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Visão
Uma equipa da Universidade Cornell, nos EUA, desenvolveu um tipo de cristal poroso que poderá substituir as tradicionais baterias de líquido de iões de lítio, assim como baterias de estado sólido. A proposta dos investigadores passa por encontrar um ponto de equilíbrio entre as baterias de estado sólido e as que têm líquido em livre circulação. Um dos problemas a resolver é a criação de dendrites afiadas que se formam entre o ânodo e o cátodo da bateria quando se usam eletrólitos líquidos para transportar os iões.
Segundo a equipa de cientistas, a escolha de cristais porosos ajuda a minimizar a criação das dendrites, ao mesmo tempo que assegura um contexto mais estável e que evita explosões. Os cientistas usam uma espécie de ‘jaula’ molecular e três macrociclos, ambos com poros intrínsecos que permitem a passagem dos iões, avança o website o BGR.
O estudo foi publicado agora no Journal of the American Chemical Society e mostra que é possível haver boa condutibilidade com esta abordagem.
Palavras-chave:
Uma medida de segurança implementada pela OpenAI no ChatGPT resultou no bloqueio de mais de 250 mil pedidos feitos pelos utilizadores para gerar imagens deepfake de Joe Biden, Donald Trump, Kamala Harris, JD Vance e Tim Waltz. No período eleitoral dos EUA, cada vez mais pessoas viraram-se para o DALL-E para tentar obter imagens forjadas com estes políticos, mas a mitigação da OpenAI resultou e bloqueou eficazmente estes pedidos.
A empresa afirma que esteve a preparar-se para o período eleitoral desde o início do ano e desenhou a estratégia para evitar que as ferramentas fossem usadas para espalhar desinformação. A maior parte das questões relacionadas com o voto foi redirecionada para sites oficiais, como o CanIVote.org e, depois das eleições, para fontes de confiança como a Reuters, Associated Press ou outras. No mês antes das eleições, o chatbot gerou mais de um milhão de respostas relacionadas com o ato eleitoral e mais de dois milhões de respostas no dia do voto e no dia seguinte, noticia o Engadget.
Apesar dos esforços da OpenAI, a existência de muitos outros geradores de imagens não tão bem protegidos fez com que fossem criadas várias deepfakes que foram colocadas em circulação, ilustrando os candidatos de forma propositadamente enganadora.
As proteínas são um dos blocos essenciais à vida. Estas moléculas complexas são compostas por longas cadeias de aminoácidos que se podem combinar de múltiplas maneiras, formando estruturas tridimensionais que determinam a sua função. A capacidade de prever estas estruturas é a chave para compreender o funcionamento das proteínas e a forma como interagem com outras moléculas: algo essencial para áreas como o desenvolvimento de tratamentos para doenças.
Prever a estrutura de uma proteína a partir da sua cadeia de aminoácidos não é uma tarefa fácil e, durante os últimos 50 anos, esta foi uma questão que desafiou os cientistas. Mas a solução para o enigma chegou em 2020 com o AlphaFold 2. Através deste modelo de IA desenvolvido pela Google DeepMind foi possível prever a estrutura de 200 milhões de proteínas e, desde o seu lançamento, mais de dois milhões de investigadores de 190 países já usaram esta ferramenta que continua em constante evolução.
A descoberta valeu a Demis Hassabis, diretor executivo da Google DeepMind, e a John Jumper, diretor de investigação da tecnológica, o Prémio Nobel da Química este ano, num galardão partilhado com o investigador David Baker, da Universidade de Washington, que desenvolveu métodos computacionais para criar novas proteínas.
“A partir do momento em que nós conseguimos uma técnica bioinformática, isto é, com recurso à inteligência artificial, para fazer previsões com grande grau de fiabilidade em minutos, isso muda completamente o panorama”, explica Miguel Prazeres, professor e investigador no Departamento de Bioengenharia do Instituto Superior Técnico (IST), à Exame Informática. Como detalha, “tradicionalmente, a previsão da estrutura tridimensional das proteínas era feita por via experimental, portanto, através de técnicas experimentais que eram laboriosas, que poderiam levar anos e que tinham um grande custo associado”.

