O despacho, que iliba o atual presidente, Rui Costa, acusa ainda o antigo assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves, e a SAD do Vitória de Setúbal.

Em causa está, segundo a acusação, um alegado esquema, que teve como mentor Luís Filipe Vieira e que teria como objetivo a subversão da verdade desportiva pelo controlo de outros clubes para facilitarem ao Benfica nos jogos de confronto direto.

A investigação da Polícia Judiciária, realizada entre 2016 e 2019, também se debruçou sobre a atuação da equipa do Vitória em jogos contra o Benfica, tendo concluído que o clube da Luz foi beneficiado pela má atuação em campo, alegadamente propositada, de alguns atletas adversários.

Sou uma sortuda. Tenho a sorte de trabalhar numa área que gosto e que me deixa feliz – as pessoas. Sentir, ao final do dia, que o resultado do meu trabalho muda a vida das pessoas (para melhor, claro) dá-me um sentido de propósito que me faz acordar de manhã com vontade de trabalhar. Sei que isto não acontece com grande parte da população mas ainda assim, quem é que, hoje em dia, está disposto a manter-se em empresas ou trabalhos que não inspiram?

Ao longo do tempo as pessoas têm desenvolvido uma tolerância menor para se manterem em organizações que não sejam inspiradoras, que não tragam felicidade. Este é um movimento positivo e que está a forçar a maior parte das organizações a adaptarem-se. A forma como o fazem conta-nos uma história sobre a identidade da empresa, sobre a sua cultura e sobretudo a forma como prioriza o seu recurso mais precioso – as pessoas. A felicidade no trabalho aumenta a produtividade e a produtividade tem um impacto positivo nas organizações que podemos verificar nos resultados financeiros e no nível de customer care. É uma relação win-win.

Como disse antes, sempre fui uma sortuda porque me sinto feliz a trabalhar. Quando deixava de sentir entusiasmo com o trabalho, não me conformava. Procurava mudar até voltar a sentir a tal felicidade. Não consigo dissociar a felicidade no trabalho do facto de me sentir inspirada. Ou será que é a inspiração que traz felicidade? Faz lembrar a história do ovo e da galinha… O que vem primeiro? 

Na realidade, o que tem de vir primeiro, em contexto laboral, passa por sabermos exatamente o que queremos e o que não queremos. Há mais de 20 anos de carreira que vejo este tipo de situação a acontecer. É um problema basilar e que se for identificado atempadamente pode evitar consequências nas pessoas e organizações. Quando temos estes dois alicerces bem definidos é altura de garantir que o nosso contexto laboral está alinhado com os critérios que definimos para a nossa carreira. Se cumprirmos estas duas premissas, mais de metade do trabalho está feito, que é como quem diz, estamos a garantir que passamos o dia a fazer algo que está mais próximo de nos trazer felicidade e inspiração. 

E como é que isto se faz? Sugiro começar pelo início. 

Primeiro pegue numa folha de papel e caneta. 

Depois divida a folha ao meio e no topo de uma coluna escreva “+”. Identifique todos os aspetos que valoriza no trabalho desde função, salário, chefia, modelo de trabalho, cultura, carreira, etc… 

Depois, identifique a outra coluna com “-“. Enumere todas os aspetos que, para si, em contexto laboral, acarretam sentimento negativo ou infelicidade. 

A seguir ordene ambas as listas por ordem de prioridade (do sentimento mais forte para o menos forte). 

Quando olhar para a lista ordenada vai tornar-se claro o que, para si, é mais e menos negociável em contexto laboral. 

Reflita sobre as suas experiências passadas, o que o fizeram sentir, a sua intensidade e percebe se está enquadrado com o exercício que acabou de fazer. 

Estruturar em papel esta informação é de uma importância tremenda porque permite ganhar consciência. 

Então e depois? Depois, se achar que pode estar numa posição melhor do que a atual, está nas suas mãos definir uma estratégia que lhe permita alcançar um estado maior de felicidade, inspiração, ou o que for mais relevante para si. Se precisares de ajuda no processo, hoje em dia, encontra muitos e bons profissionais que tem uma vasta experiência e com competência para o ajudar neste processo. 

