A Samsung anunciou a aguardada série Galaxy S25, composta por três modelos: o S25, o S25+ e o S25 Ultra. “Com o Galaxy S25, a Samsung materializa a promessa de democratizar a Inteligência Artificial, colocando-a ao serviço dos utilizadores portugueses”, afirmou Bernardo Cunha, diretor de marketing da Samsung Portugal. No coração destes dispositivos encontramos o Snapdragon 8 Elite Mobile Platform para Galaxy, uma versão otimizada do mais recente processador de topo da Qualcomm para smartphones. Este chip anuncia um aumento significativo de performance, com melhorias na velocidade de processamento geral, capacidade gráfica e eficiência energética. “Este poder de processamento é essencial para a Galaxy AI”, explica Bernardo Cunha, referindo-se à plataforma de Inteligência Artificial que a Samsung implementou nos novos smartphones, permitindo uma integração profunda da IA em todas as funcionalidades do sistema.
Galaxy S25+
Alterações no design
Num primeiro contacto com os dispositivos, notámos imediatamente as alterações do design. O Galaxy S25 e o S25+ estão mais finos, com construção do chassis em Armor Aluminum. O S25 tem um ecrã Dynamic AMOLED 2X de 6,2 polegadas com resolução FHD+ e o S25+ tem um ecrã Dynamic AMOLED 2X de 6,7 polegadas com resolução QHD+. “Ambos os modelos oferecem uma taxa de atualização adaptável de 120 Hz, otimizando a experiência visual e a autonomia da bateria”, destaca o porta-voz da Samsung.
O Galaxy S25 Ultra distingue-se com um ecrã QHD+ Dynamic AMOLED 2X de 6,9 polegadas, um pouco maior que o antecessor. O chassis deste topo de gama perdeu o boleado lateral dos ecrãs, mas ganhou cantos arredondados para melhorar o conforto do agarrar.
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Fotografia mais inteligente
A Samsung continua a aprimorar a fotografia com a série S25. O Galaxy S25 e o S25+ recorrem a um sistema de câmara tripla na parte traseira: um sensor principal grande angular de 50 MP com estabilização ótica de imagem (OIS), um sensor ultra grande angular de 12 MP e um sensor telefoto de 10 MP com zoom ótico de 3x e OIS. Na frente, encontramos uma câmara de 12 MP para selfies.
O Galaxy S25 Ultra eleva a fasquia com um sistema de quatro câmaras traseiras: um sensor principal grande angular de 200 MP com OIS, um sensor ultra grande angular de 12 MP, e duas telefotos de 10 MP, uma com zoom ótico de 3x e OIS e outra com zoom ótico de 10x e OIS, permitindo uma grande versatilidade na captação de imagens.
De acordo com o comunicado da marca, a IA “desempenha um papel crucial na otimização da qualidade de imagem, ajustando automaticamente as definições da câmara em tempo real e oferecendo recursos como o Nightography para fotos e vídeos com pouca luz, o Super Steady System para estabilização de vídeo e o Space Zoom para zoom digital de até 100x.
Samsung Galaxy S25 Ultra
Galaxy AI em todo o lado
A grande novidade da série S25 está no aprimoramento da Galaxy AI. Esta plataforma de Inteligência Artificial marca presença em todo o sistema operativo One UI 7, permitindo uma interação mais intuitiva e personalizada com o smartphone. O assistente digital Gemini, da Google, integra-se com as aplicações nativas da Samsung e com aplicações de terceiros.
Além do Gemini, a Galaxy AI potencia funcionalidades como o Audio Eraser, que permite isolar e remover sons específicos em vídeos; o Portrait Studio, que cria retratos com efeitos profissionais; o Assistente de Escrita, que oferece sugestões de escrita e formatação automática; o Now Brief, que apresenta informações contextuais relevantes; e a Pesquisa na Galeria, que permite encontrar fotos usando linguagem natural.
“Com a Galaxy AI, o smartphone torna-se um verdadeiro assistente inteligente”, afirma Bernardo Cunha. “Acreditamos que a série Galaxy S25 irá marcar uma nova era na forma como os portugueses usam os seus smartphones.”
Os preços variam de €939,90 para o Galaxy S25 com 128 GB de armazenamento até €1859,90 para o S25 Ultra com 1 terabyte. Como aconteceu com a geração anterior, a Samsung anunciou uma promoção na fase de lançamento em que se pode adquirir versões de maior capacidade de armazenamento pelo preço da versão imediatamente abaixo.
Com este investimento, a Google eleva para mais de três mil milhões de dólares o total aplicado na Anthropic, que é vista como uma das startups de referência do setor da IA. A tecnológica desenvolve grandes modelos de linguagem (LLM na sigla em inglês) que são disponibilizados como ferramentas para programadores e através do assistente digital Claude.
A informação do investimento é avançada pelo Financial Times, que cita quatro pessoas com conhecimento do negócio. Além da Google, outra grande tecnológica que já investiu avultadas quantias de dinheiro na Anthropic é a Amazon, com quatro mil milhões de dólares.
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Estes investimentos fazem parte, segundo o FT, de um esforço maior das grandes tecnológicas em diversificar a aposta no setor da Inteligência Artificial. Apesar de a Google ter modelos de referência e um assistente digital, com o Gemini, continua a ser a OpenAI aquela que melhor tem conseguido traduzir a investigação em IA em produtos destinados aos utilizadores finais e empresas – o ChatGPT tem 300 milhões de utilizadores semanais ativos e processa mais de mil milhões de comandos por dia.