“Na área da saúde, especificamente, [o avanço] vai permitir acelerar o processo de descoberta de novos fármacos”, realça Miguel Prazeres. Se, tipicamente, estes processos levam entre 10 a 15 anos, “a partir de agora, temos uma ferramenta muito poderosa que vai permitir fazer estes processos de descoberta de novos fármacos de forma mais rápida”, algo que, por sua vez, vai “ampliar a capacidade de tratar doenças que ainda não conseguimos dominar”.
Com a inovação tecnológica a marcar o ritmo, o panorama da saúde digital está em evolução e, com a crescente popularização da IA, entramos numa nova era. A pandemia de COVID-19 foi um ponto de viragem e, como aponta o relatório 2024 Global Health Care Sector Outlook da Deloitte, sistemas de saúde por todo o mundo estão a apostar em novas tecnologias para fazer face aos desafios.
Simplificar processos, apostar em abordagens mais personalizadas nos cuidados de saúde e permitir que os profissionais deste setor consigam dar mais atenção a tarefas complexas são algumas das principais áreas em que a IA apresenta grande potencial. A crescente necessidade de transformação está também a fazer com que os prestadores de cuidados de saúde estabeleçam parcerias com empresas tecnológicas para o desenvolvimento de ferramentas de IA que tragam melhorias em áreas como previsão de resultados clínicos ou imagiologia, indica o relatório.
De acordo com previsões avançadas pela IDC no seu mais recente relatório FutureScape, dedicado à indústria dos cuidados de saúde, espera-se que, até 2025, a necessidade de melhorar a precisão dos diagnósticos, assim como a velocidade e eficiência dos fluxos de trabalho, leve a um aumento de 60% na adoção de soluções de IA por parte dos prestadores de cuidados. Até ao próximo ano, prevê-se igualmente que o uso de soluções baseadas em IA generativa ‘liberte’ até 15% do tempo despendido pelos profissionais de saúde, traduzindo-se numa poupança na ordem dos 350 mil milhões de dólares para esta indústria.
Descomplicar diagnósticos
A investigação está na base da inovação, com iniciativas que ambicionam fazer a diferença no campo da saúde e, aqui, Portugal também dá cartas. O projeto europeu AI4Lungs, por exemplo, afirma-se como o primeiro projeto na área da saúde liderado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência – INESC TEC. Com um orçamento de 6,9 milhõ es de euros por parte da União Europeia, através do programa Horizon Europe, o projeto conta com mais 17 entidades parceiras, incluindo o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia (CHVNGE) e o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3s).
À Exame Informática, Hélder Oliveira, professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador do INESC TEC responsável pelo projeto, explica que o AI4Lungs “surgiu da necessidade urgente de melhorar o diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias, que representam uma grande carga para os sistemas de saúde, especialmente após a pandemia de COVID-19”.
Aqui, o foco nas doenças pulmonares intersticiais, doenças infecciosas e cancro do pulmão foi “motivado pela alta prevalência e complexidade dessas condições”. “Estas doenças requerem uma avaliação contínua e integrada de múltiplos tipos de dados ao longo do tempo, o que torna o processo de diagnóstico e estratificação de pacientes muito desafiador”, afirma. Nesse sentido, uma abordagem baseada na IA é vista como “ideal para lidar com a complexidade dos dados clínicos e melhorar a precisão do diagnóstico e o planeamento de tratamentos personalizados”.

O objetivo passa pelo desenvolvimento de modelos computacionais baseados em IA que integram uma variedade de dados clínicos – de registos médicos a dados de imagem e de estetoscópios digitais – com a tecnologia a ser depois usada para criar ferramentas capazes de melhorar o processo de estratificação dos pacientes, ou seja, que permitam posicioná-los em subgrupos tendo em conta as suas características clínicas para “otimizar o diagnóstico e o tratamento”. As ferramentas de IA serão integradas em plataformas de digital twins (ou ‘gémeos digitais’, em português), algo que tornará possível a simulação de diferentes cenários de planeamento de diagnóstico, mas também de possíveis tratamentos.
De acordo com o investigador, “o uso da IA para identificar padrões ocultos em dados complexos e multi-modais” permite um “ajuste mais fino dos tratamentos às necessidades individuais dos pacientes”. “Ao estratificar os pacientes de forma mais precisa, o AI4Lungs possibilita que os médicos tomem decisões baseadas em dados reais, maximizando a eficácia do tratamento e minimizando os efeitos adversos”. Além de reduzir a carga de testes desnecessários e tratamentos ineficazes, esta personalização permitirá também que “os pacientes beneficiem das experiências coletivas de outros pacientes semelhantes em toda a Europa”.

