“Embora se trate de uma forma mais agressiva da doença, o cancro parece ser sensível às hormonas, o que permite uma gestão eficaz” da doença, acrescentou o gabinete de Joe Biden num comunicado divulgado pelas agências Associated Press e AFP.

Biden, 82 anos, foi visto na semana passada por médicos depois de terem sido detetados sintomas urinários e um nódulo na próstata. Foi-lhe diagnosticado um cancro da próstata na sexta-feira, tendo as células cancerígenas alastrado para o osso.

“O Presidente e a sua família estão a analisar as opções de tratamento com os seus médicos”, lê-se no comunicado.

Fartos até à medula de eleições sucessivas, os portugueses deixaram um recado claro a quem derrubou o Governo: não contem connosco para mais aventuras. Instabilidade. Jogos de poder. Interrupções.

A AD subiu vertiginosamente – como se previa. E o Chega teve um resultado espantoso, na sua terceira ida às legislativas. Com mais tempo, e menos agitação, Ventura pode transformar-se na senhora Meloni. Ou em Trump.

Em política, a instabilidade paga-se caro. Que o diga o PS, que levou uma valente tareia nestas eleições. Pedro Nuno Santos pagou bem caro o voto contra a moção de confiança que derrubou o Governo – coisa que agora ninguém se atreverá a repetir nos próximos quatro anos.

Os resultados são claríssimos. Os portugueses disseram, sem rodeios: não queremos viver eternamente em crise política, económica e mediática.

Estas eleições resumem-se assim:

A AD sai reforçada. Muito reforçada. Com redobrada legitimidade política e governativa.
O Chega vai ser Governo, um dia destes.
O PS tem de se levantar deste trambolhão.
A IL desiludiu. O Livre também. O Bloco está nos mínimos. O PCP aguentou.
Mas ainda não está tudo fechado.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Na Guarda, primeiro círculo com resultados fechados, os três principais partidos repetiram a classificação de 2024, com AD, PS e Chega a elegerem um deputado cada. Mas, em 2025, há uma diferença substancial no número de votos de cada um deles.

A Aliança Democrática elegeu Dulcineia Moura com 32 91 votos (39,56%), uma subida considerável face aos 29 033 votos alcançados pela coligação há ano, correspondente a 34,12%. O Chega ficou em terceiro lugar, mas também subiu, de 15 821 votos (18,59%) para 17 247 (21,13%)

A grande queda foi do Partido Socialista, que passou de 31,88% para 26,40%. Ou seja: uma descida de 5583 votos (de 27 133 para 21 550 votos).

Curiosamente, a Iniciativa Liberal subiu agora ao quarto lugar na Guarda, mas quase com o mesmo número de votos obtido há um ano: 1 994 em 2025 e 1 913 em 2024.

Uma hora antes de as televisões anunciarem as projeções, já circulavam algumas sondagens à boca das urnas (umas verdadeiras, outras falsas) no Epic SANA Hotel, a sede da AD. As oito da noite só vieram dar o mote para o cântico preparado: “AD! AD! AD!”, gritaram em uníssono as poucas dezenas de apoiantes da coligação liderada por Luís Montenegro.

Traduzindo em futebolês: o entusiasmo sentido na sala era como se fossem adeptos de um clube grande a festejarem a vitória por 1-0 em casa contra uma equipa que luta para não descer de divisão.

Foto de José Carlos Carvalho

A escassez de sorrisos entre os apoiantes, nos minutos seguintes, depois de assentar a poeira, confirma que no seio da AD ainda havia muita gente que tinha esperança numa surpresa agradável, num resultado mais expressivo, quiçá que permitisse à coligação PSD/CDS governar em maioria com a IL. Essa possibilidade parece, no entanto, muito distante.

Noutras circunstâncias, seria motivo de regozijo esta queda calamitosa do grande adversário do PSD – as projeções dão o PS com um dos piores resultados da sua história, podendo ficar mesmo abaixo dos 20,77% de 1985, quando o PRD roubou grande parte dos votos aos socialistas. Mas a perspetiva de ingovernabilidade e, sobretudo, o fantasma do Chega, que pelas projeções pode mesmo ficar em segundo lugar, está a deixar nervosos muitos sociais-democratas. Com razão.

