Há uma crise política em Portugal? Estamos sem Governo? A Assembleia está incapaz de tomar decisões? O Presidente da República não sabe o que fazer aos seus poderes. O Estado parou? As instituições públicas fecharam? Ninguém sabe quem manda? Os ministros e secretários de Estado estão em parte incerta?
Será que estamos a exagerar um pedacinho, ou muito, ou em demasia? O que se sabe, até hoje, de Portugal, é que o Orçamento de Estado para 2022 foi chumbado, que o PR decidiu convocar eleições, para os portugueses decidirem o que querem, e que no dia 30 de janeiro estará tudo esclarecido. Ou reafirmado. Ou igualzinho ao que era no dia anterior. Qual é a crise, afinal?
O que há, mas ainda levezinha, é a agitação pré-eleitoral, declarações políticas mais acesas, passagens de culpa de uns para os outros, e a disputa interna pela liderança do PSD, que daqui a pouco mais de uma semana também ficará resolvida. Tirando isso, e a precipitação social-democrata com as listas de deputados, como se a AR já tivesse sido dissolvida, tudo o resto faz parte do desempenho político e programático dos partidos, que resultará num juízo final dos eleitores.
Era bom ter o sistema eleitoral britânico, onde se convocam eleições em 15 dias, ou pouco mais, mas ninguém se propõe mudar, nem é tema prioritário nacional. Assim sendo, cada um de nós vai dizer o que quer, daqui a muito pouco tempo, e a existir crise, ou leve incerteza, passageira, será apenas com resultados indecifráveis do escrutínio. Como nada disso é previsível, nem existem bloqueios insanáveis, teremos uma nova Assembleia e um novo Governo em março. Algum problema? A AR fez tropeçar o Governo, deu-lhe humildade, e vai ser referendado em janeiro. Nada mais, nada menos. A questão não é se o PSD ganha as eleições, mas se consegue acabar com a maioria de esquerda, tirando votos ao PS. É só isto.
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