“A abordagem baseada em IA é ideal para lidar com a complexidade dos dados clínicos e melhorar a precisão do diagnóstico e o planeamento de tratamentos personalizados”
— Hélder Oliveira
Investigador do INESC TEC responsável pelo AI4Lungs
O projeto ainda está em fase inicial e, como detalha Hélder Oliveira, neste primeiro ano o foco tem estado “na definição dos requisitos do sistema, na definição dos dados específicos a recolher, bem como do workflow dos mesmos”. Prevista está a implementação de dois pilotos, incluindo um em Portugal, que “será crucial para testar a viabilidade das soluções de IA em ambientes clínicos reais”, avaliando a “eficácia, facilidade de uso e aceitação dos sistemas pelas equipas médicas”, além de permitirem a recolha de dados para “para ajustar as ferramentas antes da sua adoção em larga escala”.
O AI4Lungs tem uma data de conclusão prevista para 2027, mas o investigador afirma que os planos para o futuro passam por escalar as soluções desenvolvidas para mais hospitais e sistemas de saúde europeus, sem esquecer a “integração contínua de novas fontes de dados e avanços em IA”. “A meta é criar um sistema de IA sustentável que possa ser atualizado e expandido, continuando a melhorar a precisão no diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias, além de reduzir os custos para os sistemas de saúde a longo prazo”, realça.
Poupar na burocracia, ganhar na produtividade
O potencial da IA também se estende à forma como os profissionais de saúde realizam as suas tarefas, reduzindo, por exemplo, o tempo gasto em burocracia e é aqui onde a MEDgical quer intervir, recorrendo a esta tecnologia para gerar notas clínicas e relatórios médicos automaticamente.
Ao trabalhar em vários hospitais ao longo da sua formação enquanto cardiologista, Bruno Castilho, cofundador e CEO da MEDgical, apercebeu-se de que “os médicos passavam mais de metade do tempo a escrever ao computador, a fazer relatórios clínicos e notas de consulta”, conta à Exame Informática. Como explica o responsável, a par do aumento de casos de burnout entre os profissionais de saúde, assim como de erro médico, o excesso de trabalho burocrático traduz-se na ineficiência da produtividade na saúde.

“Só no Sistema Nacional de Saúde português são 30 milhões de horas médicas que são gastas a tratar de papelada. Imagine o que nós podíamos entregar de saúde aos doentes se fosse possível desviar estas horas para aquilo que os médicos querem fazer, que é cuidar dos doentes”
— Bruno castilho
CEO e cofundador da MEDgical
De olhos postos na IA como uma possível solução para o problema, em 2023, Bruno Castilho começou a reunir uma equipa para pôr o projeto em marcha. Em novembro desse ano, a MEDgical foi uma das iniciativas distinguidas pelo BI Award for Innovation in Healthcare, uma iniciativa da Boehringer Ingelheim apoiada pela Ordem dos Médicos.
Baseada em modelos voice-to-text treinados especificamente para português médico e em modelos de linguagem de grande escala com algum ‘fine tuning’ por parte da equipa da MEDgical, esta plataforma permite que os médicos saiam detrás do computador e falem com os pacientes, sem precisarem de escrever ou até de adequar o seu discurso. No final, toda a documentação médica fica disponível ao pressionar num botão.

Hoje, a plataforma está a ser usada num projeto-piloto na Joaquim Chaves Saúde, seguindo testes feitos anteriormente no Hospital Distrital de Santarém no início do ano. “Até já temos os nossos primeiros clientes e temos a experiência de quase 2000 consultas, com uma classificação média de 9.7 em 10 de satisfação dos doentes e com uma classificação média de 9.4 em 10 de qualidade das notas tiradas pela MEDgical”, detalha.
Os planos para o futuro passam por expandir a plataforma para fazer com que a informação chegue também aos pacientes “sob a forma de uma tabela terapêutica atualizada”, com um plano gerado por IA e validado pelos médicos. Outra das visões futuras da MEDgical enquadra-se na área dos ensaios clínicos, com vista ao desenvolvimento de uma estrutura de IA que permita selecionar pacientes para o ensaio certo, garantindo não só que os trials tenham mais sucesso, mas também que “os doentes que necessitam têm acesso às terapêuticas inovadoras que estão disponíveis”.