Coube a Hugo Soares fazer a primeira reação às projeções, no palco da sede da AD. “Os portugueses votaram, escolheram e a AD saiu reforçadíssima”, começou por dizer. “Parece-me seguro dizer que o País reforçou a confiança no governo e no chefe de governo, dr. Luís Montenegro”, continuou, antes de ser interrompido por aplausos.

“A diferença face aos demais adversário parece-me bastante substantiva, o que significa que os portugueses tiveram uma firme convicção no ato eleitoral. Escolheram de forma inequívoca a coligação para continuar a governar os destinos de Portugal. Qualquer comentário mais definitivo terá de esperar pelos resultados finais.”

Saindo do palco sem admitir perguntas a jornalistas, Hugo Soares evitou falar sobre a nuvem negra em que todos na sala estão a pensar: como pode a AD governar o país em minoria e estando entalada entre uma oposição de esquerda e de extrema-direita?

Quando as primeiras sondagens apareceram nos quatro ecrãs, cada um em seu canal informativo, o silêncio apoderou-se dos socialistas aqui presentes. Não admira: além da derrota anunciada, a proximidade do Chega e a possibilidade de o partido passar a terceira força política deixa qualquer apoiante de rastos.

Por exemplo, a sondagem do CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a RTP prevê a vitória da AD, com entre 29 a 34% dos votos. O PS aparece num expectável segundo lugar, com entre 21 a 26%, mas poderá ser ultrapassado pelo Chega, que tem 20 a 24% das intenções de voto. Segundo estas previsões, a coligação de Luís Montenegro poderá eleger entre 85 a 96 deputados e os socialistas entre 52 e 63 mandatos, enquanto para o Chega se prevê entre 50 e 61 deputados. Os números das outras sondagens não andam muito longe destes, o que leva a crer que os resultados finais não irão afastar-se muito disto.

Na CNN, a projeção da Pitagórica para a CNN dá vitória ao PSD e CDS, com entre 29,1% e 35,1%, um resultado melhor do que os 28,84% obtidos nas últimas eleições. Neste caso, o Chega aparece à frente do PS, obtendo entre os 19,5% e os 25,5%, sempre acima dos 18,07% que em 2024 valeram ao partido 50 deputados.

Perante estas leituras, os mais novos, filiados na Juventude Socialista, são os mais abalados da sala, pelo menos por aquilo que conseguimos aferir. Abraçam-se, confortam-se com pancadinhas nas costas, secam lágrimas. E ninguém faz um comentário que seja. Nem os veteranos, os que vêm todos os anos, apesar de não fazerem parte do PS. Tudo calado. Comentários, só para os dirigentes que hão de pronunciar-se ao longo da noite, à medida que os votos apurados tragam mais certezas a esta noite eleitoral.

Uma curta reação às primeiras projeções das televisões para a noite eleitoral. Um empate técnico entre Chega e PS, a verificar-se – sobretudo se o Chega ultrapassar os socialistas – exige uma mudança imediata de liderança, no Largo do Rato. O próprio Pedro Nuno Santos concordará que é mau de mais.

Depois, se o PS ficar em terceiro lugar, tendo em conta uma ruidosa bancada destrutiva no parlamento – a do Chega -, a estabilidade será, mais do que nunca, necessária. E exige uma solução à alemã, mediante um acordo entre o primeiro e o terceiro classificados (com uma nova liderança socialista). E aceitar a realidade: André Ventura é o líder da oposição.

Se o PS ficar em segundo, “tem direito” a liderar a oposição e a estabilidade só poderá ser assegurada mediante uma coligação “arco-íris” (também inspirada num exemplo recente alemão): AD mais IL mais Livre. Sim, Livre. Tal como na Alemanha, a coisa pode não durar para sempre, mas é uma forma de garantir governabilidade e de ter um contrapeso às politicas neoliberais com que os partidos à esquerda nos “assustaram”, quando pensaram numa coligação AD/IL. Estará Rui Tavares à altura? Dirá ele que Montenegro só não tem maioria se não quiser?

É muito utópico pensar que isto é possível em Portugal, mas é pegar ou largar.

Estes são os dados avançados pela RTP, SIC e TVI nas primeiras projeções desta noite eleitoral divulgadas às 20h00.

