Visão
Depois de um primeiro dia marcado por homenagens a Biden e pela intervenção surpresa de Kamala Harris, o segundo dia da Convenção Nacional Democrata, que decorre na cidade norte-americana de Chicago, contou com um muito aguardado discurso do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e da ex-primeira dama, Michelle Obama. Num discurso com cerca de meia hora, e muito aplaudido pelo público, o democrata homenageou Joe Biden, que serviu enquanto vice-presidente nos seus dois mandatos. “A História vai lembrar Joe Biden como um presidente excecional que defendeu a Democracia do perigo iminente”, referiu Obama.
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Obama dedicou também parte do seu discurso a Kamala Harris, adaptando o seu anterior slogan de campanha – que o levou à presidência do País em 2008 – “Yes, we can” (Sim, nós conseguimos) para “Ye, she can” (Sim, ela consegue). “Kamala Harris não vai estar focada nos seus problemas, vai estar focada nos vossos”, defendeu, durante aquela que era a intervenção mais esperada da noite. “Precisamos de um presidente que realmente queira saber dos milhões de pessoas que se levantam todos os dias e fazem trabalho essencial”, explicou o ex-líder americano. “Que defenda os vossos direitos a negociar melhores salários e condições de trabalho. Sim, ela pode”, continuou.
O vencedor das eleições de 2008 e 2012 relembrou todos os presentes na Convenção das origens da candidata democrata e do seu trabalho desenvolvido ao longo dos anos como a defesa de crianças vítimas de abusos sexuais e luta contra políticas bancárias agressivas. “Kamala não nasceu no privilégio, teve de trabalhar por tudo o que alcançou”, defendeu. “Vai trabalhar em prol de todos os americanos”, garantiu Obama.
O discurso ficou ainda marcado pela defesa dos ideais que levaram à construção dos Estados Unidos e da defesa da Democracia. “O nosso trabalho é convencer as pessoas de que a Democracia funciona. Não podemos apenas apontar para o que conquistámos, temos de desenhar um novo caminho para ir ao encontro dos desafios atuais”, mencionou.
“Juntos, podemos construir um país mais justo, mais igual e mais livre”, concluiu.
Críticas a Trump
O democrata aproveitou ainda o palco para criticar o adversário de Kamala Harris na Corrida à Casa Branca, Donald Trump, que descreveu como sendo um “milionário de 78 anos que não parou de se queixar dos seus problemas desde que desceu as escadas rolantes há nove anos”, afirmou, referindo-se a um momento em 2015, em Nova Iorque, em que Trump anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA, depois de descer as escadas rolantes da Trump Tower. Ademais, Obama caracterizou ainda o ex-presidente republicano como alguém que só está interessado em cortar os impostos para se beneficiar a si próprio e aos amigos milionários e que não está interessado em saber se as mulheres perderam os seus direitos reprodutivos, referindo-se à proibição do aborto em vários estados.
“Donald Trump vê o poder como nada mais que um meio para chegar aos seus fins”, acusou, lamentando as “alcunhas infantis” que Trump atribui aos seus adversários políticos bem como as teorias da conspiração que alimentada e “a estranha obsessão com o tamanho das multidões”. A meio do seu discurso, após mencionar o nome do candidato republicano, fez-se ouvir no recinto o desagrado da multidão em relação ao dono da Trump Tower. Na resposta, Obama instou: “não vaiem, votem!”.
O discurso de Michelle
Também a ex-primeira dama, Michelle Obama, discursou no segundo dia da Convenção e foi muito aplaudida pelos presentes. “Esta vai ser uma batalha difícil. Só temos dois meses e meio para conseguir fazer isto. Não nos podemos dar ao luxo de ficar sentados à espera que nos chamem. Estou a dizer-vos a todos: façam alguma coisa”, urgiu.
Também Michelle Obama reforçou o seu apoio a Kamala Harris, referindo-se que a candidata “está mais do que pronta para este momento”. “É uma das pessoas mais qualificadas de sempre a candidatar-se à presidência e uma das mais dignas. É a encarnação das histórias que contamos sobre este país”, defendeu.
A mulher de Barack Obama defendeu ainda sentir “algo maravilhosamente mágico” por todo o país. É o poder contagioso da esperança”, caracterizou. “América, a esperança está de volta”.
A Convenção Nacional Democrata decorre até amanhã, 22 de agosto, dia em que Kamala Harris será oficialmente nomeada a candidata democrata às presidenciais de novembro.
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A norte-americana Sceye foi fundada em 2014 e quer desenvolver uma solução para o acesso à Internet em comunidades remotas. O HAPS (High-Altitude Platform Station) é uma destas propostas: uma estação de elevada altitude que mede 65 metros, está cheia de hélio e, sem tripulação, consegue manter-se a pairar entre 60 mil e 65 mil pés (o equivalente a 18.288 a 19.812 metros).
