A cimeira de Vilnius ficará na história por boas e más razões. A NATO vai abreviar os passos que Kiev terá de dar para integrar a Aliança, mas só depois de terminada a guerra, e a Turquia queria «isto por aquilo», misturando a Aliança Atlântica com a União Europeia, para aceitar a entrada da Suécia. A tudo isso juntou-se a revelação de dois segredos militares pelo presidente Biden, em entrevista à CNN, para justificar o envio de bombas de fragmentação para a Ucrânia. Pelo meio ainda se contabiliza a o vou-que-não-vou de Zelensky.
Na boa tradição destas cimeiras, em conversas à margem e bilateralmente, em particular neste momento, tudo deverá resolver-se sem grandes sobressaltos. Putin poderá então dar luz verde ao seu amigo Prigozhin para preparar mais uma ofensiva contra a Ucrânia. Quem jurou a pés juntos que não havia uma orquestração entre Putin e o chefe do grupo Wagner bem pode guardar a viola. Que baile!
Erdogan teve o que verdadeiramente queria, a modernização da sua Força Aérea, e pela certa ouvirá palavras de compreensão dos europeus sobre o pedido de adesão à UE, que tem 50 anos, mas cujos pressupostos básicos nunca foram cumpridos pela Turquia. Alguém se esqueceu, por acaso, da purga violenta e assassina que este presidente desencadeou após um alegado golpe de Estado? Se a NATO cumprisse à risca a sua Carta, a Turquia já teria sido expulsa da Aliança.
Zelensky vai aparecer, bem entendido, e será uma excelente oportunidade para os aliados lhe dizerem que as suas forças militares, equipadas como estão, têm de mostrar que conseguem tirar os russos do seu território, o mais depressa possível. O Verão já vai alto, e sem isso não há NATO. E os biliões de ajuda são finitos, e cada vez mais difíceis de explicar e justificar. Em dois meses, a ofensiva ucraniana apresentou como resultado a reconquista de 169 quilómetros quadrados, na frente do Sul, que é o tamanho de Lisboa e arredores. Isto não é uma contraofensiva, mas apenas uma simples troca de trincheiras.
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