A lo hecho, pecho, reza um ditado popular em Espanha. Enfrentar de peito feito o desfecho desfavorável foi o que terá pensado o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que depois da expressiva derrota do partido socialista (PSOE) nas eleições regionais, anunciou, com arrojo e taticismo, a antecipação das eleições nacionais em quase seis meses. Ao contrário de Guterres que diagnosticou o pântano e saiu de cena, o derrotado Sánchez antecipa-se e vai à luta já. Não espera para ver, nem para ser esquentado mais seis meses em lume brando, e apresenta-se a votos, mesmo que seja para perder. Uma reviravolta que mudou o jogo e correu mundo.
Não há, é um facto, uma transposição direta destes resultados para as legislativas, são eleições diferentes, mas as mudanças nas eleições locais tendem a prognosticar uma mudança de ciclo político adiante. Como lembravam os jornais espanhóis, foi assim com Felipe González, em 1982, com Aznar em 1996, com Zapatero em 2004 e com Mariano Rajoy em 2011. Será, pois, agora a vez de o PP de Núñez Feijóo chegar ao poder com o apoio da extrema-direita do Vox de Santiago Abascal, como tem vindo a acontecer um pouco por toda a Europa? E esta maré de mudança relaciona-se de alguma forma com o que se passa deste lado da fronteira?