Todo o ‘corpo’ desta estação está revestido por células solares que asseguram a captação de energia do Sol e que o HAPS consegue pairar a determinadas altitudes e coordenadas de GPS. Em teoria, esta aeronave pode manter-se nos ares durante meses a fio e pode ser usada depois para tarefas como fornecimento de acesso à Internet, monitorização do clima e do ambiente, vigilância para fogos florestais ou outras situações de perigo, noticia o New Atlas.
Clique nas imagens para ver o Sceye HAPS
O HAPS já faz parte de dois projetos nos Estados Unidos: um destinado a fornecer acesso de banda larga à Nação Navajo, a maior comunidade indígena no país, e outro de estudo e rastreio das emissões de metano no país.
No seu voo inaugural, em 2021, o HAPS conseguiu fornecer ligação LTE a um smartphone em terra e a uma distância recorde de 140 quilómetros. Agora, a empresa atingiu outro marco importante, ao demonstrar a capacidade de recarregar as baterias em pleno voo e usando essa energia para pairar durante a noite. Stephabie Luongo, chefe da missão, descreve que “o voo foi uma importante demonstração do desempenho e resiliência da nossa plataforma”.
Com mais de 20 voos de testes já realizados, a empresa quer realizar mais dois ainda este ano e prevê um lançamento comercial já para 2025.
Veja o vídeo
A Riberalves Imobiliária apresentou à autoridade de avaliação de impacte ambiental (AIA), no início do mês, a alteração do projeto do Conjunto Turístico da Praia dos Moinhos em Alcochete, que se encontra atualmente em fase de participação pública.
Agora, o novo projeto – que visa o aproveitamento das edificações preexistentes das antigas secas do bacalhau pertencentes originariamente à Sociedade Nacional de Armadores de Bacalhau e à Sociedade Europeia de Aquacultura – contempla 936 camas (apartamentos e camas turísticas), numa área de implantação de 16.526,60 metros quadrados.
A empresa, que integra o grupo Riberalves, declara que este projeto, cujos primeiros estudos remontam a agosto de 2004, “não implica qualquer aumento da área de implantação do edificado em relação aos edifícios preexistentes e licenciados” e que esta reformulação reduz o número de apartamentos e de camas propostos, assegurando “o aumento do afastamento da implantação dos edifícios às Salinas”. Em comunicado enviado à VISÃO, a Riberalves Imobiliária afirma, assim, que esta é “uma ocupação claramente defensora do Ambiente e da Avifauna, quando comparada com aquela que poderia ocorrer no território na ausência deste projeto”.
O novo projeto não só é mais benéfico para a fauna e a flora, como pela questão social e económica
bernardo alves, responsável da riberalves imobiliária
À VISÃO Bernardo Alves, responsável da Riberalves Imobiliária, explica que no terreno, neste momento, são armazéns e que “não são edifícios devolutos ou que não têm utilização. Nós é que não queremos utilizá-lo para este fim e, como investidores, queremos tirar todo o potencial do terreno”. O cenário de armazenagem, diz, “é pior do que o se propõe”. O novo projeto “não só é mais benéfico para a fauna e a flora, como pela questão social e económica”.
O antigo plano foi criticado, no ano passado, pela associação ambientalista Zero, referindo que este afetava “significativamente e de forma irreversível a manutenção do estado de conservação favorável dos habitats e das populações de espécies protegidos com perturbação da zona de praia e das zonas de salinas, a leste e a sul, com grande potencial enquanto habitat para a avifauna”.
Mas o novo esboço tem outros contornos e prevê-se que com menos impacto ambiental. Por entre as novas medidas, “foram reforçadas as propostas de medidas de compensação e de minimização dos impactes”. A título exemplificativo, estão previstas: “a intervenção nos cabos elétricos nas imediações das salinas, a construção de barreiras ao longo da estrada que contorna as salinas, a fim de diminuir a perturbação das aves que utilizam as salinas; e o condicionamento de movimentação de pessoas e viaturas na estrada ao longo das salinas”.
Além disso, propõe-se, ainda, “a recuperação das salinas o Brito e das salinas do Vale de Frades, bem como um plano de monitorização no decurso da execução do projeto para avaliar a evolução das espécies de interesse conservacionista; e a recuperação da vegetação dunar e a erradicação das espécies invasoras”.
Assim, com as novas propostas e o novo projeto, Bernardo Alves admite à VISÃO que associações como a Zero “vão ter hipótese de reequacionar a sua posição sobre o tema”.
