Alguém acreditava, a começar pelo PR, que o primeiro-ministro e o Governo cairiam com fragor e surpresa na manhã de 7 de Novembro de 2023? Há um mês, apenas, esta data foi sinistra para os israelitas, e agora – medidas as distâncias – para um Governo sustentado por uma maioria absoluta de um só partido. Tudo poderia acontecer menos deixar fugir pela janela o controlo do parlamento. É inédito na nossa história política. Caindo assim, com esta rapidez, deixa uma grande intranquilidade no país.
Não há vazios em política, nem nas instituições, mas não calha bem perder um executivo quando existem duas guerras em curso, qual delas a pior, e um Orçamento de Estado em discussão na especialidade. A maioria absoluta do PS não será repetida, nem Costa quer voltar a ser PM ou líder partidário. Tem toda a razão quando diz que o tempo da Justiça será longo e penoso. E provavelmente injusto.
Nesta vertigem política tudo mudará de rumo. Faltavam mais dois anos para o fim da legislatura, 2024 era encarado pelo Governo e PM com otimismo, apesar de tudo, e nenhum cenário antecipava a tragédia política e governamental de hoje. Agora vai parar tudo. Para recomeçar, de novo.
O PR deverá convocar eleições, como sempre disse que faria, num cenário destes, e isso é o que todos os partidos, com exceção do PS, vão dizer em Belém. Esta absoluta maioria (!) nasceu mal, correu pior, e morreu repentinamente. Numa triste manhã de Outono.
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