O passe ferroviário de 20 euros faz parte do pacote de medidas na área da mobilidade e transição energética que vão estar em cima da mesa do Conselho de Ministros extraordinário desta sexta-feira.
Segundo um documento da CP, a que a Lusa teve acesso, o Passe Ferroviário Verde vai ser válido no serviço Intercidades, em segunda classe, sendo obrigatória a “reserva de lugar antecipada”, mas com um limite de antecedência máxima de 24 horas. Será ainda permitido reservar lugar, sem custos, no máximo para duas viagens distintas por dia.
Newsletter
A reserva “terá de ser feita nas bilheteiras da CP e nas novas Máquinas de Venda Automática instaladas nas estações da área Metropolitana de Lisboa”. Posteriormente – num prazo que o documento indica que será breve -a reserva de viagem para o Intercidades ficará disponível na bilheteira online e na App da CP.
De fora do alcance deste passe ferroviário ficam os serviços Alfa Pendular e Internacional Celta, e a primeira classe dos serviços Intercidades e InterRegional.
Relativamente aos comboios urbanos, o documento a que a Lusa teve acesso indica que o Passe Ferroviário Verde pode ser usado em todos os urbanos de Coimbra, mas nos de Lisboa e do Porto a utilização está limitada às viagens fora das respetivas áreas metropolitanas.
Do aparecimento do acne às alterações de humor, a chegada da primeira menstruação desencadeia uma série de alterações hormonais que fazem parte do processo de crescimento feminino. Agora, uma nova investigação científica sugere que a idade em que surge a primeira menstruação também tem influência no crescimento em altura das jovens.
Um grupo de cientistas da Universidade de Gothenburg, na Suécia, analisou o crescimento de um conjunto de raparigas antes e após o seu primeiro período menstrual com o objetivo de verificar o impacto que a menstruação teve na sua altura. O estudo, publicado na revista científica Frontiers in Pediatrics, sugere uma grande variação – entre os 0,2 e os 31 centímetros – no seu crescimento, com uma em cada duas raparigas a experienciar um crescimento em altura maior ou menor que o considerado “normal” para a faixa etária – entre 6 a 8 centímetros.
Newsletter
Altura varia consoante a idade em que surge a primeira menstruação
Para a investigação foram recolhidos e analisados dados de 793 raparigas da região de Gothenburg e Halland, na Suécia, que foram seguidas desde o seu nascimento até à idade adulta. As participantes foram submetidas a vários inquéritos e entrevistas, sendo também analisados os seus dados e a altura dos pais. Em média, a primeira menstruação surgiu aos 13 anos – com a rapariga mais nova a ficar menstruada pela primeira vez aos 8 anos e a mais velha aos 17.
Segundo as conclusões do estudo, as raparigas que tiveram a sua primeira menstruação antes dos 12 anos de idade tiveram um crescimento em altura – de quase 13 centímetros – maior do que o considerado normal para a idade. Já as participantes do estudo que tiveram a sua primeira menstruação depois dos 14 anos mostraram um crescimento de apenas 3 centímetros.
“Esta variação [entre os 0,2 e os 31 centímetros] no crescimento após a menstruação é muito maior do que os estudos anteriores demonstraram. As variações dependem muito da altura em que lhes vem o período. Há uma grande diferença entre as que têm o período mais cedo e as que o têm mais tarde”, explicou Jenni Gårdstedt Berghog, médica do Hospital de Halland e uma das autoras do estudo.
O IMC também tem influência no crescimento
As descobertas sugerem ainda que o IMC – índice de massa corporal – na infância também desempenha um papel importante no crescimento das raparigas. Um IMC baixo durante a infância e a altura dos pais foram fatores associados a um início mais tardio da menstruação. Já um IMC elevado impulsionou o crescimento, sendo seguido de um início precoce da menstruação.
“Com este estudo, mostrámos que existe uma enorme variação e que as raparigas que entram na puberdade mais cedo e têm o primeiro período mais cedo crescem significativamente mais do que se pensava anteriormente, e que as raparigas que têm o primeiro período mais tarde não crescem assim tanto” referiu Anton Holmgren, investigador pediátrico da Universidade de Gotemburgo e uns dos envolvidos no estudo.
O encontro durou 20 minutos. Uma coisa era certa: Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, dois adeptos do FC do Porto, não iriam ver o jogo juntos (2.ª jornada da Liga Europa, no Dragão, contra o Manchester United). Quando Pedro Nuno Santos anunciou que não faria nenhuma declaração, para já, ter-se-á pensado que pretendia ver o futebol descansado, evitando falar ao País num momento em que o País estava distraído… com o futebol. Luís Montenegro anunciou que faria uma declaração às 19 e 30, meia hora antes, portanto de o grande desafio começar. Mas acabou por transferir a intervenção para as 20 horas, apostando nos telejornais em canal aberto. E a “proposta irrecusável” que saiu dali foi, no mínimo, surpreendente: acolhimento das medidas do PS relacionadas com a Habitação e o SNS; redução do IRC – passa para 1%, em vez de 2%, com um impacto de 330 milhões de euros em vez dos 500 milhões previstos anteriormente; acolhimento da proposta do PS de diferenciar as empresas que apostem na valorização dos salários e no investimento. No IRS jovem, há uma forte modelação da medida anteriormente proposta, aproximando-a da redução que o próprio PS previa no seu programa eleitoral, sem distinção entre licenciados e não licenciados e alargando a medida a todos os jovens
Este artigo é exclusivo para assinantes. Para continuar a ler, clique aqui
Em 1957, o Sputnik-1 foi o primeiro satélite a ser lançado para o Espaço. Agora, 67 anos depois, existem milhares de satélites em órbita, aliados a muitos milhões de euros de investimento. Devido à imensa quantidade de lixo espacial em torno da Terra (como restos de foguetões e antigos satélites), o que pode afetar significativamente a vida útil dos satélites ativos, era necessária uma solução que evitasse este problema.