Segundo o administrador da empresa, “o projeto representa entre 100 a 120 milhões de euros de investimento e está prevista a criação de cerca de 150 postos de trabalho”. Apesar de ainda não estar definido, “o financiamento dependerá do modelo económico a seguir” e o projeto deve estar concluído nos próximos três a quatro anos.
O novo projeto vai estar em consulta pública até 28 de agosto.
É agosto, turistas e tuk-tuks sobem e descem as ruas movimentadas do Chiado, enchendo o ar de uma energia fervilhante. Porém, ao atravessar a porta da galeria da Brotéria, localizada no epicentro do reboliço, a calma e o silêncio apanham-nos de surpresa.
Num primeiro instante somos imobilizados pela escuridão inesperada. Aos poucos, é possível escrutinar uma quantidade infindável de cabos náuticos emaranhados no chão, uma ténue luz encarnada e baforadas de fumo. O ambiente recorda um cais abandonado às duas ou três da manhã, um lugar de todos e de ninguém, que intimida e fascina.

Há algo de magnético naquela visão de silêncio, na dúvida que se instala: “Podemos avançar? É seguro? É suposto?”. Inquietações que, de resto, ter-nos-ão assaltado noutras situações da vida. De repente, uma voz corta a escuridão. “Porque esperas ainda? Tanto nada”. A frase soa a convite e avançamos mais um pouco.
Passaram-se quase dez minutos e nem demos por eles. Continuamos à espera. Do quê? De mais uma frase, mais uma indicação, de nos sentirmos em paz no escuro, de ganharmos coragem para pisar as cordas no chão e entregarmo-nos às nossas próprias questões. À espera de conseguir fazer do silêncio e da escuridão um espaço de diálogo e luz internos.
A próxima pergunta não tarda em chegar. “Porque esperas o que já não tens?”. São oito, ao todo. Uma seleção muito curta se pensarmos que Samuel Silva, artista responsável pela exposição Rémiges Cansadas, escolheu-as a partir das mais de 40 perguntas que encontrou no poema-objeto País de Deus, escrito pelo monge poeta Daniel Faria, em 1991, e oferecido a um amigo como presente do primeiro passo deste para o sacerdócio.
Rémiges como as penas que orientam o voo dos pássaros. Cansadas como se sentiria qualquer um após um “voo” de cerca de cinco horas através de um poema com 40 metros, escrito em papel de caixa registadora, religiosamente enrolado dentro de um pote de barro, onde, em tempos, se encontravam também pequenos búzios.
Na segunda sala, uma escultura de chumbo suspensa, cuja forma insinua uma cóclea [osso do ouvido interno] recorda-nos o poder da escuta, evocando a forma dos búzios onde ouvimos o mar, mesmo que o mar não se encontre realmente lá dentro.
A escuta, ou que queremos escutar, está assim suspensa sobre o cabos náuticos que nos obrigam a abrandar, a escolher onde pôr os pés, desenrolando-se pelo chão como as palavras se desenrolam pelo ar. É talvez esta a forma do silêncio.
Não é a primeira vez que Samuel Silva dá corpo aos poemas de Daniel Faria. Há quatro anos que o trabalho do artista orbita em torno da obra do poeta. A primeira vez que Samuel foi atingido pelas palavras simples, mas que simultaneamente pareciam “granadas” de significado, conta, “aconteceu enquanto ouvia uma entrevista ao cardeal D. Tolentino de Mendonça”.
A partir daí, o amor às palavras do monge que, morrendo aos 28 anos, deixou uma poderosa obra poética, transformou-se, em 2021, nas instalações Escuto o Calcanhar do Pássaro, exposta na KubikGallery, no Porto, e Levitação, apresentada na Casa da Arquitetura de Matosinhos.
Este ano, a convite da Brotéria e do responsável pela Galeria, João Sarmento sj, Samuel realizou Rémiges Cansadas, com curadoria de Álvaro Moreira, aquela que pensa ser a última obra do ciclo de trabalho em torno de Daniel Faria, completando um tríptico pautado pela materialização da palavra escrita, através de uma exposição onde o silêncio e o convite à reflexão dominam o ambiente, tentando “resumir a ideia de condição humana, do ser humano e da sua circunstância”.
Rémiges Cansadas > Brotéria > R. de São Pedro de Alcântara, 3, Lisboa > até 7 set, seg-sáb 10h-18h > grátis
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O Asus Vivobook S 15 é o primeiro computador Copilot+ que nos chega às mãos. Será mesmo o início de uma nova era para as máquinas equipadas com o sistema operativo Windows? Ou a força do marketing é superior às reais vantagens que esperam os utilizadores nestes equipamentos? Entramos em detalhe no hardware e no software para perceber os pontos positivos e negativos desta nova geração de dispositivos.

