Os incêndios que deflagraram no Norte e no Centro do país em setembro levaram à abertura de 237 investigações e à detenção de 13 suspeitos, indicou a Polícia Judiciária. “A Polícia Judiciária esclarece que foram abertas 237 investigações por incêndios florestais, ocorridos entre 15 e 20 de setembro deste ano, tendo sido detidas 13 pessoas”, refere.

Recorde-se que os incêndios florestais que deflagraram em 15 de setembro e se prolongaram até dia 21 causaram nove mortos, entre os quais quatro bombeiros, e mais de 150 feridos. Segundo o sistema de observação Copernicus arderam em Portugal continental, de 15 a 20 de setembro, cerca de 135 mil hectares, dos quais mais de 116 mil no Norte e no Centro, concentrando a maior parte da área ardida em território nacional.

Na altura várias aldeias tiveram de ser evacuadas nos distritos de Aveiro, Braga, Coimbra, Porto, Vila Real e Viseu, onde dezenas de casas foram destruídas, culturas dizimadas e estabelecimentos comerciais consumidos pelas chamas.

Um novo estudo desenvolvido por um consórcio internacional sugere que uma mutação genética na capacidade de digerir a sacarose é o responsável pela vontade em consumir alimentos doces. De acordo com a nova investigação científica, publicada na revista Gastroenterology, pessoas que não possuem – de forma total ou parcial – o gene sucrase-isomaltase (de sigla SI) têm menor tendência para consumir alimentos ricos em açúcar. A diferença, segundo os especialistas, está na capacidade do organismo dedigerir a sacarose, o que influencia o desejo de consumir alimentos ricos em açúcar.

“O estudo sugere que a variação genética na nossa capacidade de digerir a sacarose pode ter impacto não só na quantidade de sacarose que ingerimos, mas também no facto de gostarmos de alimentos açucarados” disse Peter Aldiss, especialista em Biomedecina da Universidade de Nottingham, no Reino Unido e um dos autores do estudo.

Para o estudo foi utilizada uma amostra de ratinhos e observado o seu comportamento. Os roedores sem o gene consumiram – e mostraram menos vontade de consumir – alimentos com açúcar, uma substância que está associada a alterações nas hormonas do apetite. “Estas descobertas sugerem que a variação genética na nossa capacidade de digerir a sacarose alimentar pode influenciar a nossa ingestão e preferência por alimentos ricos em sacarose”, acrescentou o investigador, em comunicado.

As conclusões desta investigação confirmam os resultados de outros estudos anteriores, incluindo uma investigação na Gronelândia – que envolveu 6 mil habitantes – que sugeria que as pessoas com uma incapacidade total em digerir a sacarose consumiam menos alimentos açucarados.

Os investigadores esperam agora que as descobertas possam ser utilizadas para ajudar a reduzir o consumo de sacarose pela população. “Os excessos de calorias provenientes do açúcar contribuem para a obesidade e a diabetes tipo 2″, explicou o investigador. “No futuro, compreender a forma como os defeitos no gene SI atuam na redução do seu consumo a preferência por sacarose facilitarão o desenvolvimento de novas terapias para ajudar a reduzir a ingestão de sacarose em toda a população, a fim de melhorar a saúde digestiva e metabólica”, concluiu.

Palavras-chave:

Bem-vindo à nova série do podcast Tech Flow, que será inteiramente dedicada à cibersegurança. Ao longo de cinco episódios, exploramos a segurança informática de forma descomplicada – dos conceitos gerais que definem esta área, às novas tecnologias que estão a transformar a forma como utilizadores, empresas e organizações devem abordar a segurança digital. Este é um podcast que tem como objetivo sensibilizar os utilizadores e os decisores – porque no fim de contas, todos usamos tecnologia – para a importância da cibersegurança no dia-a-dia.

Novo episódio na próxima quarta-feira, 20 de novembro, às 15h30,
sobre “O impacto das tecnologias quânticas na cibersegurança

Quais os impactos positivos e negativos da Inteligência Artificial na cibersegurança? Quais as novas tipologias de ameaças e como a IA está a tornar alguns ataques mais eficazes? Como é que as empresas podem tirar benefício da IA e cibersegurança, por exemplo, através dos Centros de Operações de Segurança (SOC)? E qual o futuro da cibersegurança à medida que a IA continua a evoluir?