A Neuraspace, startup portuguesa fundada em 2020, com sede em Coimbra, está a desenvolver um sistema que tem a capacidade de indicar situações de perigo iminente para os satélites com alguns dias de antecedência, além de aconselhar as melhores rotas de desvio. Nuno Sebastião, fundador da empresa (que é também o diretor executivo do ‘unicórnio’ Feedzai), trabalhou anteriormente na Agência Espacial Europeia (ESA) e, desde então, mantém uma forte ligação com o setor aeroespacial. Antigos colegas da ESA desafiaram-no a desenvolver uma solução que diminuísse a colisão de satélites com detritos espaciais, surgindo assim a Neuraspace.
Da esquerda para a direita: Carlos Cerqueira, diretor de negócios da Neuraspace; Chiara Manfletti, diretora executiva (CEO) da startup; e Nuno Sebastião, investidor e fundador da Neuraspace. Na imagem, junto ao novo telescópio ótico instalado em Beja
Estima-se que existam no Espaço cerca de 36 mil objetos com dimensões superiores a 10 centímetros, enquanto que, com dimensões menores, calcula-se que sejam mais de 100 milhões. Em entrevista à Exame Informática, o diretor de negócios da Neuraspace, Carlos Cerqueira, explica o porquê de isto ser um problema: “Existindo 10 mil satélites a circular com esta quantidade de lixo. Sabendo que os objetos no Espaço não estão parados (circulam a cerca de 25 mil km/h) e com a progressão de lançamentos de satélites prevista até 2030 [aproximadamente 15 mil satélites], era necessária uma solução que combatesse este problema”. O número crescente de satélites em órbita aumenta o risco de acidentes e as operadoras de satélites estão a investir significativamente em soluções para evitar estas situações. “A razão pela qual não ouvimos todos os dias notícias sobre colisões é porque as empresas estão a apostar em programas de prevenção”, destaca o responsável.
Newsletter
Desde a fundação, a equipa da Neuraspace focou-se em construir um produto robusto que pudesse ser testado diretamente com os operadores de satélites. Em julho de 2022, lançaram a primeira solução, baseada em Inteligência Artificial (IA), que monitoriza os satélites, identifica potenciais colisões e sugere manobras para evitá-las. A grande inovação está na eficiência com que o software emite as sugestões de manobras, minimizando o impacto no tempo de vida útil dos satélites, ao otimizar o consumo de combustível. “Quanto menos manobras fizer o satélite, maior será a sua vida útil. O nosso software sugere a melhor hora para realizar a manobra, evitando que o satélite tenha de se desviar durante operações críticas, como a captação de imagens”, detalha o responsável da tecnológica.
A caminho da autonomia total dos satélites
O grande objetivo da Neuraspace é tornar os satélites autónomos e capazes de tomar decisões de desvio de rota de forma completamente automática, sem intervenção humana. “Ainda não chegámos a esse ponto, mas estamos a trabalhar nisso. Neste momento, o nosso software é de apoio à decisão. Informamos as operadoras sobre potenciais colisões e sugerimos manobras, que são depois validadas por humanos”, explica Carlos Cerqueira.
No entanto, e de acordo com o responsável, são as próprias empresas de satélites que “mostram ainda alguma relutância em entregar o controlo total ao software”, preferindo manter um operador humano no processo de decisão. O software da Neuraspace destaca-se pela precisão na monitorização dos objetos em órbita, utilizando o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS na sigla em inglês). A empresa utiliza também uma espécie de ‘catálogo’ que indica os objetos existentes no Espaço, permitindo identificar os satélites com muito mais precisão.
Exemplo real de como funciona o software da empresa
O mercado da Neuraspace
O primeiro cliente da Neuraspace foi a portuguesa Geosat, que apostou na startup quando ela ainda estava a dar os primeiros passos. Atualmente, a empresa monitoriza mais de 300 satélites em todo o mundo e trabalha com grandes empresas internacionais, como a NanoAvionics e a americana Spyre. “Estamos entre as três maiores empresas do mundo nesta área, e isso só é possível com talento e investimento”, afirma. Em termos de financiamento, a empresa conseguiu atrair 2,5 milhões de euros em 2022, através da Armilar Venture Partners, o que permitiu contratar talentos e lançar a primeira versão do produto. Mais recentemente, a Neuraspace obteve um apoio importante do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), no valor de 25 milhões de euros, que tem sido utilizado para expandir a equipa e continuar a melhorar o produto.
Embora seja uma empresa de nível global, a Neuraspace mantém uma forte ligação a Portugal, especialmente a Coimbra, onde está inserida num ecossistema de inovação na eterna cidade dos estudantes. A empresa colabora também com várias universidades e um exemplo é a parceria com a Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra para o desenvolvimento de projetos de investigação de longo prazo, importantes para o crescimento da Neuraspace.
