Desde que tirámos o novo Asus Zenbook S14 da embalagem que olhámos para ele com uma atenção especial. O hardware é incrivelmente bem concebido, dando vontade de passar a mão pelo tampo. O design é minimalista, mas transmite uma sensação de requinte. Os portáteis cada vez mais finos e leves têm sido uma grande aposta das marcas, especialmente quando o objetivo é combinar portabilidade com produtividade, e este modelo da Asus é um excelente exemplo dessa combinação.
Este modelo pesa pouco mais de 1,2 kg e destaca-se pelo design design bastante fino e compacto, tornando-se ideal para quem viaja com frequência. Como complemento, inclui uma mala de transporte. Apesar do perfil fino, a conectividade não foi ‘sacrificada’: encontramos duas portas USB-C Thunderbolt 4, uma porta USB-A de 10 Gbps, uma entrada para jack de áudio de 3,5 mm e ainda uma porta HDMI. Um conjunto completo, que reduz a necessidade de adaptadores adicionais.
Ecrã OLED, pena os reflexos…
O ecrã OLED de 14 polegadas (2880×1800) garante uma definição e nitidez excelentes, com cores vibrantes e uma navegação fluida. No entanto, em ambientes com muita luz, notámos que o ecrã reflete bastante, o que pode ser incomodativo. Durante a nossa utilização, várias vezes observámos o reflexo da nossa própria imagem, o que é especialmente incómodo para quem passa longos períodos em frente ao portátil. Nesses casos, recomendamos aumentar o brilho para minimizar esse efeito.
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Este é um ecrã tátil, o que é uma vantagem significativa, pois diversas vezes, não é necessário usar o trackpad ou um rato externo: basta tocar no ecrã e este é um aspeto que pode melhorar a produtividade. O trackpad tem um tamanho generoso e boa sensibilidade ao toque, proporcionando uma experiência agradável. O teclado é igualmente confortável, com teclas bem espaçadas e silenciosas.
O portátil inclui ainda um estilete, que traz mais versatilidade ao conjunto. Com um design arredondado, adapta-se bem à mão e vem com três ponteiras de substituição, para compensar o desgaste com o uso. A resposta do ecrã ao toque do estilete é quase imediata.
Desempenho sólido
Embora o Asus Zenbook S14 não tenha sido concebido para tarefas de grande exigência gráfica, nas funções para as quais foi projetado — como navegação na internet com múltiplos separadores, edição de fotos e vídeos de resolução moderada ou até para assistir a filmes e séries — é uma escolha acertada. Após vários dias a utilizá-lo como ferramenta de trabalho, ficámos impressionados com a rapidez com que realizámos as nossas tarefas, proporcionando uma experiência de trabalho eficaz.
Equipado com um processador Intel Core Ultra 7, o portátil garante rapidez e eficiência no desempenho das tarefas. E a placa gráfica Intel Arc embora não seja das mais poderosas, já consegue suportar alguma carga gráfica.
Através da aplicação MyAsus, é possível escolher entre quatro modos de dissipação de calor. Os modos mais ruidosos garantem um desempenho superior, enquanto que os modos mais silenciosos não oferecem tanta performance. No entanto, para os nossos testes de benchmarks, usámos o modo “velocidade máxima”. Apesar de o desempenho ser ótimo, o ruído da dissipação é incomodativo, e o portátil aqueceu bastante, especialmente na parte inferior, onde estão as saídas de ar. Contudo, para um dia de trabalho normal, utilizámos o modo “sussurro”, que, como o nome sugere, é muito silencioso, e permite obter, em tarefas pouco exigentes, um desempenho sólido e sem ruído percetível.
A autonomia é um elemento que nos deixou surpreendidos. Iniciámos o habitual teste autonomia às 20h de um dia de trabalho, e na manhã seguinte, o portátil ainda tinha 28% de carga. Resultado final: uma autonomia de 17h30m, com o brilho num nível equilibrado. Um valor excelente, que garante quase dois dias de trabalho seguidos. Além disso, recupera 60% de autonomia em cerca de 50 minutos, o que praticamente elimina qualquer preocupação com a bateria.
Tome Nota Asus Zenbook S14 UX5406 – €1999 asus.com/pt
Benchmarks PCMark 10 Extended: 6894, Essenciais: 9935 • Produtividade: 8815 • Criação Conteúdo Digital: 8815 • Jogos: 7091 • Wild Life: 28014 • Time Spy: 4349 • Fire Strike: 8686 • Fire Strike Ultra: 2204 • Night Raid 34306 • Solar Bay 15556 • Cinebench 2024: CPU 115 (Single) / 545 (Multi) • Geekbench 6: CPU 2573 (Single) / 10650 (Multi), GPU: 28278 • Final Fantasy XV (FHD, Standard) 4751 • Autonomia (PCMark 10 Modern Office, Modo equilibrado): 17h30m
Ecrã Bom Produtividade MuitoBom Jogos Satisfatório Autonomia Excelente
Já havia, na Madeira, o partido JPP (Juntos Pelo Povo). Agora, parece estar a despontar uma espécie de coligação a que se poderia dar um nome parecido – e que também inclui o JPP, como veremos. A 17 de dezembro, será aprovada, na Assembleia Regional da Madeira, uma moção de censura, apresentada pelo Chega, que visa derrubar o Governo regional, presidido por Miguel Albuquerque. A data foi decidida esta quinta-feira, tendo os deputados concordado em adiar esse confronto parlamentar para depois da discussão do Orçamento regional, que decorre entre 9 e 12 de dezembro. Significa que os mesmos deputados que querem derrubar o governo regional admitem deixar passar o seu Orçamento – se o chumbassem, poupariam tempo. Em democracia, todos os problemas têm solução – esta é das mais criativas… – e os mecanismos institucionais e constitucionais previnem todos os cenários. A história do Portugal democtático está cheia de moções de censura, algumas das quais – uma minoria muito ínfima – foram aprovadas. Geralmente, a consequência foi a convocação de novas eleições. Não deixa de ser irónico que o território nacional mais estável – mal ou bem… – da História da democracia se tenha tornado, depois da retirada de Alberto João Jardim – volta, estás perdoado?… -, o mais instável da República. Com efeito, caso seja aprovada, a moção de censura pode obrigar à terceira dissolução consecutiva do Parlamento Regional, o que fará (neste caso, sem dúvida, involuntariamente) de Marcelo Rebelo de Sousa o “dissolvente” – o campeão absoluto das dissoluções. E, mesmo assim, o presidente do Governo regional, Miguel Albuquerque, insiste que deverá voltar a candidatar-se. Um caso de apego ao poder sem paralelo: há muito tempo que Albuquerque devia ter percebido que faz parte do problema e não da solução. Mas a renovação do pessoal político, no PSD Madeira – e já agora, em todos os outros partidos… – impede que a Região Autónoma vire esta página rasgada. A principal perplexidade desta moção, que, depois da decisão ontem conhecida do partido JPP (Juntos Pelo Povo), deverá ser mesmo aprovada, é o total embaraço que a posição do PS Madeira coloca ao PS nacional e à liderança de Pedro Nuno Santos.
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Há gente com uma pontaria danada. A 6 de novembro, os três principais governantes da Alemanha passaram cerca de 12 horas em reunião e não foi para assistirem à contagem dos votos nos Estados Unidos da América. O objetivo era chegarem a acordo sobre o orçamento do Estado para 2025, acautelarem os interesses do país face a uma possível guerra comercial com o regresso de Donald Trump à Casa Branca e unirem esforços para a quadratura do círculo: relançar o crescimento e a competitividade da maior economia da Europa, garantir a transição energética, renovar as infraestruturas e os serviços públicos, e, entre outras prioridades, manter os compromissos sociais, sem comprometer o apoio à Ucrânia e o sacrossanto “travão da dívida”, consagrado constitucionalmente. Em vão.