Se assim o entender, não tem de passar pelo processo sozinho, mas, no final, a felicidade e inspiração no trabalho só cada um pode garantir. 

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+ Deixei de trabalhar em empresas. E agora?

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

“Pelo menos desde 2008 houve um constante financiamento da área não financeira do GES pelos clientes. Foram suportados pelas constantes emissões de dívida e consequente colocação junto de clientes das instituições financeiras da Espírito Santo Financial Group (ESFG). Tais propósitos foram conseguidos desde 2008 com condutas (…) a fim de iludir clientes e investidores”, referiu a magistrada do Ministério Público, citada pela Lusa.

O MP assume como objetivo provar “que o governo do GES foi exercido de forma autocrática por Ricardo Salgado” e que o ex-banqueiro, “com o objetivo de suportar a área não financeira, poder distribuir liquidez como entendesse e constituir posições acionistas, logrou apropriar-se de património de terceiros”.

Nas exposições introdutórias realizadas na primeira sessão do julgamento do processo BES/GES, no Juízo Central Criminal de Lisboa, a procuradora recordou apenas alguns factos que constavam da acusação de mais de 4.000 páginas proferida em 2020, face à limitação de 15 minutos para fazer a sua exposição, assumindo que o julgamento se irá prolongar “por tempo significativo”.

A procuradora salientou que Ricardo Salgado deu ordens a “um grupo restrito de pessoas, hoje aqui arguidas”, para que o GES se apresentasse imune em termos financeiros, apesar de a holding internacional do grupo (ESI) estar em situação de insolvência desde 2009. “Todo o programa de reestruturação do GES apresentado aos mercados assentava em pés de barro. Só em julho de 2014, segundo o levantamento feito após a saída de Ricardo Salgado, é que a administração tomou conhecimento das perdas históricas. A resolução do BES acompanhou o processo que já estava em marcha e a queda em dominó”, resumiu, acabando pouco depois as suas alegações para dar palavra aos primeiros assistentes processuais.

Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

Mais de 100 lesados do BES/GES já morreram

O advogado de milhares de lesados do BES, Nuno Silva Vieira, lamentou esta terça-feira a morosidade do processo desde o colapso do Grupo Espírito Santo, sublinhando que mais de 100 lesados morreram sem recuperar o dinheiro. “Os bens arrestados, ainda que à ordem do processo, só existem porque milhares de pessoas sofreram as consequências atrozes de vários crimes. Mais de 100 dos meus clientes já faleceram ao longo deste processo. São vítimas que partiram sem ver justiça feita, sem que os seus direitos fossem devidamente reconhecidos”, afirmou o mandatário nas exposições introdutórias realizadas na primeira sessão do julgamento no Juízo Central Criminal de Lisboa.

Nuno Silva Vieira salientou que “o foco principal deve ser a reparação das vítimas”, assinalando que o problema da recuperação do dinheiro perdido pelas vítimas no colapso do GES já passou para as gerações seguintes.

“Estamos já a falar de casos em que a terceira geração das famílias está agora envolvida no processo, tendo herdado, não apenas o fardo da perda financeira, mas também o peso emocional e jurídico de um processo que parece interminável. (…) Já passaram 10 anos desde a queda do Banco Espírito Santo. Até hoje, as vítimas não receberam qualquer forma de compensação ou de justiça através do sistema judicial”, referiu.

Se pudesse retirar algo positivo dos tempos de pandemia, seria a normalização do trabalho
remoto. Embora algumas empresas já oferecessem essa opção, nunca foi comum. Hoje, é um fator decisivo
para muitos na procura de trabalho. Na Blip, valorizamos o bem-estar de cada trabalhador e permitimos
escolher entre trabalho presencial, híbrido ou remoto. Contudo, “com grandes poderes vêm grandes
responsabilidades”. Este artigo aborda alguns riscos e cuidados ao trabalhar a partir de casa, de um café ou
do outro lado do mundo.