“O talento que temos em Portugal é incrível e temos trabalhado para o conseguir reter. Temos trabalhado também para aumentar o desenvolvimento das zonas do País com baixa densidade populacional”, refere o diretor de negócios da startup. A Neuraspace tem uma parceria com os municípios de Ponte de Sor e Pampilhosa da Serra, onde a empresa tem promovido iniciativas que permitem aos colaboradores trabalhar remotamente em zonas menos povoadas. “Esta parceria tem como objetivo mostrar que é possível trabalhar em locais mais tranquilos e, ao mesmo tempo, desenvolver tecnologia de ponta, porque na verdade tendo acesso à Internet tudo é possível”, explica.
Carlos Cerqueira, diretor de negócios da Neuraspace
O futuro da Neuraspace passa por continuar a crescer, com o objetivo de contratar mais pessoas, como engenheiros aeroespaciais e informáticos com altos níveis de conhecimento em Inteligência Artificial. “Estamos a crescer e queremos manter esse ritmo, com um foco muito claro: qualidade de engenharia e talento”, conclui o responsável. Com uma visão ambiciosa de criar satélites completamente autónomos e uma presença global crescente, a Neuraspace promete continuar a ser uma das referências mundiais na monitorização e prevenção de colisões no Espaço.
Um novo telescópio
A Neuraspace lançou, no início de setembro, em colaboração com a Força Aérea Portuguesa, um projeto que visa monitorizar o Espaço com maior precisão a partir da Base Aérea de Beja, com a instalação de um telescópio ótico. Esta colaboração militar torna-se crucial num contexto em que o Espaço se assume como uma prioridade estratégica a nível global. Um exemplo prático desta parceria pode ser visto quando um F-16 sai da Base Aérea de Beja, sendo importante assegurar que não existam satélites não autorizados a sobrevoar a área, recolhendo informações indevidamente, explicou Carlos Cerqueira.
A aliança entre a empresa e a Força Aérea não só fortalece a segurança militar, como também representa um avanço significativo na monitorização e proteção do Espaço. No entanto, enquanto os radares podem ser instalados em qualquer lugar, os telescópios requerem condições específicas, como baixos níveis de ruído, para funcionarem de forma eficaz. O Alentejo, reconhecido por ser uma zona calma, foi o local escolhido para esta operação.
A quarta geração do anel inteligente Oura aparece com um design melhorado, uma construção mais sólida (agora é totalmente feito em titânio) e com sensores mais finos, que recolhem mais informações. Estas alterações tornam a usabilidade do anel mais confortável e precisa, segundo a marca. Na versão Ring 3, há uma saliência de 1,3 mm na parte interior do anel, que está em contacto com o dedo, enquanto na nova geração esta se fica pelos 0,3 mm.
Segundo a Oura, o Ring 4 faz leituras de sinais de 18 pontos, mais do que os oito lidos pelo Ring 3, e integra a informação no algoritmo Smart Sensing, que otimiza automaticamente qual o melhor caminho a escolher para manter uma leitura mais constante e precisa. A empresa afirma que o novo hardware aumenta em 30% a eficácia da monitorização do nível de oxigénio, tem 31% menos falhas nas leituras noturnas do batimento cardíaco e 7% menos falhas durante o dia. Embora sem detalhar o tamanho de bateria deste novo modelo, a Oura revela que o Ring 4 pode durar até oito dias sem recarregar.
A aplicação da Oura também foi redesenhada com a divisão de dados a ser mostrada agora em três categorias: Today, Vitals e My Health, em que as duas primeiras se focam num resumo diário e do momento do estado do utilizador, enquanto a terceira se foca na vista de longo prazo.
Newsletter
No Ring 4, algumas funcionalidades de monitorização só vão estar acessíveis aos utilizadores que optem pela subscrição (mensal de 5,99 euros ou anual de 69,99 euros) do serviço Oura Membership.
O Ring 4 está disponível em 12 tamanhos (do 4 ao 15) e seis cores, com preços desde os 399 euros, e as primeiras encomendas serão entregues a partir de 15 de outubro.
Caso esteja prestes a embarcar num voo e se tenha esquecido de criar uma lista de reprodução para ouvir no ar, o Spotify quer dar uma ajuda. A funcionalidade Offline Backup, anunciada nesta quinta-feira, vai automaticamente gerar uma lista de reprodução com as músicas ouvidas mais recentemente ou com as que estavam colocadas em fila de reprodução. A lista vai ‘evoluindo’ ao longo do tempo e ajustando-se melhor aos hábitos do utilizador. Nesta fase, a Offline Backup vai estar disponível para os utilizadores de subscrições Spotify Premium.
De recordar que os utilizadores já podem guardar no dispositivo músicas para ouvir no Spotify mesmo quando estão offline, mas essa opção só é válida quando há ligação ativa à Internet. Este modo ajuda nas alturas em que o utilizador perde ligação sem contar ou quando se esqueceu de o fazer proativamente. A lista gerada automaticamente pode ser filtrada por artista ou por género e pode mesmo ser adicionada à Biblioteca, caso o utilizador goste da seleção.
O YouTube, com a Offline Mixtape, e a Netflix, que descarrega automaticamente séries e filmes com base no que vimos anteriormente, já disponibilizam opções semelhantes.