Inverno social Há duas décadas, a Alemanha conheceu um longo período de agitação e greves. Daniela Cavallo, principal sindicalista do grupo VW, e os dirigentes da IG Metall já estão em contagem decrescente para que a história se repita Foto UWEZUCCHI
Olaf Scholz, o chanceler social-democrata, Robert Habeck, o filósofo ambientalista e ministro dos Assuntos Económicos e da Ação Climática, e o liberal Christian Lindner, titular da pasta das Finanças, foram incapazes de se entender. Muito pior. Depois de meses de querelas, atritos e traições, a “coligação semáforo [devido às cores de cada um dos partidos] e do progresso” implodiu nessa mesma noite, com o chefe do Executivo a anunciar, em conferência de imprensa, a destituição de Christian Lindner, por ser “irresponsável”, “mesquinho” e “egoísta”. Um desfecho que, dadas as circunstâncias, a revista Focus considerou normal: “Desde dezembro de 2021 que a Alemanha é governada por pessoas que não estavam de acordo sobre nada, à exceção da despenalização da canábis e a possibilidade de se mudar de sexo todos os anos [uma referência à legislação aprovada, no início deste mês, para facilitar as alterações ao estado civil dos cidadãos transgénero].”
KAPUT, MERKELN
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Por coincidência, um dos mais conhecidos e influentes jornalistas alemães, Wolfgang Münchau, lançava, na mesma data, um livro cujo título dispensa grandes comentários – Kaput: o fim do milagre alemão. Uma obra em que o antigo e sagaz colunista do Financial Times, agora responsável pela plataforma EuroIntelligence, explica como o seu país deixou de ser o “campeão da era analógica” para se tornar uma “potência em declínio”, “neomercantilista” e tecnologicamente impreparada, devido ao “corporativismo industrial”, assente na dependência energética [isto é, do gás russo] e das exportações para a China. Um diagnóstico em que responsabiliza os sucessivos governos, no último quarto de século. Ou seja, à semelhança do que fazem muitos outros comentadores, um dos alvos é Angela Merkel, a mulher que já foi a mais poderosa do mundo e que, no final deste mês, lança as suas memórias e deve também ajustar contas com quem a acusa de falta de visão geopolítica e de ter sido uma especialista em adiar decisões difíceis (atributos que deram origem ao neologismo merkeln).
Foto: Julian Stratenschult/Pool
A tempestade perfeita em que a Alemanha vive mergulhada dificilmente se resolverá com a previsível moção de confiança ao governo minoritário de Olaf Scholz, que pode ocorrer já a 16 de dezembro e que, quase de certeza, conduzirá a eleições legislativas antecipadas, talvez a 23 de fevereiro de 2025, sete meses antes do que se previa. O futuro Bundestag, a câmara baixa do Parlamento federal, qualquer que seja a sua composição, e um novo Executivo controlado pelos democratas-cristãos da CDU-CSU e chefiado por Friederich Merz (as sondagens dão-lhes 15 a 17 pontos percentuais de avanço sobre os populistas da AfD), vão ter de lidar com enormes desafios: a economia germânica está estagnada e a roçar a recessão, pelo sexto ano consecutivo, e as suas principais empresas enfrentam problemas estruturais que ameaçam traduzir-se no encerramento de fábricas, em greves, na redução de custos salariais e de produção, em despedimentos em massa. “Os sinais da desindustrialização são cada vez mais notórios”, alerta Martin Wansleben, o chefe da outrora omnipotente DIHK, a câmara de comércio e indústria da Alemanha. Quase todas as grandes marcas “made in Germany” que eram o orgulho nacional e sinónimo de qualidade e fiabilidade perdem quotas de mercado e denotam sérias dificuldades em reinventar-se. Prova disso mesmo é que, por exemplo, entre as 10 empresas europeias de maior capitalização bolsista (ver infografia), só há uma alemã, a SAP (um colosso na produção de software para a área da gestão).
A confirmar-se o vaticínio do IW (um centro de estudos económicos, com sede em Colónia), a Alemanha vai perder receitas anuais no valor de 180 mil milhões de euros, com as políticas protecionistas planeadas pela futura Administração Trump. Da Siemens à BASF, passando pela Bosh e a ThyssenKrupp, nenhuma destas firmas vai passar incólume ao que se avizinha. Com a inflação acima da média comunitária (2,4%), o desemprego nos 6% e com tendência para aumentar, e com o FMI a prever que o crescimento do PIB se manterá anémico até 2028, Martin Wansleben é uma das personalidades que receia o pior. “Temos muito pouco investimento, demasiada burocracia, e custos excessivos de produção. A economia alemã está numa situação de impasse”, afirmou o dirigente empresarial à Deutsche Welle. Não é o único a recear um inverno do descontentamento, a começar pelo grupo que melhor representa o poderio e as vulnerabilidades germânicas: a Volkswagen.
O conglomerado automobilístico com sede na cidade de Wolfsburg, na Baixa-Saxónia, emprega 684 mil funcionários a nível mundial (quase metade na Alemanha) e continua a ser altamente rentável. Em 2023, registou lucros líquidos recorde, no valor de 18 mil milhões de euros. No entanto, de acordo com a administração, isso não chega para, a prazo, enfrentar a concorrência chinesa e compensar a quebra das receitas por vender cada vez menos veículos – meio milhão do que antes da pandemia, só na Europa, excluindo as unidades das demais marcas do grupo (Porsche, Audi, Bentley, Lamborghini, Saab, Seat, Skoda…).
DECLARAÇÕES DE GUERRA
Em setembro, Oliver Blume, o administrador executivo da empresa criada pelo regime de Adolf Hitler há 87 anos, fez saber que pretende encerrar três das nove fábricas da VW em território germânico, algo sem precedentes históricos, dispensar uns 15 mil funcionários e reduzir ou congelar salários até 2026. Objetivo: diminuir custos na ordem dos 4 mil milhões e zelar pela sustentabilidade da marca cuja reputação ficou seriamente afetada com o dieselgate, o escândalo divulgado em 2015, resultante da manipulação das emissões e das distorções às regras da concorrência. As medidas acima referidas, no entender dos sindicatos, representam uma “declaração de guerra”. Em primeiro lugar porque a VW tem uma longa tradição de celebrar convénios coletivos de longa duração de negociar decisões estratégicas com os representantes dos trabalhadores no chamado “comité de empresa” (Betriebsrat), principal bastião da maior central sindical do país, a IG Metall (2,2 milhões de filiados).
Cortes A VW quer fechar três das suas nove fábricas na Alemanha e reduzir 18% da sua massa salarial Foto: /FILIP SINGER
Como nada disso foi feito e as rondas negociais continuam sem dar resultados, a mulher que lidera este órgão desde 2022, Daniella Cavallo, nascida e criada em Wolfsburg, mostra-se pronta a pôr fim à trégua concedida à administração e que expira no final deste mês. Filha de imigrantes italianos da Calábria, Daniela, de 49 anos, começou a trabalhar como estagiária administrativa da VW mal terminou o secundário e, desde então, subiu a pulso na hierarquia da empresa em que o seu pai foi operário durante três décadas. Agora, a sua promessa é simples: “O turbocapitalismo jamais entrará pelas nossas portas adentro”. Se as greves e a mobilização social se tornarem quotidianas, a par dos despedimentos e da falência em cascata das empresas fornecedoras da indústria automóvel, Guido Bünstorf, economista e professor da Universidade de Kassel, citado pelo diário Süddeutsche Zeitung, antevê “efeitos multiplicadores” comparáveis aos que ocorreram na antiga Alemanha do Leste, no início dos anos 90, após a reunificação. Friederich Merz já está em campanha e um dos seus slogans é “Make Europe Great Again”. Estará o país a precisar de uma nova zeitenwende (mudança de era)?
