Maria Luís Albuquerque vai ser a Comissária Europeia indicada por Portugal. A escolha é boa. Tem um currículo público e privado importante, destacando-se o seu papel como ministra das Finanças no Governo de Passos Coelho. É o exercício deste cargo que levanta à esquerda uma onda de oposição, e quase indignação, sobre esta opção do primeiro-ministro. Curiosamente, é também a razão que justifica esta escolha.
Maria Luís Albuquerque foi, de facto, a ministra da Austeridade da Troika, mas desempenhou tão bem o seu cargo que conseguiu, em conjunto com o Governo, tirar o país do aperto em que estava, num prazo curto e até muito saudado. Tão saudado que os portugueses, apesar dessas agruras, deram uma vitória eleitoral ao PSD/CDS.
O forte programa de austeridade não nasceu com a então ministra das Finanças, ou com Passos Coelho, mas vinha do tempo do Governo socialista de José Sócrates, que foi obrigado a chamar a troika em condições dramáticas para o país. Rapidamente, Passos Coelho e a ministra perceberam que o programa negociado na altura estava longe da realidade que o país vivia, e isso obrigou a medidas mais duras, mais complicadas e difíceis, mas com um resultado mais rápido e eficaz.
Assim sendo, Luís Montenegro fez muito bem em escolher Maria Luís Albuquerque para o «governo» europeu porque sabe, por experiência própria – quantas vezes não teve de defender a ministra e o Governo na AR – que é competente, focada e determinada, tudo qualidades que a Europa precisa em Bruxelas.
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