Bem-vindo à série do podcast Tech Flow que é inteiramente dedicada à cibersegurança. Ao longo de cinco episódios, exploramos a segurança informática de forma descomplicada – dos conceitos gerais que definem esta área, às novas tecnologias que estão a transformar a forma como utilizadores, empresas e organizações devem abordar a segurança digital. Este é um podcast que tem como objetivo sensibilizar os utilizadores e os decisores – porque no fim de contas, todos usamos tecnologia – para a importância da cibersegurança no dia-a-dia.

Novo episódio na próxima quarta-feira, 27 de novembro, às 15h30,
sobre “A diretiva NIS2 e o que traz de diferente nas regras de cibersegurança

O que são as tecnologias quânticas e por que motivo são importantes para a cibersegurança? Quais as implicações estratégicas destas novas tecnologias para as empresas? Como integrar ferramentas quânticas nos atuais sistemas de defesa e proteção? E como se convence alguém da importância de uma tecnologia que para muitos ainda é desconhecida e está longe de ser amplamente adotada?

As respostas a estas e outras perguntas são dadas por Mário Caldeira, sócio na Deloitte Portugal e vice-presidente do Instituto Português de Quântica (PQI na sigla em inglês), e António Martins, engenheiro de sistemas de cibersegurança na Warpcom. Pode ver o quarto episódio do Tech Flow na versão vídeo no início deste artigo ou ouvir aqui a versão em áudio:

Tech Flow, episódio 4

Veja ou reveja os outros episódios já publicados do podcast Tech Flow:

A nova série do podcast Tech Flow, dedicada à cibersegurança, é feita pela Exame Informática em parceria com a Warpcom. 

Marcelo tem contrato com Belém até 2026, mas a lista de hipotéticos sucessores à casa de maior poder em Portugal começa a ficar longa. Marques Mendes foi o primeiro a posicionar-se através do seu comentário dominical. Seguiu-se, segundo alguns especialistas, Paulo Portas. Pedro Santana Lopes também apareceu, mas está em todas. Com a Covid e com os militares a serem chamados para resolver problemas de logística (a sua maior especialidade) o líder da task force deu nas vistas e, o hoje Almirante, Gouveia e Melo começou a ser apontado como presidenciável.

Mas, a lista não se fica por aqui. O algarvio e governador do Banco de Portugal, Mário Centeno também é apontado como estando na casa da partida. Pelas bandas do Rato mais nomes são falados. É como se sentissem que está na hora de acabar com o reinado da direita numa casa onde querem  inquilino rosa. Por isso, nomes como Ana Gomes, Augusto Santos Silva ou António Vitorino parecem assumir o papel de tios numa família que há muito se sente órfã.

A lista engorda e surgem nomes como Pedro Passos Coelho – que em sondagem fica à frente de Luís Marques Mendes -, André Ventura. O que ninguém, ou muito poucos, esperavam é que o Secretário-geral do PS incluísse na lista de candidatos à Presidência da República um militante do PS que já ocupou o seu cargo, está em silêncio político há cerca de uma década. Falo de António José Seguro.

A lista de presidenciáveis fica, assim, mais preenchida. Tem figuras de relevo e de peso, mas António José Seguro é sem dúvida um sério candidato. Homem de consensos, que soube sair da cena política, é capaz de fazer sombra aos muitos presidenciáveis que foram desfilando numa passarela que alguns  dizem exigir experiência de vida e percurso político.

Sem que possa concordar com os requisitos apontados (por especialistas) para Belém, reconheço em Seguro o perfil para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa e acrescento uma nuance: é capaz de roubar eleitorado ao candidato que se apresentar pela direita. Afinal, as opções à direita são poucas e Marques Mendes não é consensual.

Até 2026 muita coisa irá acontecer, incluindo eleições autárquicas. Saberá o país político ler nas entrelinhas e captar a vontade de um povo que, cada vez mais, não olha para a política com o mesmo fulgor do dia 27 de junho de 1976?

Com tantos nomes em cima da mesa, adivinha-se uma primeira volta animada nas próximas presidenciais.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Neste projeto de teatro documental, Mohamed El Khatib (escritor, encenador, realizador e artista) partiu de centenas de entrevistas a pessoas seniores (entre os 80 e os 100 anos, de diferentes contextos sociais) para construir uma narrativa sobre o amor e a sua vivência, espelhados nesta vasta gama de experiências de relacionamentos. Há o desgaste dos corpos, mas também uma maior sabedoria. Afinal, o que se ganha e o que se perde amorosamente ao longo do tempo?