Cifras de choque
Contradições económicas germânicas
180 Mil milhões de euros Estimativa do impacto anual das medidas protecionistas de Donald Trump na Alemanha, segundo o Instituto Económico de Colónia (IW)
564 Mil milhões de euros Total das receitas do setor automóvel alemão, principal empregador do país, em 2023
780 Mil funcionários Total de trabalhadores no setor automóvel e empresas fornecedoras de componentes, na Alemanha
50 Mil despedimentos Número de trabalhadores alemães que podem vir a perder emprego no setor automóvel, até 2028, de acordo com as intenções divulgadas por empresas como o grupo Volkswagen, Continental, ZF Friedrichshafen e Schaeffler
18 Mil milhões de euros Lucros líquidos do grupo Volkswagen, em 2023, um valor recorde na história da empresa criada pelo regime nazi (em 1937)
500 Empresas alemãs Com unidades fabris ou atividade comercial na China
Os protagonistas da crise
Quem são as personalidades que contribuíram para o atual momento político e que podem também ser decisivas nos próximos meses
Frank-Walter Steinmeier Presidente O social-democrata que ocupa a Presidência germânica desde 2017 deve anunciar em breve a dissolução do Parlamento e convocar eleições antecipadas.
Olaf Scholz Chanceler O mais impopular líder de governo deste século julgou que poderia adiar a ida às urnas. Habilita-se a ter a pior votação de sempre dos sociais-democratas, em século e meio de História.
Robert Habeck Vice-chanceler O filósofo que lidera Os Verdes e que há três anos tutela a pasta da Economia e Ambiente já disse que vai lutar pela chancelaria, mas o seu partido pode ter a pior votação desde 2017.
Boris Pistorius Ministro da Defesa É o social-democrata mais popular do país e uma forte alternativa a Olaf Scholz, na eventualidade de o SPD ser humilhado nas urnas e os militantes exigirem uma nova liderança federal.
Christian Lindner Ex-ministro das Finanças Líder do Partido Liberal, foi acusado de deslealdade por Scholz. As sondagens indicam que o FDP pode ficar de fora do próximo Parlamento, com menos de 5%.
Friedrich Merz CDU, líderda oposição Há mais de duas décadas que o ex-empresário e dirigente democrata-cristão esperava pela sua oportunidade. Agora todas as sondagens o dão como futuro chanceler.
Alice Weidel Líder da extrema-direita A AfD pode voltar a demonstrar que é o segundo principal partido do país. E a economista que trabalhou na China e para a Goldman Sachs vai apelar a uma coligação das direitas.
Sahra Wagenknecht Líder da extrema-esquerda A economista a quem chamam a nova Rosa Luxemburgo – e que criou, há apenas 11 meses, um partido com o seu nome – pode revelar-se essencial a qualquer coligação.
Tradição ancestral no Alentejo, a abertura das talhas faz-se nesta altura do ano. Inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e em processo de candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, o vinho de talha é produzido através de um processo de vinificação com mais de dois mil anos que remonta ao tempo dos romanos.
É nas talhas de barro que tudo acontece. Neste recipiente que tem de ser impermeabilizado com pez de louro (resina de pinheiro), fermentam espontaneamente as uvas previamente esmagadas. Entre as muitas curiosidades da produção deste vinho, está a obrigatoriedade de ser mexido com um rodo de madeira para não rebentar a talha quando as películas sobem à superfície e formam uma capa sólida que é preciso ser desfeita. Quer se faça tinto, branco ou “petroleiro”, uma mistura de uva tinta e branca, o processo tem algumas variações consoante a zona de produção.
Antigamente, a abertura das talhas era uma coisa feita entre amigos e família, hoje acontece em vários produtores, adegas e tabernas alentejanas que promovem iniciativas à volta da tradição.
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Na Herdade do Rocim, em Cuba, desde 2018 que se realiza o Amphora Wine Day, um dia que reúne produtores oriundos dos quatro cantos do mundo, da Geórgia a África, de Itália aos Estados Unidos. O festival acontece neste sábado, 16, dia de abertura de talhas no Rocim, mas ao longo do mês de novembro haverá outras iniciativas em Évora, Vila de Frades e Vila Alva, que juntam jantares e petiscos especiais. Tudo em nome de uma tradição e de um vinho especial. Brindemos a isso!
5 sítios para visitar e provar o vinho, de Vila de Frades a Évora
1. Gerações da Talha
Foto: DR
O projeto de Teresa Caeiro propõe quatro dias de Rota das Adegas (16, 23, 24 e 30 nov). Nestes passeios, feitos a pé pela Vila de Frades, faz-se paragem em quatro adegas, provas de vinho e petiscos e termina-se com um almoço tradicional e cante alentejano na Gerações da Talha (€65). Já nesta sexta, 15, o restaurante Tua Madre (Évora) junta-se à festa para um jantar com menu de degustação assinado pelo chefe Francesco Ogliari e harmonizado com vinhos da adega (€60). No dia seguinte, 16, no rescaldo do Amphora Wine Day, há um After-talha entre as 19h e a 1h da manhã, com DJ, vinhos e petiscos preparados pelo Tua Madre, também disponíveis na tarde de domingo, 17. R. de Lisboa, 29A, Vila de Frades > T. 96 756 6930 > 15-17, 23-24, 30 nov
2. XXVI Talhas – Adega do Mestre Daniel
Foto: DR
Os irmãos Alda e Daniel Parreira, netos de Mestre Daniel, junto com Samuel Pernicha, Ricardo Santos e Luís Garcia, são os responsáveis pelo regresso, em 2018, desta adega de referência em Vila Alva. No sábado, 16, perpetua-se o convívio à volta do vinho de talha com um jantar especial, em parceria com o restaurante Boleta. O menu é segredo, mas promete-se uma noite com vários momentos, sabores e vinhos. R. General Humberto Delgado, Vila Alva > T. 92 850 2775 > 16 nov, sáb 20h > €55
3. Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito
Foto: DR
Nesta quinta, 14, Dia Mundial do Enoturismo, a adega cooperativa abre as portas a visitas gratuitas, entre as 10h e as 17h, e dá a provar um vinho de talha. No sábado, 16, é dia de abrir as talhas e propõe-se um programa com cante alentejano, petiscos, castanha assada e vinho de talha à discrição (€10). Disponível à carta, o menu conta com sugestões como caldo verde, enchidos e queijos regionais e cozido de grão. Bairro Industrial, Vidigueira > T. 284 437 240 > 14 e 16 nov, qui e sáb
4. Rota dos Vinhos do Alentejo
Até dezembro, na sede da Rota, em Évora, promove-se uma série de provas dedicadas ao vinho de talha. O Esporão (Reguengos de Monsaraz) e o Howard’s Folly (Estremoz) apresentam-se até sábado, 16; a Herdade dos Outeiros Altos (Estremoz) e o Talha de Frades (Vila de Frades), de 18 a 23. R. 5 de Outubro, 88, Évora > T. 266 746 498 > seg-sáb > €5
5. Herdade do Rocim
Foto: DR
Nesta edição do Amphora Wine Day participam 50 produtores de vinho de talha de vários países e estão agendadas atividades que incluem o debate Vinhos de Talha – Um Luxo Acessível, moderado por José João Santos, uma prova comentada pelo sommelier Rudolfo Tristão e a abertura das talhas da Herdade do Rocim. EN 287, Cuba > 16 nov, sáb a partir 10h > €24,50 (venda antecipada), €29,50 (próprio dia)
1. Jean-Luc Godard – Obra Plástica, Casa do Cinema Manoel de Oliveira
Descobrir que um artista fundamental tem um acervo por revelar desperta voyeurismo, ou, no mínimo, a sensação jubilatória de que nem tudo está contido nos créditos finais. De que a criatividade extravasa os limites do seu percurso. De que há fios a conduzirem-nos para fora de pé. Godard era Godard (1930-2022), pioneiro da Nova Vaga francesa, Papa da modernidade, realizador de À Bout de Souffle/O Acossado (1960) e Pierrot Le Fou/Pedro, o Louco (1965) ou Je Vous Salue, Marie/Eu Vos Saúdo, Maria (1985), iconoclasta. E foi também um artista visual prolífico, militante: o cineasta franco-suíço pintou, desenhou, criou esquissos, storyboards, diários visuais, jogos entre imagem e texto, cadernos de artista e cadernos dedicados ao trabalho fílmico (muitos não sobreviveram…). Estilos? Experimentou tudo, dizem-nos, do abstrato ao figurativo, passando pela paisagem, pelo retrato e pelo autorretrato, colagens, potências plásticas do texto, fotografia. E há ainda a cor, surpreendente, exuberante, indisciplinada.