Atiro-me para dentro do carro e ainda mal apertei o cinto e a conversa já começa a dar os mesmos passos na direção de sempre. Três curvas depois, num semáforo, o motorista desabafa sobre “a falta de controlo” de quem vem para cá trabalhar em Ubers e Bolts. “E isto o problema é que estão dispostos a trabalhar por qualquer coisa”. Tento uma guinada e falo sobre a exploração a que estão sujeitos, a forma como saíram do seu país e agora dormem em camaratas ou nas malas dos automóveis que conduzem. Recebo um aceno ligeiro, um assentimento entredentes, enquanto me espreita pelo retrovisor. E mais algumas queixas. Falar de imigrantes como explorados raramente comove os motoristas que me conduzem.
Instilar ódio aos imigrantes é tão fácil como fazer arder um eucaliptal depois de o regar com gasolina. O combustível está lá quando o salário não chega para as contas, quando não há vaga na creche, quando a consulta tarda no hospital, quando a renda da casa sobe. Isso é que o faz arder. Mas o que arde está plantado bem fundo em nós: a ideia de que as pessoas não são todas iguais e que a humanidade se mede em tons de pele e, já agora, em euros.
O ginásio que frequento, no centro de Lisboa, no rés-do-chão de uma torre de apartamentos de luxo, está cheio de imigrantes. São quase todos loiros, quase todos altos, quase todos de olhos claros. Todos ricos. E, por isso, não se chamam imigrantes. São residentes não habituais ou nómadas digitais.
Newsletter
Não ocorre a ninguém apontá-los a dedo ou mandá-los para terra deles, acusando-os de viverem à custa do Estado. Mesmo que o Tribunal de Contas acabe de publicar um relatório no qual revela que os benefícios fiscais concedidos a residentes não habituais representam “62,8% da despesa fiscal em IRS”. Ou seja, o regime que permite a estas pessoas pagarem apenas 20% de taxa de IRS durante dez anos custou-nos a todos 1,3 mil milhões de euros só em 2023. São menos 1,3 mil milhões para centros de saúde, hospitais, escolas e creches.
Os motoristas de turbante e os brasileiros que trabalham no restaurante e as africanas que acordam de madrugada para limpar casas e escritórios, pelo contrário, deram lucro. Segundo o Público, em 2023, as contribuições dos imigrantes para a Segurança Social “foram as mais elevadas de sempre e representaram uma subida de 44% em relação a 2022: foram 2,677 mil milhões de euros”. E, sim, são os mais mal pagos: os cidadãos do Nepal, Índia e Bangladesh recebem em média menos 30% do que portugueses. Em contas de 2022, e porque contribuem muito mais do que recebem, deram um lucro de 1,6 mil milhões de euros à Segurança Social. E se eles fossem todos para a terra deles, o que seria de nós?
Ninguém quer saber. Ninguém quer saber que durmam em regime de cama quente, pagando à hora o sono. Ninguém quer saber que sejam obrigados a improvisar casas em barracas, que muitas vezes acabam demolidas enquanto estão a trabalhar. Ninguém quer saber que tenham de acumular empregos ou andar pelo país à jorna, fazendo as campanhas agrícolas que mais ninguém quer fazer.
O que as pessoas querem é ter a casa limpa, o café servido, as frutas à venda no supermercado, as encomendas entregues à porta. E enquanto isso, vão-se queixando de como as rendas subiram porque agora há quem ponha dez ou quinze imigrantes a viver na mesma casa para ganhar milhares de euros.
A ninguém importa que seja indigno viver numa camarata. A ninguém importa que os meus colegas de ginásio vivam em apartamentos que são pouco mais do que quartos de hotel, mas que custam perto de um milhão não lhes parecem caros. A ninguém importa que se multipliquem as torres de luxo com apartamentos vazios ao ritmo a que se montam tendas nas ruas de Lisboa para aonde vão morar pessoas que trabalham. A ninguém importa que se venda café a preço dinamarquês servido por alguém que ganha um salário abaixo de espanhol.
Também ninguém parece muito impressionado com a forma como a Alemanha reestabeleceu os controlos em todas as suas fronteiras terrestres em agosto. Deve ter que ver com a garantia cândida que ouvi da boca de um agente alemão, aos microfones da rádio France Inter, procurando sossegar os franceses que diariamente cruzam a fronteira para ir trabalhar. “Não vamos controlar cada veículo, mas apenas aqueles que pareçam suspeitos”. E todos sabemos que cor têm os suspeitos.
A Google está a adicionar o suporte para francês, alemão, espanhol, hindi e português (do Brasil) ao Gemini Live – um modo de conversas de voz, de perfil mais natural, com o assistente digital da tecnológica. A novidade deve chegar a todos os utilizadores em breve. O assistente, que neste modo só ‘percebia’ comandos em inglês, vai ainda receber mais 40 idiomas também “nas próximas semanas”, revelou a Google.
O The Verge salienta que o calendário de lançamentos para o Gemini Live, o assistente conversacional, tem sido bastante rápido, mas que as novidades para o assistente Gemini baseado em texto têm tardado. A Google anunciou extensões para as aplicações Calendário, Tarefas e Keep durante a conferência Google I/O, mas nenhuma foi ainda disponibilizada aos utilizadores.
Com estas novidades, o assistente vai poder, por exemplo, construir uma lista de compras com base numa fotografia ou numa receita ou mesmo adicionar vários eventos ao Calendário a partir de uma brochura.
