóxicas. É claro que a mitocôndria afetada morfologicamente comprometerá o seu trabalho e haverá uma diminuição da produção de energia.

Se há desequilíbrio, ou seja, a exposição aos agressores é maior do que a capacidade de defesa, a sua mitocôndria funcionará em modo de sobrevivência, que é o que não queremos.

A RETER
Há muitos fatores que adoecem a mitocôndria.

PARA PENSAR
Se a inflamação crónica e a disfunção mitocondrial são a causa de doenças crónicas, autoimunes, degenerativas e da imunossenescência, porque não tratamos a mitocôndria?

A BOA NOTÍCIA
É possível renovar as nossas fábricas de energia de forma a triplicar a nossa vitalidade.

O QUE FAZER
Ajustar o nosso estilo de vida à nossa genética e incluir hábitos que protejam e revitalizem as mitocôndrias.

Como manter a mitocôndria saudável?

Para manter a nossa mitocôndria saudável, temos essencialmente que pensar em três aspetos:

  1. Retirar tudo o que lhe faz mal e a agride.
  2. Mimá-la dando-lhe tudo o que necessita de forma a reverter a disfunção (veremos na Parte 2).
  3. Identificar quem vive dentro de nós e nos rouba energia.

São sete os passos essenciais que temos de seguir para ter uma supermitocôndria:

  1. Eliminar os microrganismos patogénicos e as toxinas.
  2. Respeitar os ciclos da vida.
  3. Reprogramar o corpo e a mente.
  4. Tratar o intestino e o microbioma.
  5. O que comer para ter vitalidade e ganhar energia.
  6. O que suplementar para ter uma supermitocôndria.
  7. Equilibrar as hormonas e os neurotransmissores.

Técnicas rápidas para melhorar a capacidade mitocondrial

▶ Alternância entre frio e calor. Por exemplo, banho frio depois de fazer exercício ou do banho quente.
▶ Exercício físico com alternância de ritmos (HIIT – treino intermitente de alta intensidade).
▶ Técnicas respiratórias são ótimas ferramentas para restaurar a fadiga e o desempenho cerebral.
▶ Como estas práticas regulam o sistema nervoso, nomeadamente o equilíbrio entre o sistema nervoso simpático e o parassimpático*, falarei delas detalhadamente na Parte 3 deste livro.

*Responsável pelas ações espontâneas do corpo, como a respiração, os batimentos cardíacos, a digestão, o controlo da temperatura corporal, entre várias outras funções, administradas pelos sistemas simpático (o que entra em ação) e parassimpático (o que manda parar a ação).

Porque a energia é a chave central tanto para o sucesso como para a felicidade, nos próximos capítulos vamos saber exatamente como podemos aumentar a nossa energia e deixarmos de sentir cansaço.

A RETER
Existem duas causas básicas de fadiga:
1 – Ambientes externo e interno adversos.
2 – A mitocôndria entra em modo off.

PARA PENSAR
Tenho a certeza de que o segredo para a felicidade é ter energia!

A BOA NOTÍCIA
A mitocôndria tem de ser produtiva, mas para isso é necessário tratá-la bem, aumentando a capacidade de o organismo num todo lidar e proteger-se dos seus agressores. Aumentar a resiliência e a adaptabilidade é o grande objetivo e é possível.

Palavras-chave:

Mesmo que, muitas vezes, o papel das mulheres continue a ser relegado para segundo plano, a História está cheia de casais de artistas que trabalharam em conjunto. No caso de Charles e de Ray Eames, o preconceito é tal que já houve até quem achasse tratar-se de dois irmãos… Cada um tinha o seu estilo e, por isso, a dupla funcionava na perfeição. Charles adorava edifícios modernistas, linhas despojadas à la Frank Lloyd Wright, e tinha a cabeça orientada para as grandes ideias. Ray, por sua vez, estava sempre atenta aos pormenores, cuidava deles, além de ter um apurado sentido da diversão, a noção do impacto da cor.

Mal se casaram, Charles e Ray mudaram-se para a Costa Oeste dos EUA.

Na noite de Natal de 1949, foram estrear uma casa – uma casa especial que, hoje, é monumento nacional e acolhe milhares de visitantes por ano. Situada em Pacific Palisades, nos arredores de Los Angeles, EUA, a Eames House é, porventura, o maior exemplo da atitude do casal Eames em relação à vida e ao design.