Foto: DR
Esta exposição inédita mostra como, a partir da década de 1940 e até 2022, Godard pontuou a deambulação cinematográfica com o gesto largo da “imagem fixa”, documentando e ampliando aquela, mas explorando sempre além-cinema. É um arquivo vasto. Além de pinturas, desenhos, cadernos de artista, são aqui reveladas, pela primeira vez, as fotografias familiares tiradas pela sua mãe, Odile Monod. E o quotidiano filtrado, por exemplo, pela ferramenta contemporânea dos smartphones. Junta-se-lhes a evocação do encontro de Godard com Manoel de Oliveira, em 1995. S.S.C. Museu de Serralves – Casa do Cinema Manoel de Oliveira > R. D. João de Castro, 210, Porto > até 11 mai, seg-sex 10h-18h, sáb 10h-19h > €20
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2. Novo ciclo expositivo na Galeria Municipal do Porto
Três exposições: Superfície Desordem, de Jonathan Uliel Saldanha, Febre da Selva Elétrica, de Vivian Caccuri e Assim no Céu como na terra, de Rita Caldo, ocupam os três pisos da Galeria Municipal do Porto nos próximos meses. Superfície Desordem, a primeira grande individual do artista Jonathan Uliel Saldanha (patente até 16 fev), transforma o piso zero num ambiente imersivo controlado por inteligência artificial, através da luz, som e elementos escultóricos.
A obra da brasileira Vivian Cacuri. Foto: DR
Já no primeiro piso, a artista brasileira Vivian Caccuri estreia-se em Portugal com um trabalho sobre a experimentação do som em composições incomuns. Febre da Selva Elétrica (até 23 fev) apresenta “o som como elemento central à vida, seja como forma de comunicação entre espécies, seja como linguagem, tal qual a música, manifestação artística que mobiliza a humanidade, quer em suas experiências ritualísticas, quer em suas expressões hedonistas.” Já na estreia do piso –1 (dedicado a artistas em estreia), Rita Caldo convida a descobrir o universo plástico desta artista portuense (patente até 2 mar). Galeria Municipal do Porto > Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Jardins do Palácio de Cristal, R. D. Manuel II, Porto > T. 22 507 3305 > até fev/mar, ter-dom 10h-18h > grátis
2. ⒶMO-TE, de Francisco Tropa, Museu de Serralves
Foto: nvstudio
O título da ambiciosa mostra monográfica dedicada a Francisco Tropa oscila entre o dramático e o mundano. Na verdade, remete para a transgressão do gesto artístico, e para a revisão da memória – há décadas, esta grafia anárquica foi grafitada nas paredes da Escola António Arroio, influência importante no artista. Comissariada por Ricardo Nicolau, a exposição oscila entre passado e futuro. “Só invento algo novo se não puder usar alguma coisa com que já tenha trabalhado; repetir objetos em situações diferentes enriquece-os”, explica Tropa. Aqui, revisita quer séries passadas, quer trabalho criados nos últimos anos. Como sempre, é difícil catalogá-lo: o artista usa vários média, entre objetos, textos, imagens fotográficas, escultura, que resultam em vinhetas enigmáticas entre o laboratório científico e a instalação. As referências atravessam a História da Arte. A repetição traz um novo olhar. Cabe ao observador captar as múltiplas leituras e colaborar no “carácter performativo” das peças: A Marca do Seio e O Transe do Ciclista serão ativadas todas as terças (16h), quintas e sextas-feiras (ambas às 11h), e também aos sábados (16h). S.S.C. Museu de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 226 156 500 > Até 11 mai, seg-sex 10h-18h, sáb 10h-19h > €20
4. Miragaia 1975 – Vida e luta no Pós-25 de Abril, Centro Português de Fotografia
Memórias em fotografia de agosto de 1975, no pós-Revolução, época em que o britânico, cineasta e fotógrafo Humphry Trevelyan chegou ao Porto e retratou um grupo de jovens em Miragaia que tinha criado um centro comunitário numa fábrica abandonada. A exposição testemunha esse tempo. Trevelyan passou os dias a entrar nas suas casas, no seu quotidiano, “onde a agitação política em curso parecia momentaneamente distante”. Centro Português de Fotografia > Lg. Amor de Perdição, Porto > T. 22 0046 300 > até 9 fev, ter-sex 10h-18h, sáb-dom, fer 15h-19h > grátis
5. Siza, Câmara Barroca, Museu Nacional Soares dos Reis
Foto: Rui Pinheiro
Siza Barroco é uma condição de trabalho reconhecida pelo próprio Álvaro Siza Vieira. Esta exposição, resultado de uma investigação desenvolvida ao longo dos últimos três anos no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, reúne 18 obras do Pritzker 1992 em diversos períodos do seu trabalho, especialmente nas décadas de 70 e 80, que segundo os investigadores são “as mais barrocas ideologicamente”. Museu Nacional Soares dos Reis > R. D. Manuel II, 44, Porto > T. 22 339 3770 > até 31 dez, ter-dom 10h-18h > €8
6. O Chão é Lava, Culturgest Porto
Com curadoria de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, esta exposição parte do filme Fogo no Lodo, realizado pela dupla na Guiné-Bissau, entre 2016 e 2023. “Denso e complicado, este território está cheio de armadilhas e contradições. Atravessa o tempo, ou é feito de várias temporalidades”, escrevem. A coletiva reúne trabalhos e filmes de, entre outros, José Estima, Sara Santos, Victor Bor, que criaram “narrativas situadas nos países de origem, projetando-se num imaginado regresso que, no aqui e no agora do presente, se tornam num espaço de intervenção criativa. Satirizam como as políticas públicas continuam a gerar práticas de segregação social e racial, propondo novas paisagens discursivas onde ficcionam territórios idealizados em contraponto aos agora existentes.” Edifício Caixa Geral de Depósitos, Av. dos Aliados, 104, Porto > T. 22 209 8116 > até 12 jan, ter-dom 13h-18h > grátis
7. O que faz falta – 50 anos de Arquitetura Portuguesa em Democracia, Casa da Arquitectura em Matosinhos
A grande exposição na nave principal encontra-se dividida em cinco módulos. Fotos: DR
A nova exposição na nave, cujo título parte de uma canção de José Afonso editada em 1974, é a primeira extraída do acervo da Casa da Arquitectura e celebra os 50 anos da Revolução de Abril. Com curadoria de Jorge Figueira, com Ana Neiva como curadora-adjunta, “sublinha a urgência da arquitetura enquanto direito fundamental e serviço público, reflexo das mudanças sociais e catalisadora na construção e consolidação do espaço democrático”. Constituída por 50 obras (49 e um projeto), divide-se em cinco módulos: Revolution, Europa, Fin de Siècle, Troika e Wi-Fi, terminando com a secção After, na qual se inclui uma peça interativa O que faz falta: módulo multimédia participativo, de Sérgio M. Rebelo. Casa da Arquitectura > Av. Menéres, 456, Matosinhos > até 7 set 2025, ter-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > €10
8. Obras Escondidas, Obras Escolhidas, Centro de Arte Contemporânea Graça Morais em Bragança
“A Caminhada do Medo”, de Graça Morais
Graça Morais soma 50 anos de vida artística em 2024, data simbólica vivida pelo 25 de Abril, que ecoa a postura cívica da pintora, atenta aos solavancos humanistas do mundo. Recusando rótulos de mostra antológica ou de retrospetiva, a exposição apresenta cerca de 160 obras, incluindo um acervo de 80 pinturas retiradas da gaveta e vistas pela primeira vez em público. Contas feitas ao calendário, os trabalhos mais antigos datam de 1975, altura em que a artista lecionava Educação Visual em Guimarães, e os mais recentes, de 2023, habitados pela realidade dos conflitos e crises humanitárias testemunhados nos jornais lidos pela pintora transmontana, e usados como inspiração para a sua aparentemente inesgotável produtividade artística. S.S.C. Centro de Arte Contemporânea Graça Morais > R. Abílio Beça, 105 > T. 273 302 410 > até 26 jan, ter-dom 10h-18h30 > €2,39
9. Contextile – Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, Guimarães
Dez espaços de Guimarães enchem-se com arte contemporânea e cultura têxtil através de exposições, workshops, performances e conversas, com o Canadá como país-convidado. Este ano, o Toque (in.touch em inglês) foi o tema escolhido “no sentido abstrato de tocar o outro, as pessoas, a comunidade, o território”, realça Joaquim Pinheiro, diretor da Contextile, organizada pela cooperativa Ideias Imergentes. No Palacete Santiago, no Museu Alberto Sampaio, e na Sociedade Martins Sarmento, estão expostas as obras de 11 artistas do Canadá, que ligam o têxtil a novas abordagens conceptuais.