No palco, concebido como se fosse uma pista de dança de salão, oito desses idosos partilham tanto os amores passados como os desejos atuais – tantas vezes negados nesta fase de maior fragilidade e sujeitos a julgamentos da sociedade, embora continuem a palpitar até ao último momento. E que se podem traduzir numa sexualidade reinventada, que “já não se conforma com o desempenho ou a pressão social, mas desenvolve o seu próprio ritmo, o seu próprio tempo, a sua própria intimidade frágil, mas igualmente intensa”, sublinha a sinopse. No fundo, um manifesto sobre a vitalidade e o desejo sexual na velhice.

O espetáculo A Vida Secreta dos Velhos está integrado no Festival Alkantara.

A Vida Secreta dos Velhos > Culturgest > R. Arco do Cego, 50, Lisboa > T. 21 790 5155 > 23-24 nov, sáb 19h, dom 17h > €14

Palavras-chave:

Assinala-se na próxima segunda-feira mais um Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, com grandes marchas de protesto. Se continuam a não perceber porque é que ainda é necessário sair à rua e gritar contra a perniciosa equação de misoginia, poder e impunidade que alimenta a violência de género, então vamos a números, com dez dados específicos que nos deveriam tirar coletivamente o sono – ou, pelo menos, deixar-nos a pensar. Sabiam que:

– Em média, mundo fora, a cada 11 minutos uma mulher é assassinada às mãos de um parceiro íntimo ou de um familiar? A própria casa continua a ser o sítio mais perigoso para a vida das mulheres, garante a UN Women;

– Uma em cada quatro pessoas considera que pode ser justificável um homem agredir a sua companheira? Pelo menos foi o que concluiu um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, apresentado em 2023, com dados recolhidos em 80 países;

– Só este ano, já foram assassinadas 25 mulheres em Portugal, e 53 sofreram um atentado à sua vida, em situações de violência doméstica? Os dados apurados pelo Observatório de Mulheres Assassinadas revelam ainda que, em metade dos casos, já existia violência prévia;


– Uma em cada dez mulheres em Portugal (10,3%) já sofreu violência física ou sexual na intimidade? Um número que aumenta para 22,5% se incluirmos a violência psicológica, como mostravam os dados do Inquérito sobre Segurança no Espaço Público e Privado, apresentado este verão pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em parceria com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV);

– Em 2022, foram feitas 519 participações pelo crime de violação em Portugal? Sendo que cerca de 93% das vítimas eram mulheres e 98% dos arguidos eram homens, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna;

– Anualmente, 12 milhões de meninas e adolescentes são forçadas a casar? Isto dá uma média de 23 por minuto, contabiliza a UNICEF. Meninas que entram num ciclo de exclusão na educação, de dependência financeira, de gravidezes precoces, com danos irreversíveis à saúde, e de consequente exposição a violência física, sexual e emocional. Meninas e adolescentes que são privadas e qualquer possibilidade de vida livre, com todo o seu potencial;

– Mais de 4 milhões de meninas estão, todos os anos, em risco de sofrer mutilação genital? Um crime hediondo que continua a ser encarado como tradição e que as privará para sempre de uma vivência plena da sua sexualidade, além de acarretar inequívocas possibilidades de complicações em caso de gravidez e parto,

– Mais de 80% das vítimas de tráfico humano são mulheres e meninas, raptadas e vendidas como mercadoria em pleno século XXI? Dados da ONU Mulheres revelam ainda que 3 em cada 4 destas vítimas são depois alvo de exploração sexual;

– Uma em cada dez mulheres na União Europeia relata ter sofrido assédio sexual online desde os 15 anos? A Fundamental Rights Agency explica que isto inclui terem recebido e-mails, mensagens de chat ou SMS sexualmente explícitos indesejados e/ou ofensivos, ou avanços ofensivos e/ou inadequados em redes sociais. Um risco que é maior entre mulheres jovens de 18 a 29 anos;

– Ou que 82% das mulheres parlamentares relatam já ter sofrido alguma forma de violência psicológica enquanto cumpriam seus mandatos? Dados da Inter-Parliamentary Union mostram que as agressões se traduzem em comentários, gestos e imagens de natureza sexual sexista ou humilhante, ameaças e assédio moral. As mulheres – que representam atualmente apenas cerca 25% dos lugares parlamentares mundo fora – afirmam que o universo das redes sociais é o principal canal deste tipo de violência, e quase metade (44%) relatou ter recebido ameaças de morte, violação, agressão ou sequestro não só contra as próprias, mas também contra as suas famílias. Mais de 65% foram alvo de comentários sexistas, principalmente por colegas do sexo masculino dentro do próprio Parlamento.