Newsletter
Como usar o Gemini Live
Atualize a aplicação Gemini para garantir que tem a versão mais recente
Num smartphone ou tablet Android, abra a aplicação Gemini
Na parte inferior, toque na opção “Live”
Siga as instruções no ecrã
Depois de iniciar uma conversa com o assistente, o utilizador pode pausar ou parar por completo a conversa a qualquer momento. No caso de optar por pausar, pode retomar essa mesma conversa num momento mais tarde.
Poucos minutos depois do pedido, um a um, os pratos foram chegando à mesa do Barouk, o novo libanês da cidade, a funcionar com esplanada na Lx Factory.
O couvert foi o primeiro a causar “sururu”, muito por causa do pão pita que vem quentinho e insuflado como um balão, acompanhado por um trio de molhos e pastas: labneh (uma espécie de queijo creme de alho e ervas), muhammara (feito de noz, pimentão e picante) e ainda azeite virgem extra e melaço de romã. Daí para a frente foi um festim de cor e sabor. O menu, pensado pelo chefe libanês Joseph Youssef, tem os clássicos da cozinha daquele país, do húmus, baba ganoush, tabouleh e falafel de grão-de-bico, a uma variedade de pitas (das quais destacamos a de borrego assado durante 12 horas) e várias versões de manakish, uma espécie de pizza. Acompanhe-se com um cocktail que inclua araque, o licor tradicional com sabor a anis, para a refeição ser a preceito. Lx Factory, R. Rodrigues Faria, 103, Edifício H, 0.10 B > T. 96 786 0284 > seg-qui, dom 12h-24h, sex-sáb 12h-1h
2. Comida de Santo
Fotos: DR
Newsletter
Quando abriu em 1981 no Príncipe Real, perto de um Bairro Alto a fervilhar, o primeiro restaurante de cozinha regional brasileira em Lisboa iniciava uma jornada de 42 anos de boas memórias. O fundador António Pinto Coelho, com a mulher Flor e, mais recentemente, o filho Gonçalo, sempre recebeu com carisma, fidelizando como ninguém quem ali ia comer feijoada e beber caipirinhas. Em junho, mudaram-se para Alcântara, numa casa mais contemporânea, cheia de charme, recuperada pelo arquiteto João Moutinho, onde se destaca o chão claro de lioz, o arco de pedra, o louceiro de madeira, os candeeiros Eichholtz e os painéis e pinturas étnicas de Ana de Sá. São cerca de 50 lugares, entre a sala e o bar por onde se entra, ideal para ser explorado na temporada outono-inverno, com uma bebida e um pãozinho de queijo, bolinho de feijoada ou coxinha de frango. No restaurante, a ementa continua focada na gastronomia nordestina, sobretudo da Baía, com a tradicional feijoada, moquecas, casquinha de siri, escondidinho de carne-de-sol ou de camarão, picadinho à mineiro, delícia de frango, bolo de chocolate Dona Flor, quindim e caipirinhas feitas a partir de 20 referências da aguardente de cana-de-açúcar. Frescura e muita nostalgia baiana. R. 1.º de Maio, 98 > T. 21 396 3339 > qua-seg 12h-24h
3. Vibe
Foto: Gabriell Vieira
As bases do fine dining e dos speakeasys encontram-se no Chiado, numa cave lindíssima – vencedora de um prémio nos Restaurant & Bar Design Awards, em 2021, quando a sala estava ao serviço do extinto Nómada –, para contar a história de vida de um chefe italiano de 34 anos. Ele é Mattia Stanchieri, natural de Monza, com experiência nas Bahamas, na Dinamarca e até em Lisboa, cidade escolhida para abrir o primeiro restaurante em nome próprio, numa lógica de farm to table, com um menu que muda radicalmente a cada quatro meses. Depois de ter inaugurado o Vibe na primavera com uma carta dedicada a Nova Orleães e ao Louisiana, estreia agora um menu de raiz italiana, intitulado Milão a Turim, espelho dos primeiros anos na cozinha. Serve-se de bons produtos portugueses para criar pratos como gnocchi de abóbora, com queijo São Jorge, ou costoletta alla Milanese, com lombo de vitela dos Açores, servidos em doses pequenas, para fazerem parte de um de três menus de degustação (7 pratos €75, 10 pratos €90, 11 pratos €130). As receitas são explicadas em pequenos cartões arrumados numa caixinha na mesa, em jeito de mapa de viagem, acompanhada nos vinhos pelas ideias do Senhor Uva e nos cocktails pelo Quattro Teste, consultores do restaurante. R. da Horta Seca, 5B > T. 96 552 2749 > qua-dom 19h-24h
4. Yoso
Foto: José Carlos Carvalho