Vivobook S 15 Copilot+: Que classe!
Comecemos pelo hardware propriamente dito, pois esse continua a ser um elemento importante (até para que haja diferenciação entre os portáteis Copilot+). E aqui parece-nos que a Asus começa com o pé direito. O novo Vivobook é uma máquina de uma elegância exímia. Quando fechado, apreciamos muito o pormenor do entalhe que existe na parte inferior da tampa, assim como as linhas arredondadas do chassis no geral. Efeitos que destacam-se ainda mais pelo facto de este ser um portátil de espessura reduzida. Isto conjugado com a construção em alumínio e a cor prateada, e temos uma máquina de design simples, mas altamente atrativa ao mesmo tempo. E muito sólida, queremos sublinhar também, não havendo aqui lugar para rangidos ou estalidos.

A qualidade estende-se pelo momento em que ligamos o computador e vemos o ecrã pela primeira vez. Sem sombra de dúvidas, um dos melhores ecrãs que já vimos num computador portátil. Este painel OLED dá-nos uma profundidade nos tons pretos muito boa e contrastes excelentes, cores de perfil saturado e imagens globalmente cativantes. Conte também com uma nitidez apurada, graças à resolução elevada do ecrã, e uma taxa de atualização de 120 Hz para grande fluidez visual. O maior ‘senão’ são os reflexos notórios quando há muita iluminação à nossa volta, mas o muito bom nível de brilho que é capaz de atingir ajuda a mitigar esta questão. E o som não ficou por mãos alheias, com o portátil a entregar um áudio com muita amplitude, boa definição e contenção de agudos.

Um apontamento ainda para o teclado, de teclas largas, bem espaçadas, de resposta rápida e bom feedback, que permite uma escrita rápida e confortável. A Asus, bem, inclui um teclado numérico dedicado, mas de teclas mais compactas, mantendo a funcionalidade, mas sem afetar em demasia as teclas principais. Um pormenor que apreciamos bastante é o sistema de retroiluminação RGB do teclado, muito subtil e elegante, conferindo uma estética diferenciadora, mas não agressiva, a este portátil, sobretudo quando escrevemos à noite. Já o trackpad é generoso em tamanho, suave no toque, mas a resposta dos botões podia ser mais vincada.
Será que é desta?
A ideia de ter portáteis Windows ‘movidos’ a chips com arquitetura ARM não é nova (quem se lembra do Surface RT ou do Surface X?). Mas desta vez a Microsoft e os seus parceiros (como a Asus) acreditam que estão reunidas as condições para, finalmente, fazer vingar esta fórmula. Para isso, foram lançados vários novos computadores equipados com o chip Snapdragon X Elite (12 núcleos; há uma outra versão, chamada X Plus, com 10 núcleos) que vem rivalizar diretamente com o Apple Sillicon M3 no sentido de entregar elevada performance, baixo consumo energético e potenciar também novas funcionalidades baseadas em Inteligência Artificial.
Há claramente uma área na qual sentimos, muito rapidamente, esta mudança, que é na autonomia. A trabalhar desligado da tomada, vamos acumulando horas de utilização sem que o impacto na autonomia seja significativo e dá mesmo para um dia inteiro de utilização sem problema. Recorrendo aos testes de desempenho, conseguimos 14 horas de autonomia (apesar de ser o PCMark que usámos noutros portáteis, aqui estamos limitados à versão Applications e os resultados devem ser tidos em consideração com este elemento), o que é um resultado muito bom para o tipo de máquina que é (fina e leve) e a performance que disponibiliza.

E atiramos aqui a palavra performance de forma propositada, pois sentimos também diferenças (para melhor) na forma como a experiência global do Windows ‘flui’ com este processador. O processo de ligar, desligar e ‘acordar’ o computador depois de o hibernarmos é muito rápido, o arranque das aplicações é feita de forma célere, conseguimos ter várias apps abertas em simultâneo e o browser carregado com vários separadores, conseguimos fazer as principais tarefas de produtividade do dia a dia sem problemas… Aliás, não sabendo de antemão, passaria bem por um portátil equipado com chips da AMD ou Intel. Os resultados dos benchmarks também dão-nos números muito bons naquilo que são tarefas que tiram partido do processamento ‘puro’, seja num único núcleo ou em multinúcleo.
Também sentimos por outro lado que nem tudo está limado. Tivemos vários erros e ‘crashes’, como há muito não víamos, em diferentes aplicações – do navegador Opera, à importação de fotografias de um smartphone Android, a testes de desempenho que fizeram o computador reiniciar uma e outra vez, até à própria aplicação Asus StoryCube ‘congelada’.
