Na audição da CPI à mãe das duas crianças, na sexta-feira passada, só uma pergunta, do deputado do Livre, fez todo o sentido naquelas 4 horas deprimentes, chocantes e sem propósito: “Como estão as crianças?”
Alguém, ali, naquela tarde, se lembrou do que verdadeiramente estava em causa? Alguém mostrou orgulho por um SNS que respondeu como devia? Alguém falou das quase 40 crianças que já receberam esse medicamento? Alguém louvou a coragem dos médicos e do Infarmed que fizeram o que lhes competia?
Não sei se Nuno Rebelo de Sousa ajudou, mas se o fez, merece ser louvado, e não enxovalhado. Não sei se o ex-secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, pediu urgência no tratamento, mas se o fez, merece ser reconhecido e cumprimentado. Não sei se alguém mais mostrou interesse no caso, mas quem o fez merece ser enaltecido.
Hoje sabem-se quatro dados indiscutíveis: as gémeas não passaram à frente de nenhuma outra criança, não existia nem existe uma lista de espera, a médica e o Infarmed não tiveram nenhuma dúvida em receitar e disponibilizar o medicamento, e a mãe fez tudo o que podia e devia para salvar as suas filhas. Como qualquer outro pai ou mãe. E fez bem!
Só mais uma nota: percebe-se a estratégia política do Chega, mas ninguém entendeu a do PSD, CDS, IL e PS nesta audição da Comissão de Inquérito. Dois deputados destacaram-se naquela tarde: Alfredo Maia do PCP e Paulo Muacho do Livre. Disseram o que tinham a dizer, perguntaram o que queriam ouvir e não caíram na vaidade do palco mediático. Esta CPI perdeu o objetivo, a finalidade e o alvo.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.