RTP:
(RTP/Universidade Católica)

AD (PSD/CDS) – 29% a 34% (85 a 96 deputados)
PS – 21% a 26% (52 a 63 deputados)
Chega – 20% a 24% (50 a 61 deputados)
IL – 4% a 7% (6 a 12 deputados)
Livre – 4% a 10% (4 a 10 deputados)
CDU – 2% a 4% (2 a 4 deputados)
BE – 1% a 3% (1 a 3 deputados)
PAN – 1% a 2% (0 a 1 deputado)

SIC
(ICS/ICSTE-GFK/METRIS):

AD (PSD/CDS/) – 30,3 a 34,7,% (82 a 94 deputados)
PS – 21,6 a 25,8% (56 a 66 deputados)
Chega – 19,9 a 24,1% (55 a 65 deputados)
IL – 4,2% a 7,4% (6 a 12 deputados)
Livre – 3,3% a 6,5% (4 a 10 deputados)
CDU – 1,4% a 4% (1 a 4 deputados)
BE – 1% a 3,6% (1 a 4 deputados)
PAN – 1,4% a 4% (0 a 2 deputados)

TVI:
(Intercampus)

AD (PSD/CDS) – 29,1% a 35,1% (80 a 100 deputados)
PS – 19,4% a 25,4% (50 a 70 deputados)
Chega – 19,5% a 25,5% (50 a 70 deputados)
IL – 5% a 8% (6 a 14 deputados)
Livre – 3,2% a &,2% (4 a 10 deputados)
CDU – 1,3% a 4,3% (1 a 5 deputados)
BE – 1,1% a 4,5% (1 a 5 deputados)
PAN – 0,5% a 2,5% (0 a 2 deputados)

No total, são eleitos neste escrutínio 230 deputados, em 22 círculos eleitorais – 18 dos quais em Portugal continental e os restantes nos Açores, na Madeira, na Europa e Fora da Europa -, num ato eleitoral que tem um custo a rondar os 26,5 milhões de euros.

Concorreram a estas eleições 21 forças políticas, mais três do que nas eleições de março do ano passado.

O Partido Liberal Social (PLS) é o único partido estreante neste ato eleitoral, juntando-se a AD (PSD/CDS-PP), PS, Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), Livre, PAN, ADN, RIR, JPP, PCTP/MRPP, Nova Direita, Volt Portugal, Ergue-te, Nós, Cidadãos!, PPM e, com listas apenas numa ou nas duas regiões autónomas, MPT, PTP e PSD/CDS/PPM.

Nas legislativas anteriores, em 10 de março de 2024, a taxa de abstenção situou-se nos 40,10%, tendo-se verificado uma descida em relação às legislativas de 2022, nas quais a taxa de abstenção atingiu os 48,54%.

Caro leitor, convido-o a acompanhar-nos neste raciocínio para chegarmos às principais causas do aumento de 20% da taxa de mortalidade infantil (mortes por cada mil nascimentos), em apenas um ano.

O desemprego jovem (20,7%), apesar de ser inferior ao verificado há um ano (23,2%), leva a que a Geração Z (1997-2012), ainda abaixo dos 30 anos, saia de casa dos pais cada vez mais tarde. Se a esse dado juntarmos os preços de casas para comprar ou arrendar, incomportáveis para os salários baixos auferidos, temos a sequência perfeita para se constituírem novas e jovens famílias cada vez mais tarde.

Essa independência económica e esse início de vida conjugal protelados fazem também com que as mulheres estejam a ser mães cada vez mais velhas, entre os 35 e os 40 anos, fator determinante para o aumento da taxa de mortalidade infantil em Portugal. “Adiar a maternidade aumenta muito quer a taxa de infertilidade, quer as gravidezes de alto risco, ou seja, as patologias associadas que as mães, entretanto, têm. Também o facto de mais bebés nascerem prematuros [antes das 37 semanas] faz com que haja um maior risco de morbilidade e mortalidade”, explica Carla Silva, enfermeira-gestora do Centro de Saúde de Mafra, especialista em Saúde Materna e Obstetrícia há 34 anos.

Fertilidade Ao longo dos anos, a fecundidade da mulher vai naturalmente diminuindo e há também mais homens com alterações na capacidade reprodutiva

Entre as patologias que inspiram cuidados durante a gestação, falamos de diabetes, pré-eclâmpsia (hipertensão arterial que surge após a vigésima semana de gestação, acompanhada de um excesso de proteína na urina) e malformações genéticas, por exemplo. Como enuncia a enfermeira, “quanto maior for a idade da mãe, maior é a probabilidade de o bebé vir a sofrer de trissomia 21”.