As respostas a estas e outras perguntas são dadas por Pedro Adão, professor associado no departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico (IST) e Frederic Reyntjens, gestor de serviços partilhados da Warpcom. Pode ver o terceiro episódio do Tech Flow na versão vídeo no início deste artigo ou ouvir aqui a versão em áudio:

Tech Flow, episódio 3

Veja ou reveja os outros episódios já publicados do podcast Tech Flow:

A nova série do podcast Tech Flow, dedicada à cibersegurança, é feita pela Exame Informática em parceria com a Warpcom. 

Entramos na loja da Claus Porto, marca do universo Ach.Brito, em plena Rua da Misericórdia, em Lisboa – paredes meias com a Praça Luís de  Camões e o Teatro da Trindade – e fazemos imediatamente uma espécie de viagem no tempo. Gravam-se-nos na retina as cores e os padrões dos rótulos da marca, num espaço que dispensa mais decoração do que aquela que os sabonetes lhe conferem.

Descemos as escadas, pontuadas pelas fotografias dos vários Aquiles que a cada geração deram rosto à empresa, e encontramo-nos com o atual proprietário e presidente-executivo no antigo espaço de exposição da linha Musgo Real.

A companhia fundada pelo bisavô regressou às suas mãos em 2022, quando a Menlo Capital, o fundo que tinha então 80% da empresa, declarou a falência da mesma. Aquiles voltava muitas décadas no tempo, à época em que com 22 anos teve de assumir os destinos da companhia. “Nunca tinha pensado voltar a ser o único proprietário da Ach.Brito. Não tinha mesmo o chip do regresso. Tive uns meses de adaptação, para voltar a consciencializar-me de que tinha novamente toda a responsabilidade nas mãos”, diz-nos em jeito de confissão.

Aquiles de Brito na loja de Lisboa, decorada com fotografias dos seus antepassados e de antigos trabalhadores da Ach.Brito. A herança, garante, é uma parte importante do caminho, mas é de futuro que se faz a história da empresa

Descontraído e divertido, Aquiles de Brito leva-nos numa viagem por aquilo que foram os dois últimos anos da empresa, e as estratégias para sobreviver “por mais 100”.

“A Ach.Brito está igual a si mesma”, garante quando lhe perguntamos que companhia tem hoje em mãos. “O primeiro ano foi de estabilidade, quer financeira, quer emocional. Os recursos humanos foram muito penalizados antes de 2022. Nos últimos dois antes das mudanças, houve muita incerteza e instabilidade dentro da empresa e, portanto, foi preciso estabilizar. A Covid-19 terá sido a machadada final na empresa, que já estava numa situação mais complicada. Quando a adquiri, foi tentar dar-lhe estabilidade, quer a nível de fornecedores, banca, pessoal…Isso era fundamental. No fundo, era preciso sobreviver.”

Atualmente, “está estável, graças a Deus. Em 2022 já tinha vindo a ser feito um trabalho, ainda com a antiga administração, de redução drástica de custos, sobretudo de serviços externos, mas também de pessoas. Não foi, naturalmente, entre novembro e dezembro de 2022 que houve milagres, mas foi feito um trabalho de continuidade, portanto, conseguimos nesse mesmo ano fechar com EBITDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) positivo e também com resultado positivo”, continua. “No ano passado, conseguimos um resultado e um EBITDA ainda melhores; conseguimos estabilizar os capitais próprios da empresa – em meados de 2022 os capitais próprios eram, praticamente, de falência técnica. Em 2023, já temos uns capitais estáveis, com autonomia financeira acima de 40%. E isso era vital para criar confiança ao mercado, às pessoas, à banca…”

No ano passado, a Ach.Brito registou mais de €5,6 milhões em vendas, e os resultados líquidos cresceram 94,3%, em termos homólogos, para mais de €200 mil, segundos dados compilados pela Informa D&B. Valores significativos para uma companhia que, nos últimos dez anos, sofreu duas alterações significativas em termos acionistas.