Não sou o primeiro nem serei o último a alertar para os riscos de usar redes WiFi públicas. Não
sabemos quem pode intercetar e observar o nosso tráfego. Além disso, um ator malicioso na rede pode
explorar vulnerabilidades no nosso sistema. Uma boa solução é usar a VPN da empresa, que garante que as
comunicações são cifradas e “escondidas” de potenciais atacantes. Para prevenir a exploração de
vulnerabilidades, o melhor é manter todo o software atualizado.

Muitos dos problemas de cibersegurança começam no comportamento humano. É comum
encontrar trabalhadores remotos em espaços públicos com ecrãs visíveis, ou a deixarem os computadores
desbloqueados quando se afastam. Isso compromete a confidencialidade e a integridade dos dados,
especialmente em dispositivos pessoais usados para trabalho.

A superfície de ataque cresce quando não estamos no escritório, mas podemos combater muitos
destes problemas com certas políticas de segurança. Ferramentas como o BitLocker também são
extremamente importantes. O disco rígido do computador é cifrado, o que significa que sem o código que
inserimos quando ligamos o computador, toda a informação no disco está “mascarada”, o que impede que
um atacante com acesso físico ao computador consiga extrair qualquer tipo de dados.

Outra política essencial é a autenticação multifator. Apenas uma palavra-passe pode não ser
suficiente para garantir a segurança, especialmente ao aceder a sistemas críticos a partir de locais onde
não costumamos habitualmente trabalhar. A autenticação multifator adiciona uma camada extra e exige
um código enviado por SMS ou gerado por uma aplicação (chamadas “authenticators”). Trabalhar a partir
de uma pastelaria em Paris pode ser agradável, mas nunca sabemos quem está a olhar quando
introduzimos a nossa palavra-passe.

Por último, e independentemente do local de trabalho, é extremamente importante que haja uma
sensibilização por parte da empresa para todo o tipo de riscos relacionados com a cibersegurança.
Recomendam-se muitas outras camadas de segurança a qualquer organização, estes são só alguns dos
riscos específicos para trabalhadores remotos. Da próxima que fores trabalhar para um café, lembra-te de
te sentares de costas para a parede.

Para já é uma melhoria modesta na tolerância ao calor, mas a experiência dos investigadores da Universidade de Newcastle mostra que é possível criar coral seletivamente, de forma a melhorar as suas propriedades. Os cientistas do Coralassist Lab daquela universidade explicam que as rápidas alterações climáticas resultantes das emissões globais de gases de estufa exigem que dotemos o coral de maior oportunidade de adaptação e capacidade de resistência, para que este possa sobreviver em águas mais quentes.

O trabalho, liderado por James Guest, com o investimento do European Research Council, contou com a participação de várias outras universidades internacionais. Além da maior resistência do coral, que não é apontada como uma solução milagrosa, os cientistas pedem e recomendam que haja “em paralelo, uma rápida redução das emissões globais de gases de estufa”.

Guest afirma que “os resultados mostram que a criação seletiva pode ser uma ferramenta viável para aumentar a resiliência da população [de coral]. Ainda assim, já muitos desafios que precisam de ser superados. Quantos corais cultivados são necessários para beneficiar as população selvagens? Podemos garantir que não há sacrifícios (as evidências até agora sugerem que não é um risco grande)? Como podemos evitar a diluição dos traços selecionados quando os adicionarmos lá fora? Como podemos maximizar as respostas à seleção?”. Dados os ganhos moderados de resistência, o cientista pede também uma rápida e urgente ação climática.

A criação seletiva é praticada há milhares de anos pelos humanos para escolher e colher plantas e animais com características mais desejáveis. Esta equipa aplicou o mesmo conceito para a conservação da natureza, criando corais mais resistentes e com uma maior probabilidade de sobrevivência em águas mais quentes. Nos testes, foram avaliados dois cenários: um com uma exposição curta a um aquecimento mais intenso (dez dias a mais 3,5 graus centígrados) e outro com uma exposição mais longa (um mês) a um aquecimento mais ligeiro (2,5 graus).