Indústria O atelier de Charles e de Ray Eames – conhecido por 901 –trabalhou continuamente durante quatro décadas. Hoje, as suas peças são produzidas pela Vitra (na Europa) e pela Herman Miller (nos EUA) Fotos: Eames Office/Vitra

Começou por ser pensada como uma caixa de sapatos, já alguém observou, simples e austera. Foi construída como um enorme bloco de vidro e aço, rodeado de eucaliptos, com vista para o oceano Pacífico. Depois, Ray coloriu-a ao ponto de, por fora, dizerem que se assemelhava a uma composição do pintor holandês Piet Mondrian. Por dentro, Ray também a encheu de peças peculiares, mil e um brinquedos, pequenos objetos de que gostava – com a joie de vivre própria de um gabinete de curiosidades.

Na Eames House, os pormenores foram de tal maneira trabalhados (e subvertidos) que Ray chegou a pendurar alguns quadros no teto: assim, quando se deitavam no chão, os convidados podiam admirá-los plenamente. Demetrios Eames, o neto que atualmente se ocupa da preservação do legado do casal Eames, recorda-se bem do ambiente que se vivia na casa das Pacific Palisades. “Fez parte do meu crescimento”, conta à VISÃO, no campus da Vitra, em Weil am Rhein, no Sul da Alemanha, perto de Basileia.

“Antecipar as necessidades dos clientes”

Falamos de arte e, no entanto, não é exatamente de arte de que deveríamos falar. Não esqueçamos que a II Guerra Mundial tinha terminado há pouco e, pelo menos nos Estados Unidos da América, havia todo um novo modo de vida – o célebre american way of life, justamente – para implementar.

Nos arquivos da Vitra (que, com a Herman Miller, é uma das duas empresas que continuam a fabricar e a vender peças desenhadas pelos Eames), estão guardados muitos dos protótipos que nunca chegaram a ser produzidos. São “tentativas e erros” que permitem compreender o processo de trabalho do casal Eames, explica Stine Liv Buur, responsável pela secção de clássicos da Vitra. Afinal, a eterna pergunta no que diz respeito ao design: Charles e Ray privilegiavam a função em detrimento da forma? Responde Demetrios Eames: “A perspetiva deles era mais pôr o design a antecipar as necessidades dos clientes.”

A verdade é que, uns anos antes, os Eames já haviam respondido às necessidades da guerra. Charles e Ray trabalharam para a Marinha norte-americana ainda antes de 1945: forneciam talas e macas para pernas. Tudo o que aprenderam sobre contraplacado durante esse processo aplicaram-no, depois, às peças que mais tarde desenharam e comercializaram através do atelier.

“Eles não se viam como artistas”

Três perguntas a… Demetrios Eames, neto de Charles e de Ray Eames, diretor do Eames Office e autor de livros sobre o legado dos avós

Porque diz que a última coisa em que o casal Eames pensava era no aspeto das suas peças? 
Parece incrível, mas, se olharmos para os seus modelos e protótipos, percebemos que era o caso. O primeiro desenho que eles faziam era sempre para definir como o tecido encaixava…

Nesse sentido, não eram “artistas”? 
As pessoas chamavam-lhe artistas, mas eles não se viam enquanto tal. Na maior parte do tempo, estavam a desenhar para responder às necessidades dos outros. Essa era a sua abordagem. Esse era, na sua opinião, o papel do design.

O que significa, no seu entender, proteger o legado deles? 
É sobretudo tratar do design e da casa [Eames House, em Los Angeles]. E isto significa certificarmo-nos de que compreendemos determinados valores e, inclusivamente, introduzirmos alguns elementos como, por exemplo, sustentabilidade.

Com alguma ironia, Charles e Ray chamavam-se a si próprios “o arquiteto e a artista”. Mas, sem grandes dilemas e sobretudo com grande pragmatismo, Charles também tinha as respostas na ponta da língua: “Não fazemos arte; nós resolvemos problemas: como vamos do ponto em que estamos para o ponto em que queremos estar?” Para ele, o works good (“funciona bem”) estava sempre à frente do looks good (“é bonito”, numa tradução muito livre).

Nascido em 1907, em Saint Louis, no Missouri, Charles chegou a frequentar Arquitetura, na Universidade Washington. Não acabou o curso por, segundo reza a lenda, idolatrar Frank Lloyd Wright, que nessa altura ainda caía mal no gosto clássico de determinados professores. Charles resumiu o assunto de forma divertida: “Forças impõem ao jovem designer um sistema baseado numa fórmula estéril.” Por influência do arquiteto finlandês Eero Saarinen, de quem era muito amigo, foi estudar para a Cranbrook Academy of Art. E foi aí que, enquanto professor, conheceu Ray.