Inquietações éticas
Apesar de todo o potencial que apresenta para a área da saúde, a IA não é livre de riscos e existem desafios éticos importantes que não podem ser ignorados. Ainda no início deste ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já tinha alertado para os riscos do uso de IA generativa, com foco nos modelos multi-modais de grande escala, nesta área, publicando um conjunto de orientações tanto para quem desenvolve soluções baseadas nesta tecnologia como para governos.
Estas inquietações não passam despercebidas em Portugal e são, por exemplo, um dos elementos na base de um novo Livro Branco lançado pelo Conselho Nacional para a Ética nas Ciências da Vida (CNECV) este ano, que incide sobre a área da biomedicina, sistematizando potenciais benefícios e desafios. “Quando nós estamos a falar de uma verdadeira revolução no domínio da Biomedicina em geral e muito em particular da prestação dos cuidados de saúde, como é aquela que está em curso com a digitalização da saúde, há sempre profundas alterações, algumas das quais são disruptivas”, afirma Maria do Céu Patrão Neves, Presidente do CNECV à Exame Informática.
“Por isso, o que é importante nestes casos é, sem perder os potenciais benefícios que a inovação tecnológica nos pode trazer, ter a capacidade de prever os impactos societais, no sentido de prevenir aqueles que possam ser negativos e de estabelecer medidas de mitigação daqueles que não podem ser prevenidos”, realça a responsável. A questão torna-se mais preocupante quando temos em conta que os avanços nesta área são simultaneamente rápidos e impactantes, o que encurta o tempo necessário para refletir e tomar medidas para mitigar os impactos negativos.
Segundo Maria do Céu Patrão Neves, a relação entre os pacientes, famílias e profissionais de saúde é uma das áreas em que a “entrada progressiva das tecnologias digitais” vai trazer alterações imediatas. “Aqui há preocupações que têm a ver com o tipo de relação que sempre existiu entre profissionais de saúde e doentes – a relação de confiança, de proximidade, o diálogo, a parceria terapêutica”.
“Estes são valores que nós devemos preservar mesmo num contexto em que nós temos, com IA, a capacidade de um assistente virtual que vai assessorar o médico no estabelecimento de um diagnóstico, na leitura de imagiologia, ou na projeção de terapêuticas”, defende. Questões como enviesamento dos algoritmos usados nas soluções de IA, privacidade dos dados e responsabilidade também se apresentam como sérias preocupações associadas à inovação que está em curso.
Olhando em específico para este último desafio, Maria do Céu Patrão Neves aponta que “não é só a ambiguidade, é a difusão da responsabilidade que é hoje muito maior”. Na tomada de uma decisão assessorada por sistemas inteligentes existem vários intervenientes, com a responsabilidade a ser distribuída pelos mesmos.

“Quanto mais diluída for a responsabilidade, mais desprotegida está a vítima de qualquer erro. Esta é uma preocupação muito grande a nível ético e já com o regulamento de IA que começou a entrar em vigor em todos os países da UE, um aspecto que é absolutamente essencial é que a última decisão seja sempre a do médico”
— Maria do Céu Patrão Neves
Presidente do Conselho Nacional para a Ética nas Ciências da Vida
Tanto Hélder Oliveira como Bruno Castilho defendem também que a última decisão deve ser dos médicos, com os projetos que estão a desenvolver a tomarem medidas para mitigar os riscos que o uso de IA acarreta. “As soluções de IA são projetadas para apoiar e não substituir o julgamento clínico. A IA fornece recomendações baseadas em dados, mas as decisões finais continuam nas mãos dos médicos”, defende o investigador responsável pelo AI4Lungs.
No caso deste projeto, Hélder Oliveira detalha que há uma “política clara de transparência, garantindo que os algoritmos usados sejam explicáveis”. “Além disso, as soluções seguem as diretrizes FAIR (Findable, Accessible, Interoperable, and Reusable) e cumprem com os regulamentos europeus de proteção de dados, garantindo a privacidade dos pacientes”, afirma, acrescentando que o projeto “também investiga formas de mitigar o enviesamento dos algoritmos, que pode surgir de dados não representativos”. Já do lado da MEDgical, Bruno Castilho explica que a privacidade é também uma grande preocupação para o projeto, com um grande esforço para garantir a conformidade com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), assim como a segurança da informação.