Com a evolução positiva da empresa, 2024 foi então o ano em que a Ach.Brito se concentrou no recrutamento de pessoas numa série de áreas, com especial enfoque nas áreas criativa, comercial e de expansão internacional. “Espero em 2025 e 2026 começar a ver alguns resultados deste esforço”, continua o gestor. “Estamos a fazer aqui um investimento forte, que às vezes até pode prejudicar um pouco os nossos resultados, mas toda a aposta que estamos a fazer é no sentido de aumentar as vendas, nacional e internacionalmente.”

Com cerca de 80 trabalhadores na empresa, Aquiles de Brito admite que este é um dos seus principais desafios em termos de esforço, seja de captação, seja de retenção de talentos. “Esse é um desafio muito grande para uma pequena empresa: não apenas o recrutamento de profissionais muito bons, mas a massa salarial que eles representam. Porque, enfim, uma pessoa boa, atualmente, ganha muito dinheiro e nós somos absolutamente sufocados por impostos, taxas, taxinhas, certificados…”, lamenta. “Isto tudo é muito dinheiro e sentimo-nos mesmo sufocados pela carga financeira. É difícil lutar contra isso. Eu acho que se devia ter continuado a discussão do 14º e do 15º meses sem descontos, porque só isso é que, se calhar, vai fazer-nos encontrar pessoas e ter uma equipazinha que não esteja cá apenas pelo dinheiro, mas que vista a camisola e tenha gosto pela empresa. Na anterior administração havia muita rotatividade de pessoas e isso, claramente, foi um problema. É fundamental a estabilidade de recursos humanos”, repete.

A marca Claus Porto, que tem lojas próprias e se posiciona num segmento alto, tem sido a grande bandeira da empresa e tem conseguido, ao longo dos anos, conquistar vários mercados internacionais – tanto fora de portas, com presença em lojas multimarca, por exemplo, como dentro, com os consumidores estrangeiros a serem uma importante fonte de receita.

Apesar de já não ter uma loja em Nova Iorque, nos EUA – o custo dessa operação, levada a cabo pela anterior administração, revelou-se incomportável –, o mercado norte-americano continua a ser muito relevante para a empresa. E Aquiles de Brito admite ter “algumas expectativas nos mercados asiáricos – sobretudo Coreia, Japão e Taiwan. A Alemanha tem estado também com um bom comportamento, acima das expectativas, tal como o nosso país vizinho, Espanha”. No entanto, é mais a Oriente que se concentrarão, a médio prazo, as energias. “Os mercados asiáticos têm uma apetência enorme pelos nossos produtos e são apaixonados pela nossa marca Claus Porto. Nota-se muito bem, por exemplo, a diferença de vendas na nossa loja quando passam por aqui levas de coreanos ou japoneses”, confessa Aquiles. “E eu já assisti a isso. Ainda há uns tempos, parou aqui um senhor, que vinha de motorista e cujo carro parou ali à porta em quatro piscas. O senhor entrou e deixou aqui cerca de €800. Em sabonetes [Risos]. São pessoas que os levam para oferecer aos amigos, o que é muito engraçado em termos culturais”, explica.

Em Vila do Conde, é possível encontrar todos os produtos da empresa na loja da fábrica, instalações onde são feitos alguns dos sabonetes mais conhecidos do País

“E claro que os nossos produtos têm História, têm uma herança muito interessante e um design que eles adoram. Já discutimos também, e temos o interesse de um distribuidor lá, a possibilidade de abrir um espaço. O nosso futuro passa pela abertura de lojas lá fora, mas será sempre com recurso a parceiros locais. Nunca voltaremos a fazer aquilo que fizemos no passado, que foi a abertura de uma loja em Nova Iorque, nos EUA, que representou um consumir de recursos brutal para o qual não tínhamos capacidade. Isso é uma lição para a vida da empresa e temos de ter muito cuidado com a forma como vamos fazê-lo no futuro.”

Para o empresário, agora é tempo de olhar para o futuro, na certeza de que os consumidores também estão a responder melhor ao tipo de produtos que a Ach.Brito produz. “Disse-lhe isto há dois anos, e repito: preservar memórias não significa ficar preso ao passado.”

Temos “tradição, autenticidade, manualidade, elevados padrões de qualidade, um forte sentido de família… Cada vez mais as pessoas dão valor a estas características e cada vez há menos empresas como a minha no mundo. Mesmo na minha área. Nos últimos cinco ou seis anos foram vendidas muitas delas a grandes grupos. A Aesop foi vendida, a Santa Maria Novella – que era uma empresa que nunca na vida achei que ia ser vendida – também, e é preciso que estas empresas pequenas perdurem. E que o mundo olhe para elas de forma diferenciada”.

