Putin lançou-se numa guerra que não pode ganhar. E não vai ganhar. Nestas primeiras horas, o plano de batalha russo segue o manual dos melhores generais americanos, noutras guerras. Para ganhar e consolidar o Donbass, é necessário que as forças russas destruam toda a infraestrutura de comando e controlo militar, bases aéreas, aviões de combate, concentrações de forças ucranianas, pontes e estradas, e centros de comando civis e militares. Por todas estas razões, Kiev seria sempre um alvo primário, e outras cidades importantes.
Putin quer uma guerra fulminante, que desbarate o poder militar ucraniano, não apenas na região das duas «falsas» repúblicas, e que vergue o poder civil, em particular o Presidente Zelinsk, tornando o Governo e os Estados Maiores inoperacionais e incapazes de conter o ataque em vagas, e em várias direções. Esta estratégia, de guerra rápida e global, foi testada no Golfo e no Iraque, e teve os resultados que conhecemos.
Mas a Ucrânia não é o Iraque, nem o Dombass é o Kuwait, e as forças russas estão a deparar com uma força militar ucraniana preparada, muito bem armada, e capaz de fazer frente às forças russas, calculadas em 150 mil homens. A Rússia não vai sair bem desta experiência, e muito menos apenas com essa força militar. Os equipamentos militares enviados aos ucranianos, pela NATO, Reino Unido e Estados Unidos são o que de mais moderno existe nos arsenais militares, e capazes de conter a força aérea russa, tanques e mísseis. É tudo muito mais difícil nas primeiras horas, com informações desencontradas, mas rapidamente os ucranianos encontrarão, com a ajuda externa, uma forma de começar a travar o avanço russo. Mesmo que Kiev possa cair, 44 milhões de ucranianos lutarão pela sua pátria.
Chegou a hora de se acabar com o poder militar russo, agressivo e letal, e de dar uma lição de vida ao senhor Putin. Não é a primeira guerra na Europa depois da II Guerra Mundial – nunca nos poderemos esquecer da guerra selvática na ex-Jugoslávia – mas desta vez está envolvida a segunda maior potência militar e nuclear do mundo, governada por um ditador sem escrúpulos, que sonha com uma nova União imperial. Putin tem de ser parado, e já. O mais depressa possível.