“Falar de liderança é falar de gente com gente dentro. De comportamento e mentalidades. É falar de quem queremos a inspirar a nossa vida, a agarrar no comando da nossa empresa, a levar o nosso país para a frente… É falar de futuro e de como lá chegar! Falar de liderança é falar de visão e de vontade. De motivação. De sucesso ou insucesso. E por isso é tão importante e necessária.”
Este excerto de texto faz parte do prefácio que escrevi para o livro “Liderança, para onde vamos a partir daqui?”, de autoria de Anabela Chastre e Pedro Ramos, e lançado no final da I Leadearship Summit que ocorreu há dias em Lisboa.
Escrevia ainda nas primeiras páginas: “Um líder é um inspirador. É o que vai à frente e o que leva os outros atrás. O que convence, o que faz sonhar e acreditar. O que motiva. O que não deixa lugar para duvidas. Até pode errar mas um líder sabe lidar com o erro e faz dele uma aprendizagem.” Palavras simples mas que muitas vezes, com o ritmo acelerado dos nossos dias, se esquecem. Falar de liderança implica falar de inspiração. É incontornável e talvez tenha sido uma das ideias que mais vezes se repetiu na Conferência que trouxe nomes sonantes ao Centro de Conferências de Lisboa, por onde passaram mais de 500 pessoas ao longo do dia. Sala cheia. De jovens e de menos jovens. Sala cheia de gente com vontade de aprender, de se inspirar e de melhorar os seus skills. De encontrar respostas para os desafios que encontra todos os dias, nos dias que correm.
Num mundo em acelerado ritmo de mudança, do qual todos nós somos atores, importa deixarmos tempo para olharmos para dentro de nós, para olharmos de fora e de cima para as nossas organizações e equipas, de aumentarmos os níveis de emocionais e de compreensão mas também de sabermos exigir resultados quando traçamos o caminho.
A liderança está, ela própria, a viver um momento de reflexão. Hoje fala-se até de muitos líderes dentro das organizações e não apenas e somente de um como o único. De descentralização de liderança.
Deverá ser à volta do tema da liderança que mais livros se publicam no mundo. Curioso é saber que o Best Seller continua a ser um dos mais antigos de sempre: “A arte da guerra”, com edições europeias desde 1772. Não é pela antiguidade que ele perde o interesse. Foi musa inspiradora de Napoleão e continua a ser uma bíblia para quem precisa de dominar os temas de estratégia.
Então falar de liderança é um tema novo? Não, não é. A questão é, como liderar hoje, num mundo que muda diariamente e a um ritmo alucinante, que não permite planear como há 5 anos atrás, que assiste a uma exigência de apresentação de resultados cada vez maior mas que, ao mesmo tempo, tem a braços um maior desprendimento dos colaboradores às empresas, essencialmente por parte dos mais jovens, de gente mais esclarecida e exigente, de novos desafios que antes não se colocavam em termos de comportamento do consumidor, entre tantas outras coisas…e acima de tudo, como liderar hoje que o tempo parece não existir para tudo o que temos em mãos todos os dias? Como liderar na mudança?
Foi essencialmente sobre isso que se falou neste I Summit que promete voltar ao tema todos os anos. Mas falou-se, também, de comportamento de consumo, de liderança na saúde quando ela é tão importante para os colaboradores das organizações e seus resultados, de alta competição, de narrativa e até de humor. Porque na verdade o humor permite-nos olhar para os desafios sob outra perspectiva…
Do palco ouviram-se palavras como Agilidade. Flexibilidade. Confiança. Resiliência. Mindfulness. Erros e fracassos, e como são importantes para a aprendizagem. Inspiração. Propósito. Visão. Objetivo. Valores e honestidade. Honestidade…uma palavra que cada vez mais se ouve entre os oradores que falam sobre organizações de futuro. Porque há cada vez mais consumidores inteligentes e informados, tem de haver empresas com políticas de transparência e valores aceites pela nova sociedade.
Se liderança é ação e não posição. Se liderar é inspirar e não mandar. Se levar os outros connosco é uma arte e não uma imposição, então que a mudança comece em cada um de nós…porque cada um de nós é líder de si próprio e deve ter o seu próprio propósito e a sua própria estratégia para a sua própria vida.
Um conselho final: não percam de vista as folhas de Excel mas tragam para o dia a dia as emoções, a gestão do stress e a aceitação. Aceitar os resultados e seguir em frente ajuda a não ficar preso aos erros e a encontrar novas soluções para novos problemas. Todos os dias. Ah, e como se diz no dia a dia: respirar fundo e contar até 10 continua a fazer parte das receitas mais antigas ligadas à liderança…