O que deve guiar a inovação?
Será possível encontrar um equilíbrio entre inovação tecnológica e valores éticos? “A inovação tecnológica em saúde é absolutamente irreprimível e, por isso, não vale a pena personificarmos Dom Quixote, não vale a pena tentarmos parar o progresso e tapar o vento com as mãos, porque é totalmente inútil”, realça Maria do Céu Patrão Neves. Na visão da presidente da CNECV, a única alternativa passa por uma maior consciencialização para “abandonarmos sistemas ingénuos de utilização das novas tecnologias”, fortemente centrada no desenvolvimento de literacia digital. “Tem de ser um esforço continuado e sem esta literacia digital nós permanecemos fortemente vulneráveis”.
“A palavra de esperança aqui é o que verificamos, por exemplo, na União Europeia”; detalha. O AI Act “começou a ser desenhado em 2018 com uma reflexão encomendada pela Comissão Europeia a um grupo de alto nível sobre os princípios dos valores éticos que deviam enquadrar o regulamento”. O que se verifica é que “na Europa, toda a regulamentação na área da IA, regulamentação esta que vai enquadrar o desenvolvimento de inovação tecnológica, deve estar fundamentada em valores e princípios éticos”.
Já a nível mundial, os últimos documentos da UNESCO têm também “uma importante reflexão sobre a ética da IA e vêm precisamente também indicar quais são os valores e princípios éticos que devem enquadrar e fundamentar toda a utilização e implementação da IA e as iniciativas que vão tendo lugar também nos Estados Unidos vão exatamente pelo mesmo caminho.” “Isso significa que, à semelhança do que está a acontecer na Europa, os desenvolvimentos em IA devem ter os princípios e os valores éticos incorporados no seu próprio desenvolvimento, naquilo que se chama ethics by design”, afirma.
“Há clara consciência de que se nós tivermos inovação tecnológica sem incorporar valores e princípios éticos, corremos o risco de essa inovação servir apenas interesses sectários”, destaca Maria do Céu Patrão Neves. “A única forma de garantirmos que a inovação tecnológica serve o desenvolvimento societal e promove a justiça global é incorporando os valores e princípios éticos na sua concepção, implementação, desenvolvimento e utilização”
Se fosse eleitor norte-americano, o meu voto não seria nem vermelho nem azul, mas neste senhor que equipa de verde.
A perseguição de Neemias Queta pelo “American Dream” começou em 2018, quando decidiu deixar o Benfica, equipa com que se estreou na Liga Portuguesa de Basquetebol, para rumar aos Estados Unidos da América. Durante os três anos seguintes, Neemias brilhou ao serviço da Utah State University, decidido em fazer história e a tornar-se no primeiro português a jogar na NBA. Em 2021, declarou-se disponível para o draft: a 8 de agosto desse ano, os Sacramento Kings usaram a 39.ª escolha para contratar o poste natural do Barreiro.
Neemias estreou-se na NBA, mas cumpriu apenas 19 jogos pelos Kings, durante as duas temporadas em que representou a equipa da capital do estado da Califórnia. Devido à forte concorrência na sua posição, com postes bem mais experientes, o português acabou por jogar, a maior parte do tempo, pela equipa secundária de Sacramento (os Stockton Kings).
No dia 12 de setembro de 2023, seria… dispensado. Mas “tuga que é tuga” mostra ao que vai, não desiste. E, apenas uma semana depois, chegou a bonança que sucede à tempestade. “Quetão” – como também é carinhosamente conhecido – assinou contrato com uma das maiores equipas da NBA, os Boston Celtics. Na época passada (2023/2024), fez 31 jogos e saboreou a “cereja no topo do bolo”, tornando-se campeão da principal liga norte-americana. Mais uma vez, o primeiro português a conseguir tal feito.
E como para Neemias o céu parece não ter limites, o talentoso gigante continua a marcar a diferença nesta época.
Depois de, recentemente, se ter estreado a titular pela primeira vez na NBA – na visita ao pavilhão dos Atlanta Hawks (vitória por 123-93) –, Neemias voltou a ser aposta no cinco inicial na receção aos Golden State Warriors, fazendo aquela que, muito provavelmente, foi a sua exibição mais marcante desde que chegou a Boston: 14 pontos, oito ressaltos e dois desarmes de lançamento. Ele ataca bem e defende ainda melhor. Neemias mostra lá fora do que somos feitos!