Habner Gomes, 32 anos, e José Balau, 25, formam uma dupla dinâmica na cena japonesa dos balcões únicos, 12 lugares, e com muito para dar a descobrir. Habner está em Portugal há 17 anos vindo de Minas Gerais, no Brasil, e sempre trabalhou com gastronomia japonesa (Mattë, Hikidashi). “Aprecio o rigor, a limpeza, a busca diária da perfeição. Gosto de servir os meus clientes”, diz-nos. O conceito omakase (deixar-se nas mãos do chefe) com inspiração na cozinha kaiseki, de Quioto e Osaka, em vez da típica de Tóquio, faz com que no menu, em vez de pratos ou ingredientes, mencionem-se nove técnicas, com caldos, grelhados e fritos, num desfile em crescendo. Alguns exemplos: fígado de tamboril hassun (foie gras do mar), lírio yakimono (marinado e grelhado), cavala agemono (tempura), tomate-coração-de-boi yogashi (na sobremesa). São duas horas de jantar, desde o momento em que o arroz é temperado com vinagre mizkan, com estágio em borras de sake, até ao café de especialidade, com torrefação feita na Asante na Costa da Caparica, moído na hora e servido espresso ou filtrado. Sentados na cadeira ergonómica e muito confortável, o rol de pratos servidos na louça do Studioneves, inspirada nos quatro elementos (terra, fogo, ar e água), está em contagem decrescente para realizar o sonho de Habner: ganhar uma Estrela Michelin. Rampa das Necessidades, 6 > T. 21 397 0705 > ter-sex 12h30, 13h30 menu executivo €35 (com bebida e café), ter-sáb 20h menu degustação €95 (sem bebidas)
Longa vida às tascas alfacinhas
5. Cerqueira
Fotos: DR
Bem-vindos ao Cerqueira 2.0. Uma mistura do melhor que o casal Avelino e Ana Maria deu, durante 40 anos, a esta tasca da Calçada de Sant’Ana – e aqui falamos de boa comida e excelente atendimento –, com as influências e experiências de um conjunto de amigos que não quis ver morrer mais um restaurante português. “Queremos respeitar a cultura da casa”, resume Diogo Lopes, um dos sócios, e isso traduz-se numa série de pratos de linha portuguesa, outros de inspiração brasileira, país de origem de quem cozinha, recriados a partir de um livro de receitas de Ana Maria ou inventados de raiz. Ao almoço fazem-se experiências que, quando bem-sucedidas, saltam para o menu fixo, onde já estão cativos a aba estufada, o bacalhau à minhota e o doce da casa (imperdível!). Cç. de Sant’Ana, 49 > T. 21 887 1369 > ter-dom 12h30-15h, 18h30-23h
6. Taberna Meia Porta
Foto: Luís Barra
Foi uma mão divina que levou Frederico Frank a passar pelo Floresta do Alcaide, perto do Miradouro de Santa Catarina. Ao fim de 40 anos, o casal Manuel e Prazeres tinha decidido ir viver para o Alentejo, e o chefe brasileiro encontrou a morada perfeita para o restaurante que queria abrir com o sócio Rodrigo Braga. Mantiveram os azulejos, rasparam as camadas de tinta do teto e puseram mesas de tampo de mármore. O nome surgiu de uma circunstância: Taberna Meia Porta, uma vez que só abre uma das duas portas. Aqui, tudo é servido em travessas de alumínio para partilhar: croquetes de sapateira, moelas, barriga de porco assado com grão-de-bico, mousse de chocolate com caldo de ginja, só para abrir o apetite. Tv. do Alcaide, 22A > T. 21 011 4896 > ter-sáb 12h30-15h, 19h-23h
7. Vida de Tasca
Foto: Luís Barra
Quem é do bairro de Alvalade conhece este poiso com mais de 40 anos. Não com este nome: a Casa Alberto chama-se agora Vida de Tasca pelas mãos de Leonor Godinho, que, quando percebeu que o restaurante estava à venda, comprou-o sem hesitar. “Almoçava aqui várias vezes”, diz. Na Vida de Tasca, onde não falta uma esplanada, a chefe do Vago pratica a cozinha do património tasqueiro português. “Quis preservá-la tal como ela era, e não fazer uma coisa diferente.” A ementa faz-se à base de grelhados, tem alguns pratos de tacho e pratos do dia. Pode ser uns pastéis de bacalhau com arroz de coentros, panados com salada russa ou arroz de polvo malandrinho, sempre servidos com simpatia. R. Moniz Barreto, 7 > T. 21 849 0855 > ter-sáb 12h30-15h, 19h30-22h30
8. Selllva
Fotos: DR
Diz-se que no Selllva (assim mesmo com três eles, como se fosse a marca de uma garra) se come saudável sem fundamentalismo e isso atrai qualquer pessoa que procura equilíbrio à mesa: sabor, sem que esse esteja a nadar em gordura. Na verdade, não é caso para espanto – o restaurante existe há cinco anos na Rua Mouzinho da Silveira e já tem a sua clientela bem delineada. Mas como, às vezes, os lugares pareciam poucos para quem queria comer estes brunches, por exemplo, desde o verão que Campo de Ourique acolhe a nova sucursal, onde em tempos se serviram “moules et frites”, como os belgas gostam. A ementa é a mesma e divide-se entre Brunch (todos os dias), Jet Lag (menu de pequeno-almoço disponível até às seis da tarde), Into The Wild (que são as entradas, como bolinhos de queijo e tapioca) e os pratos principais, que tanto podem ser um tataki de atum (€18) como um risotto de beterraba (€14,50). O ambiente é selvagem, claro, e o pátio das traseiras a mais-valia deste novo restaurante, onde se está mesmo bem a saborear uma opção da secção Hydration Waterfall (sumos naturais, detox ou smoothies). Mas também existe uma variada lista de Urban Cocktails para quem não dispensa o álcool. R. 4 da Infantaria, 29D > T. 21 599 9631 > seg-dom 09h30-24h
9. Bisque
Fotos: DR