A Anthropic aumentou, em 2024, dez vezes as receitas relativamente ao ano anterior, tendo atingido os mil milhões de dólares de faturação. No entanto, os grandes níveis de investimento exigidos no desenvolvimento nos chamados ‘modelos de fronteira’ de IA obriga a que as empresas do setor necessitem de grandes injeções de capital de forma mais recorrente.
“Neste momento, estou mais confiante do que alguma vez estive de que estamos muito próximos de ter capacidades poderosas… sistemas de IA que são melhores do que quase todos os humanos em quase todas as tarefas”, sublinhou Dario Amodei, diretor executivo da Anthropic, numa entrevista recente ao canal CNBC. Dario Amodei que fez parte da nossa lista de ‘nomes’ que vão dar que falar no mundo da Inteligência Artificial.
A taxa de mortalidade em Setúbal é superior à media europeia e contrasta com a situação de Portugal, que está entre os melhores países da Europa, alertou hoje o bastonário da Ordem dos Médicos.
Dados do Eurostat referidos esta quarta-feira pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, mostram que, em 2023, a mortalidade infantil em Portugal foi de 2,5 casos por mil nascimentos, abaixo da média europeia (3,2) e colocando o país no nono lugar entre os 27.
A audição do responsável na Comissão da Saúde foi pedida pelo Chega que, representado pelo deputado Rui Cristina, lamentou a morte de 261 bebés com menos de um ano em 20024, o que considerou “um aumento expressivo face às 219 mortes de 2023”. Segundo a Lusa, Rui Cristina considerou “particularmente preocupante” a situação na região de Lisboa e do Vale do Tejo, onde os óbitos fetais e neonatais quase duplicaram em 2023, com mais de 106 casos em relação ao ano anterior, totalizando 238 ocorrências.
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Na resposta, o bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que a situação mais preocupante é na península de Setúbal, onde a taxa de mortalidade infantil é de 3,7 casos por mil nascimento, acima da média europeia, enquanto na Grande Lisboa é de 2,6 por mil nascimentos.
“Há aqui uma grande diferença. E eu acho que era merecedor de atenção, de acompanhamento e mais cuidado da parte do Ministério da Saúde, da Direção-Geral de Saúde, enfim, de todas as entidades, nomeadamente da Ordem dos Médicos, que têm aqui um papel importante a desempenhar”, salientou.
Presente na audição, Almerinda Pereira, representante do Colégio de Pediatria da OM, afirmou que, até 2023, os indicadores são positivos na área da saúde infantil, mas disse estar alerta perante os resultados evidenciados em 2024.
“Não podemos ainda falar de taxas, mas estamos todos preocupados. E a nossa mensagem é uma mensagem de necessidade de programar e atuar melhor dentro da saúde pública”, defendeu a especialista, explicando que a saúde da população influencia a mortalidade infantil.
Na era digital somos constantemente apresentados a ferramentas que prometem simplificar a tomada de decisões de consumo. Duas abordagens têm obtido maior destaque: os sites de comparação e os serviços de mudança automática. Embora ambos partilhem o objetivo de facilitar escolhas, as diferenças entre estes revelam perspetivas distintas sobre como a tecnologia pode beneficiar consumidores e fornecedores.
Os sites de comparação são, há anos, aliados dos consumidores. Funcionam como vitrines organizadas, exibindo lado a lado produtos, serviços e preços. A promessa é clara: oferecer informações acessíveis para uma decisão informada. Contudo, há limitações. Apesar de úteis, essas plataformas frequentemente têm um foco exclusivo no preço e, em muitos casos, não levam em consideração fatores, como reputação do fornecedor ou complexidade do serviço. Num mercado onde a qualidade e a confiabilidade são tão importantes quanto o custo, os sites de comparação podem falhar ao retratar uma visão holística da proposta de valor.
Por outro lado, os serviços de mudança automática representam uma abordagem disruptiva. Aqui, a tecnologia não apenas compara, mas atua diretamente em nome do consumidor, ao simplificar o processo e garantir que a transição entre serviços é executada de forma eficiente e confiável. Mais do que apenas exibir opções, esses serviços avaliam fornecedores com base em métricas que vão além do preço, como qualidade de atendimento e reputação. Assim, colocam a confiança e a satisfação do cliente no centro do processo.
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Essa mudança de paradigma evidencia o poder transformador da tecnologia ao serviço da reputação. Quando as empresas são avaliadas, não apenas por preços, mas também por fatores, como eficiência, transparência e compromisso com o consumidor, cria-se um círculo virtuoso. Os melhores fornecedores destacam-se, enquanto aqueles que negligenciam a experiência do cliente são, naturalmente, pressionados a adaptar-se ou perder relevância.
Além disso, a revolução na avaliação dos preços deixa de ser uma tarefa individual para se tornar coletiva. Serviços automatizados baseiam-se em dados de múltiplos consumidores para construir modelos mais precisos e representativos do mercado. A experiência de cada utilizador alimenta o sistema, com a geração de insights que a todos beneficiam. É o poder do coletivo traduzido em decisões mais inteligentes.
Este é um avanço que desafia a passividade do modelo tradicional de comparação. Não basta listar opções; é necessário agregar valor ao processo, e com isso garantir que os consumidores não apenas escolham bem, mas que o façam com confiança e sem esforço desnecessário.