“What a game by Queta”, vibrou o lendário comentador norte-americano Mike Breen, após um afundanço que deixou a arena dos Celtics a ferver que nem um pastel de nata a sair do forno. Uma representação do nosso país que deixou qualquer pessoa que estivesse em Portugal a acompanhar o jogo com um enorme sentimento de orgulho. Neemias é português e dá cartas nos Estados Unidos da América.
Não sei se chega a mayor de Boston. Mas, para nós, Neemias Queta é o maior.
E vale mesmo a pena continuar a perder umas horas de sono para assistir às exibições do craque português, que continua a espalhar magia do outro lado do Atlântico. É só tentar não adormecer nos time-outs e reforçar os alarmes da manhã.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Palavras-chave:
No café da esquina, um conviva indigna-se. Muitos cafés têm uma personagem assim: alguém cujo amor às imperiais não tolda um domínio rigoroso da dita atualidade. Geralmente de pé, por vezes de colete refletor, traduz em miúdos os rodapés, com a segurança de um catedrático. E sabe o que diz! Se lhe derem um mapa, distingue o Kremlin da Casa Branca e as Maldivas da Malvinas. Os “amaricanos” não o enganam. Mas continuam a surpreendê-lo.
Esta semana, tocou-nos a todos. Não falo bem de surpresa – estou há dois anos a profetizar que Trump ganharia as eleições -, mas de estupefação. Como pode um arauto da mentira, do ódio e da violência, o Heavyweight Champion das provas dadas, conquistar milhões de votos entre quem mais será esmagado pelo seu mandato? Não tem lógica. Como pode um misógino subir no voto feminino? Como pode um racista conquistar voto latino? Como pode um neoliberal radical ganhar no voto trabalhador? Perguntamos nós e o amigo ao balcão, que, entretanto, já pediu dois favaítos para levar.
Um ponto parece ser claro: economia. Trump cavalgou a sensação maioritária de que a economia americana está em baixo – o que não corresponde à verdade, mas ecoa na memória fustigada pela inflação. Lembra-se? Há dois anos, os pobres e a classe média foram, uma vez mais, chamados a pagar a crise. Assim foi. E os lucros dos bancos estão ótimos, graças a Deus. Só ainda ninguém se esqueceu. Foi muito duro.
A campanha democrata desconsiderou esse pequeno detalhe, como tem sido apanágio: a vida económica das pessoas. O dia-a-dia. O pocket money. As groceries. O sonho americano dos pequeninos. O peru no Dia da Ação de Graças e as abóboras no Halloween. Presos a conceitos académicos para leitores da The New Yorker, afastaram o voto popular. Para quem se sente defraudado, “salvar a democracia” é uma abstração. A aposta num discurso identitário de grupos, enraizado no género ou na etnia, esqueceu a identidade mãe: a classe social. Trump não. E as trabalhadoras mulheres, os trabalhadores negros e os trabalhadores latinos uniram-se em torno daquilo que têm em comum: a carteira. Decerto almejam mais direitos para as pessoas do seu género ou etnia, mas antes querem dinheiro no bolso. Trump e Vance responderam, mentindo, mas convencendo.
A direita radical chegou ao mainstream. Como disse um primeiro-ministro português, “habituem-se”. A chamada agenda progressista – em boa parte a esquerda, no contexto europeu – está a perder contacto com a sua razão de ser: o povo. Deixou de falar essa língua. E perder o contacto com o povo é perder contacto com a realidade. As justificações apontadas à esquerda para a vitória de Trump roçam o negacionismo: os eleitores são todos incultos, racistas e misóginos. A Kamala perdeu porque é mulher, porque é negra. Tudo isto são fatores – é evidente -, mas à vigésima derrota começa a ser estranho insistir na lengalenga. Começa a ser awkward. A culpa não pode ser só da indecência dos outros.
Autocrítica, reflexão, estratégia. Precisamos de tudo. Será que a working class se tem sentido defendida por quem brada a democracia e os direitos humanos? Será que as figuras autointituladas progressistas, os ativistas e protagonistas dos movimentos de esquerda, gostam do povo? Será que aguentam as piadas toscas – e provavelmente machistas, racistas e homofóbicas – de quem não teve oportunidade de ser melhor? Será que se entendem com os trabalhadores?