Atente-se, primeiro, na cenografia do Bisque, inspirado nos ambientes clássicos de Paris, mas com um toque moderno e algo teatral. Pavel Kisilev, um dos sócios, gosta dos detalhes, nós também. “Os talheres foram comprados em Paris, os pratos feitos por encomenda com o nome do restaurante na República Checa, os candeeiros vieram de Itália”, conta-nos. Em Portugal há oito anos, com passagem pelos Açores, onde teve dois restaurantes, foi no Oyster & Margarita no Príncipe Real que se cruzou com o conterrâneo russo Vladimir Perelman, o outro sócio do Bisque. “Desde o início que ele queria uma coisa à base de peixe, ficou impressionado com a qualidade do produto português, a proximidade do mar, e também do marisco”, diz Pavel, responsável pela gestão diária. A preferência de Vladimir pela cozinha francesa inspirou a carta com base no molho bisque que se desdobra em várias propostas, como o topinambour com molho bisque e queijo comté ou bisque com lagosta, gougères (bolinho de massa choux com queijo) e molho rouille. Entre as novidades, a entrada de dióspiro com gorgonzola, uma espécie de parfait muito ligeiro que funciona bem com a fruta, cortada em pedaços para depois ser passada por esse creme, o salmão numa combinação com amêijoas e pimentos de várias cores e a sobremesa de creme brulée, também surpreendem o paladar neste Bisque. Lg. Conde Barão, 20 > T. 96 305 0162 > seg-qui 18h-23h, sex 18h-23h30, sáb-dom 10h-15h, 18h-23h30
10. Água pela Barba
Foto: Luís Barra
Se ainda estivéssemos às escuras acerca do que nos esperava depois de nos sentarmos à mesa deste novo restaurante de Campo de Ourique, as luzes acenderiam perante a enorme fotografia que domina a sala, em que se vê um pescador no seu habitat. Estamos no mar, portanto, e há de ser de lá que toda a comida vem (exceção única para a sanduíche de cachaço de porco desfiado). Quem já conhece o irmão mais velho, que abriu na Bica há oito anos, pela mão do empresário João Alves, estará familiarizado com o bao de sapateira (€15) ou com o ceviche misto (€14), de salmão e pampo, que se faz acompanhar de puré de batata-doce, só para citar dois dos deliciosos exemplos das “miudezas”, como aqui se chama às entradas. Os rissóis de peixe, dois exemplares bem fritos por 10 euros, são a única exclusividade do bairro, quando ainda estamos neste capítulo de dar fôlego à refeição. Provem-se, pois então, que se complementam com uma salada de coentros e maionese de gengibre. Nas “grandezas”, há apenas quatro caminhos marítimos a escolher: polvo, lingueirão, camarão ou filete de peixe branco, mas lá estão também o cachaço e três opções vegetarianas. Como o risotto de lingueirão só pode ser (a)provado aqui, optámos por experimentar este primo italiano do nosso arroz (€25) com este marisco que aparece em algumas praias na maré baixa. A rematar, voltámos a Itália (o chefe João Magalhães passou lá alguns anos) através de uns cannoli, que na ementa dá pelo nome de canilhas e estão recheadas de creme pasteleiro. R. Coelho da Rocha, 110 > T. 93 524 4842 > seg-sáb 12h30-15h, 19h-01h, dom 12h-16h
11. Sophia
Foto: DR
Abertura muito recente na avenida central da LX Factory, em Alcântara, esta pizzoteca e bar alarga a oferta de “pizzas contemporâneas” napolitanas feitas com massa de fermentação longa (36h/48h). Na esplanada do Sophia, do grupo Capricciosa, já com casa aberta há três anos junto ao Mercado da Ribeira, o anúncio do “Prosecco open bar” chama a atenção. Durante uma hora, por €14, pode beber a quantidade que quiser deste vinho branco italiano na sua versão clássica ou com hortelã. Acompanha bem com bolas de pizza XL (recheadas com queijo, alho, trufa e orégãos ou ventricina) ou com um doce, o clássico tiramisu ou a mousse de mascarpone e pistácio. As mesas acrílicas coloridas, em rosa e em cor de laranja, e os bancos de alumínio, conferem o aspeto minimalista e cosmopolita ao espaço remodelado pelo arquiteto Duarte Caldas, com instalações originais do estúdio de Constança Entrudo. Tudo em harmonia com o pedido que pode ser feito através do QR Code do menu. LX Factory, R. Rodrigues Faria, 103 > T. 21 098 7442 > dom-qui 12h-24h, sex-sáb 12h-2h
12. Le Bleu
Foto: DR
O chefe Kiko Martins chegou a Campo de Ourique para fazer das suas. Neste bairro familiar, quis mostrar que nem todos os restaurantes de peixe e marisco têm de ser iguais e que se pode ser diferente sem se abdicar da qualidade do produto e do seu sabor. É no couvert que começamos a perceber isso – e também que nem tudo o que parece é, como nos avisam logo que abrimos a ementa –, pois lá encontramos espargos prontos a serem mergulhados num dip de anchovas. Além de pão de queijo Gruyère e brioche para barrar de manteiga com flor de sal. Depois, o desfile de snacks pode ir variando por entre um nigiri de lírio e marshmallow, inspirado no clássico japonês, mas sem o típico arroz a servir de cama ao peixe (€7,20), um par de ostras da ria Formosa (€8,30) assentes em pedras azuis e só essas regressam à cozinha, pois de resto tudo se come, “concha” incluída, ou uma sanduíche de barriga de atum, em que o “pão” é feito de suspiro (€12,30). Quando chegamos aos pratos principais, há polvo, bacalhau, salmonete, lagostim, pregado, gamba violeta e barriga de atum para escolher. Mas, já se sabe, nada do que aqui escrevermos vai depois ter a correspondência esperada no prato. Por isso, só vendo, e brincando às adivinhas, de cada vez que nos servem. R. Saraiva de Carvalho, 131 > T. 21 137 0107 > ter-qui 19h-23h, sex-sáb 12h-15h30, 19h-23h