A tecnologia tem mostrado que simplicidade e sofisticação podem caminhar juntas. No caso dos serviços de mudança automática, estamos perante um exemplo claro de como a inovação pode transformar uma experiência antes cansativa e burocrática em algo fluido e vantajoso. É a prova de que, quando colocamos a reputação e a qualidade no centro das decisões, ganhamos todos: consumidores, fornecedores e o mercado como um todo.
No futuro, é provável que vejamos um número crescente de iniciativas focadas nestas soluções coletivas. E, quando isso acontecer, será difícil olhar para trás sem reconhecer que é uma revolução, não apenas necessária, mas inevitável. A avaliação de preços, afinal, deixou de ser uma mera questão de economia. Tornou-se numa experiência colaborativa, tecnológica e transformadora.
O número faz a notícia – serão investidos 500 mil milhões de dólares em centros de dados específicos para Inteligência Artificial (IA) num projeto chamado The Stargate Project, liderado pelas tecnológicas Softbank, OpenAI e Oracle.
Numa conferência de imprensa na Casa Branca, que contou com a presença do presidente recém-eleito, Donald Trump, marcaram também presença os líderes das empresas envolvidas: Masayoshi Son (Softbank), Sam Altman (OpenAI) e Larry Ellison (Oracle). Durante o evento, foi anunciado o plano para construir uma rede de centros de dados dedicada à Inteligência Artificial (IA). O The Stargate Project prevê um investimento inicial de 500 mil milhões de dólares, cerca de 480 mil milhões de euros ao câmbio atual, ao longo dos próximos quatro anos, destinado à construção de uma nova infraestrutura de IA nos Estados Unidos.
Pode ver abaixo o anúncio oficial do The Stargate Project:
Liderado por algumas das figuras mais influentes do mundo da tecnologia, o projeto conta também com o apoio de empresas como Arm, Microsoft, Nvidia e MGX, que “desempenharão papéis fundamentais no desenvolvimento desta infraestrutura”, de acordo com o comunicado oficial da OpenAI. Além disso, a Oracle, Nvidia e OpenAI terão ainda uma colaboração direta na construção e operação do sistema.
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Este anúncio foi acompanhado de outra novidade: a Microsoft reforçou a parceria com a OpenAI, que se estende até 2030. Apesar de manter os elementos fundamentais do acordo, como o acesso às Propriedades Intelectuais (IP) da OpenAI e a exclusividade em algumas áreas técnicas (como acesso a interfaces de aplicações), a Microsoft abriu a possibilidade de novos investimentos externos, ao garantir o direito de preferência para projetos futuros, avança a publicação The Verge.
Segundo os líderes envolvidos, este projeto não só consolidará a liderança dos EUA no domínio da Inteligência Artificial como também definirá novos padrões tecnológicos para o futuro. O Texas será o primeiro estado norte-americano a acolher esta iniciativa, com outros locais no país a serem avaliados para futuras expansões.
Dentro de um mês, a administração de Macau passará para a China. A bandeira portuguesa vai ser arriada no Extremo-Oriente. Em primeira mão para a VISÃO, Rocha Vieira faz o balanço de oito anos de mandato como governador. Um dossier que incluí reflexões sobre o relacionamento nem sempre fácil com Pequim e novidades acerca das cerimónias de 19 e 20 de Dezembro.
A 19 de Dezembro, ele fechará, atrás de si, as portas do Palácio da Praia Grande, símbolo da administração portuguesa em Macau. Rocha Vieira, general, 59 anos, partirá de avião, deixando o último território do antigo império português entregue de volta ao legítimo proprietário — a imensa China. O balanço, as revelações e as esperanças do nosso último «vice-rei» de além-mar.
Macau é uma terra que provoca nostalgias, como dizia Chris Patten, o ex-governador de Hong Kong. A 30 dias da partida já tem a nostalgia de Macau?
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Julgo que terei. Macau diz-me muito, ninguém pode ser indiferente ao fascínio de Macau depois de ter estado cá…
E já na década de 70, não só na de 90…
Exactamente. Estive também entre 1973 e 1975. 0 sentimento dominante neste momento — sou sincero ao dizê-lo — é de satisfação, porque acho que Portugal cumpriu os seus objectivos, administrou o território numa perspectiva de futuro, voltado para os interesses da população. Uma linha de continuidade de séculos de permanência portuguesa. Aquilo que fizemos, foi pensado numa perspectiva de longo prazo para que seja possível que, mesmo depois da saída da administração, os portugueses que aqui continuarem e os interesses portugueses aqui estabelecidos tenham condições para permanecer por direito próprio. E sempre com a ideia de que a idiossincrasia de Macau se mantenha a longo prazo.
Sei que é difícil antecipar sentimentos. Mas já pensou, com certeza, no que sentirá quando fechar as portas do Palácio da Praia Grande e deste Palácio de Santa Sancha…
Não sei bem como vou reagir nesse momento porque há várias perspectivas a ter em conta. Eu explico. Uma é a do governador, das suas responsabilidades, do que fez, a meditação sobre se fez tudo — e, em política, nunca podemos dizer que fizemos tudo, temos sempre a ambição de querer fazer mais, não é verdade? Já estamos muito perto desse momento. Julgo que a Administração portuguesa pode partir satisfeita, com orgulho e de cabeça levantada. É este o sentimento dominante.
A outra perspectiva é um sentimento mais próprio, mais pessoal que tem a ver com as pessoas, com as coisas, com os colaboradores… Aqueles que, aqui nesta casa onde estamos a conversar, viveram connosco, são quase parte da família, depois de decorridos oito anos. Vou ser invadido, estou convencido, por um sentimento de emoção, qualquer coisa que nos tocará profundamente, a mim, à minha mulher, aos meus filhos, e a eles, que conviveram connosco. Também estou muito ligado aqueles que trabalharam na Administração, nomeadamente os que colaboraram de forma mais directa comigo e partilharam momentos de dúvida, de incerteza, de dificuldade.
Sou muito sensível aos aspectos pessoais e humanos mas, normalmente, procuro não os conflituar com aquilo que é suposto ser a expresão pública, o comportamento do homem público. Espero poder, nesse dia, conciliar as duas coisas.
E a cidade de Macau propriamente dita, far-lhe-á falta?
Macau tem um fascínio muito próprio: o ar que se respira, os cheiros, os barulhos, os templos, as Igrejas, o comportamento das pessoas, os recantos e os parques onde se pratica o tai-chi. Enfim, a cozinha chinesa, a sopa de fitas, o passear ao fim da tarde por aquelas vielas pequeninas. Macau oferece espaços verdes arejados e amplos, numa cidade tão pequena. Um ambiente, que eu julgo único, em que as pessoas não falam a mesma língua, não têm as mesmas origens, não têm a mesma cultura, mas entendem-se, vivem, convivem e trabalham em conjunto. A cidade movimenta-se, cresce e renova-se todos os dias. Desde as quatro da manhã, as pessoas começam a sair, para fazer a sua ginástica, para passear. A cidade quase que não pára durante toda a noite. Mas vai mudando durante o próprio dia, de dia para dia, de estação para estação. Macau, na sua pequenez, é riquíssima na densidade de contrastes.
Conseguia viver a vida da cidade, passear, apesar da grande carga dos programas oficiais?
Não. Essa é uma lacuna que eu levo. Há coisas que eu hoje sei, percebo e sinto sobretudo por ter estado cá dois anos entre 73/75. Tive a felicidade de ter estado aqui há vinte e tal anos em duas funções diferentes, primeiro como chefe do Estado-Maior e depois como secretário adjunto e aquilo que aprendi da cidade, dos chineses, da convivência tem-me sido muitíssimo útil como governador. As funções que exerço são muito absorventes. Não se pode estar em dois sítios ao mesmo tempo… Macau é uma belíssima recordação.
O adeus ao império
Sente-se, realmente, o «último governador do Império português»?
Não. Sabe, eu, talvez por uma maneira de ser muito própria, distingo sempre a pessoa das funções que exerço. Procuro desempenhá-las com grande sentido de entrega, de dever e de espírito de missão. É isso que me orienta muito, de forma a que a parte pessoal não seja influenciada pelos cargos que desempenho. Não faço nenhum julgamento especial desse tipo. Não me movo por ser isto ou aquilo. Considero, tão-somente, que, por um acaso das circunstâncias, desempenhei estas funções num período importante da História de Macau e, naturalmente, da História de Portugal.
Nas suas respostas está sempre subjacente uma ideia de serviço, que é uma noção muito militar. Estará condicionado pela sua formação, desde os tempos do Colégio Militar, não é?…
Julgo que sim, que é, com certeza. A formação acontece quando nós crescemos, quando a família, sobretudo os pais, nos ensinam. Somos aquilo que aprende- mos e vivemos com os camaradas e os amigos que temos. O percurso que trilhamos é, obviamente, muito importante na nossa vida. Mas não é só próprio dos militares.
O que o preocupa mais neste mês que ainda falta até ao descer da bandeira portuguesa nos mastros de Macau?
Até à cerimónia de transferência, deve ser garantido que a parte final da administração seja coerente com todo o percurso. A própria cerimónia de transferência tem de estar de acordo com esse percurso, a maneira de estar, a assumpção de responsabilidades que Portugal teve em Macau. Não é algo isolado. Preocupa-me que não seja desvirtuado esse momento, pelo acaso ou por circunstâncias fortuitas. Quero que a percepção última – é essa que as pessoas guardam – esteja de acordo com a permanência de séculos de que os portugueses se podem orgulhar, como já disse.
O que vai ficar de Portugal?
E agora a pergunta incontornável: o que administração seja coerente com todo o ficará de Portugal em Macau. O que era importante que tivesse ficado e não ficou?
Julgo que vai ficar muita coisa. Embora não goste de fazer comparações com Hong Kong, estou seguro de que as características de Macau vão permanecer muito mais tempo do que as de Hong Kong. Vão continuar num prazo muito mais longo. Em Hong Kong, as suas características baseiam-se na economia e num certo materialismo. Macau tem a ver com a Cultura, com a História, com uma maneira de ser e uma capacidade que, ao longo dos séculos, permitiu que culturas diferentes se entendessem. Enfim, com capacidade de respeito mútuo.
A identidade ligada a valores culturais, de raízes humanistas, que se espelham também nas leis, nos processos da Administração, no sistema judicial, tudo isso ficará por muito tempo.
Mesmo pessoas que vivem hoje em Macau, e porventura não percebem quão importante isso é – estou certo que, mais tarde, tomarão consciência de querer ver tudo isso preservado. São laços fortes e consistentes. A Economia, essa, como sabe, é atreita a ser afectada por conjunturas e tudo se apaga, então, em pouco tempo, não estabelece verdadeiramente uma diferença.
Muita coisa vai permanecer na área política e legislativa, no património. É um ar diferente que se respira, uma cidade que lembrará outras origens. Aqui existe uma expressão de que hoje talvez não nos demos suficientemente conta de como vai ser importante. Falo da toponímia das ruas, das calçadas, dos edifícios, da gastronomia, do relacionamento das pessoas, dos monumentos, dos museus. Tanta e tanta coisa que permanecerá num prazo muito longo e lembrará que Portugal aqui esteve ao longo dos séculos. Estabeleceu-se uma matriz de princípios e de valores de raiz ocidental, que resulta muito de como os portugueses souberam entender outros povos e outras culturas.
Pouco enraízadas? É que algumas dessas coisas de que falou são de implantação e desenvolvimento muito recente, várias delas dos últimos oito anos em que foi governador.
Não estou completamente de acordo: durante o processo de transição, Portugal fez muito, com seriedade e numa perspectiva de futuro. Mas não sou daqueles que defendem que na transição se realizou tudo o que não se fez em 400 anos. Em cada momento faz-se aquilo que é possível. Respeito muito o que foi conseguido ao longo de gerações e gerações de portugueses.
Repare, não é um prodígio que um pequeno país a tantos quilómetros de distância tivesse sido capaz de administrar, muitas vezes contra ventos e marés adversas, este território? Isso não aconteceu por acaso. Nos últimos anos teremos colmatado algumas lacunas.
O que é que vai fazer depois de 20 de Dezembro? Como aplicará o capital de experiência que ganhou na sua carreira?
Olhe, tenho estado absorvido, no pensamento e no trabalho, e com todas as minhas energias, voltado para o dia 20 de Dezembro. Consciencializei que só no dia 21 de Dezembro pararei para pensar. Tem sido essa a minha postura intelectual. A responsabilidade que tenho entre mãos já chega para me absorver. Depois se verá.
VAs poupanças que fez do seu ordenado como governador de Macau fizeram de si um homem rico?
Sempre que fui escolhido para um cargo ou função, a minha decisão nunca esteve relacionada com o vencimento que iria auferir.
Quanto aos vencimentos de Macau, são vencimentos razoáveis…
Só razoáveis?! A ideia existente em Portugal em relação aos ordenados de Macau…
Em Macau ganha-se bem, mas não se ganha para ficar rico. As pessoas vivem bem, têm a oportunidade de dispor de coisas de que não disporiam se não tivessem vindo para cá. Enfim, férias para os filhos, um certo poder de compra. Mas é isto – e não mais do que isto.
A mim, Macau permitiu-me, acima de tudo, ter uma visão diferente do mundo, da vida, do encontro com as pessoas e com outras culturas, ganhar perspectivas diferentes. Foi isso o mais importante.
Rico? Em Macau ganha-se bem, mas não se ganha para ficar rico
Edmundo Ho e a autonomia
A ordem natural das coisas, a dinâmica da China como grande potência não levará ao esquecimento dos valores da identidade, da diferença e da autonomia que o sr. governador tem defendido para o futuro de Macau?
Portugal e a China assinaram a Declaração Conjunta de 1987 pela qual se comprometem a manter basicamente inalterados o edifício judicial e administrativo, os direitos, as liberdades e a maneira de viver dos habitantes de Macau. Compete a Portugal, durante o período de transição, tudo fazer para que este projecto se possa prolongar no futuro. Julgo, no final da transição, que podemos afirmar que cumprimos a nossa parte, que actuámos com seriedade, pensando nos interesses de Macau a longo prazo. Em alguns casos, teremos mesmo excedido as expectativas.
Assumimos, pois, as nossas responsabilidades e julgo que a China cumprirá também as suas.
Por outro lado, é bom para a China que Macau mantenha a sua identidade e a sua singularidade. É bom que Macau seja algo de diferente. E bom que a China possa aproveitar as oportunidades que Macau lhe oferece, como mais-valia, bem como a facilidade que Macau tem de relacionamento com outras áreas, com outras culturas, com outras civilizações, com outras economias, especialmente com a União Europeia e os países de Língua Portuguesa.
Portanto, este aspecto de que Macau é portador enriquecerá a própria China a quem interessará que este estatuto de Macau se mantenha a longo prazo.
Nos últimos anos, uma das suas preocupações foi «pôr Macau no mapa». Estou a pensar, por exemplo, na sua estratégia de relacionamento com a União Europeia. Acha, portanto, que os novos dirigentes seguirão esse caminho?
É indispensável que essa política continue no futuro porque ela corresponde à vocação fundamental de Macau, de ser entreposto e plataforma de ligação, uma ponte entre o Sul da China e outras áreas e regiões; por outro lado é importante para Macau se manter com utilidade no segundo sistema.
Edmundo Ho é um homem capaz de se bater pela autonomia de Macau ou cederá à tentação dos consensos?
O dr. Edmundo Ho conhece muito bem Macau, é um homem inteligente, que possui uma grande experiência política e que percebe a importância geopolítica de Macau. Ele pode ser um bom conselheiro para as autoridades da China. Tudo fará para que Macau, no futuro, corresponda àquilo que tem sido o seu passado de muitos anos. O que, aliás, não será fácil, porque a realidade de Macau é difícil e complexa e a sua importância política é maior do que a dimensão geográfica ou demográfica.
Tentou estabelecer meios e fórmulas para garantir um bloco financeiro que aguentasse o embate dos primeiros anos. É sólido, esse bloco?
Também aí respondemos às expectativas que havia em relação ao futuro. Macau desenvolveu um programa vastíssimo de infra-estruturas (feitas num curto espaço de tempo, pois normalmente levariam uma ou duas gerações a realizar).
Não só infraestruturas físicas: também as que dizem respeito às instituições, aos recursos humanos, a tudo que habilite Macau a ser governado por gente local, a ser uma cidade moderna com um papel útil e de plataforma na região. Tudo isto está feito – e foi pago, com recursos próprios! Macau não tem dívida pública, o que será quase um caso único: por tudo aquilo que foi feito e pelos custos inerentes ao próprio processo de transição e de mudança de administração.
Além disso, ficam reservas apreciáveis; deixamos um fundo de terras que só por si corresponde a pouco mais de um ano do orçamento do território; deixamos também reservas fiscais, fundos de Seguranca Social e de Pensões que no início do processo de transição não existiam. A reserva cambial de Macau corresponde a mais de 100% das suas responsabilidades monetárias. A situação não só é sólida financeiramente mas também do ponto de vista dos instrumentos de que dispõe para prover à gestão da vocação de Macau como unidade com autonomia e bem como ao seu desenvolvimento.
Portanto, devo inferir do que me diz que está convicto de que Macau tem a massa crítica necessária e suficiente para não ser «engolido» pelas Zonas Económicas envolventes?
Não tenho a mínima dúvida. As Zonas Económicas envolventes têm procurado copiar Macau (e não há mal nenhum nisso); só que algumas cópias não são possíveis sem a manutenção dos princípios e valores característicos do segundo sistema. (Nota: referência à fórmula da China de «Um país, dois sistemas».)
É por isso que eu tenho defendido muito que não há economia de mercado sem o primado da Lei, sem a separação de poderes, sem o exercício de direitos, liberdades e garantias. Tudo isso é muito importante e Macau possui uma identidade própria e um sentido de História, de Cultura, de pertença; a sua população tem hoje a noção de que é essa diferença que justifica um estatuto próprio em relação às outras Zonas Económicas. Os ventos do futuro aproximarão as ZE daquilo que é a Região Administrativa Especial. A RAE será sempre um ponto avançado neste processo.
Se fôssemos falar de todas as infra-estruturas que foram criadas nos últimos anos, es- taríamos aqui o resto da manhã. Posso pedir-lhe para escolher duas obras que considere DR mais importantes?
É difícil. Tínhamos vários objectivos em vista. Por um lado, um programa de acessibilidades que permitisse a Ma- cau ganhar maior autonomia e tivesse instrumentos para poder desempenhar a tal vocação de plataforma.
Outro objectivo situava-se na área do ambiente e da qualidade de vida. Queríamos tornar Macau uma cidade agradável, de turismo, de encontro, um espaço onde se goste de estar, viver e visitar. Isso tem a ver com os parques, as ETARs, os espaços de desporto e lazer, com mui- tas outras coisas que foram feitas.
Mas, naturalmente, a primeira obra em que se pensa é o Aeroporto, como peça estratégica deste conceito. Mas porque Macau é uma cidade de cultura, com outro tipo de raízes, não queria deixar de mencionar o Centro Cultural e o Museu de Macau, que está situado na Fortaleza do Monte. Este último foi uma ideia que desde o princípio acalentei que fosse possível realizar. Outro aspecto foi a consciência que tomei logo no início, porque tinha cá estado antes, de que a cidade não tinha uma sala de visitas. Apercebime que essa sala existia, se pudesse ter um arranjo urbanístico diferente, como veio a acontecer: Refiro-me à Praça do Leal Senado.
Não poderá haver, obviamente, destacamentos militares avançados antes da transferência
O futuro da Escola Portuguesa
Quanto à Escola Portuguesa julgo saber que teria gostado de outra solução… Vai ficar onde era a Escola Comercial, mas talvez o Liceu fosse preferível
A posição do Governo de Macau, nos domínios em que as decisões devem ser tomadas pelos órgãos de soberania em Lisboa, é que tal aconteça com conhecimento de causa, especialmente, quando se trate de questões que tenham repercussão para lá de 1999.
A Escola Portuguesa deve ser vista inserida numa estratégia de Portugal para esta zona. Portanto, depende da estratégia seguida. Não digo que estou a favor de uma ou outra solução, o que fizemos foi alertar para objectivos e estratégias e maneiras as viabilizar.
A nossa posição, depois, é a de apoiar as decisões que são tomadas. A Escola Portuguesa é, pois, uma realidade, vai continuar, devemos apoiá-la, será útil para a população portuguesa e naturalmente que irá, no futuro, evoluir para uma escola que não seja só voltada para os portugueses mas que tenha um âmbito mais amplo, e que seja uma escola útil para a população de Macau, dando-lhes mais oportunidades em termos de acesso e de interface com outras escolas, nomeadamente no espaço da UE.
O preço relativamente elevado das propinas não será um travão ao desenvolvimento da aprendizagem do português?
Não acho que as propinas sejam tão elevadas como diz. A diferença está em que a Escola Portuguesa antes era oficial e, portanto, não se pagava nada: naturalmente que, em termos relativos, a diferença agora é muito grande.