Uma das obras em grande escala do catalão Josep Grau-Garriga. Foto: DR
Outra novidade é a exposição individual do artista em destaque, a título póstumo: o catalão Josep Grau-Garriga (falecido em 2011). A mostra Los hilos de la memoria, patente no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) apresenta instalações de grande escala em diferentes materiais do artista que passou pela Bienal Internacional de Tapeçaria de Lausanne (entre 1965 e 1969) e um dos pioneiros da tridimensionalidade na tapeçaria. Um dos focos principais da Contextile continua a ser a exposição internacional (patente no Palácio Vila Flor) que voltou a registar “um recorde de participações” durante a convocatória: mais de 1300 artistas de 79 países. Destes, foram selecionadas 57 obras de 50 artistas oriundos de 29 países. vários locais em Guimarães > até 15 dez > a partir €5, €12/famílias, menores de 12 anos grátis
10. Self-Portrait of Nowhere, de Miguel Rio Branco, Zet Gallery em Braga
Nos últimos anos, o trabalho do artista contém mais biografia e som: há um desejo de “desconstrução da imagem convencional”, há maior influência da pintura, da qual diz ter-se reaproximado “nos vai e vem da vida”. Esse “caos” visual também está patente em Self-Portrait of Nowhere, grande exposição com 40 trabalhos de diferentes períodos, alguns filtrados na instalação Out of Nowhere (um título retirado de uma música cantada por Fred Astaire), de 1994, feita de retalhos, projeções fotográficas, recortes de jornais, espelhos trouvé. Um palimpsesto idealizado pelo artista na pobreza de Paris: as imagens coladas em tecidos podiam ser transportadas numa mala… Os seus diferentes planos de leitura remetem para a arte barroca, influência assumida. Sintetiza a curadora Helena Mendes Pereira: “Há esplendor, dor, dramatismo e sempre o corpo visto como ato político e retrato social em toda a produção de Miguel Rio Branco.” Aleluia. S.S.C. Zet Gallery > R. do Raio, 175, Braga > até 18 jan, seg-sáb 14h-19h > grátis
11. Ana Vieira: Cadernos de Montagem, Centro de Arte Oliva em São João da Madeira
Ana Vieira, espólio da artista, cortesia BAC
Onze obras de Ana Vieira (1940-2016), entre as quais cinco instalações, desenhos e anotações da artista sobre o seu processo criativo, mostram parte do trabalho de uma das artistas mais influentes do século XX. Das obras, executadas entre 1977 e 2014, destacam-se Ensaio para uma Paisagem, que até então foi exibida apenas uma vez, em 1997, na sala do Veado do Museu de História Natural e da Ciência, em Lisboa. Trata-se de um conjunto de sete paralelepípedos executados com diferentes materiais, criando efeitos visuais e sonoros, o que, sem a presença da artista, se revelou num dos principais desafios para os curadores: “Foi como juntar as peças de um puzzle”, referem Antonia Gaeta, Astrid Suzano e Sofia Gomes. Antecâmara, um espaço retangular construído em pladur com paredes pintadas de branco ao qual se acede através de um pequeno corredor, apresentada pela última vez no CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, em 2011 – é outra obra em destaque. Centro de Arte Oliva, R. Paula Rego, São João da Madeira > 256 004 190 > até 9 de mar, ter-dom 10h-12h30, 14h-17h30 > €3
12. O Grito da Imaginação, de Paula Rego, Museu de Aveiro/Santa Joana
A obra “The Vivian Girls on the Farm”, 1984 – 1985, de Paula Rego
A exposição reúne gravuras, pinturas e desenhos, pertencentes à Coleção de Serralves, das décadas de 70, 80 e 90, até ao ano de 2001, na quais Paula Rego (1935-2022) explora a condição da mulher e relação entre a literatura, especialmente, os contos infantis, explorando o poder e a obediência; a dor física e psicológica; a vergonha e o orgulho; a violência; a solidão e a sociabilidade. A mostra, de entrada livre, conta com obras icónicas como A Cela, A Cinta e a série Vivian Girls. Museu de Aveiro/Santa Joana > Av. Santa Joana, Aveiro > T. 234 423 297 > 16 nov-19 jan, ter-dom 10h-12h30, 13h30-18h > grátis
Anunciada como um dos acontecimentos do ano no MAAT, Disco rouba o nome a um dos cães de Vivian Suter e mostra mais de 500 pinturas da artista suíço-argentina, incluindo 163 trabalhos expostos pela primeira vez.
Foto: Daniel Malhão
A produção luxuriante integra o projeto por ela desenvolvido em Panajachel, na Guatemala, marcado pela geografia, pela Natureza, pelo acaso. “Nada do que tenho trabalhado como artista teria sentido sem este lugar, sem estas árvores, sem as folhas, sem os meus cães que me seguem para onde quer que vá”, diz. Isto porque as suas pinturas abstratas, coloridas, sem títulos, são igualmente trabalhadas pela terra, pelo Sol, pelas chuvadas, pelas pegadas de animais, pelas folhas e pelos insetos, pela passagem do tempo: tudo é organicamente incorporado na obra. Escreve o curador Sérgio Mah: “Ela descobriu um cenário fecundo onde se entregou a uma prática disciplinada, solitária e obsessiva, através da qual foi constituindo uma linguagem plástica única, um idioma expressivo particular, com as formas vivas desse lugar.” S.S.C. MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Belém, Lisboa > T. 210 028 130 > Até 17 mar, qua-seg 10h-19h > €11
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2. RAMOT – António da Costa Cabral, Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico
Foto: Arquivo Municipal de Lisboa
António da Costa Cabral (1901-1974) passou a sua vida a fotografar. Fazia-o muito em viagem, mas também em casa, onde organizava constantemente sessões com a mulher e os 12 filhos, e na rua, deambulando por Lisboa, sozinho com a sua máquina Leica ou na companhia de outros sócios do Foto-clube 6×6. O 4.º conde Tomar levava tão a sério este seu hóbi que tinha uma câmara escura em casa e participava em salões, assinando com os pseudónimos Ramot e Marto, anagramas de Tomar. Ainda assim, a sua própria família ficou espantada quando a equipa do Arquivo Fotográfico contou o número de peças doadas: mais de 14 mil.