13. Irú
Fotos: DR
Um jantar no Irú é uma experiência intimista. No balcão, de um lado, sentam-se oito comensais, do outro está o chefe Pedro Binotti, que confeciona e decide o que se serve a cada dia neste restaurante japonês ao estilo omakase. O desafio foi lançado por Pedro Lopes, sócio do Black Sheep e responsável pelo Salta, onde Pedro Binotti trabalhou como chefe principal. O peixe é o ingrediente estrela do menu composto por 12 momentos (€80) a que pode acrescentar-se um pairing de vinhos ou saké (€40). “Trabalhamos com peixe maturado (entre dois a 10 dias), que lhe dá uma textura mais firme e uma potência maior no sabor”, diz Pedro Lopes. Além da criatividade e técnica apurada do chefe, é a sazonalidade que também dita as sugestões – finda a época da sardinha, pode entrar o lírio dos Açores ou atum de pesca sustentável. Há, no entanto, dois pratos que se mantêm. “Um é o arroz japonês com tempero do chefe e unaji, que é uma enguia defumada marinada num molho kabayki, tem muita frescura; o outro é o tartar de cavala, preparado com gengibre, chili, soja, teriyaki e gotas de limão. É servido com uma folha de shiso e come-se como um taco”, explica Pedro Lopes. No final, há uma pequena surpresa. Tv. da Fábrica das Sedas, 30 > T. 21 010 2326 > seg-sex 19h e 21h30
Houve um tempo em que o Parque Mayer era a “feira” de Lisboa. Feira, mesmo, com as atrações do tiro ao alvo, dos matrecos, dos combates de boxe, dos restaurantes, dos cafés, dos teatros de revista e do cinema – estando votado à Sétima Arte o modernista Capitólio, concretizado em 1930 por Cristino da Silva.
Em 1955, inaugurava-se o ABC, que ia juntar-se ao pioneiro Maria Vitória, de 1922, e ao Variedades, de 1926. Um incêndio, em 1966, consumiria o edifício, que foi depois recuperado. Nos anos 1990, acolheu alguns programas de televisão e abriu para apresentações esporádicas, mas acabou por encerrar.
A vontade de devolver à cidade o Parque Mayer (onde só o Maria Vitória se mantinha em funcionamento) tornou-se um objetivo da Câmara Municipal de Lisboa. Depois da reabertura do Capitólio (em 2016), segue-se agora o Teatro Variedades, com uma programação que procura privilegiar o teatro (as propostas incluem nomes como os de Rita Ribeiro ou Florbela Queiroz, mas também produções dos Artistas Unidos, do Teatro Nacional D. Maria II, atualmente em obras, e da Companhia de Ópera do Castelo) e apostar em temporadas mais extensas, ao contrário do que acontece habitualmente nas principais salas da cidade, adianta o seu diretor, Joaquim René, à Agenda Cultural de Lisboa.
Newsletter
Depois da reabertura do Capitólio, em 2016, segue-se o Teatro Variedades. Foto: Luís Barra
Neste sábado, 5 de outubro, o Variedades abrirá as suas portas, cabendo ao Teatro do Eléctrico apresentar duas peças escritas, mas nunca antes encenadas, por Ricardo Neves-Neves: Entraria Nesta Sala (17h) e The Swimming Pool Party (20h). O fim de semana será de festa. No Capitólio, o concerto No Futuro Lisboa, com curadoria de Dino D’Santiago, reúne os artistas NBC, Sir Scratch, Jojho, Kady, Sasha, Janeiro, Raissa, Berlok e Wander Isaac, que vão reinterpretar êxitos de revistas (sáb, 5, 21h). O DJ Set de Mãe Dela fecha a noite.
No domingo, 6, a Noite de Fado, em parceria com o Museu do Fado, traz Pedro Jóia e José Manuel Neto, acompanhados por Aurora. Ainda no Capitólio, no terraço, às 21h, exibem-se os filmes clássicosA Canção de Lisboa (dia 5) e O Costa do Castelo (dia 6), numa parceria com a Cinemateca Portuguesa e o Cinema São Jorge.
No exterior, haverá concertos de Tó Trips (sáb, 5, 18h) e Expresso Transatlântico (dom, 6, 18h30) e DJ sets de Nery (dia 5) e João Villas-Boas e Bruno Huca (dia 6). Já o Teatro Maria Vitória apresentará a peça E Ninguém Vai Preso! em ambos os dias (sessões às 16h e 21h).
A entrada é gratuita, sendo necessário o levantamento prévio de bilhetes para os espetáculos (distribuídos no próprio dia, a partir das 15h, na bilheteira central do Parque Mayer; cada pessoa poderá levantar até dois bilhetes para dois espetáculos).
Teatro Variedades > Parque Mayer, Av. da Liberdade, Lisboa > T. 21 052 3630 > festa de inaurguração 5-6 out, sáb-dom > grátis, mediante levantamento prévio de bilhetes para os espetáculos