E importa falar de um aspeto relevante. Ao apostar num processador de arquitetura ARM, isto significa que não seria, em teoria, imediatamente compatível com muitas das aplicações e programas que já existem para Windows (feitas na arquitetura x86 da Intel). Desta vez, a Microsoft (bem) decidiu assumir o peso, criando um emulador (chamado Prism) que permite executar apps x86 num processador ARM de forma automática. Se é verdade que na maior parte das aplicações (e nas mais populares) não sentimos problemas, conseguindo usar o OBS, o VLC, o Irfanview, o Audacity, Amazon Prime Video e outros sem problema, também é verdade que não conseguimos instalar alguns programas (incluindo o próprio Armoury Crate da Asus ou os jogos Fortnite, Valorant e Ghost of Tsushima). O que significa que apesar de a Microsoft andar há anos a preparar o suporte do Windows e das suas aplicações para ARM, ainda há muitas arestas por limar, o que não seria desejável ao fim de tanto tempo e depois de tanto alarido com os portáteis Copilot+.

E, claramente, estes portáteis não estão talhados para videojogos. Os resultados nos benchmarks de gaming são meramente satisfatórios, em linha com portáteis equipados com a gráfica discreta Intel Iris Xe, e por isso há aqui margem para melhorar.
Outra novidade deste processador é que tem uma unidade de processamento de IA dedicada (conhecida como NPU), que permite executar, localmente, várias tarefas e algoritmos especializados de IA. Aliás, é por isso que este é um dos primeiros computadores Copilot+ do mercado. Mas sobre este tema o melhor é ler o que temos a dizer mais abaixo.
Em resumo, mesmo que acabe por não ficar convencido com a vertente de IA (e nós não ficamos totalmente convencidos…), este portátil vale por si só e pelo preço que a marca pede, conjugando um muito bom desempenho para as tarefas do dia a dia, autonomia muito boa, qualidade de construção aprimorada e uma experiência de visualização bem acima da média.
Vivobook S 15 Copilot+: Na era da IA
Antes de entrarmos na análise das funcionalidades, parece-nos importante explicar, de forma resumida, o que está a acontecer com os computadores Windows. Na prática, existe agora uma nova categoria de computadores, que recebe a designação Copilot+. Sempre que vir este nome associado a um portátil, sabe que é uma máquina otimizada e compatível com as funcionalidades de IA do Windows 11.
No entanto, parece-nos que a Microsoft está a criar uma confusão em torno dos nomes. Temos, por um lado, o Copilot, que é o assistente digital da empresa (o equivalente ao ChatGPT da OpenAI). Temos depois o Copilot Pro, que é o serviço de subscrição que permite aceder à versão mais avançada do Copilot associada aos produtos Office. E temos o Copilot+, que define os computadores que suportam a suite de funcionalidades de IA do Windows (sendo uma delas o Copilot). Confuso? No mínimo.
Mas o que isto significa em termos de experiência de utilização? Aquele que sentimos mais é o destaque que o assistente Copilot passa a ter. Temos uma tecla dedicada (do lado direito da barra de espaço) que permite invocar o assistente, com o qual podemos depois ‘falar’, fazendo pedidos, perguntas ou até gerar imagens. Na prática, é uma forma mais integrada e prática de usar o sistema que está disponível para todos os utilizadores através da web. Mas em termos de inteligência, é igual à versão web, não conseguindo interagir com as aplicações instaladas e ficheiros disponíveis no computador – o que nos parece uma oportunidade perdida nesta fase.
Há sim funcionalidades que são específicas dos computadores Copilot+ como este Asus Vivobook 15 S. Aqui exploramos algumas.
Cocreador: Disponível no ‘velhinho’ Paint, esta funcionalidade transforma rabiscos em desenhos de aspeto mais profissional. Combina uma mistura de comandos visuais (o nosso desenho) e uma descrição em texto para gerar o resultado mais próximo possível daquilo que tínhamos imaginado. Tem inclusive um nivelador que nos permite indicar o nível de criatividade que queremos dar ao sistema de IA (quanto mais criatividade damos, menos segue as especificações dos nossos comandos). Gostamos do facto de podermos ir ajustando a imagem de forma gradual (agora ajusta aqui, agora muda ali) e do facto de o sistema atualizar a imagem gerada em poucos segundos. No entanto, por vezes, a geração da primeira imagem pode ser lenta e nem sempre a imagem gerada replica bem as indicações dos nossos rabiscos.

