Já ouviu esta frase? Se ainda não ouviu, prepara-se porque pode acontecer vir a ouvir! Está na moda!
Porque ultimamente muitas pessoas a ouviram e vieram pedir-me que as ajudasse a refletir sobre a mesma, decidi escrever sobre esta nova “moda”, vivida por quem o propõe como algo natural, tão natural quanto beber um café todas as manhãs! Uma “proposta contratual” como outra qualquer, a vigorar mesmo depois de tudo acabar, e apesar das desconsiderações, abusos, desrespeitos, berros, discussões, e outros “mimos”!
É com muitas lágrimas e um imenso sofrimento que as pessoas que recebem essas “propostas” me contam as suas histórias e relações ao longo de anos, de meses, dias e dias com outras pessoas, que agora lhes propõem dividir, não uma vida, mas apenas uma cama, e só quando lhes apetecer…
É para todas elas que escrevo, sem esquecer todas as outras que ainda não ouviram tão surpreende proposta, mulheres e também homens, porque muitos homens também já recebem estas propostas no principio, no meio e no fim daquilo que julgavam ser uma relação de compromisso e Amor.
A proposta pode revestir ainda as mais variadas modalidades: terem apenas intimidade sexual, continuarem a fazer tudo o que faziam enquanto casal, irem ao cinema, jantar fora, irem ao ginásio, atender o telefone rapidamente, responder a mensagens assim que elas chegam, apoiar, dar atenção, carinho, ternura e até Amor… tudo isto em troca de quê? De muito pouco, quase nada ou mesmo nada de nada.
E, é pressuposto isto ser aceitável, como um qualquer contrato de adesão, sem possibilidade de alterar as cláusulas presentes. Mais, a ultima cláusula deste contrato que tem como epígrafe “contrato para me fazeres feliz sem qualquer compromisso” pode ter como conteúdo: “não se admitem quaisquer reclamações, chamadas de atenção, exigências, ou quaisquer outros pedidos mesmo que fundamentados”.
E eu pergunto: No meio de tudo isto, onde está o respeito pelo outro, pelas suas necessidades, pelo ser humano que é, pelos seus sentimentos e emoções, pela sua essência?
Pois é: Não está! E… não está, porque essa mesma pessoa também não está interessada em nada disso. Está interessada sim, na satisfação dos seus próprios desejos e interesses, e está-se nas “tintas” para si, para o que pensa e, sobretudo, para o que sente e quer.
E pode ser tão mais fácil aceitar essa proposta do que aceitar que essa pessoa tem uma incapacidade imensa de o ver, de o respeitar e de o amar…
Mas, a decisão final de o aceitar ou de o mandar passear é sempre sua.
É você quem decide!
A cada momento tem esse poder/dever. A cada segundo você tem a opção de seguir por outra estrada, e mesmo que ela lhe pareça ingreme demais no início, conforme for caminhando vai ficando cada vez mais plana, e um dia quando deixar de se preocupar em olhar para baixo e começar a olhar em frente e para tudo ao seu redor, vai sentir que não o aceitar foi a melhor decisão que tomou em toda a sua vida, porque você não é uma boneca/boneco com quem se brinca e atira para o chão, não é babysitter de quem não sabe nem consegue estar sozinho, não é psicólogo de quem não consegue resolver os seus problemas e a sua vida, e preencher os seus imensos vazios existenciais, não é mãe nem pai de quem não teve a atenção, o afecto a valorização, o reconhecimento, o Amor que deveria ter tido… e que projecta em si tudo isso, e ainda o culpa pelo constante desamor que sente por si próprio.
E, é importante fazer aqui um esclarecimento. Não me refiro aos milhares de situações em que os dois se conhecem, tem intimidade sexual na primeira noite ou passados uns dias, o outro desaparece, e depois aparece propondo continuarem a “brincadeira” que começaram, sem qualquer laço afetivo, compromisso ou investimento. Aqui o contrato é escrito na altura e colocado à sua frente e você só o assina se quiser!
Acontece muitas vezes pensar que tudo o que está escrito não vai valer e que o seu amor vai fazer milagres! Desengane-se, raras são as vezes em que isso acontece!