Regresso às origens

É por todas estas razões que nos planos do gestor está também aquele que considera um desafio ainda maior: o reforço da marca Ach.Brito, que tem perdido presença no mercado devido a um maior foco na Claus Porto, a marca de luxo da empresa. “A Ach.Brito é uma empresa, mas também é uma marca. E o que há hoje em dia é uma série de submarcas da Ach.Brito a operar no mercado da grande distribuição, como desde sempre”, justifica Aquiles. “Estamos, atualmente, a reposicionar a própria marca, a tentar que a Ach.Brito exista.” Daí que estejam a trabalhar mais insistentemente a Ach.Brito, nesta fase, também para a reposicionar num segmento mais elevado. “Mas não para competir com a Claus Porto. Contratámos o estúdio Eduardo Aires – que já tinha feito connosco o trabalho do rebranding da linha Musgo Real – para o rejuvenescimento da marca e está quase terminado”, desvenda.

Helena Brito, mulher do empresário, junta-se à conversa para falar sobre esta aposta que tem, nas palavras de Aquiles, estado bastante nas suas mãos. Apesar de garantir que não fez nada, a verdade é que Helena está dentro de todo o processo e nos guia de forma assertiva e clara sobre o que se espera que seja a Ach.Brito: a marca de referência que já foi em tempos, quando Ach.Brito e Claus Porto ocupavam lugares de destaque nos respetivos segmentos. “Quando o Aquiles readquiriu a empresa, achámos que tínhamos de fazer algo pela marca Ach.Brito. Depois de termos os portugueses a mostrar uma felicidade tão grande pelo regresso da empresa à família – recebemos muitas mensagens na altura –, percebemos que a marca era de todos os portugueses, e que tínhamos a missão de lhe dar uma vida nova começando por fazer uma análise de tudo o que tínhamos e de pensar na reestruturação”, explica. “Face a todas as dificuldades e alterações do passado recente, não tínhamos dentro de portas pessoas com capacidade para o fazer. Foi por isso que resolvemos contratar uma agência externa de design, tendo sido o Eduardo Aires a ganhar o concurso. Acreditámos, e agora confirmámos, que era a pessoa que melhor leitura tinha para poder fazer a união da heritage, da herança que a marca tem, com o contemporâneo de que precisa.” Se tudo correr conforme previsto, a nova imagem da Ach.Brito – inspirada, naturalmente, nos seus atuais lettering e padrões – será anunciada no início de 2025.

Aquiles e Helena de Brito não esperam que os filhos fiquem à frente da Ach.Brito, mas não escondem que gostariam que isso acontecesse

“Se reparar, a marca Ach.Brito move-se no chamado mass market. E não queremos nem vamos fazer nada que colida com isso. Vamos trabalhar sobre o acervo histórico da marca, vamos fazê-la subir um bocadinho em termos de posicionamento, mas manter-se-á no mass market. Não irá estar no nicho de luxo da Claus Porto. São coisas distintas! O espaço entre o mass market e a Claus Porto é muito grande e acreditamos que é aí que a Ach.Brito faz sentido. Vai ser transversal a todos os portugueses, obviamente, e queremos que seja uma marca contemporânea, mas que continue a comunicar a sua herança. Que sirva os dias e necessidades atuais. Temos de ir fazendo este caminho, até para irmos construindo mais História”, remata.

No mesmo sentido, conta o casal, é possível que a marca Musgo Real também ganhe mais autonomia. Atualmente debaixo do chapéu da Claus Porto, tem no entanto ganhado força e presença junto dos seus próprios consumidores. “Ainda não sabemos como é que vamos autonomizá-la, mas sabemos que queremos reforçá-la”, diz Aquiles. No fundo, é trabalhar “marca, marca, marca, que é algo que não foi feito nos últimos anos”, admite.

“Importa dizer também que fizemos, oficialmente, uma separação das marcas. Elas operam todas no mesmo espaço por uma questão de sustentabilidade de recursos, mas caminhamos para uma total autonomia entre elas: de equipas, de espaços, de produção…”, revela.