Efeitos de estúdio: Esta opção permite aplicar algoritmos de IA na videoconferência. Podemos ativar opções para enquadramento automático de imagem (zoom automático quando nos mexemos), contacto visual (basicamente, o sistema faz com que os nossos olhos estejam sempre focados na câmara, mesmo que estejamos a olhar para o lado), podemos aplicar efeitos de desfoque parciais ou completos e também ajustar a luminosidade, entre outros. Não sendo funcionalidades estreantes em portáteis, nem revolucionárias, durante os nossos testes funcionaram sempre bem. Já os filtros criativos, ainda que funcionem, parecem-nos pouco úteis.

Legendas ao vivo: É como o nome indica: o computador ‘ouve’ o som que está a ser emitido e gera legendas. Pode ser num vídeo do YouTube ou numa videochamada. Está disponível em vários idiomas. Inglês pareceu-nos o mais eficaz, de longe. Português mostrou uma eficácia bastante aceitável, mas não é totalmente certeiro. Uma das funcionalidades de proa, a tradução em tempo real, só está disponível, para já, em inglês (ou seja, é possível traduzir em tempo real de português para inglês, mas não ao contrário). E consideramos que podia ter mais opções disponíveis, como exportar o texto gerado na tradução, para usar mais tarde num documento.

Super Resolução Automática: Este sistema usa a capacidade da IA para gerar frames adicionais, aumentando a fluidez dos jogos. Esta opção está ativada por definição (pode encontrá-la nas opções de visualização do Windows). Acabamos por não tirar partido dela, pois dos jogos que tentámos testar, nenhum era compatível com o computador.
Story Cube: Em cima do Windows, as marcas também podem explorar o potencial da IA com aplicações próprias. A Asus fá-lo através da supressão de ruído em reuniões online, através de uma maior segurança (bloqueia o ecrã automaticamente quando deteta que o utilizador não está em frente ao computador), mas a mais diferenciadora das aplicações chama-se Story Cube. É uma espécie de Google Fotos da Asus, que permite organizar, editar e partilhar fotografias de forma mais simples e automática.
Tome Nota
Asus Vivobook S 15 Copilot+ €1399,99
asus.com/pt
Benchmarks PCMark 10 Applications: 13140 • Word 7238 • Excel 23902 • PowerPoint 11726 • Edge 14699 • 3DMark: Wild Life 19550 • Wild Life Extreme 6350 • • Night Raid 25923 • Cinebench R23 Single/Multi 1074/10184 (MP 9,48x) • Cinebench 2024 Single/Multi 107/945 (MP 8.85x) • Geekbench 6 Single/Multi 2450/14415 • GPU 20653 • Geekbench ML 2978 • Final Fantasy XV (FHD, Standard) 2516 (Slightly Low) • Autonomia (PCMark 10 Applications) 15h43 min
Ecrã Excelente
Produtividade Muito bom
Jogos Fraco
Conetividade Muito bom
Características Ecrã OLED 15,6”, 2880×1620 p, 120 Hz, 600 nits (máx.) • Proc. Snapdragon X Elite X1E 78 100, GPU Adreno, NPU Hexagon • 16 GB RAM LPDDR5X, 1 TB SSD (PCIe 4.0) • Wi-Fi 7, BT 5.4 • 2xUSB-A (3.2), 2xUSB-C (4.0), 1xHDMI (2.1), áudio 3,5 mm, leitor cartões microSD • Bateria: 70 WHr • 352,6×226,9×15,9 mm • 1,42 kg
Desempenho: 4
Características: 4
Qualidade/preço: 4
Global: 4
Perdoem-me os leitores se ofendi com este início de texto, mas garanto que o que tinha pensado inicialmente era muito pior. Há anos que o fenómeno se disseminou, mas tenho-o notado a aumentar consideravelmente, e às tantas é um flagelo social de que pouco se fala: o facto de as pessoas não saberem estar de férias. Um tempo pelo qual suspiram durante todas as semanas em que estão a trabalhar – vá-se entender.
Mas comecemos pelo início, e não há nada como voltar à origem etimológica das palavras para nos ajudar quando precisamos de explicar algo: do latim “feria, -ae, singular de feriae, -arum, dias de descanso, dias feriados, férias” (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha]).
Em Portugal, a lei determina que o período de férias não pode ser inferior a 22 dias úteis por ano. No grande esquema das coisas, nem sequer estamos a falar de uma enormidade de dias. Quatro semanas – pouco mais – das 52 que compõem o ano civil. Muitas pessoas queixam-se de que é pouco tempo, aquele que temos dedicado ao descanso, e talvez por isso me deixe cada vez mais preocupada a forma como as estamos a viver.
Em 2018, um estudo do instituto Gallup que considerou 7,5 mil profissionais norte-americanos demonstrou que 67% deles sofriam de burnout (ou esgotamento). Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o burnout na Classificação Internacional de Doenças, definindo-o como “fenómeno ocupacional” e não como condição médica.