Tudo o que escrevi respeita aos casos em que as duas pessoas se encontraram, se encantaram, se apaixonaram, ou pelo menos uma delas acreditou nisso e a outra de certa forma alimentou essas expectativas, tiveram um relacionamento durante alguns meses e até anos, até ao dia em que a outra acorda e lhe diz: “quero continuar a fazer coisas giras contigo, como ir para a cama e ao teatro, mas não quero mais nada contigo, porque estou saturada, exausta, farta, cansada, estoirada… e muitas mais coisas terminadas em “a”… só me apetece “conviver” com a metade de ti que não me “chateia” e a outra metade prefiro esquecer que existe!
O que fazer?
Quando ouvimos algo que parece não fazer qualquer sentido aceitarmos, para não dizer ser completamente despropositado, devemos parar e refletir sobre o que está a acontecer.
E, o mais importante aqui não é saber porque é que aquela pessoa de quem pensa gostar lhe propôs isso e pensa que o aceitará? O foco tem de estar em si, e não no outro.
De alguma forma, ou por alguma razão, o conhecimento que essa pessoa tem de si, sugeriu-lhe que você o aceitará, seja porque se apercebeu da sua necessidade dele na sua vida, do seu receio de abandono, porque coloca o bem-estar dos outros sempre à frente do seu bem-estar, porque precisa de cuidar, porque não consegue ver-se sozinho, porque tem necessidade da validação dessa pessoa, porque acredita que ela venha a mudar, porque os outros são a sua prioridade de vida, por incapacidade de terminar a relação… porque se sente emocionalmente dependente dessa pessoa, e isso é como se fosse uma “droga” e pode ser muito difícil “não a consumir”!
Por vezes pode acontecer sentir uma espécie de “falsa segurança” ao aceitar estar ou “dormir” com essa pessoa quando ela quer e lhe apetece. Mas nesse mesmo momento você está a abrir mão de possibilidade de ter ao seu lado quem realmente gosta e se preocupa consigo.
Porque quem lhe faz essa proposta não se preocupa consigo, preocupa-se com ele, embora possa dizer o contrário.
Pode, ainda, suceder agarrar-se a esse falso sentimento de segurança, como se estivesse num “barco a naufragar” no meio de uma tempestade. Isto acontece porque de alguma forma você pensa que precisa dessa pessoa apesar de ela não lhe dar nada, e pensa que não conseguirá dizer “não quero isto para mim”, virar as costas e não aceitar menos do que sabe ser o melhor para si.
Mas você consegue dizê-lo! Precisa apenas descobrir porque o aceita!
Não aceite o que os outros lhe querem dar! Se você não existe para eles, porque razão eles existem para si?
Seja você a decidir o que quer para si! Não permita que o egocentrismo, egoísmo e falta de empatia dos outros decidam a sua vida.
Se o outro só tem “uma cama” para lhe oferecer e se você quer uma “casa mobilada”, porquê aceitar “a cama”?
Não prescinda nunca de ser quem é, e de lutar por aquilo que acredita ser o melhor para si, para ficar ao lado de quem não o consegue ver, de quem não tem tempo para si, nem quer estar consigo mais do que “x” tempo, ou o quer na sua vida apenas para o “usar” e lhe dar prazer… Por medo de perder quem só tem para lhe oferecer uma “cama”, uns “grãos de areia”, ou nada!
Existem tantas pessoas por aí com o sonho de ter e de dar tantoooo mais…
E, acredite: Quando alguém lhe diz que apenas tem isso para lhe dar…ou mesmo, nada para dar…
Essa pessoa não está a mentir!
Está a dizer-lhe a verdade!
E de nada vale “armar-se” em “bom samaritano” e tentar convencê-la do contrário massajando-lhe a autoestima. Se ficar ao seu lado, dentro de pouco tempo começará a sentir-se como ela se sente, e a sentir que também tem cada vez menos para dar.
Vai perder a sua autoestima, o seu amor próprio e vai perder-se de si!
Por isso, não se minta a si próprio…
Pare de se enganar e deixe entrar na sua vida apenas quem o aceita e Ama por inteiro!
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