Ao primeiro-ministro cabia, ao iniciar o debate da segunda moção de censura, avaliar com a maior precisão possível se, em março de 2025, a maioria dos portugueses se revê na sucessiva turbulência no Parlamento e, com base nisso, decidir diretamente o futuro deste Governo, usando um instrumento constitucional. A moção de confiança, que também já morreu.
Se houvesse coerência, em boa verdade, o PS deveria aprovar a moção de censura, independentemente de quem a apresentou, e entregar ao Presidente da República a decisão sobre a realização de eleições. Um governo minoritário estará sempre sujeito à vontade desta ou daquela força política, o que não permite qualquer estabilidade no momento mais difícil da conjuntura internacional que vivemos, e à qual não escapamos, sendo nós membros da NATO e da UE.
Uma coisa é certa: os portugueses vão decidir se querem dar maior estabilidade a um Governo como este, reformista e com um ritmo decisório invulgar, ou voltar a baralhar as cartas e deixar tudo na mesma. Neste mundo de ditadores, neo-ditadores e velhos autocratas, é muito positivo que o povo diga o que quer, como quer e quem quer. É soberano e respeitado.
E, em democracia, o povo pode e deve ser sempre chamado a pronunciar-se sobre o seu futuro, independentemente do calendário eleitoral. Já sabíamos como tudo isto iria acabar no Parlamento. Agora, o mais rapidamente possível, vamos escolher e clarificar.
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