Ray é diminutivo familiar. Nasceu Bernice Alexandra Kaiser, em 1912, em Sacramento, na Califórnia. Estudou Pintura em Nova Iorque, com o expressionista alemão Hans Hofmann. Apesar das voltas que a vida deu, nunca achou que tivesse desistido da pintura. “Só mudei a minha paleta”, dizia. Como Charles, tinha uma enorme joie de vivre. Casaram-se em 1941, depois de Charles se divorciar da primeira mulher.

O neto costuma falar das cartas que Charles e Ray trocavam antes do casamento. “São uma das fontes mais importantes, ajudaram-me a entender quem eles eram”, explica. Para Demetrios, os Eames tinham uma visão da vida que não era apenas “romântica”, porque também envolvia trabalhar juntos – ou “talvez fosse extrarromântica por causa disso”, acrescenta.

A vida em Los Angeles

De Venice Beach a Hollywood, a vida em Los Angeles era, nessa época, bastante intensa. E os Eames não só não se poupavam como tinham os radares bem ligados: estavam atentos e interessavam-se por tudo. Charles acabara de ter contacto com a vida cultural do México, onde passou oito meses a viver de pequenos biscates. Ray, por seu lado, conhecia meio mundo da pintura nova-iorquina, admirava Lee Krasner e Jackson Pollock. Ambos gostavam de cinema. Hollywood era um esplendor de luz e de energia, e eles travaram amizade com algumas figuras, entre as quais, o realizador Billy Wilder, para quem Charles Eames chegou a projetar uma casa (nunca foi construída).

Joie de vivre” Nos arquivos da família Eames, estão guardadas fotografias que podem parecer despropositadas, mas que demonstram bem a alegria de viver do casal Fotos: Eames Office/Vitra

Charles e Ray queriam experimentar os novos materiais, do contraplacado ao alumínio, passando pela fibra de vidro. Não era só a vida que era indissociável do trabalho, era a vida que devia ser levada com prazer. Ainda hoje, nos arquivos da família, existem fotografias que à primeira vista podem parecer despropositadas, mas que demonstram bem essa alegria: Charles, com um ramo de flores nas mãos, a galantear uma mulher desenhada numa cadeira por Saul Steinberg (ver caixa O ilustrador, a cadeira e o gato); Charles e Ray presos à parede com os suportes das cadeiras. Nota ao leitor: reproduzimos ambas as fotos no decurso destas páginas, porque não há palavras que substituam uma boa imagem…

Dessa joie de vivre vem também o interesse por brinquedos, enquanto colecionadores, mas também enquanto designers. Experimentaram ainda outras artes, sobretudo fotografia, cinema e design gráfico (alguns dos seus filmes estão disponíveis no YouTube). Gostavam de documentar tudo aquilo que criavam, explicar todo o processo e, de certa maneira, não se importavam que se vissem as costuras do que depois faziam chegar ao mercado. “Aprender fazendo” – era um dos seus lemas. 

Plástico reciclado

O 901, como era conhecido o atelier Eames, na W. Washington Boulevard, em Los Angeles, trabalhou continuamente durante quatro décadas. Ao longo dos anos, passaram por lá alguns dos designers mais importantes: Don Albinson, Harry Bertoia, Annette del Zoppo, Peter Jon Pearce… No total, os Eames terão assinado cerca de 100 peças de mobiliário, sempre numa lógica de, a preços razoáveis, facilitar o dia a dia da classe média norte-americana. Algumas das peças ficaram na história do design do século XX, nomeadamente, a Low Chair Wood (de 1946, conhecida pelas siglas LCW e considerada pela revista Time como “a cadeira do século”) e a Lounge Chair and Ottoman (de 1956).

Charles morreu a 21 de agosto de 1978; por uma triste coincidência, Ray morreu exatamente no mesmo dia, dez anos depois. Em 2004, Lucia, a única filha de Charles, nascida do primeiro casamento, haveria de criar uma fundação para preservar o legado. Hoje, a Vitra prepara-se para substituir todos os assentos das cadeiras Eames por plástico reciclado. Nada foi desvirtuado e, no fundo, como explica Demetrios Eames, o que interessa é defender os valores com que Charles e Ray idealizaram as primeiras cadeiras de plástico produzidas com métodos industriais: “Conseguir o melhor para o maior número de pessoas e pelo mínimo possível.”