É triste, mas a realidade em 2024 ainda é esta: vivemos num mundo onde, amiúde, meninas e mulheres continuam a ser traficadas e exploradas tal qual mercadoria, assassinadas principalmente pelos seus parceiros íntimos ou familiares, mutiladas a bem de crenças religiosas, agredidas sexualmente nos mais variados contexto, desde o da intimidade ao laboral, ou até mesmo o político, policiadas e castigadas se não cumprirem a moral e bons costumes impostos pelos homens, silenciadas pela própria máquina da Justiça, que tantas vezes lhes falha.

Dia 25 de novembro marchemos contra tudo isto. Na vida, todos os dias, sejamos agentes de mudança a tempo inteiro.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Ando sem paciência para viajar. Estou cansada daquele pássaro voador. Por acaso, as três últimas viagens até correram muito bem. Foram espetáculos incríveis, o público adorou. Em três semanas, estivemos em Lisboa, depois na cidade espanhola de Tarragona e a seguir em Berlim. Por vezes, também ficamos um mês inteiro só no estúdio a ensaiar, na nossa base que é a Madeira. Tudo depende da programação, dos festivais, dos teatros.

Na companhia Dançando com a Diferença, que promove a inclusão de pessoas com deficiência, somos três monitores e organizamo-nos para cada um dar uma das três aulas do dia. Quando temos espetáculos ao fim de semana, quem entra tem de ensaiar e quem não entra dá as aulas.

A rotina de acordar, arranjar a mochila, apanhar transporte, dançar, almoçar, dançar, voltar para casa, preparar o jantar, estudar e dormir não combina comigo. Eu sou africana, preciso de sair, gosto de me divertir, de ouvir uma balada e de beber uma cerveja ou uma poncha. Tenho-me esquecido. Com a idade, estou a ficar preguiçosa. Até já reduzi de cinco para três as cadeiras do curso de Ciências Sociais, que estou a tirar à distância, mas nestas três semanas fora de casa tive de entregar três trabalhos. Um terror. Já pensei em desistir, mas lido mal com esta palavra. É um desafio que vou esforçar-me por ultrapassar.

Vir para o Funchal, em 2019, foi uma mudança drástica na minha vida. Em Maputo, onde nasci e cresci, ninguém me segurava. Lá, não esperamos pelo fim de semana para socializarmos, e eu nunca fui de parar em casa. Morava com a minha grande família e, desde que sofri o acidente [foi atropelada e ficou com as pernas esmagadas], aos oito anos, passei a ser a mais mimada dos cinco irmãos.

Eles não me deixavam fazer nada, nem sequer cozinhar, por isso não estava preparada psicologicamente para viver sozinha. Nos primeiros tempos aqui nesta ilha incrível, só chorava e ligava para os meus pais a dizer que queria voltar. Sentia um vazio enorme, mas eles sempre me incentivaram. Ainda hoje, quando tenho mais saudades e falo em regressar, o meu pai responde: “Vais voltar para onde? Não te quero em minha casa.” Já não estou com eles há dois anos, em 2025 tenho de ir vê-los, não falha.

Foi minha a decisão de aceitar o convite do Henrique Amoedo, o diretor artístico da Dançando com a Diferença. A juntar ao desafio de me emancipar enquanto mulher, sonhava integrar uma companhia de dança internacional, para aprender um pouco mais e dar de mim até onde pudesse. Se eu ficar no meu conforto, é claro que não vou longe, pensei. Preciso de quebrar essas barreiras e ver o que me espera do outro lado do mundo.

“Ganhei o mundo”

Como o Henrique me tinha avisado, a Madeira é um sobe e desce constante, nada acessível para pessoas como eu. No entanto, há transporte para gente com mobilidade reduzida, por marcação com 48 horas de antecedência, e com o tempo comecei a usar também os transportes públicos, a apanhar boleia dos meus colegas ou um Uber. Eu sou independente na minha cadeira de rodas, como já era em Moçambique.

