Não percebo o escândalo. Não atinjo a indignação política. Não alcanço o barulho mediático. Sejamos práticos: a única coisa a fazer, de importante, é pedir a lista de imóveis que o Novo Banco (NB) ainda tem, e mesmo que não sejam os 13 mil (5 mil imóveis e 8 mil frações) já vendidos ao Hedge Fund das Caimão, até podem ser mais, e melhores, e fica já decidido que compramos tudo, em bloco, e com desconto por ser por atacado. Quanto custa? Como se paga? É indiferente: o valor sabe o banco, não é necessário um grande levantamento, e a vantagem é que eles dão o dinheiro. Bom, emprestam. Está feito. Está fechado. Assim é que é.
Vai seguir uma carta urgente a pedir a listagem completa e total de todos os bens do NB, que só lhes pesam, e o negócio fecha-se em horas. Com uma garantia importante e não despicienda: sabem logo quem é o beneficiário final, e é tudo feito aqui, em Portugal. Às claras. Sem motivos para especulação.
Nessa carta, o primeiro ponto será, obviamente, invocar o contrato das Caimão, que servirá de guião, e jurisprudência bancária (que não existindo passará a ser o que é, a justa prudência no caso anterior). Depois, solicitar, atenciosamente, que informem sobre o património total, que para além dos imóveis também podem ser móveis, quadros, e outros valores. Finalmente seria pedido, com toda a sensibilidade, que esta operação fosse designada internamente por “Obelix”, para não se confundir com qualquer outra. Uma coisa é ter o código de “Obelix”, e outra muito diferente, é chamar-se “Viriato”, ou “Nata”,ou coisa assim.
A carta também comunicará o nome do comprador, empresa ou pessoa, tanto faz, o notário para fazer a escritura, os advogados que lidarão com as questões legais, e a data para fechar o negócio. E para evitar confusões, as duas partes obrigam-se a um severo Acordo de Confidencialidade, com pesadas multas para quem o violar.
Como nota final, escrita à mão, para dar um sinal de simpatia e proximidade, vamos perguntar se a sede do NB, na Liberdade, também pode constar do rol de imóveis a vender.
Vamos lá ver se nos entendemos: a indignação, a raiva e o suposto escândalo não existe. O que existe, sim, é um negócio simples, direto, em que o vendedor, de uma forma transparente e inatacável, não só vende como também paga, o que pode ser replicado por qualquer pessoa. Algum problema? O NB garante que não. Está decidido.