A VISÃO viajou para a Alemanha a convite da Vitra

O ilustrador, a cadeira e o gato

Descrevia-se a si próprio como “o escritor que desenha”. Nascido na Roménia, Saul Steinberg (1914-1999) tornou-se um dos ilustradores mais conhecidos dos EUA, em particular, pelos trabalhos publicados na revista The New Yorker (começou a colaborar em outubro de 1941 e assinou a primeira capa em 1945). Em 1945, fixou-se em Nova Iorque, onde fez amizade com alguns dos nomes da arte norte-americana de então. Foi próximo dos Eames e, por isso, colaborou com o casal em algumas peças – de um nu numa banheira a uma cadeira com o seu célebre gato, da qual, recentemente, a Vitra produziu uma edição exclusiva de 300 exemplares.

Chegou a Los Angeles em circunstâncias caricatas: contratado pela MGM para fazer de duplo em O Americano em Paris. “Fui contratado – ou, melhor, a minha mão foi contratada – para interpretar Gene Kelly a desenhar e a pintar. Mas Hollywood não era para mim”, contou, mais tarde, com sarcasmo. Aproveitou a estada para captar o ambiente da cidade da Costa Oeste. “Foi a primeira vez que vi uma cidade rodoviária, que serviria de modelo para o resto das nossas cidades. Los Angeles é a cidade vanguardista da paródia na arquitetura e até na Natureza (desfiladeiros e palmeiras). É difícil de desenhar, é uma armadilha, é como desenhar palhaços”, comentou.

Palavras-chave:

A Convenção Democrata não deu o empurrão que Kamala precisava nas sondagens. O «New York Times» já percebeu isso, ao comparar os dados atuais com os que existiam antes de Chicago, e isso pode tornar-se numa fonte de grande inquietação. Onde está Kamala, nas presidenciais americanas?

A nível nacional encontra-se à frente de Trump, por mais dois ou três pontos, mas no Colégio Presidencial a vantagem é de Trump, quando atribuídos os grandes eleitores dos estado já considerados vermelhos ou azuis. Para o «RealClearPolitics», que faz a sondagem das sondagens, a situação atual é esta: 219 dos necessários 270 já estão na coluna e Trump, e Kamala está com 208.

Ainda há 111 membros do Colégio por atribuir – sendo que a vitória num estado significa que todos votam no vencedor – e a proximidade dos números das sondagens em 7 estados decisivos deixa quase tudo em aberto. Atribuindo os indecisos, Kamala recolheria os 270 para chegar à Casa Branca, e Trump ficaria nos 268. Um resultado para dar confusão!

À distância de 63 dias, estas margens ínfimas, no fio da navalha, não dão um grande conforto. É óbvio, por esta altura, que qualquer um deles pode ser presidente, a ter em conta o que dizem centenas de inquéritos de opinião. A entrevista que Kamala deu à CNN não a alavancou, e tudo está concentrado, agora, no debate do dia 10, terça-feira. Será? Nunca um debate elegeu um presidente (nem Kennedy).

A Propósito: seis israelitas são executados a sangue-frio num túnel do Hamas em Gaza. Com um tiro na cabeça. Seis tiros. E milhares de israelitas vão para as ruas exigir que o Governo se renda. Que se demita. Que aceite qualquer coisa. Há, em Gaza, milhares de palestinianos a exigir que o Hamas se renda? Que acabe com o terror? Que aceite qualquer coisa, menos executar reféns?

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Pelo menos duas pessoas morreram e 10 ficaram feridas durante uma tempestade tropical que atingiu a ilha de Luzon, no norte das Filipinas. A tempestade Yagi, batizada de Enteng nas Filipinas, levou chuvas torrenciais ao norte do país e levou à emissão de alertas de inundação em Manila, capital do país, e ao cancelamento de vários voos internos.

As Filipinas registam cerca de 20 tufões e tempestades tropicais por ano, especialmente durante a estação das chuvas, que normalmente começa em junho e termina em novembro ou dezembro.

Para já, são apenas especulações, uma vez que nem a Lufthansa nem o Executivo querem comentar o assunto. Mas o que é certo é que Carsten Spohr, CEO da Lufthansa, reuniu esta segunda-feira, 2 de setembro, com o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz. O encontro, que foi ontem antecipado pelo Corriere della Sera (jornal italiano) foi solicitado pela Lufthansa, segundo uma fonte citada pela agência Reuters.

O Jornal de Negócios dava conta, esta manhã, de que o negócio entre a Lufthansa e o Executivo nacional estaria avaliado entre os €180 e os €200 milhões, o que avaliaria a TAP em pouco menos de mil milhões de euros.  