Depois do acidente, ainda esperei uns cinco anos para ter uma. O meu pai insistiu para eu não deixar a escola, mas, na minha cabeça, era impossível continuar. Andava na segunda classe. Então, os meus irmãos e outros familiares passaram a levar-me ao colo e às costas para as aulas. Às tantas, já os meus colegas se revezavam para me carregar ao longo de vários quarteirões, numa onda que me emocionava. Eram crianças de nove anos, como eu. Foi incrível. Se eu tinha uma vontade, os outros estendiam-na ainda mais.

Também foi na rua que me puxaram para a dança. Certo dia, tinha já 18 anos, fui abordada por uma desconhecida, hoje grande amiga, para ir conhecer um grupo. Nunca tinha visto tantas pessoas com deficiência juntas. Detestei uma e outra vez, mas, não sei explicar porquê, continuei a assistir. Não me atrevi a sair da cadeira até terem passado uns dois meses. Quando um belo dia desci para o chão, ganhei o mundo. De repente, eu tinha espaço e comecei a apaixonar-me. Dois anos depois, fizemos uma apresentação em palco e vi as pessoas a aplaudir. Pensei: “É isto que eu quero. Quero dar alegrias e contribuir para transformar o mundo. Quero fazer as pessoas aplaudirem a vida inteira.”

Na Madeira, a Dançando com a Diferença abre-me horizontes ao mesmo tempo que me dá a oportunidade de trabalhar com outros coreógrafos, como a Marlene Monteiro Freitas ou o Panaibra Canda, com quem dei esses primeiros passos em Maputo. O projeto fascinou-me. Sempre que penso em desistir, concluo que não fui feita para isso. Recordo as pessoas emocionadas que vêm ter comigo no fim dos espetáculos, como ainda agora em Berlim, e me fazem chorar de emoção. É uma chapada na cara, a prova de que consegui o que queria: contribuir em palco para melhorar o mundo, nem que seja uma só pessoa do público.

Já viajei ao Brasil, Alemanha, França, Suíça, Suécia, Portugal, Madagáscar, África do Sul, EUA, Austrália, etc. Não sei porquê, ainda não estive na Ásia, tenho de me empenhar mais. No palco, aprendi a vencer as minhas limitações, mas hoje, ao dançar, não é sobre superar a minha dificuldade enquanto uma mulher com deficiência. Já não é sobre isso. É sobre oferecer alguma coisa na condição em que o meu corpo se encontra. O palco é o lugar onde me consigo expressar, onde sinto que pertenço, onde tenho o mundo inteiro para mim, sem limitação nenhuma. Eu sou Mariana, sou artista e é isto que me alimenta.

Depoimento recolhido por Rui Antunes

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Com o Natal chega uma das histórias mais populares desta época. Só que esta passa-se toda no gelo, com muita música e canções à mistura e até algumas surpresas no enredo.

Numa pista de gelo natural e à frente de um elenco de 23 artistas, Ângelo Rodrigues, Angie Costa e Rita Rocha convidam-te para este espetáculo cheio de luz e alegria, que podes ver até dia 5 de janeiro, na AM Arena, no parque exterior do MAR Shopping Matosinhos. E tu podes ganhar um dos 5 convites duplos que temos para oferecer para uma sessão à tua escolha.

“Quebra-Nozes e o Reino do Gelo” é uma odisseia recheada de magia e aventura, que nasce da notícia de um “Natal Cancelado”, que deixa todos em sobressalto. A missão de salvar o Natal leva Clara, a Fada dos Doces e o Quebra-Nozes a viajarem até ao Planeta do Natal a bordo de um foguetão, atravessando inacreditáveis territórios encantados até chegarem ao mais mágico de todos: o Reino do Gelo… um lugar misterioso onde vive o Pai Natal!

Ângelo Rodrigues dá vida ao Quebra-Nozes, um soldado cheio de coragem e sentimentos nobres; Rita Rocha estreia-se como atris e interpreta Clara, uma miúda despachada, atrevida e dona de uma imaginação interminável; e a atriz, influencer youtuber, Angie Costa veste a pele da Fada dos Doces, um ser elétrico, que espalha energia, alegria e disparate por onde quer que passe.

Este espetáculo é recomendado pelo IGAC para crianças maiores de 6 anos. Crianças com idade inferior a 3 anos não poderão entrar.