Um pouco deste seu mundo pode ser visto até ao dia 15 de março, numa deliciosa exposição que povoa todas as salas do número 246 da Rua da Palma. Mas não se distraia o leitor com a ilusão do tempo, porque ele passa célere. Se puder, marque já um lugar na visita guiada de amanhã, sábado, 16, a partir das 15h (arquivomunicipal.se@cm-lisboa.pt ou T. 21 817 1330). R.R. Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico > R. da Palma, 246, Lisboa > T. 21 817 1330 > até 15 mar, seg-sáb 10h-18 > grátis
3. Veneza em Festa – de Canaletto a Guardi, Fundação Calouste Gulbenkian
Foto: José Carlos Carvalho
Foram os pintores do século XVIII que criaram a magia da deslumbrante cidade-Estado então a viver um apogeu, produzindo pinturas que eram compradas, copiadas, usadas como recordação pelas fascinadas elites estrangeiras que cumpriam o grand tour. A listagem de artistas cintila, a começar pelos mestres Canaletto e Francesco Guardi (1712-1793). Guardi foi uma paixão de Calouste Gulbenkian, que lhe dedicou uma coleção expressiva, hoje com 19 obras. Canaletto, com forte presença na coleção do Museo Thyssen-Bornemisza (de Madrid, parceiro nesta exposição), ganhou mais fama. São dele os dois óleos magníficos que recebem os visitantes desta exposição: Grande Canal desde San Vio e A Praça de São Marcos em Veneza, vistas panorâmicas de edifícios ocres sob céus azul-cerúleo.
O dispositivo curatorial acentua o maravilhamento: as paredes mimetizam o azul-escuro e salmão italianos para abrigar as cerca de 50 obras de Veneza em Festa – de Canaletto a Guardi. Há, também, apontamentos cenográficos: têxteis, livros, uma bela maqueta do Bucentauro – barcaça cerimonial na qual o doge de Veneza embarcava uma vez por ano para celebrar a união da cidade com o mar. E há citações de autores que reforçaram a mística da Sereníssima: Lord Byron, Henry James, John Ruskin, Goethe, Thomas Mann. S.S.C. Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45 A, Lisboa > T. 21 782 3000 > até 13 jan, qua-seg 10h-18h > €6, grátis dom a partir das 14h
4. Nicholas Nixon – Coleções Fundación MAPFRE, Centro Cultural de Cascais
As irmãs Brown, 1975, 1995. Fotos: Nicholas Nixon. Colecciones Fundación MAPFRE
Mestre de uma técnica aperfeiçoada ao longo dos anos, Nicholas Nixon (n. 1947) fotografa com o recurso a câmaras de grande formato. De perto, o fotógrafo norte-americano nascido em Detroit explora o potencial da câmara para compor imagens que revelam o intangível: o amor, a paixão, a felicidade, o sofrimento, a intimidade, a passagem do tempo, a solidão.
A exposição no Centro Cultural de Cascais, organizada a partir da Coleção Fundación MAPFRE, é a primeira grande retrospetiva da obra do fotógrafo de 77 anos em Portugal e, anuncia-se na nota de imprensa, a maior alguma vez realizada a nível mundial. São mais de 200 fotografias tiradas entre 1974 e 2022, apresentadas cronologicamente e agrupadas em núcleos temáticos – das frias imagens de cidades do início da sua carreira aos retratos das irmãs Brown. Os 48 retratos que compõem a série fotográfica (todos os anos, de 1975 e 2022, Nixon fotografou as irmãs Heather, Mimi, Bebe e Laurie) estarão expostos em Cascais. A mostra inclui ainda as fotografias que Nicholas Nixon tirou da própria família, a esposa Bebe e os filhos do casal, Sam e Clementine. Centro Cultural de Cascais > Av. Rei Humberto II de Itália, Cascais > T. 21 481 5660/5 > 16 nov-16 fev, ter-dom 10h-18h (última entrada 17h40) > €5
5.works from before hang out with works from now and works from between before and now, in the same room, de Wasted Rita, Coruchéus
Foto: Manuel Rodrigues Levita/CML
Traduzindo o título desta exposição de Wasted Rita, percebe-se melhor ao que vamos: trabalhos de antes passam tempo juntos com trabalhos de agora e trabalhos de entre antes e agora, na mesma sala. Nos Coruchéus, em Alvalade, mesmo ao lado do atelier que ocupa há quatro anos, a artista reúne 37 peças e escritos, criados entre 2012 e 2024. Num tom carregado de sarcasmo e ironia a que Rita Gomes nos habituou, falam-nos do ar dos tempos e da frustração de viver numa Lisboa com tanta especulação imobiliária. Exemplos? “Always be yourself unless you want to have some friends, then always be someone else” [Sê sempre tu próprio a não ser que queiras ter alguns amigos, se não, sê sempre outra pessoa]; “All my friends are tired and underpaid” [Todos os meus amigos estão cansados e mal pagos].