Como detalhado em comunicado, os cientistas concluem que selecionar colónias-parente para tolerâncias mais elevadas do que para tolerâncias menores levava a uma maior tolerância das colónias mais jovens, conseguindo-se em teoria uma resistência de mais um grau por semana dentro de uma geração. Ainda assim, o ganho não é suficiente para fazer face ao ritmo do aquecimento global.

Adriana Humanes, que também participou no estudo, salienta que “há um trabalho considerável antes de a criação seletiva poder ser implementada com sucesso. Um entendimento mais profundo é necessário para determinar que traços devem ser prioritizados e como estes estão geneticamente correlacionados”.

Ainda assim, mesmo com ganhos modestos, o trabalho sugere que é possível criar seletivamente coral adulto para uma maior sobrevivência em águas mais quentes.

Numa altura em que se discute se Lisboa não terá restaurantes a mais, alguns mantêm-se – mesmo quando se reinventam – e tentam marcar ainda mais firme a sua pegada no panorama nacional. O grupo Paradigma, criado por Diogo Figueiredo, aconteceu quase por um acaso, mas é possível que se torne num caso de estudo muito em breve. Para o fundador e CEO do grupo, uma coisa é certa: só é possível fazer resultar porque se sabe muito bem o que se quer. E porque se faz da História o futuro de cada restaurante.

É o caso do Café do Paço, que abriu em 2009 em Lisboa e que rapidamente se tornou um lugar de eleição de jornalistas (esta incluída), políticos e lisboetas que apreciam refeições tardias. A discrição do lugar, os bifes de qualidade e a cozinha aberta até de madrugada, sob a batuta da dona Alice, tornaram o restaurante num espaço a frequentar. Agora, os donos já não são o Sr. Ismael e o Sr. Antunes, mas o grupo Paradigma.

Diogo Figueiredo começou por trabalhar numa agência de publicidade, mas rapidamente se apercebeu de que o que fazia sentido era trabalhar um projeto desde o início do seu conceito. Em 2020, a sociedade gestora de investimentos que criou e coordena já detinha um portefólio diversificado, onde a hospitalidade começou a ganhar importância.

“Não precisamos de fazer um restaurante de raiz, mas temos de trabalhar o seu conceito desde o início”, contou à EXAME, há uns meses, durante um almoço no Lota Sea&Fire – um dos que nasceu pelas mãos do Paradigma.

Adquirir projetos já existentes mas que se diferenciem e continuem a fazer sentido em termos económicos e de conceito e criar projetos novos são duas atividades que coabitam neste grupo que ganhou imagem e identidade próprias neste mês de outubro. Atualmente, o Paradigma inclui o já referido Café do Paço, o ISCO – Pão e Vinho (uma padaria de bairro em Alvalade), a marca Dona by Hugo Candeias, o Canalha, o Canalha Comporta, o Vincent Farges – Time Out Market Lisboa, o Ofício e, naturalmente, o Lota Sea&Fire, que pretende recuperar o ambiente das antigas marisqueiras onde famílias e amigos se juntavam para almoços longos ou apenas uma imperial ao balcão. Pelo meio ainda pode haver projetos pontuais, que incluam arte. Com o Paradigma, a única certeza é de que gostam de quebrar o paradigma.

Com um investimento global que já superou os €3 milhões, o grupo distingue-se por acompanhar todo o processo de criação – ou recuperação – de um projeto desde a ideia inicial até ao menu que é colocado à disposição do consumidor, passando pela decoração do espaço, toda a identidade gráfica e a escolha dos colaboradores.

Diogo Figueiredo, fundador e CEO do grupo Paradigma

Com muitos dos recursos centralizados e a servir as várias marcas, “otimiza-se o investimento, somos mais eficientes e garantimos a sustentabilidade do negócio”, continua Diogo. Por isso, não estranhe se visitar o site do grupo e encontrar ofertas de emprego para cozinheiros, diretores criativos ou paid media specialists. Aos 36 anos, o CEO do grupo pode ser presença discreta no mundo da restauração, mas dificilmente o trabalho passa despercebido. Até porque com mais de 100 postos de trabalho criados, numa altura em que a restauração atravessa uma significativa crise, não podia ser de outra forma.