Como participar:

O passatempo dirige-se a leitores entre os 6 e os 12 anos. Para participar, tens de nos dizer quantos artistas, incluindo os protagonistas, entram neste espetáculo e os nomes das três personagens principais. As 5 primeiras respostas certas ganham um convite duplo.

Envia a tua resposta para vjunior@visao.pt até dia 29 de novembro. No assunto deverás escrever “Passatempo Quebra-Nozes” e não te esqueças de nos dizer o teu nome completo, idade e o contacto telefónico do teu pai ou da tua mãe.

Rúben Oliveira, conhecido como “Xuxas, foi, esta sexta-feira, condenado a 20 anos de prisão. Considerado o principal narcotraficante português, “Xuxas” estava acusado de liderar uma organização criminosa, desde 2019, que se dedicava a introduzir toneladas de cocaína provenientes da América do Sul, através de portos marítimos portugueses e do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

O coletivo de juízes, presidido pela juíza Filipa Araújo, considerou que “era o arguido Rúben Oliveira quem coordenava de forma diretas as operações” ligadas ao narcotráfico. O tribunal condenou “Xuxas” a 12 anos de prisão pelo crime de tráfico de droga, 15 anos por associação criminosa e quatro anos e meio por branqueamento de capitais, o que se traduziu num cúmulo jurídico de 20 anos de cadeia (o tribunal teve em consideração que o arguido não tinha antecedentes criminais).

Dércio Oliveira, irmão de “Xuxas”, foi condenado a 13 anos de cadeia. Ricardo Macedo, cunhado e braço-direito de Rúben Oliveira, recebeu a mesma pena. José Afonso, conhecido como “Xulinhas”, que planeava a compra e venda de cocaína com fornecedores brasileiros, foi condenado a 15 anos de prisão.

O arguido Luís Firmino, responsável por adquirir e entregar telemóveis encriptados aos membros da organização e de transportar cocaína no interior de veículos, foi condenado a 10 anos de prisão. José Cabral foi condenado a 10 anos e quatro meses e Luís Ferreira, que acompanhava o transporte e armazenamento da droga, a 10 anos e seis meses. Punil Narotamo, primo de “Xuxas”, que foi funcionário da Portway, empresa de handling, entre 2014 e 2020, e mantinha acesso aos aviões no aeroporto Humberto Delgado, foi condenado a 12 anos. Vasco Soeiro, que também fazia parte da organização, apanhou 10 anos de cadeira.

António Freitas, licenciado em Direito, considerado o “cérebro” por trás do esquema de branqueamento dos capitais do narcotráfico – através de duas empresas – foi condenado a três anos e seis meses de pena suspensa. O tribunal condenou ainda a mulher de Rúben Oliveira, Carla Paradela, a dois anos de prisão, com pena suspensa, também pelo crime de branqueamento de capitais.

O império de “Xuxas”

O tribunal deu como provado que Rúben Oliveira liderava uma organização criminosa que se dedicava a introduzir cocaína em Portugal, através de empresas importadoras de frutas e de outros bens alimentares e não alimentares, fazendo uso de contentores marítimos. A droga também entrava em território nacional em malas de viagem, por via aérea, desde o Brasil até Portugal.

Dessas ligações faria parte Sérgio Roberto de Carvalho, um narcotraficante conhecido como o “Escobar brasileiro”, atualmente detido na Bélgica. Em tribunal, a juíza disse que Rúben Oliveira teria contactos com o Comando Vermelho, uma organização criminosa do Brasil.

“Xuxas” tinha sido detido pela Polícia Judiciária no dia 24 de junho de 2022, depois de ter regressado a Portugal (vivia no Dubai, Emirados Árabes Unidos). A detenção foi feita no bairro dos Olivais, em Lisboa, onde nasceu e cresceu, quando ali se deslocara para visitar familiares e amigos, antes de voltar para a segurança do Médio Oriente. Nas ruas onde tudo começou, Rúben Oliveira seria travado, deitado no chão de cimento, com o rosto colado ao chão e, finalmente, algemado com as mãos atrás das costas, num momento que seria filmado, por uma testemunha, a partir de uma varanda de um prédio vizinho, e se tornaria viral nas redes sociais.

Desde essa data, que “Xuxas” permanece detido na cadeia de alta segurança de Monsanto, com direito a vigilância apertada dos guardas prisionais. Agora, já sabe que vai continuar na cela.