No dia 7 de dezembro, a artista orienta uma oficina de desenho para crianças dos cinco aos nove anos, e estão marcadas três visitas guiadas à exposição, a 30 de novembro, 21 de dezembro e 11 de janeiro (requerem marcação prévia através do email umteatroemcadabairro.corucheus@cm-lisboa.pt ou pelo T. 21 817 0324). Complexo Municipal dos Coruchéus > R. Alberto de Oliveira, Lisboa > até 31 jan, ter-sáb 13h-19h > grátis
6. Intimidades em Fuga. Em Torno de Nan Goldin, MAC/CCB
Nan Goldin ainda nos estremece com a honestidade da série The Ballad of Sexual Dependency, em que documentou vida, vícios e afetos da sua tribo de amigos e amantes entre 1979 e 1986, numa Nova Iorque vibrante. É um diário visual que elimina distâncias confortáveis entre público e privado, um ensaio vérité. As 126 imagens captadas pela fotógrafa norte-americana alinham-se como um fio de Ariadne no MAC/CCB – como um travelling, um corrimão visual que (des)ampara os visitantes, confrontando e pontuando as obras de outros 35 artistas nas salas fronteiras. Pintura, desenho, vídeo, fotografia, exploram narrativas, autorrepresentação, subjetividade, numa diversidade de possibilidades de trabalhar o corpo e a intimidade num tempo pós-Big Brother orwelliano (e televisivo, e instagramável). Observamos. Somos testemunhas, intérpretes, cúmplices, voyeurs? Somos quem se debate, hoje, com a “fuga da intimidade” – e isso dá-nos um novo olhar sobre estas obras. S.S.C. MAC/CCB – Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2878/21 361 2913 > até 31 ago, ter-dom 10h-18h30 > €7 a €12
7. Santo António na Publicidade, Museu de Lisboa – Santo António
A imagem de Santo António colada a lotarias, vinhos e bengalas? Essa foi – e é – uma realidade que já vem pelo menos desde o século XIX, mostra-nos o Museu de Lisboa – Santo António nesta exposição que reúne cartazes, anúncios da imprensa, selos, rótulos, pagelas (estampas religiosas), peças de barro, medalhas, copos, caixas de fósforos. Formas diversas de publicidade, que vão “refletindo os gostos de cada época e realçando a estreita ligação da produção publicitária com o santo a quem tudo se pede em momentos difíceis”, pode ler-se na nota de imprensa. No dia 30 de novembro, o comissário da mostra, Eduardo Cintra Torres, conduz uma visita guiada (16h). Museu de Lisboa – Santo António > Lg. de Santo António da Sé, Lisboa > até 20 abr, ter-dom 10h-18 > €3
8. Não vá o diabo tecê-las! A Tapeçaria em diálogo a partir da Coleção Millennium bcp, Torreão Nascente da Cordoaria Nacional
Foto: Bruno Lopes / Galerias Municipais
Promete uma viagem sedutora e surpreendente pela história da tapeçaria portuguesa a partir de 1946, o ano em que foi fundada a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre. Entre paredes brancas, encontram-se 86 obras de 27 artistas, e mais de 50 documentos. No piso 0, está a Coleção Millennium bcp que possui um conjunto de tapeçarias produzidas em Portalegre a partir de originais de artistas como Graça Morais, Lourdes Castro, Luís Pinto-Coelho, Vieira da Silva, Almada Negreiros, José de Guimarães e Júlio Pomar. No Piso 1, recorrendo a obras provenientes de instituições, coleções particulares e espólios de artistas, mostra-se como outros nomes das artes exploraram as potencialidades plásticas da tapeçaria, expandindo-a em termos de técnicas, de materiais e de possibilidades. Torreão Nascente da Cordoaria Nacional > Av. da Índia, Lisboa > T. 21 364 6128 > até 12 jan, ter-dom 10h-13h (última entrada 12h30), 14h-18h (última entrada 17h30) > grátis
9. Jean Painlevé, Culturgest
Geneviève avec pinces homard. Foto: Jean Painelevé
A partir de dia 23, a Culturgest apresenta “a maior exposição” dedicada a Jean Painlevé (1902-1989), pioneiro documentarista e fotógrafo de vida animal. Entre meados da década de 1920 e o início da década de 1980, Painlevé realizou cerca de 200 curtas-metragens, nas quais retratou um insólito bestiário subaquático. Nesta exposição, é apresentada uma seleção de filmes raros e impressões fotográficas de Jean Painlevé e Geneviève Hamon, sua companheira, e colaboradora mais próxima, desde que se conheceram em 1924, até à sua morte. O documentarista francês tinha a convicção de que “a ciência é ficção”, empregando arrojo estético e experimental aos seus filmes e imagens através de técnicas de filmagem e edição criativas. No dia 23, realiza-se uma visita guiada à exposição com a equipa curatorial, e nos dias 7 de dezembro, 25 de janeiro e 8 de março, com Ana Gonçalves (todas às 16h). Culturgest > R. Arco do Cego, 50, Lisboa > T. 21 790 51 55 > 23 nov-23 mar, ter-dom 11h-18h > €5, dom grátis
10. João Abel Manta Livre, Palácio Anjos
Foto: José Carlos Carvalho
Imaginar a paisagem visual do Portugal pré e pós-25 de Abril sem o traço benigno e certeiro de João Abel Manta, testemunha das manias e conquistas pátrias, é impossível. Toda a gente reconhece um cartoon seu, nem que seja MFA, Povo com os protagonistas desenhados com as “fardas” trocadas. Panorâmica abrangente dedicada ao artista, beneficiou do acesso ao seu arquivo pessoal e dos empréstimos de obras de instituições e colecionadores privados – como Vasco Gonçalves, a quem Abel Manta ofereceu maquetas de cartazes que são, finalmente, reveladas. Uma viagem bem-humorada por pintura, desenho, cartoon, ilustração, design gráfico, azulejos, tapeçarias, cartazes, cenografia e figurinos para teatro, pela mão de um criador livre. S.S.C. Palácio Anjos > Alameda Hermano Patrone, Algés > T. 21 411 1400 > até 20 dez, ter-dom 11h-18h > €2
11.Tratado, de José M. Rodrigues, Galeria da Avenida da Índia
Foto: Bruno Lopes / Galerias Municipais
Um dos nomes de referência da fotografia contemporânea, José M. Rodrigues, Prémio Pessoa 1999, tem a sua obra representada em várias coleções privadas e públicas (Culturgest, Museu de Serralves, Centro Português de Fotografia, Dutch Art Foundation, La Bibliotheque Nationale em Paris…). Esta exposição é centrada em retratos de familiares e de amigos do fotógrafo. As fotografias agora reveladas, sobretudo inéditas, a cores, relacionam-se também com os lugares onde foram tiradas, a natureza e a paisagem como pano de fundo. A quem tiver curiosidade pela obra total, a Imprensa Nacional dedicou a José M. Rodrigues o número 5 da Série Ph., fica a sugestão. Galeria da Avenida da Índia > Av. da Índia, 170 > T. 21 583 0010 > até 22 dez, ter-dom 10h-13h, 14h-18h > grátis
12. William Klein – O Mundo Inteiro É um Palco, MAAT
Foto: Pedro Pina
O fotógrafo franco-americano que comprou uma primeira câmara a Henri Cartier-Bresson não se preocupava com o momento decisivo ou a discrição: o acaso e a conversa com os desconhecidos criavam as suas imagens. William Klein – O Mundo Inteiro É um Palco é a maior exposição dedicada ao artista desde o seu desaparecimento: são 150 obras, que dão conta do Klein curioso, performático, multifacetado, viajado. Fotografias que pertencem ao A-Z da contemporaneidade, sim, mas também as pinturas (foi aluno do pintor Fernand Léger e artista experimental), os filmes delirantes (Broadway by Light, curta-metragem abstratizante sobre as luzes de Nova Iorque, fez Orson Welles dizer que, se havia um filme que merecesse ter cores, era aquele…) e os registos do Maio de 68 (teve como consultor Alain Resnais e Serge Gainsbourg como ator…). E as provas de contacto pintadas, as capas, os cartazes, as imagens tiradas em Nova Iorque, Paris, Moscovo, Roma, Tóquio (só em dois dias, no Japão, Klein captou mais de seiscentas imagens). S.S.C. MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Lisboa > até 3 fev, qua-seg 10h-19h > €6 a €11
13. CAM – Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
Ao caminhar pela nova entrada principal do CAM, a partir da Rua Marquês da Fronteira, o visitante apreende o total impacto da joia arquitetural desenhada pelo japonês Kengo Kuma. A impressionante pala com cem metros de comprimento, criando um corredor coberto que acompanha agora toda a fachada sul do edifício.
Foto: Fernando Guerra
As exposições inaugurais do novo CAM evidenciam questões sociais e de sustentabilidade – vejam-se as 80 obras patentes em Linha de Maré, refletindo sobre a relação dos seres humanos com a bioesfera, ou o gesto social e político da instalação monumental de Leonor Antunes que evoca as mulheres do modernismo, contrariando a sua “subalternização” histórica. A nova Galeria da Coleção abriga as Reservas Visitáveis, e no Espaço Engawa, está O Calígrafo Ocidental, mostra fotográfica e documental sobre a estada de Fernando Lemos no Japão, enquanto bolseiro da Gulbenkian e estudante de caligrafia na década de 1960. No átrio do CAM, há H BOX, sala de vídeo itinerante concebida por Didier Faustino. S.S.C. Centro de Arte Moderna > R. Marquês de Fronteira, 2, Lisboa > T. 21 782 30 00> todas as exposições estendem-se até ao ano que vem > €8 (exposições temporárias CAM) a €16 (Museu Gulbenkian, CAM e exposições temporárias), grátis dom a partir das 14h
O Sealion 7 é o modelo tecnologicamente mais sofisticado lançado até agora pela BYD. Ora, como este fabricante chinês é muito conhecido, exatamente, pela capacidade tecnológica, as expectativas em redor do novo SUV da BYD eram elevadas. E, após um primeiro test drive na Alemanha, podemos desde já dizer que, de facto, o Sealion 7 representa mais um passo evolutivo da marca chinesa. É um carro cheio de tecnologia, espaço e, talvez o mais surpreendente, com um comportamento dinâmico satisfatório. Com preços que variam entre os €47.900 para a versão Confort e os €56.490 para a versão Excellence AWD, não se pode dizer que o Sealion 7 seja acessível. Mas tudo muda de figura quando comparamos este modelo com outros SUV desportivos com características similares.