“No futuro, é muito possível que haja alguém apenas a vender Musgo Real. É um mercado à parte que tem um mundo inteiro para explorar. Vai entrar, no início de dezembro, uma diretora criativa especificamente para a Ach.Brito, para iniciarmos este caminho, que achamos fundamental trilhar, de separação das marcas Ach.Brito e Claus Porto. Pode haver sinergias na área da comunicação e afins, porque eu não tenho capacidade – entenda-se, dinheiro [Risos] – para separar tudo. Mas, se tivesse, era o que faria. Para não correr o risco de uma marca canibalizar a outra, que foi o que aconteceu ao longo dos tempos. Nos anos 1990, a Claus Porto teve uma ascensão muito forte e acabou por baralhar aqui um bocadinho as coisas. A Ach.Brito sempre foi uma marca mais nacional e a Claus Porto mais internacional, e essa divisão não quer dizer que uma seja mais importante do que a outra. Quer dizer, apenas, que têm caminhos diferentes”, reafirma.

Aquiles de Brito quer que a Claus Porto, marca de luxo da Ach.Brito, concorra com as maiores referências mundiai

A Ach.Brito terá, por isso, além de um rebranding, uma série de produtos novos e Helena admite que uma das coisas que gostariam que acontecesse num futuro próximo era “que a Ach.Brito tivesse uma loja própria”.

“Queremos reforçar o mercado nacional e trabalhar a abertura do mercado internacional, porque acreditamos que ela tem esse potencial. Estará num segmento médio, democrático, mas entendemos que temos de cimentar primeiro em Portugal, para depois experimentar fora. Mas estamos a trabalhar numa perspetiva de exportação e internacionalização”, desvenda.

Para o próximo ano, a empresa está ainda a preparar o lançamento de uma série de novidades da coleção Musgo Real, cujo desempenho continua a evoluir muito positivamente. Assim haverá a apresentação de uma linha com uma nova fragrância (Clássico 22), desenvolvida pela perfumista Daphne Bugey, e que se juntará às quatro existentes: 1887, Puro Sangue, Alto Mar e Black Edition. Ainda na Musgo Real, haverá uma nova linha de cuidados pessoais, a Essentials.

A empresa vai também apresentar o seu primeiro Home Spray, numa edição limitada para testar o mercado, mas cujo objetivo é poder integrar a oferta permanente da Claus Porto.

“Não sou particularmente ambicioso. Não quero crescer imenso, nem aumentar o preço médio para refletir em vendas… Quero aumentar vendas, passo a passo, com alguma aceleração, obviamente, mas de uma forma sustentada”, responde-nos, seguro, Aquiles de Brito quando lhe perguntamos como olha para o futuro da Ach.Brito. “É evidente que no final do dia queremos que tudo se traduza em vendas, porque eu gostava que a empresa durasse mais 100 anos [Risos]. A missão é essa, não é? Faturar! Pagar impostos, pagar salários, a continuidade da empresa e gerar algum dinheiro para o acionista, já agora! E levarmos este legado para a frente, já que ele voltou novamente a mim.” E, quando lhe pedimos que faça um bocadinho de futurologia e imagine a empresa em 2034, daqui a dez anos, hesita 30 segundos antes de responder: “Gostava de estar presente nos cinco continentes, com uma presença física de ambas as marcas e que os meus filhos estivessem ligados à empresa – eles não têm essa obrigação! E que as marcas fossem uma referência no setor mundial. Da mesma forma que hoje estou a falar da Acqua di Parma, que as pessoas possam estar a falar da Claus Porto.”

O alarme do telefone toca e Aquiles pede desculpa. O empresário e a mulher têm um almoço combinado, para aproveitar o tempo que estão em Lisboa – vieram do Porto esta manhã para a entrevista com a VISÃO e, sem darmos conta, passaram mais de duas horas. Saímos para a rua num solarengo último dia de outubro, com as fragrâncias da Claus Porto ainda vivas no nosso olfato e a certeza de que a centenária empresa ainda tem muita História (e muito ano) para contar. Assim Aquiles mantenha o otimismo e a visão objetiva para continuar a encarar os desafios que lhe aparecerão pela frente.