 Até agora, contaria durante o mesmo almoço, não lhe fazia sentido apresentar o grupo enquanto tal. Era preciso que as marcas que geria mostrassem o que valiam, para depois se poder colocar o chapéu sem lhes tirar peso. Agora, com o grupo consolidado, é hora de o fazer crescer. Aliás, a testar a possibilidade de expansão além Lisboa, o Paradigma colocou um pé na Comporta com o Canalha Comporta, um espaço pop-up que funcionou durante o verão.

O CEO do grupo não tem pressa. “Queremos crescer, mas com consistência e sustentabilidade”. Todos os projetos são avaliados criteriosamente tendo em conta os seus vários ângulos, e cada decisão demora a ser tomada. Diogo gosta de ouvir, e por isso mesmo está, quase sempre, em cima da mesa a possibilidade de abertura de capital a novos sócios, “criteriosamente selecionados”, que manifestem interesse no projeto e que, pela sua experiência e perfil, possam aportar valor.

Recorrer a asteroides para a produção de comida? A ideia até pode parecer – no mínimo – incomum, mas está a ser estudada por um grupo de cientistas do Instituto para a Exploração da Terra e do Espaço da Universidade de Western, no Canadá.

A investigação, publicada recentemente na revista The International Journal of Astrobiology, sugere que os hidrocarbonetos – compostos de carbono presentes nos asteroides – podem ser transformados em alimentos, semelhantes a iogurtes ou batidos, que podem vir a ser consumidos por astronautas.

A transformação envolve a decomposição do asteroide – através de um processo químico e físico – que resulta em componentes orgânicos – os hidrocarbonetos – utilizados depois para alimentar bactérias. Após comerem, as bactérias crescem e tornam-se o próprio alimento – designado por biomassa – com propriedades nutricionais semelhantes às dos alimentos que comemos todos os dias.

A ideia teve origem no projeto ReSource, da Agência de Projetos de Investigação Avançada de Defesa dos EUA, que tinha por objetivo transformar os resíduos plásticos, utilizados na alimentação das tropas americanas, em comida. “Não querem deitá-los [recipientes] fora; não querem queimá-los; não querem embalá-los”, explicou Joshua Pearce, professor da Universidade de Western e investigador do estudo.

A equipa tentou transformar os recipientes de plástico em alimento através de um processo de pirólise – que envolve o aquecimento de plástico na ausência de oxigénio – mas as primeiras tentativas de criar biomassa não foram bem-sucedidas. “Temos de passar por todos os rigorosos estudos de segurança para garantir que não são tóxicos”, disse Stephen Techtmann, um dos investigadores.

O projeto levou Pearce a investigar se o mesmo processo poderia ser aplicado a asteroides que, na perspetiva dos micróbios, não diferem muito do plástico por possuírem muito carbono. “Quando olhamos para os produtos de decomposição da pirólise que sabemos que as bactérias podem comer, e depois para o que existe nos asteroides, a correspondência é bastante razoável”, disse Pearce.

Uma investigação publicada na revista Astrobiology em 2022, da autoria da cientista Annemiek Waajen, provou que os micróbios comem, de facto, asteroides. Waajen alimentou bactérias com pedaços de material de meteoritos e verificou que estes consumiram o carbono, crescendo no processo, lembra o New York Times.

A equipa de cientistas da Universidade de Western utilizou o asteroide Bennu enquanto modelo de rocha espacial. Pedaços do asteroide – com uma massa total de cerca de 85,5 milhões de toneladas – foram transportados para a Terra no ano passado – no âmbito da missão Osiris-Rex, da NASA. Segundo os seus cálculos, no pior cenário, os compostos de Bennu seriam capazes de sustentar um astronauta durante cerca de 600 anos. Já se a transformação for bem-sucedida, o astronauta teria alimento para cerca de 17 mil anos. Assim, de acordo com o estudo, para sustentar um astronauta durante um ano, seriam necessárias entre 5 500 e 175 mil toneladas de asteroide.

Os investigadores terão agora de fazer testes de toxicidade para garantir que o seu consumo é seguro. “Já prometi que serei o primeiro a dar uma dentada”, referiu Pearce.