A direcção da Escola tem pessoas muito competentes, muito dedicadas e muito sensíveis a todos estes problemas, que são elas próprias uma mais-valia que a Escola tem. Estou certo de que em cada momento saberão encontrar o equilíbrio necessário.
A tão falada questão das tropas da RPC antes da cerimónia de transferência. A parte portuguesa evitou que houvesse o destacamento avançado como em Hong Kong. Acha equilibrada a solução que está à vista ou ainda há muitos factores a decidir?
Neste momento em que falamos há algumas coisas em discussão. Portanto, abster-me-ia de entrar muito em pomenores.
Nunca esteve em causa a colocação de tropas chinesas no território depois da transferência. Só que a Declaração Conjunta não falava nisso e, portanto, a posição portuguesa foi sempre a de que um esclarecimento nos era devido a partir do momento em que a China decidiu colocar tropas no território.
Em segundo lugar, a situação de Macau e de Hong Kong não é comparável: às zero horas de dia 20 não há transferência de património do Estado português e da Defesa para o Estado chinês e para o Ministério da Defesa chinês. Tudo o que está no território pertence à Regras Administrativa Especial.
Temos tido, por isso, uma posição coe rente e uma acção que julgo muito correcta. Não pode, por outro lado, ser nem parecer que a RPC antecipe o exercício da soberania antes do momento em que a irá assumir. Não poderá haver, obviamente, destacamentos militares avançados. Mas, neste campo, como em todos os outros, estamos abertos a uma cooperação que deverá obedecer rigorosamente esta realidade e a estes princípios.
Edmundo Ho é, em sua opinião, na perspectiva da defesa dos interesses portugueses, a melhor escolha para Chefe do Executivo?
Eu não conheço melhor.
Conheceu o pai dele, Ho Yin?
Conheci, quando estive aqui em serviço, de 1973 a 1975. Ho Yin era o representante da comunidade chinesa. Nessa altura não havia relações diplomáticas entre Portugal e a RPC, não existia nenhuma representação oficiosa como a que haveria de ser, mais tarde, a Xinhua (embora, de algum modo, a Nam Kwong tivesse uma ligação ao regime, por detrás da sua actividade comercial).
Formalmente, as relações processavam-se através do chefe da Comunidade Chinesa, que era, ao mesmo tempo, o presidente da Associação Comercial de Macau, o sr. Ho Yin. Era uma personalidade muito respeitada, um homem com quem se simpatizava, muito inteligente, de uma grande habilidade, um formador de consensos, um transmissor e uma ponte de ligação. Todos aqueles que conviveram com ele (e eu convivi com ele em dois contextos, primeiro como Chefe do Estado Maior do Comando Militar e, depois, como secretário adjunto das Obras Públicas) guardam uma recordação muito grata, muito simpática, muito humana também, sendo certo que não me esqueço do papel que ele desempenhou em situações anteriores à minha própria estadia aqui em Macau, onde teve um papel muito importante para que algumas dificuldades e situações complexas pudessem ser resolvidas.
0 1, 2, 3..: Os chineses é que não estavam certos
Está a a falar do processo conhecido por 1, 2, 3, claro…
Sim, desse processo, o qual deixou marcas muito profundas em Macau. Quando aqui cheguei lembro-me de que a sociedade de Macau vivia com um trauma. Mas nunca achei que nós devêssemos ter qualquer complexo em relação ao 1, 2, 3. Acho que quem se deve sentir numa posição incómoda é a RPC, porque aquilo que aconteceu não dignificou a parte chinesa. Pelo contrário. Verifico que são hoje as próprias autoridades chinesas que, falando com uma grande abertura sobre estas questões, dizem que a Revolução Cultural foi um grande mal que aconteceu à China, aos próprios chineses, à geração que foi sacrificada; o ataque aos monumentos, à Cultura e à História que tentaram fosse apagada, destruída, violentada, as próprias pessoas, as suas convicções. Para o 1, 2, 3, até porque cheguei depois, olho sempre com grande tranquilidade. Se alguém não estava certo foi aqueles que o fizeram.
O sr. Ho Yin era um homem com quem se simpatizava, muito inteligente, de uma grande habilidade, um formador de consensos e uma ponte de ligação
Entre os dirigentes chineses importantes que conheceu houve algum com quem manteve uma relação que se possa considerar pessoal?
Tenho sobretudo mantido uma boa relação institucional com os dirigentes que tenho encontrado ao longo do tempo na RPC. Relações baseadas num respeito mútuo e também numa assumpção muito firme do que devem ser os interesses de cada parte. Algo que aprendi no convívio com os chineses é que eles não percebem que uma pessoa não de- fenda intransigentemente os seus interesses e que não o faça com um sentido de diálogo. Os chineses, assim, não têm tido surpresas comigo e eu também não tenho tido surpresas com eles.
Claro que às vezes não percebemos porque é que cada um assume determinados pontos de vista. Nesse caso, é importante a maneira de cada um se explicar e é importante que essa explicação seja feita no modo e no local próprios.
Em Macau, tenho bons amigos felizmente, muitos deles vêm já do tempo em que aqui estive da primeira vez. Tenho pessoas que eu sei que, depois de sair de cá, continuarão a ser minhas amigas e com quem manterei um contacto, seja de que modo for.