Quinta dos Frades

A Quinta dos Frades, com cerca de 200 hectares, é uma das mais antigas propriedades durienses e pertence a Aquiles de Brito, que agora lhe tem dedicado mais atenção. No século XIII, a quinta foi doada a monges da Ordem de Cister, então amplamente implementada no Douro. Integrava o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas e ficou, desde então, sempre ligada à vinha e ao vinho. Depois da extinção das ordens religiosas em Portugal, a Quinta dos Frades foi arrematada, em 1841, pelo 1.º barão da Folgosa. 100 anos depois, em 1941, foi adquirida pelo industrial português Delfim Ferreira, bisavô de Aquiles. Os primeiros vinhos da Quinta de Frades foram engarrafados em 2008 – então pelas mãos do enólogo Anselmo Mendes, que se manteve ligado ao projeto até muito recentemente. Mas, no ano passado, Aquiles decidiu dar um novo impulso à propriedade, que conta com mais de 20 hectares de vinha velha. Contratou Diogo Lopes, enólogo com experiência nas várias regiões vitivinícolas nacionais e também com passagens pelo estrangeiro, e tentam agora, juntos, reforçar a presença dos vinhos da propriedade no mercado. As apostas vão ser nos vinhos de parcela, aproveitando a singularidade do terroir e das vinhas que compõem a quinta.

Ach.Brito Mais de um século de História

1889
Os empresários alemães Ferdinand Claus e Georges Schweder criam uma fábrica de sabonetes e de perfumes na cidade do Porto

1891
Claus e Schweder obtêm uma licença para construir uma fábrica na Rua Serpa Pinto

1903
Schweder retira-se do negócio por motivos de saúde. Achilles de Brito, com 24 anos, entra para a empresa como guarda-livros

1916
A I Guerra Mundial e a declaração de guerra da Alemanha a Portugal leva Claus a sair do País

1917
A empresa é nacionalizada e passa a designar-se Companhia Industrial do Norte

1918
Achilles de Brito funda, com o irmão Affonso Brito, uma empresa de cosméticos a que chamou Ach.Brito

1920
Willy Thessen, antigo químico e perfumista da Claus & Schweder, regressa a Portugal e integra a Ach.Brito

1924
A Ach.Brito adquire os ativos da Claus & Schweder, incluindo a fábrica, todos os bens e equipamentos. As duas marcas coexistem

1936
É criada uma das mais conhecidas coleções da empresa: Musgo Real

1949
Achilles de Brito morre aos 69 anos

1953
Toda a produção gráfica passa para dentro da empresa, onde a parte artística ganha ainda mais destaque

1963
Willy Thessen afasta-se por questões de saúde. Affonso Brito morre aos 91 anos, passando a empresa para os herdeiros de Achilles: Achilles José, Lia Graziela, Margarida Estela e Eduarda Graziela Alves de Brito.

1966
As três filhas de Achilles já haviam saído da empresa, mas Delfim e Aquiles Delfim Ferreira de Brito, filhos de Achilles José de Brito, integram-na, representando a terceira geração

1981
Aquiles Delfim de Brito morre aos 39 anos, deixando a participação na empresa aos filhos, Aquiles e Sónia de Brito

1988
Achilles José de Brito morre aos 73 anos

1994
Aquiles e Sónia de Brito, bisnetos do fundador, compram a participação do tio na empresa e assumem a liderança da organização

1999
É vendida a fábrica do Porto, enquanto se reforça a estratégia de expansão da Claus Porto, marca de luxo do grupo Ach.Brito

2008
A Ach.Brito compra a única concorrente nacional, a Saboaria e Perfumaria Confiança, ficando com as duas mais antigas fábricas de sabonetes da Península Ibérica, e passa a operar em todos os segmentos de mercado, com a Ach.Brito no mercado da distribuição moderna, a Confiança no segmento premium e a Claus Porto no segmento de luxo

2015
A Menlo Capital assume uma posição maioritária no capital da empresa. Aquiles de Brito mantém-se na gestão do grupo

2019
A Ach.Brito vende a marca Confiança

Outubro de 2022
A Menlo Capital fica com o total da empresa, por via de uma conversão de capital

Novembro de 2022
Aquiles de Brito torna-se o único acionista da Ach.Brito, garantindo que ela volta a ser 100% familiar

Fonte: Claus Porto/130 Anos

Palavras-chave: