Quando falamos de líderes e de competências de liderança, surgem várias questões: existem “líderes naturais”? É possível treinar a liderança? O que distingue um líder de hoje de um líder de há poucos anos? E como é que estas mudanças influenciam a forma como recrutamos?
Liderar é, antes de mais, lidar com pessoas. As relações humanas continuam no centro da liderança, mas o contexto em que ocorrem mudou profundamente. Alguns desafios mantêm-se: motivar, orientar, decidir, mas muitos outros são novos, moldados pela aceleração das mudanças e pela crescente complexidade do mundo atual.
Vivemos num tempo em que que tudo muda rapidamente e essa rapidez exige dos líderes mais do que respostas reativas, requer adaptação, pensamento estratégico e visão de futuro. O líder precisa de flexibilidade no quotidiano, sem perder a coerência, atuando como impulsionador da transformação.
Ao mesmo tempo, estamos rodeados de dados, cujo valor só emerge quando se transformam em insights úteis. Cabe ao líder integrá-los de forma inteligente e contextualizada, garantindo que a informação serve a estratégia da organização.
As equipas também mudaram. A diversidade é uma realidade, há mais mulheres em cargos de decisão, mais pluralidade cultural, racial e religiosa. Junta-se a isto, a convivência entre várias gerações, cada uma com expectativas e formas distintas de encarar o trabalho. Por isso, a liderança tem de ser inclusiva, sensível às diferenças e capaz de as integrar sem uniformizar identidades.
O papel do líder acompanha esta evolução. Deixa de ser apenas quem “dirige” para se tornar alguém que inspira e mobiliza com uma visão clara. Deve promover ativamente o desenvolvimento das equipas, assumindo papéis de coach e facilitador, criando condições para que cada colaborador alinhe o seu propósito e potencial com o da organização.
A maior complexidade organizacional tem levado algumas empresas a adotar modelos de co-liderança em que, por exemplo, dois co-CEOs partilham responsabilidades e definem a estratégia em conjunto. Estes modelos combinam competências complementares e aumentam a resiliência, mas exigem comunicação constante, confiança mútua, clareza de papéis e uma cultura que valorize colaboração e transparência.
Face a tudo isto, torna-se claro que os líderes precisam de estar preparados para funções muito diferentes das do passado. Mesmo que algumas pessoas tenham predisposições naturais, as soft skills podem e devem ser desenvolvidas através de autoconhecimento, mentoria, coaching e formação.
Assim, recrutar líderes apenas com base em hard skills e experiência técnica já não é suficiente. Embora estes fatores continuem importantes, são as soft skills que fazem a diferença. O sucesso de um líder depende cada vez mais da sua capacidade de aprender continuamente, adaptar-se a novos contextos e aplicar experiências de forma criativa, sem assumir que o que funcionou antes servirá agora.
É por isso que o recrutamento de líderes está a mudar, com um foco crescente nas competências comportamentais que permitem liderar de forma humana, inclusiva, estratégica e evolutiva; exatamente o tipo de liderança que o mundo atual, em constante transformação, exige.
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