Relativamente ao dr. Edmundo Ho, como sabe, nós temos tido uma relação, nomeadamente na preparação da Região DR Administrativa Especial de Macau, que tem sido exemplar. Mas acontece que sempre tive uma relação pessoal muito boa com o dr.Edmundo Ho, desde que aqui cheguei. Talvez também por via de ter conhecido o pai dele, mas sobretudo pelo tipo de personalidade que é. Almoçamos e jantamos, jogamos golf, já temos ido à China juntos…
Introduziu-o em certos meios da União Europeia, do Brasil…
Exactamente, ele acompanhou-me em mujas das deslocações que fiz.
Não ia agora focar nomes, mas as amizades que criei e outro aspecto muito simpático que eu guardo de Macau, onde passei, afinal de contas, dez anos da minha vida. No campo pessoal levo muito boas recordações.
Patten e Stanley Ho
0 ex-governador de Hong Kong, Chris Patten, que agora vem aí, à cerimóniade transição – ficaram amigos?
Sim. Ficámos amigos em termos pessoais e ficámos com um sentido de conivência no bom sentido. Como ele costumava dizer, e eu também, há alguns assuntos que ninguém mais compreenderia, de que ninguém mais seria capaz de falar da mesma maneira que eu e ele. Embora os processos sejam diferentes, havia questões que se punham no processo de transição de Hong Kong (no relacionamento com a China, na peculiaridade das matérias e na maneira de as sentir, de preparar e resolver) que só quem exerce estas responsabilidades era capaz de compreender. E, para lá de uma relação que se estabeleceu, de empatia pessoal, muito agradável (o que também aconteceu entre as nossas mulheres) a verdade é que nós tínhamos um entendimento que nos permitia falar sem ter quase que nos explicar. Isso foi muito útil para ambos, tivemos um contacto muito bom durante todo o tempo em que ele esteve aqui como governador. Depois, quando o voltei a encontrar, senti que o facto de ele já não ser governador não tinha alterado nada os laços de simpatia, de compreensão mútua.
Macau é uma cidade segura? Teme que, neste mês, depois da leitura das sentenças dos julgamentos das seitas, possam ocorrer actos de violência? Vão ser tomadas medidas especiais?
Macau é uma cidade segura, tanto quanto se pode dizer hoje no mundo, porque todas as cidades vivem hoje com ameaças. Mas Macau não só é uma cidade segura como agradável. É uma surpesa para as pessoas que nos visitam face ao que às vezes lêem na Imprensa. Claro que em qualquer momento podem acontecer problemas de segurança…
Como é que define o dr. Stanley Ho?
O dr. Stanley Ho é um homem de negócios, habilísimo, um homem lutador, que procura espaços de oportunidade em toda a parte, e os desenvolve e aproveita. Tem sido um homem de sucesso nesta área. Sabe respeitar os espaços, os campos e os limites que são próprios. Tenho tido uma relação exemplar com o dr. Stanley Ho. Ele nunca fez – e sabe que não teria sucesso – nenhuma pressão política utilizando o poder económico de que dispõe. A STDM e as outras empresas que ele detém são importantes para o desenvolvimento da economia do território. Como concessionário do jogo tem um estatuto que lhe é próprio. Por outro lado, ele precisa também que as coisas corram bem em termos do Governo de Macau, da relação com a Administração, e tem procurado que assim seja sempre. Os nossos campos têm estado sempre delimitados por uma clareza e uma transparência muito grandes. Também nesse campo o dr. Stanley Ho, em relação à Administração do Território tem tido uma conduta muito correcta. Evidentemente que os interesses próprios de alguns negócios e concessões em algumas áreas nem sempre estão de acordo com os interesses primários da responsabilidade da Administração. Com efeito, quando se trata do bem-estar ou da segurança do território, naturalmente que, face aos lucros, o dr. Stanley Ho dará maior importância a estes, e o Governo de Macau maior prioridade às responsabilidades de quem exerce funções públicas.
Os Heróis do Mar (como são conhecidos) fizeram história no domingo ao qualificar-se pela primeira vez invictos para a próxima fase do Mundial de Andebol com 3 vitórias em 3 jogos.
Os portugueses bateram a poderosa Noruega por 31-28, depois de já terem vencido os Estados Unidos e o Brasil nos jogos anteriores. A possibilidade de continuarem a fazer ainda mais história está, só e apenas, nas suas mãos. Literalmente.
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Embalados por exibições fenomenais de alguns atletas em especial, Portugal tem mostrado um alto nível de andebol praticado neste Mundial. Martim Costa, o lateral esquerdo do Sporting, marca golos de todo e qualquer lado e já leva 19 na competição. O irmão, Kiko Costa, vai pouco atrás e brilhou neste último jogo com mais 6 golos para a sua conta pessoal. Luís Frade subiu claramente o nível, Salvador Salvador apareceu de forma espetacular no ataque e Gustavo Capdeville decidiu fechar a baliza e deitar as chaves fora. Rui Silva continua a orquestrar a equipa como só ele sabe e a experiência de pontas como Pedro Portela e António Areia dão um equilíbrio essencial à equipa: são certinhos como um relógio… português!
Hoje começa o Main Round e logo com um grande desafio frente à Suécia. É bonito ver o andebol português a crescer nos últimos anos e a conquistar feitos inéditos nos palcos internacionais. Esperamos que nos próximos dias seja conquistado mais um: os quartos de final.
Sinto que é desta e sinto que Portugal acredita. Por isso, acredita, Portugal!