Enquanto não se entenderem, não vale a pena continuarmos a apanhar surpresas.
Nota: o título é uma referência à frase de campanha de Kamala Harris – “We are not going back” (Não vamos andar para trás). Como se vê, vamos sim.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Perante o desafio de implementar um CRM (software de gestão do relacionamento com clientes), algumas empresas recuam ou adiam a decisão quando confrontadas com as necessidades de investimento, definição de processos e tempo de implementação.
A redução do tempo e do investimento necessários para atingir este objetivo é a resposta que a metodologia Core Sales — desenvolvida pela inCentea Core para a implementação do Microsoft Dynamics 365 Sales — disponibiliza para que as organizações de menor dimensão consigam obter mais oportunidades de negócio, possam gerir melhor a sua força de vendas e obtenham uma visão 360O dos seus clientes e do seu ciclo de negócio.
Em que consiste o Core Sales?
Consiste numa solução pré-configurada do Microsoft Dynamics 365 Sales e no conjunto de serviços de implementação, formação de utilizadores e apoio no arranque. Incorpora a experiência da inCentea em projetos com empresas de múltiplos setores e dimensões, possibilitando a redução do tempo de implementação e do investimento.
É uma metodologia que assegura, de base, que as etapas dos processos são geridas de forma precisa e alinhada com os objetivos de negócio.
Com isso, as empresas deixam de poder adaptar a solução tecnológica às suas especificidades?
Não, por duas razões. A primeira é que a pré-configuração contempla processos e procedimentos que permitem que as empresas comecem muito rapidamente a usar o CRM. A metodologia não impede, de todo, a atenção às especificidades de cada negócio. A segunda é a garantia de evolução. Ou seja: tendo garantida a base de partida, continua a ser possível acompanhar o negócio e o seu crescimento, evoluindo em função de novas necessidades ou alargamento do âmbito do projeto.
Quando se fala em menor investimento, de que valores estamos a falar?
Com o Core Sales, o tempo de implementação é de 10 dias úteis, sendo o investimento de base de 3.750€ (a que acresce o preço das licenças). É importante ter em conta os ganhos de utilização do sistema. Há verdadeiro valor para o negócio: da cobertura total das fases do processo de negócio à integração do CRM com outras ferramentas (Outlook, Excel, Word e Teams), passando por uma visão 360o dos clientes, prospects e pipeline de negócios e pela disponibilidade de indicadores de suporte à decisão.
Por ser um produto 100% cloud, o cliente não precisa de investir na aquisição e manutenção de infraestrutura, para além do seu equipamento pessoal.
Quais os principais benefícios do investimento no CRM?
A facilidade em acompanhar o processo de criação de negócio, com aumento da sua eficiência e eficácia, consolidação da informação e uma melhoria da proatividade na interação com os clientes.
A atividade comercial, pela sua natureza, é especialmente difícil de gerir. Uma ferramenta destas é estruturante e um grande catalisador da eficiência.
A metodologia Core Sales foi desenvolvida no âmbito da inCentea Core. Como se enquadra esse trabalho na orientação estratégica desta unidade do Grupo inCentea?
A inCentea Core é a empresa do grupo dedicada a soluções de negócio com base tecnológica Microsoft: Dynamics e Power Platform. Temos integração e complementaridade com várias ferramentas das outras unidades de negócio, permitindo-nos trabalhar em conjunto e criar uma oferta mais robusta e abrangente para todos.
Hoje, não há praticamente nenhuma empresa que não use tecnologia Microsoft. A familiaridade da maior parte dos utilizadores com estas ferramentas e a natural integração deste ecossistema faz com que os níveis de adoção sejam muito altos e as curvas de aprendizagem mais curtas do que noutras plataformas.
O papel da Inteligência Artificial nestes produtos, em que a Microsoft é líder com o Copilot, é transformador e temos sentido um grande interesse e vontade de adesão por parte das empresas.
O Core Sales adequa-se também a empresas internacionalizadas?
Sim, sem dúvida. Um dos aspetos diferenciadores destes produtos é a sua escalabilidade. Temos feito projetos com poucos utilizadores e outros com centenas de utilizadores em vários países e de grande complexidade.
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