O Executivo de Montenegro tinha afirmado que em setembro queria dar seguimento ao dossiê da TAP. Recorde-se que depois de ter sido privatizada pelo Governo de Passos Coelho, a companhia aérea nacional foi renacionalizada durante a legislatura de António Costa. Os socialistas concordariam, mais tarde, com uma venda de pelo menos 51% da empresa – sobretudo devido às dificuldades que foram agravadas após a Covid-19 – e o atual Governo disse sempre querer acelerar esta reprivatização, embora ainda não tenha explicado qual o modelo que quer seguir para o realizar.

O processo para venda de mais de metade da companhia aérea foi, portanto, acordado em Conselho de Ministros em setembro de 2023. No entanto, nada mais foi feito, uma vez que o governo de António Costa cairia poucos meses depois, em dezembro.

A única coisa que tornou pública é que gostava de o fazer até ao final deste ano. A parte mais interessante deste negócio, para a companhia alemã, serão os slots da TAP para o Brasil, os países de língua oficial portuguesa em África e também algumas rotas diretas entre Lisboa e os EUA.

O alegado interesse da Lufthansa em 19,9% da TAP – a fatia que pode comprar sem que tenha de esperar pela autorização das autoridades europeias – acontece numa altura em que há várias movimentações no setor da aviação europeia. No entanto, é preciso realçar que, nesta altura, o Governo português deverá estar apenas a apurar quais os potenciais interessados, para que quando o negócio da reprivatização for oficializado, possa ocorrer de forma mais rápida, sem gastar tempo com propostas que sejam inconsequentes.

É isso, aliás, que explica também o Jornal de Negócios, que publicou esta tarde pormenores do encontro a que terá tido acesso. “O Negócios sabe que o Executivo explicou ao grupo alemão que o modelo da privatização da TAP não está fechado, estando ainda por definir a percentagem do capital a alienar e o tipo de operação de venda. Em termos indicativos, o calendário do Executivo aponta para o primeiro trimestre do próximo ano”, escreve ainda aquele jornal.

Consolidação preocupa Bruxelas

Pelo menos dois outros grandes representantes do setor – a IAG e a Air France-KLM – já manifestaram interesse na TAP, mas até agora ainda nada foi concretizado ou oficializado por qualquer uma das partes, segundo a informação pública. Fontes garantem que o Governo quererá ouvir ambos os grupos, mas esses encontros, até agora, ainda não aconteceram.

Recorde-se inda que a IAG – dona da British Airways – deixou cair recentemente a intenção de compra da Air Europa, depois de a Comissão Europeia obrigar a mais condições para aprovar a venda. Bruxelas está preocupada com a consolidação no setor que, apesar de necessária para que os resultados voltem a ser positivos, arrisca ficar demasiado concentrada nas mãos dos três principais grupos de aviação europeus. E, portanto, está ainda mais restritiva nas condições que impõe para que os negócios de aquisições e fusões aconteçam.

Fontes do setor dão conta de que a Lufthansa está confiante na preferência do Governo português em negociar com a companhia alemã, uma vez que esta preservaria a autonomia da TAP.  Recorde-se, novamente, que tudo isto são ainda especulações que carecem de confirmações oficiais.

Prejuízos, reestruturação e lucros

 A TAP, que foi, depois do resgate financeiro de 2020, sujeita a um plano de reestruturação, apresentou prejuízos no último trimestre de 2023 e no primeiro de 2024. No entanto, fechou as contas do primeiro semestre deste ano com saldo positivo, registando um resultado líquido de €400 mil.

 “O bom desempenho no segundo trimestre permite alcançar um resultado líquido positivo no semestre que, embora não significativo, é obtido pela segunda vez consecutiva, mas desta vez sem cortes salariais”, sublinhou, na altura, o responsável da TAP, Luís Rodrigues, em comunicado de imprensa.

Em resposta enviada à agência Lusa, a coordenadora do MP na região autónoma, Isabel Dias confirmou que “há um arguido já constituído”, depois de, na passada quinta-feira, a Polícia Judiciária ter anunciado que o fogo foi provocado pelo lançamento de foguetes numa festa particular na freguesia da Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, na zona oeste da ilha.

Na altura, a PJ não indicou se tinha efetuado detenções ou se tinham sido constituídos arguidos, com o DN/Madeira a avançar a constituição de um arguido no processo.

O incêndio deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. Só foi dado como “totalmente extinto” na segunda-feira, 26. Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais e das autoridades regionais apontam para mais de 5.100 hectares de área ardida.