Na direita populista europeia, e portuguesa, o Livro de Estilo assenta em três mandamentos: Combater o elitismo, acabar com a degradação do sistema político e económico, e dar palco e voz aos cidadãos mais simples e comuns. O euroceticismo vem depois, e o nacionalismo é parte integrante da matriz. Tudo isto esteve em Viana do Castelo, na Convenção do Chega.
Chega de fazer de conta que o Chega não conta (estilo propositado). André Ventura acredita que pode ganhar à direita, diz-se preparado para ser primeiro-ministro, e tem um programa de Governo em que constam todas as preocupações dos portugueses. Excluindo a retórica, e o estilo, Ventura foi a jogo com as suas e todas as promessas dos outros partidos, em particular do PSD e IL, mantendo na mira o PS e nunca deixando de fora o BE e o PCP.
No Livro de Estilo de um partido como o Chega não há regras que inibam um pacote de promessas maravilhoso. Em todas as áreas, e particularmente nas que mais preocupam os eleitores. Há, nas intervenções de André Ventura, uma mistura de esquerda e direita popular. A promessa do Rendimento Mínimo Garantido é uma bandeira agitada pelo Bloco e PCP, e a da Saúde, que preocupa todos, é um sinónimo do que defende a AD.
Este Chega, acabadinho de sair de Viana, é o cordeiro redimido, e André Ventura o evangelista que espalha a boa nova de forma simples e convincente. O Chega não vai ganhar as eleições, presume-se, mas alcançará a proeza de ter nas suas mãos o futuro de qualquer Governo. Aos poucos, de mansinho, André Ventura transformou-se na sua carismática «irmã», Giorgia Meloni.
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