O fator idade pode resultar em casais inférteis, pois ao longo dos anos a fecundidade da mulher vai naturalmente diminuindo e há também mais homens com alterações na capacidade reprodutiva, relacionadas com maus hábitos no estilo de vida, como o tabaco ou o consumo de álcool.

Outra explicação para o crescimento da taxa de mortalidade infantil é o aumento da imigração, com mulheres que não tiveram um acesso tão facilitado aos cuidados de saúde. “Recebemos imigrantes em gravidezes em fim de tempo que não tiveram qualquer histórico de acompanhamento médico”, conta Carla Silva, acrescentando que, “por vezes, apresentam fatores de risco relacionados com pré-eclâmpsia, com alterações de coagulação”.

O problema do SNS

Em 2024, morreram 252 bebés com menos de 1 ano, o que corresponde a uma taxa de três mortes por cada mil nascimentos, mais 42 do que em 2023, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta semana.

Apesar de ainda distante dos 287 de 2018, o valor mais alto nessa década (2015-2024), a subida coincide com atribulações graves na gestão do Serviço Nacional de Saúde, como o fecho das urgências dos serviços de Ginecologia e Obstetrícia dos hospitais e a falta de médicos das especialidades.

À crónica situação de falta de médicos de família junta-se, nos últimos anos, o fecho de maternidades e o encerramento de urgências. Não havendo ainda estudos que estabeleçam uma relação direta com a subida da taxa de mortalidade infantil, pedem-se análises detalhadas dos casos de morte de bebés à Direção-Geral da Saúde.

“Sendo a mortalidade infantil um indicador de excelência em cuidados de saúde, um aumento da mortalidade infantil, mesmo que abaixo da média da União Europeia, é um sinal para estarmos atentos à saúde materno-infantil”, referiu Ricardo Costa, presidente do Colégio de Pediatria, num artigo da Ordem dos Médicos.

A atual taxa é das melhores do mundo, sinónimo de desenvolvimento sócio-económico. O problema é a variação no espaço de um ano, subindo 20% de 2023 para 2024. Mas é preciso recordar que Portugal, em 1960, com 77 mortes por cada mil que nasciam, tinha a mais alta mortalidade infantil da Europa. Há 65 anos, num País pobre e rural, com 33% de taxa de analfabetismo, só 20% dos partos eram feitos em hospitais. E o Plano Nacional de Vacinação só entraria em vigor em 1965.

Com o sistemático encerramento de urgências aos fins de semana, em períodos festivos e em época de férias, o Governo demissionário criou, em dezembro passado, um projeto-piloto na região de Lisboa e Vale do Tejo, em que as grávidas devem telefonar para a Linha SNS 24 antes de se deslocarem às urgências de Ginecologia/Obstetrícia, para receberem indicação da unidade de saúde para onde devem encaminhar-se.

Não se conhece o número verdadeiro de partos realizados dentro de ambulâncias a caminho do hospital, mas contabilizando as notícias publicadas, em 2024, foram quase 50 e, até abril deste ano, houve pelo menos 21 nascimentos no transporte, um número que peca por defeito. Só na Moita, nos últimos dois anos, os bombeiros ajudaram 15 bebés a nascer.

Sempre houve partos em ambulâncias, na opinião da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, embora admita que é preciso agir no sentido de os evitar.

A região da península de Setúbal, da qual a Moita faz parte, destaca-se nos dados recentes do INE e preocupa com uma taxa de mortalidade infantil de 3,7 por cada mil nascimentos, acima da média europeia. Segundo o INE, com 7,8% da população residente, esta região origina no seu território apenas 5,5% do PIB, sendo uma das áreas com menor peso de emprego no total da sua população residente (32,5% face a 59,7% da Grande Lisboa). É também nesta região que mais problemas tem havido em manter os serviços de Ginecologia/Obstetrícia abertos nos hospitais.

Mais progresso, menos mortes

Entre 1970 e 2008, Portugal registou uma diminuição de 94% na sua taxa de mortalidade infantil (TMI), um dos casos de maior sucesso na melhoria deste indicador

1877
Abertura do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, o primeiro dedicado à saúde das crianças e dos recém-nascidos.

1950-1953
A TMI era de 93,25 mortes por mil nascimentos.

1960
Morrem 77 bebés por cada mil que nascem, é a mais alta TMI da Europa. Apenas 20% dos partos são feitos em hospitais e 33% da população é analfabeta.