Uma outra investigação, levada a cabo em fevereiro de 2023 pelo Future Form, reuniu 10 243 profissionais de várias partes do mundo e revelou novos dados: 42% dos participantes sofriam de burnout – o número mais elevado desde maio de 2021. O fenómeno, que não é novo, registou um pico durante a pandemia de Covid-19, mas quatro anos depois não há muitos sinais de abrandamento. Aliás, bem pelo contrário. Com todos os dados e números na mão, os alarmes soam ainda mais estridentes: por que não conseguimos descansar quando devemos?
Grande parte das vezes por [mau] exemplo das lideranças, os trabalhadores não conseguem passar os seus períodos de descanso – obrigatórios por lei! – sem verificar emails, responder a mensagens ou atender telefonemas. A disseminação dos computadores portáteis e dos smartphones veio agravar uma tendência que parece resistir a todas as regras do “Direito a Desligar”.
Faça o exercício comigo: quantas mensagens automáticas recebe, de pessoas que estão em férias, que dizem “Estou de férias e com acesso limitado ao email”? Aposto consigo que são mais de 90% dos casos. E até lhe digo como tenho tanta certeza. Porque praticamente ninguém lê a mensagem automática que recebe do meu email, durante as minhas férias, e que diz o seguinte: “Estou de férias até dia X. Durante este tempo todos os emails vão ser automaticamente apagados. Se a sua mensagem continuar a fazer sentido depois dessa data, por favor volte a enviar. Para assuntos URGENTES contacte Y”. O que significa que eu passo muito tempo a recusar chamadas ou a, no meu regresso, receber emails que dizem: “não viu o email abaixo?”. Não. Não vi. Porque durante as férias não vejo emails. Nem mensagens de trabalho – a menos que seja sem querer. Nem atendo telefonemas que não sejam antecedidos por um sms a dizer “Urgente!”.
Uma mensagem automática de email, em período de férias, que diga que alguém vai ter acesso limitado ao correio eletrónico devia ser proibida por todas as chefias deste País. Por uma razão simples: em tempo de férias não se trabalha. Se houver uma urgência, qualquer pessoa pode ser contactada pelo telefone. Mas nada disso deve acontecer a menos que seja uma urgência. Daquelas com letra maiúscula e a negrito.
É espantoso, na mesma medida, que figuras com responsabilidade pública como é o caso de Marcelo Rebelo de Sousa, insistam em referir que durante o tempo de férias vão ler este ou aquele documento oficial – mesmo que o façam, não o devem dizer publicamente. Por uma questão simples: estão a passar a mensagem de que se deve trabalhar nas férias. E isso não só é errado, como vai contra a lei.
Numa altura em que tanto se fala de saúde mental e em que empresas e Estado se esforçam por mostrar que estão preocupados com o assunto, não deixa de ser alarmante perceber que são poucos os que dão importância a algo que seria muito simples: respeitar o tempo de descanso das pessoas, dando exemplo sempre que a isso forem chamados. E confiem em mim. O mundo não acaba quando tiramos férias. É muito palerma pensar que somos assim tão insubstituíveis no nosso trabalho. Para as empresas nunca seremos. Para os nossos, quando ficarmos doentes ou pior à conta desta cultura absurda de mostrar que estamos sempre disponíveis, será uma tragédia.
No dia de abertura da Convenção Nacional Democrata, em Chicago, Joe Biden foi agraciado com uma longa (quatro minutos) ovação de pé por parte de milhares de democratas. Seguiu-se um discurso de uma hora, em que o mais velho presidente da História dos EUA voltou a tirar as luvas, como tem feito desde que deu lugar a Kamala Harris na corrida presidencial, para esmurrar Donald Trump (metaforicamente falando, claro, ou não vá alguém voltar a falar da vez em que Biden usou a expressão “alvo” quando se referiu ao seu adversário). Durante e no final do discurso, Biden comoveu-se várias vezes com a reação do público.
A ovação entusiástica e contínua tem três razões de ser.
Primeiro, Biden é o herói, o salvador dos EUA, que em 2020 impediu o que seria um catastrófico segundo mandato de Trump, ao vencer as eleições – castastrófico para as próprias fundações da democracia americana e para o mundo.
Segundo, o 46º presidente dos EUA fez um excelente mandato, com indicadores económicos e sociais extraordinários, colando os cacos que Trump deixou para trás.
A terceira causa para a aclamação em Chicago é… ter tido o discernimento de se afastar e dar lugar a Kamala Harris.
