Cada vez com maior frequência ouço as mulheres de quase todas as idades dizerem: “eles são todos iguais!”
Mas, não são só elas que o dizem. Também eles o afirmam: “elas parecem-se todas! É tudo igual!”
O que anda a acontecer com os homens e as mulheres para pensarem que o sexo oposto é “fabricado” na mesma “fábrica”, na mesma “linha de montagem”, com os mesmos componentes, e que depois caem de pára-quedas todos no mesmo sítio, e encontram-se todos?
Será mesmo possível essas “fábricas” existirem e fazerem-nos todos iguaizinhos, só para nos chatearem? Não creio!
Então, o que está a acontecer com os homens e com as mulheres que andam cada vez mais tristes e sozinhos, por muitas razões, mas também por pensarem que quanto ao sexo oposto nada é novidade, e tudo se vai repetir!
Porquê? Porque eles e elas são iguais aos anteriores, e à “fotografia” dos outros, antes dos anteriores, e por isso, o resultado também ele só pode ser igual, isto é, zangas, discussões, guerras… chatices, dor e sofrimento.
Será que as bolas de cristal onde a maioria das pessoas vê o que vai acontecer nas suas vidas, também elas são fabricadas na mesma “fábrica”, donde elas pensam vir todos os que se cruzam no seu caminho, de quem fogem a sete pés com medo que os agarrem e lhes façam o mesmo mal?
Esqueça as “fábricas” de produção ininterrupta de homens e mulheres iguais. Elas não existem, assim como não existem homens e mulheres que sejam todos iguais e se comportem todos mal.
O que existe são pessoas que têm capacidade de amar e outras que não têm, por várias razões.
O que existe são pessoas bem formadas, genuínas, verdadeiras, em quem pode confiar e entregar o seu coração, e outras que não.
O que existe são pessoas ao lado de quem vai ver a vida mais bonita e sentir-se melhor pessoa, e outras que só conseguem ver o lado escuro e fazê-lo sentir pequeno, indefeso, inseguro, sem que você o seja, mas apenas porque elas precisam de o fazer sentir assim, e acreditar que os outros são todos maus e iguais, porque lhes dá jeito.
O que existe são pessoas que o admiram e outras que sentem inveja de si e que não suportam o seu sucesso, apesar de dizerem que o amam.
O que existe são pessoas tendencialmente boas e pessoas tendencialmente maldosas que não merecem sequer que se preocupe com elas.
O que existe são pessoas para quem você existe e é prioridade, e pessoas para quem você nem sequer existe, porque apenas eles existem.
O que existe são pessoas queridas, amáveis, generosas, bondosas… ainda que imperfeitas, que tentam a cada dia superar-se e serem melhores, e outras que são egoístas e egocêntricas e que só pensam nelas.
O que existe são pessoas integras, dignas, com princípios e valores e outras que desconhecem o significado dessas palavras.
O que existe são pessoas que querem um compromisso, que respeitam e conseguem entregar-se e outras que andam a brincar com os sentimentos alheios, não sabem o que é respeito e não se conseguem entregar.
O que existe são pessoas que não precisam de mentir nem de trair, e outras para quem mentir é normal e trair uma diversão.
O que existe são pessoas que estão quando é preciso e outras que fingem que estão mas nunca estão quando mais precisa.
O que existe são pessoas que vivem de interesses e outras que vivem de sentimentos e emoções e pensam não só com a cabeça mas também com o coração, órgão que as primeiras parece desconhecerem.
O que existe são pessoas com quem vale a pensa caminhar ao longo da nossa vida e outras cuja companhia não vale de todo a pena.
Por vezes estas segundas atravessam a nossa vida e fazem-nos acreditar que vai ser bonito caminhar ao seu lado, mas depois chegamos à conclusão que os caminhos por onde andam não são os caminhos por onde queremos andar, que aquilo em que acreditam não é o que acreditamos ser o melhor para nós.
Quando decidimos parar e encontrar o nosso caminho, por vezes já passou muito tempo, e as paisagens que vimos ficam na nossa memória e no nosso coração.
É essa uma das razões porque homens e mulheres afirmam que são todos iguais, porque fogem de uma nova paixão, de uma relação de compromisso: porque sentem muito medo de voltar a passar pela mesma estrada, ver a mesma paisagem, e sentir a mesma dor.
Por causa de algumas pessoas e experiências dolorosas, outras pessoas são consideradas “perigo iminente” e as defesas comandam o afastamento.
Por causa de algumas pessoas e feridas por cicatrizar, o medo, o receio, o cepticismo, a dúvida constante, a hesitação, a insegurança e a solidão podem vencer!
Por causa de algumas pessoas, pode acontecer deixarmos de acreditar no que dá verdadeiro sentido à nossa vida e que nos faz sentir vivos, perdermos a capacidade de nos surpreender e deixar os outros surpreender-nos, de amar e até de sorrir.
Essas pessoas que feriram o seu coração e que não souberam amá-lo nem respeitá-lo vão continuar a fazer a vida delas.
E você? O que vai fazer com a sua?
Será que não chegou o momento de deixar de ser igual e passar a ser diferente?
As pessoas, as estradas, as paisagens da vida são todas diferentes.
As mulheres e os homens que conhece e que passam por si na rua… são únicos.
Escolha aqueles cujo coração é um jardim.
Esqueça os outros, e especialmente lembre-se: somos uma neblina que aparece por um instante…
Termino, deixando-vos uma história que me toca o coração e sempre relembro:
Era uma vez uma princesa de um reino muito longínquo.
A princesa acabara de completar o seu vigésimo segundo aniversário e decidiu que chegara a altura de encontrar um príncipe e casar.
Enviou então uma convocatória para todos os reinos próximos, solicitando que os príncipes a visitassem e conhecessem melhor.
E assim foi. Os príncipes dos reinos mais próximos começaram a visitá-la e a conversar com ela. Mas, ela não conseguia gostar de nenhum.
Certa noite ela não conseguia dormir e foi até à janela do seu quarto ver a lua. Nesse momento reparou que alguém estava a olhar para ela. Era um rapaz bonito, alto e com um sorriso cativante. Ela abriu a janela e perguntou: o que estás ai a fazer?
Ele respondeu: “Estou apaixonado por ti e quero casar contigo.”
A princesa observou-o, demoradamente, e sentiu-se muito atraída por ele.
Então, ela disse-lhe: “Se ficares ai durante trinta dias sem comer, eu caso contigo!”, ao que ele respondeu: “Por ti faço tudo!”
E os dias foram passando. A princesa ia todos os dias á janela ver o futuro príncipe com quem se casaria.
Umas horas antes de se completarem os trinta dias, ele levantou-se, olhou para a janela, começou a andar e a afastar-se.
Ela entretanto, aproximou-se da janela, viu que ele estava a afastar-se, e chamou por ele.
Nesse momento ele parou de andar, olhou para ela, caminhou na sua direção, e quando chegou junto da janela onde ela se encontrava, ela perguntou-lhe: “Onde vais?”
Ele olhou-a fixamente nos olhos e respondeu: “Vou-me embora! Estava com fome e tu não te importas-te. Estava com frio, e tu não quiseste saber. Amei-te todos os dias, a cada momento, mas não posso amar alguém que não consegue amar, nem sabe o que é o Amor!”
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