1965
Entra em vigor o Plano Nacional de Vacinação, universal e gratuito.

1970
Por cada 1 000 crianças nascidas, 55,49 morriam antes de completar o primeiro ano de vida. Ligeira subida de partos realizados em meio hospitalar (37,5%).

1971
Abertura dos primeiros centros de saúde, base do que viria a melhorar os cuidados de saúde.
As doenças diarreicas eram a principal causa de morte destas crianças até 1 ano.

1974
Em mais de metade das habitações portuguesas não havia água canalizada, 40% não tinham esgotos nem casa de banho e em cerca de 36% não havia eletricidade.

1975
Começa o serviço médico na periferia com os recém-licenciados a irem trabalhar um ano para fora das grandes cidades.

1976
Primeiras consultas de Planeamento Familiar, mais informação sobre a pílula como método contracetivo hormonal, prevenindo nascimentos indesejados ou de bebés com problemas de saúde.

1979
Criação do Serviço Nacional de Saúde; construção de mais hospitais e mais centros de saúde.

1989
Plano de Saúde Materno-Infantil, numa altura em que também faltavam profissionais, como enfermeiras-parteiras e neonatologistas. É a implementação deste plano que irá ajudar a reduzir a TMI.

2006
Início da reestruturação dos Serviços de Urgência e encerramento de vários blocos de partos.

2008
3,31 mortes por mil nascimentos assinala uma melhoria considerável do indicador.

Fases da mortalidade dos nados-vivos

As mortes dos bebés entre o nascimento e o completar 1 ano de vida, são nomeadas e avaliadas de forma diferente

Infantil
Óbitos dos que não completam o primeiro ano de vida

Neonatal
Mortes até ao 28.º dia

Neonatal precoce
Óbitos com menos de sete dias

Neonatal tardio
Óbitos ocorridos com mais de sete dias e menos de 28 dias

Pós-neonatal
Óbitos com mais de 28 dias de idade que não completam o primeiro ano de vida

Palavras-chave:

Reina a confusão na rua Castilho. As urnas estão prestes a serem fechadas no continente e na Madeira, mas ainda faltam 60 minutos para isso acontecer nos Açores. Há que esperar, portanto. Enquanto isso, o desfile de notáveis vai acontecendo, para animar os mais de 20 jornalistas que estão à porta do hotel, de câmara, microfone ou caneta em punho.

As primeiras palavras oficiais da noite e as felicitações aos portugueses que votaram

Pedro Nuno Santos já cá está e, como seria de esperar, comentou perante o enxame que se formou à sua volta, que “não comentava nada”, que ia “esperar”. O povo é sereno, já dizia o outro.

Menos serena está a americana Michelle Chang que, ao lado do seu filho adolescente Christopher, quer saber a razão para tanto burburinho à porta do hotel em que está hospedada, mais 200 pessoas de todo o mundo que vieram assistir à convenção europeia da World Chamber of Commerce. Antes de entrar na carrinha Mercedes preta que os levará a um jantar na capital que visitam pela primeira vez, esta antiga presidente da câmara de comércio, e apoiante declarada de Trump, vai filmando a chegada de Pedro Nuno Santos.

Tal como ela, nenhum dos hóspedes sabe do que se trata, mas não se inibem de ficar no hall a observar o movimento. Artur Oliveira, a trabalhar no Altis há 13 anos, diz que deliberadamente não os avisam do que vai acontecer, pois no fundo este é um “evento como outro qualquer e os clientes até acham graça”.

Entretanto, na sala destinada aos discursos e a receber os apoiantes, já há gente nas cadeiras, a olhar para as notícias que falam das previsões da abstenção (entre 41,5 e 47,7%). Pela internet circulam várias sondagens falsas, tal como aconteceu em eleições anteriores. Não lhes vamos dar lastro. Previsões, já se sabe, só depois do jogo que é como quem diz depois do bater das oito da noite. Os nervos não são de aço e eles começam a estalar, logo a seguir à declaração de Pedro Vaz, um dirigente do PS, que felicita todos os portugueses que votaram e volta à narrativa na “tranquilidade”, embora lembre que o partido entrou na corrida para “ganhar”.

Alguns dos membros do grupo Semear Esperança chegaram bem cedo para garantir um bom lugar

No canto do lado esquerdo de quem entra, há um grupo de meia dúzia de pessoas do Semear Esperança, um movimento que nasceu dentro do partido a propósito do apoio a Miguel Prata Roque para a Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista. Apesar de ele ter perdido, o grupo manteve-se coeso até hoje.