Bateria faz parte da carroçaria
Durante a apresentação à imprensa, os responsáveis da BYD foram muito insistentes a sublinhar a resistência à torção da carroçaria do Sealion, anunciada como superior a 40.000 Newton metro/grau. Esta rigidez torcional resulta, em grande parte, de a bateria usar a arquitetura Cell-to-Body, em que a bateria está integrada na carroçaria. Ou seja, as células, criadas numa estrutura em favo para maior solidez, estão fixadas diretamente na carroçaria. Ao ponto de a superfície superior da bateria funcionar como o piso da cabine. O que significa que esta arquitetura também permite poupar no peso e no espaço (para um bateria LFP, reforce-se). Aliás, apesar de as baterias do Sealion 7 usarem a química LFP (Lítio Ferro Fosfato), conhecidas por terem menor densidade energética que as NMC (Níquel Manganês Cobalto), o Sealion está disponível com baterias de 82,5 e 91,3 kWh de capacidade. Valores muito expressivos. Isto significa que a BYD está a conseguir eliminar um dos únicos pontos fracos das baterias LFP, já que esta química conhecida por ser melhor em praticamente tudo o resto: durabilidade, segurança, tolerância à temperatura, custo e sustentabilidade (não utiliza níquel nem de cobalto).
O percurso do test drive que fizemos com o Sealion 7 não apresentava, propriamente, grandes exigências torcionais, mas foi suficiente para verificarmos que este é um carro que ‘pisa bem’. Pareceu-nos equilibrado e capaz de aguentar ritmos relativamente elevados. Isto apesar de ser bastante confortável. É bem mais estável e previsível que o Seal U. Seria mais lógico atribuir a denominação Seal, a berlina desportiva da BYD, a este Sealion. Não só pela estabilidade satisfatória em curva, mas também pela capacidade de travagem e de aceleração. A versão que conduzimos, com dois motores e tração integral, é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em menos de cinco segundos. E, curiosamente, até tem uma velocidade máxima superior à do Seal, atingindo os 215 km/h. E chega lá depressa, como confirmámos numa autobahn, uma autoestrada sem limite de velocidade. Mesmo em velocidades acima dos 150 km/h o Sealion manteve-se estável e com muito pouco ruído a bordo. Outras características claramente bem acima do Seal U.
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Dito isto, o Sealion não vai impressionar os mais apaixonados pelo prazer de condução. Apesar de bem melhor que o Seal U, está longe de poder ser considerado exemplar. A direção é ‘desligada’ da estrada e o elevado peso acaba por consequências – não é difícil sentirmos o carro a soltar-se quando exageramos um pouco. Também não conseguimos uma posição de condução perfeita, talvez devido à inclinação do volante, que faz lembrar um furgão.
Experiência a bordo
Tanto à frente como atrás há muito espaço para os passageiros. Aliás, os bancos traseiros até são mais generosos do que o habitual em profundidade, apoiando bem as coxas. Há espaço para cruzar as pernas e a altura do banco ao tejadilho, em vidro, é dos mais generosos que algumas vez vimos. Isto, apesar da traseira estilo coupé. Os bancos traseiros podem ser movidos axialmente para ganhar espaço na mala mantendo os bancos funcionais. É, também, possível alterar a inclinação dos encostos e, claro, rebater por completo os bancos para criar uma mala gigante – passa dos 520 litros para 1789 litros. E até há uma frunk (mala frontal) com espaço q.b. para arrumar os cabos de carregamento.
Quanto à tecnologia, há, como é habitual na marca, muitas funcionalidades. O assistente digital entendeu-nos bem (mas só experimentámos em inglês) e pode ser usado para controlo direto de sistemas do próprio carro, como abertura e fecho das janelas e climatização. Felizmente, há suporte integral para Android Auto e Apple CarPlay. O ecrã central tátil de 15,6 polegadas é, como é típico da marca, rotativo e integra várias aplicações, permitindo ainda um grande nível de personalização e controlo detalhado. Por exemplo, podemos mover o modelo 3D do carro – e reage rapidamente graças ao novo processador da Qualcomm – e tocar em elementos, como os vidros ou a porta da mala (para abrir e fechar). Gostámos do menu inferior, tipo barra de ferramentas do Windows, com atalhos para as funções e apps mais utilizadas. Atalhos que podem ser personalizados. Mas, ainda assim, preferíamos ter alguns botões físicos, nomeadamente para controlo da ventilação e ar condicionado. E não ficámos muito impressionados com o grafismo, na medida em que não é uniforme.
Ainda menos impressionados ficámos pelos sistemas de apoio à condução. Não experimentámos o suficiente para uma conclusão definitiva, mas parece-nos que mantém os mesmos problemas já identificados em outros modelos: demasiado intrometido e, pior, inconsistente ao ponto de não transmitir confiança.
Carregamento e eficiência
As condições do test drive tornam ridícula qualquer tentativa de tirarmos conclusões sobre os consumos. Por enquanto, temos de limitar-nos aos valores indicados pela marca, que apontam para autonomias (WLPT) em redor dos 500 km. O Confort, com tração traseira e 230 kW de potência, recorre a uma bateria de 82,5 kWh com uma autonomia anunciada de 482 km. Menos (456 km) tem o Design AWD, já que usa a mesma bateria mas tem mais potência (dois motores, com um total de 390 kW de potência. Finalmente, o Excellence AWD, com a mesma motorização do Design, será capaz de atingir os 502 km de autonomia segundo o teste WLTP.
As potências e velocidades de carregamento variam consoante a bateria: 150 kW de pico para a bateria de 82,5 kWh (Confort e Design AWD), com tempo de carregamento de 32 minutos entre os 10 e os 80%, e 230 kW para a bateria de 91,3 kWh (Excellence AWD), com um tempo de carregamento de 24 minutos entre os 10 e os 80%. Em AC, a potência máxima é a mesma: 11 kW. Como é habitual na BYD, há suporte standar para V2L, ou seja, é possível usar a tomada de carregamento para transmitir energia para dispositivos externos. Standard é, também, a bomba de calor.
Primeira opinião
O Sealion 7 deixa a desejar em alguns aspetos: o sistema de infoentretimento, apesar de rápido, é um pouco confuso; os apoios à condução são ineficientes; a direção é pouco comunicativa; e sente-se algum rolamento em curva. Por outro lado, tem trunfos importantes, como a compostura, o espaço a bordo, a performance e o baixo ruído. Quanto ao preço, depende com que carros se escolhem para comparar. Relativamente às marcas europeias e orientais, são valores competitivos. Mas quando comparados com os preços do Tesla Model Y, o Sealion 7 perde. Até porque o Model Y tem mais autonomia, melhor tecnologia e custa menos.
Tome Nota BYD Sealion 7 Excellence AWD – Desde €56.490 www.byd-auto.pt
Características 390 kW de potência e 670 Nm de binário ○ Acel. 0-100 km/h 4,5 segundos ○ Vel. Máxima 215 km/h ○ Bateria 91,3 kWh, autonomia 502 km (WLTP) ○ Carregamento AC até 11 kW (V2L), DC até 230 kW