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1. Raia frita com milhos de tomate, por Miguel Castro e Silva
Ingredientes
1 raia (120 g por pessoa)
150 g de cebola picada
250 g de tomate-coração-de-boi em cubos
50 ml de azeite
750 ml de caldo
4 chávenas de café de sêmola de milho (4x40g=160g)
Farinha de milho
Sal
Salsa
Para o caldo
750 ml de água
1 cebola
3 dentes de alho
1 cenoura
1 folha de louro
salsa
pimenta preta
Tomilho
Preparação
Para o caldo, cozer, em água e lume brando, 1 cebola, 3 dentes de alho, 1 cenoura cortada em pedaços, 1 folha de louro, uns pés de salsa, pimenta preta e um pouco de tomilho. Suar no azeite a cebola finamente picada, adicionar o tomate e deixar secar.
Juntar o caldo e, quando ferver, juntar a sêmola, mexendo com a ajuda de varas. Deixar cozer uns minutos em lume brando. Se os milhos estiverem muito secos, acrescentar caldo.
Finalizar com mais um pouco de tomate. Cortar a raia em tiras finas (idealmente na fiambreira – 1,5 mm). Lavar e demolhar de 20 a 30 minutos. Secar bem. Passar por farinha de milho e fritar.
2. Sopa de tomate com tosta de pão, por Leopoldo Calhau

Ingredientes
1,5 kg de tomate-coração-de-boi
1 pimento vermelho
300 g de cebolas
200 g de tomate seco
8 ovos biológicos
8 fatias de pão tradicional de Suçães (Mirandela) aa
Azeite virgem extra
Sal
Pimenta-preta
Orégãos
Preparação
Picar a cebola, pelar o tomate e cortá-lo em cubos. Assar o pimento, retirar a pele e as sementes e cortá-lo em brunesa. Refogar os 3 ingredientes juntamente com o tomate seco (também em brunesa). Deixar em lume brando cerca de 30 minutos.
Bater 4 ovos inteiros, temperar com sal e pimenta-preta. Adicionar os ovos ao preparado e envolver. Os ovos devem ficar cremosos.
Colocar um pouco de orégãos por cima e servir com pão torrado.
3. Pasta de beringela e tomate, por Miguel Castro e Silva

Ingredientes
3 beringelas
500 g de tomate
750 g de cebola
125 ml de azeite
Alho
Sumo de limão
Ras el hanout (mistura de especiarias do Médio Oriente e norte de África)
Piripiri
Sal
Salsa
Preparação
Abrir as beringelas ao meio pelo comprido, salgar um pouco, regar com azeite e levar a assar, com a pele para cima, por 30 minutos a 220 graus. Deixar arrefecer e cortar em cubos.
Suar a cebola e o alho picados no restante azeite, adicionar a beringela, o tomate e os temperos. Quando cozinhado, finalizar com o sumo de limão e a salsa picada.
4. Milhos de tomate à Douro, por Graça Gomes

Ingredientes
500 g de tomate coração de boi
1 cebola
1 folha de louro
100 g de sêmola de milho
Sal
Preparação
Colocar num tacho o azeite, a cebola bem picada e deixar alourar ligeiramente. Adicionar o tomate-coração-de-boi, depois de passado pelo passevite, e o sal.
Deixar refogar em lume brando durante 20 minutos. Colocar 300 ml de água e deixar ferver durante 5 minutos. Lentamente, adicionar a sêmola, depois de devidamente hidratada.
Sempre em lume brando, e mexendo constantemente, deixar cozinhar por mais 10 minutos. Retificar os temperos.
5. Salada de filetes de cavala e tomate, por Vítor Sobral

Ingredientes
Cebola marinada
300 g de cebola roxa em rodelas finas
1,5 dl de vinagre de vinho branco
5 g de sal marinho
10 g de mel
Filetes de cavala
2 latas de filetes de cavala em conserva
0,3 dl de vinagre de vinho branco
0,1 dl de azeite virgem extra
1 c. sopa de tomilho limão
1 c. chá de sal marinho tradicional
1 c. chá de sementes de sésamo
1 c. café de óleo de sésamo
Tomate-coração-de-boi
Preparação
Colocar a cebola a marinar em sal durante 30 minutos. A seguir, temperar com o vinagre e o mel. Reservar.
Pelar o tomate, cortar em gomos, dispor numa travessa e acrescentar os filetes de cavala (temperados com os ingredientes acima indicados) e a marinada de cebola roxa.

O livro Tomate-Coração-de-Boi: A Outra Riqueza do Vale Mágico, da autoria da Greengrape, é acompanhado de um manual de boas práticas e de um mapa das 38 quintas, onde se cultiva este fruto carnudo e suculento do Douro. Pode ser descarregado gratuitamente em tomate-coracao-de-boi-do-douro.com.