Catarina Paiva, 62 anos, auditora reformada, desta vez decidiu vir mais cedo para estar na linha da frente, sentada nas confortáveis cadeiras do hotel Altis: “Somos pelo Pedro Nuno Santos. Ele precisa da nossa força. Não temos interesse político, não vivemos disto, por isso falamos de alto.” Acrescenta que querem renovar práticas, abrir mais e ir buscar gente mais jovem que o partido está envelhecido, constatam.

José Agostinho, 37 anos, já é o resto desse rejuvenescimento e está alinhadíssimo com o que o PS defende para o País. “Estamos unidos no partido. Todos estes camaradas defendem as mesmas coisas, como os interesses dos trabalhadores, um salário mínimo e médio mais digno”, revela, dizendo-se confiante na vitória. Será? Veremos o que dizem os prognósticos daqui a nada…

A dor no peito é um motivo de avaliação médica que se reveste de especial importância, na medida em que estão envolvidas causas com potencial de risco para a vida.

Sendo o enfarte agudo do miocárdio (na terminologia popular, ataque cardíaco) uma das causas de dor no peito, esta avaliação tem sempre de ser feita com o maior cuidado. Morrem por ano, em Portugal, mais de sete mil doentes por enfarte agudo do miocárdio, tornando-o na segunda maior causa de morte no nosso país.

De salientar que a maioria das mortes por enfarte acontece antes de os doentes recorrerem a cuidados médicos. Uma vez no hospital, a mortalidade é já muito menor, na ordem dos 2/3 por cento.

Primeiro, é fundamental avaliar o perfil de risco do doente, sabendo de fatores de risco como tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia, história familiar, diabetes, entre outros. Valorizamos, de modo diferente, as queixas em função do perfil de risco.

Segue-se a clarificação do tipo de dor. Características como a relação com esforço, deglutição, tipo de dor e sintomas associados (suores) remetem para causas diferentes. Sabendo isto, o médico pode ficar já muito perto do diagnóstico. Em todo o caso, são necessários quase sempre alguns exames para clarificar. O mais importante, nesta fase, é perceber se estamos perante uma situação aguda ou estável. Para tal basta, muitas vezes, uma boa história clínica e um eletrocardiograma.

Excluída a causa cardíaca, é altura de avaliar a origem não cardíaca de dor torácica. São muitas as causas de dor no peito e, uma vez mais, a história clínica pode ser muito esclarecedora. A dor opressiva e a relação com a deglutição podem fazer o médico pensar na origem esofágica, mas não são definitivas. A doença do refluxo deve então ser estudada.

A ansiedade está frequentemente envolvida, seja como causa absoluta ou, na maioria dos casos, como cofator. É sabido que a coexistência de ansiedade exacerba a maioria das queixas de dor no peito. Compete ao médico avaliar a relevância do fator emocional neste contexto.

Na verdade, os componentes orgânico e emocional não existem de forma separada. Estão sempre interligados! Se, por um lado, a ansiedade pode precipitar ou agravar uma queixa de dor no peito com origem orgânica, o contrário também é verdade. A existência de uma dor num local onde a generalidade das pessoas atribui potencial de fatalidade é, por si só, uma causa de ansiedade.

O enfarte agudo do miocárdio é uma das causas de dor no peito. Esta patologia pode ser fatal. Daí que se defenda que, se alguém tem esta queixa, deve recorrer a cuidados médicos.

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) tem dedicado especial importância à informação do público no que respeita a este assunto. No seu site, pode ler-se:

“O Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) é uma emergência médica. Conhecer e compreender os seus sintomas e agir o mais rapidamente possível pode ser decisivo para o seu prognóstico!”

Esta campanha (Stent Save a Life) chama a atenção para as queixas seguintes: dor no peito, suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade. O alerta é para que qualquer doente com estas queixas ligue para o 112.

Será colocado em contacto com profissionais de saúde que vão avaliar e orientar para cuidados mais adequados à sua situação, através de uma estrutura a que chamamos Via Verde Coronária.

Excluídas as causas mais agudas de dor no peito, não devemos parar a investigação. O estudo complementar para este grupo de queixas está disponível em centros mais diferenciados, onde temos à nossa disposição recursos tecnológicos para então chegar à origem da dor e seu tratamento, seja ela angina, doença esofágica ou ansiedade.

Artigo publicado na VISÃO Saúde nº33